Tag morta
Um homem sábio uma vez disse: "A felicidade é algo que deve ser buscado." Nunca entendi isso até estar morta. Quando está morta e presa em uma casa mal-assombrada, não há muito o que fazer além de esperar e esperar. E a espera, como outro sábio uma vez disse, é realmente a parte mais difícil do amor.
Ninguém virá buscá-la porque ninguém se importa com você. Você não tem nada nem ninguém. Mais uns dias sozinha aqui, e estará tão morta quanto eu.
Natureza Morta
A natureza morta
Viva no teu olhar
As asas cortadas
O céu a se despedaçar
As vozes estão caladas
Não há porque lutar
Nós somos lembranças
De um passado
Que ninguém vai lembrar
E a velha canção de guerra
Não irá mais tocar
Você se apaga
Antes mesmo de queimar
O destino está traçado
Ninguém pode mudar
As cartas foram marcadas
No nosso jogo de azar
Esse deve ser o fim
Mas você disse que não acabaria assim
Esse deve ser o fim
Você continua o vazio dentro de mim
E a velha canção de guerra
Não irá mais tocar
A chuva lava
Mas não pode te salvar
E a natureza morta
Volta pra se vingar
De tudo o que fazemos
Ao invés de amar
Perguntaram-me:
Não te cansas de ficar ai escrevendo? Respondi subitamente: Não. Muito pelo contrário. A escrita me alimenta. Deixa-me feliz e leve. Tenho a impressão de que flutuo e saio do corpo. Só meu espírito fica em evidência. Se eu não tivesse a escrita eu já estaria morta, mesmo estando viva. Agradeço a Deus pelo dom que me foi concedido. Ainda bem que eu e a escrita nos encontramos no meio do caminho.
Eu sou ótima em controlar minha raiva. Eu controlo o tempo todo. Quando assoviam para mim na rua, quando um homem incompetente explica minha própria área de expertise pra mim. Eu controlo basicamente todo dia, porque se eu não controlar, vou ser chamada de emotiva, ou difícil, ou posso até literalmente ser morta.
Nostalgia
Numa noite fria e morta
Você bateu em minha porta
Em teus olhos, histeria
Sabor de vermelho, sinestesia
Em teus lábios, gosto de vinho
Em tua mente, muito espinho
A cada toque um nascimento
Fez-me viva para matar-me em outro momento
Os teus traços, poesia
Teus sussurros, sinfonia
O teu gosto, nostalgia
Numa noite fria e morta
Você bateu em minha porta
Sugou o que restava
Incendiou enquanto nevava
O corpo vazio
A alma no cio
Num golpe de sorte
Matou-me e afastou-me da morte.
Muitos de nós não nos preocupamos mais com essas perguntas, entretanto, questões como 'de onde viemos?' ou 'para onde vamos', que eram tradicionalmente questões filosóficas, hoje são recorrentes exclusivamente para a ciência. Os filósofos atuais não têm estudado de acordo com as descobertas mais recentes da física, e por isso, a filosofia está morta hoje.
Silêncio...
Hora morta...
Desfolhada...
Quando ouvi de seus lábios que eu não sou nada...
Hora inútil e sombria de abandono...
Um punhal em minhas costas...
A certeza cruel...
Do meu engano...
Sem rumo para os meus passos...
De que me serviram seus abraços?
Desiludido ainda me iludo...
Diante cruel mundo...
A quem devo dizer o contratempo...
Do solavanco desse destino...
Sandro Paschoal Nogueira
#ECO
Meu coração arde em coisa fria...
Nem a luz...
Nem o fogo...
Nem a fome entardecida...
Ou a febre da sede dos lábios...
Ai, ai de mim...
Enquanto caminho...
É pelo corpo que nós nos perdemos...
Pertenço a quem amo...
Num profundo arremesso...
Tenho pressa de viver...
Só quero o que me é devido...
Coração diga o que sofri...
Nesses dias que embranquecem os cabelos…
Amores vividos...
Só as fagulhas voam ao vento...
É preciso partir...
Antes que tudo cubra-se de cinzas...
É preciso ficar...
Onde se é benquisto...
Cerca-me a solidão...
Tal como uma pedra escura...
É tão fria e morta...
Eu sem ti...
À sua procura...
Ninguém sabe dizer porque o eco embrulha a voz...
Mas eu sei dizer...
Que sem você...
Não vivo mais...
Sandro Paschoal Nogueira
#RENDAS #NOTURNAS
Triste de mim de alma nua...
Entre as rendas brancas e puras...
Aqui, acolá, acordo à vida...
Disfarço...
Chorar não posso...
Olho pro indefinido...
A confundir os caminhos...
Sozinho no mundo...
Tudo então segue a verdade...
É o que me conduz...
A esperança, a força, a luz...
Um tecido envolvendo a eternidade...
A incerteza do destino...
Esgotando na vida...
Todo o sentido...
Uns acabam...
Outros vem...
E no pensamento que se tem...
Que o que menos merece...
As vezes é o que mais tem...
Na alta noite e nas horas incertas...
Rondo sem fé e sem lei...
Ante um espelho opaco...
Não reconheço o que vejo...
Revolvendo na memória...
O mau fado...
Arranco das rotas veias...
Um suspiro rompendo as cadeias...
De chaves na mão...
Batendo o pé na calçada...
Retorno ao leito desmanchado...
A carnal tentação desenfreada...
Então, por fim, se acalma...
Paisagem morta que a terra conquista...
Aguardo os sonhos...
Esqueço das horas e mais nada...
Sandro Paschoal Nogueira
facebook.com/conservatoria.poemas
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Uma folha de papel mal aproveitada transforma-se duas vezes em uma folha morta, pois além folha, é falha e imperfeita.
O status quo, imóvel como uma estátua, mantém seu conservadorismo. Imita uma escultura, viva ou morta, uma obra que ecoa como ex cultura da criatividade, contribuindo para reforçar as marcas do tempo e as histórias quase esquecidas. Enquanto carregamos o peso do passado, no custo do futuro, fica evidente que cada escolha que fazemos molda a jornada que seguimos.
Viver sem amar deveria ser mais aterrorizante do que morrer, pois uma pessoa que não conhece o amor já está morta por dentro há muito tempo.
Toda coleção de arte deve estar sempre viva em constantes movimentos, com novas compras, novas vendas, exposições, participações, publicações, restaurações e significações. A coleção de arte, parada está morta, é um doentio complexo cumulativo sem sentido, um distúrbio de personalidade de posse do que não tem dono, pois pertence a todas culturas da humanidade.
A moça que dançou
depois de morta
escreveu no seu coração,
Deixou o seu casaco
na tumba e escreveu a História
com a tinta da eternidade
nesta vida que ainda continua.