Poema sobre a Seca
Sabe quando você se sente esgotada,
E não uma há uma gota de otimismo,
Hoje to assim seca.
Mais ao mesmo tempo,
Um mar de inquietação.
Os tempos de seca preenchem todas as horas.
O gado segue, a vida segue.
É assim.
E num dia desses
tudo vira lembrança!
Sentimento
O coração dispara
A boca seca
Meus olhos brilham
O que é isso?
Mal sei o que sinto
Será que é paixão
Ou será o amor
Que chegou para mim?
Nunca tive esse sentimento antes
Que me inunda de alegria
Me enche de esperança
E também melancolia
Sinto tudo colorido
E sorrio apenas por nada
Me desculpe coração...
Acho que estou apaixonada
A gente acorda pensando além de dormir pensando...
Recebe em troca uma resposta ríspida, seca....
Assim eu vivo tentando te conquistar em vão!
Imortal canção levada pela brisa
esvai-se pelo brilho da lua no orvalho,
seca, fria, e que sequer frisa
porém no amor, carinho, amealho.
Som que abala o conceito de paz,
nem bom, nem ruim, apenas tocante.
Leva-me na sutileza que aqui jaz,
esperança não mais aqui, perante.
Embora tentes ainda, em tono,
como primavera, clamar ao céu,
coração já não pulsa. Apenas outono.
Prazer insípido em meio ao ensejo
Denotando sofrimento, apenas léu.
Um brinde à morte, vestida de desejo.
Folha seca no vendaval
Sempre igual, normal
Ora bem, ora mal
Diário escrito semanal
Baixo estima, alto astral
Como seus ouvidos pudessem respirar
A melodia se encaixava como areia e mar
Trilha sonora da solidão
Fone de ouvidos cala a multidão
Sob o céu cinza prata
Sob o chão cinza chumbo
Sob rejeição e criticas
Erga a cabeça, ninguém nasceu pra ser vitima
Apanhei, cai
Levantei, eis me aqui
Tico e teco batem sem coordenação
Tic tac rouba minha atenção
Meu sertão em seca
Em meados de outubro rosa
A seca "agunia" o sertão
A paisagem cinzenta domina
Os pássaros cantam, mas é um canto triste
O coaxar dos sapos não existe
Falta água, falta vida, falta alegria
Ainda que seu coração esteja rachado pela seca dos desafetos.
Ainda que ele esteja inundado pelas muitas lágrimas que derramastes.
Ainda assim, semeie sorrisos e perdão.
Da terra seca pode brotar força, das muitas águas pode jorrar esperança.
De onde eu vim.
Eu vim do Nordeste da peste,
da sêca, abandono do preconceito e solidão,
Terra de mulher rendeira, mulher guerreira.
mulher macho , sim senhor.
Terra que no mapa tem forma de coração,
e que seu lamento virou canção.
Terra de cabra da peste, cabra valente
e forte, que foi entregue a propria sorte
e sua arma é a enxada na mão.
Terra das noites enluaradas,
luar que não há outro igual , o luar
do meu lugar, da minha terra, o luar do
meu Sertão.
Sandra Lima
(Dedicado a Malu Alves)
...o que faz sofrer verdadeiramente não é o deserto, não é a seca, não é a dor, não é o caos por dentro; o que faz gritar, que faz revirar por dentro, que dói mais profundamente, na sua essência, é o imenso oceano de sentimentos, de sensibilidade, compaixão, que transborda na gente...
Autora: Aurilene Damaceno
Sulcos
Por entre as sementes que planto e cuido
Procuro raízes que penso fincar
Mas vem a seca e teima em matar
O fruto que pensei colher
Em meio à plantação
O mato cresce sem distinção
Abafando meus sonhos semeados
Na terra que arei com tanto cuidado
Os sulcos do solo
Se confundem com minhas rugas
Ambos criados sob o sol escaldante
E de péssimas aparências
Sou princípio do mesmo chão
Que aguarda mansamente por mim
E cava sulcos sem distinção
Em mim e no chão
Chão esse que há de me engolir
E para sempre me silenciar
E quem sabe, com sorte, fazer de mim
Adubo de minhas próprias sementes
(Nane-10/11/2014)
Simplesmente sou folha seca ao vento
Que levanta voo pela manhã...
Voa, voa meu coração passarinho
E m busca de uma nova estação.
Tenho Fé!
E
quando a
chuva chegou...
Deixei-me molhar.
Refresquei a pele seca.
Tinha sede.
Sede desse mar
que vem do céu.
Agradeci a Deus.
E vi quão forte
é o amor D'ele por nós!
Terra molhada.
Brotos das árvores.
Rios cheios.
Corpo fresco.
Ar umedecido...
Agora é só esperança,
pulsando no coração!
Tempos bons virão.
Tenho fé!
A MINHA
A minha alma está seca
De lentes quadradas
De soltas alegrias
De risos perdidos
De vazios insondáveis
De sonhos violáveis
Doi-me o corpo que mendiga
Perdão, perdão que não consegue
Alcançar de tanto procurar
Nos sonhos perdidos
De uma alma seca, a minha claro.
ESPERA!
A seca tudo devora
não deixa a gente plantar
a chuva passa e demora
só cai em outro lugar
quem deixa a terra que mora
é todo dia que chora
pedindo a Deus pra voltar.
Existe terra seca, sem vida.
Tudo foi devastado, não restou nada.
Não há nada, tudo foi acabado.
Quem ver de longe e até de perto, pensa está tudo normal.
Porém, ali não há vida.
Só quem sabe que ali nada existe, é quem ver por dentro.
Quem vê de fora, achar que ali algo existe;
Quando na verdade, o que restou foi a casca externa.
Pois lá dentro, nada mais existe e nunca mais será.
Seca, a figueira supunha que em data alguma viriam lhe visitar.
Nem era a estação de seus frutos.
Como arbusto, orgulhava-se ao vento por suas madeixas.
Um galileu faminto moveu-se até ela;
inquiriu-lhe dos frutos.
Sorriu matreira, se esquivou e silenciosa manteve-se.
No âmago, a fome não o deteve.
Saiu-lhe em palavras lançadas ao vento.
Cobriu suas folhas, desceu pelos ramos,
percorreu até o solo, achando suas raízes.
Raízes são a boca das plantas.
Ali, pôde o misterioso homem devolver-lhe a fome.
Ele segue; e ela, seca, testemunha o mal que é fingir-se alimento diante da fome de alguém.
Guerreiros
A poeira que levanta da terra amarga,
tão seca quanto as árvores retorcidas que alí vivem.
As nuvens vazias que atraem a esperança.
As lágrimas que inundam os olhos tristes,
daqueles que na terra esperam ver a vida renascer.
A caminhada exaustiva na busca pela vida,
onde o sol não perdoa, castiga.
A fé que os rege e que os guia.
A força e a coragem que os faz seguir em frente.
O sorriso alegre que esconde as marcas da vida,
as marcas de quem lutou, de quem acreditou.
São marcas de guerreiros,
guerreiros nordestinos.
Visto cara de coruja afoita
seca por beber de noite
versos noturnos de canudinho
nos períodos diurnos
Sô passarinho adormecido.