Poemas de Humberto Gessinger
Tenho fãs melhores e em maior número do que mereço. Não entendo como nem porque, mas agradeço a Deus. Quem começa a trabalhar comigo sempre se surpreende. Acho sintomática esta surpresa e cumprimento todos os "de fé" com um piscar de olhos imaginário: nós conhecemos a força da teia que tecemos. Silenciosamente.
Tentativas infantis de resumir tudo de bom que a natureza têm. Sem espinhos, sem o trabalho de preparar a terra, regar. Tristes rosas vermelhas morrendo. Sufocadas pelo celofane.
Se fosse bom ser criança, as crianças brincariam de... ser crianças. Do que elas brincam? De ser mãe das bonecas, de dirigir seus carrinhos. Gostar de ser criança é coisa de adulto.
Cada situação tem uma dimensão humana pessoal, específica, e outra simbólica, comum a uma coletividade.
A gente deixa de ser criança quando percebe coisas maiores e mais fortes do que nossos mimados caprichos.
É fácil ver o absurdo na vida dos outros. Na nossa, tudo sempre parece normal e justificável.
Será que alguma civilização fez do momento emblemático da alimentação algo solitário e introspectivo? É a hora em que mais nos aproximamos do pó do qual viemos e ao qual voltaremos. Abocanhar, mastigar e engolir matéria para continuar sendo matéria!
Não tenho nada a ensinar e não quero que minha melancolia ou minha excitação, minhas crenças ou meu ceticismo, sirvam de exemplo para ninguém.
Sempre que nos lembrarmos do primeiro beijo, será um beijo diferente. Será sempre outra pessoa, a pessoa que nos tornamos, a lembrar do mesmo beijo.
Meu pai segue firme e forte na minha lembrança. Gostaria de sonhar mais com ele.
Respeito minha ignorância. Convivo bem com coisas que não entendo, cantos escuros e encontros silenciosos.
Pra ser sincero eu não espero de você, mais do que educação, beijo sem paixão, crime sem castigo, aperto de mãos... apenas bons amigos