Poema da Maça
você pode ser a maçã mais vermelha e suculenta do mundo, mas mesmo assim haverá pessoas que detestam maçã.
O que importa, na verdade, é que também haverá as que o admiram e estão doidas pra dar uma mordidinha em você.
Só toma cuidado com os vermes...
Zé Macambúzio...
No auge de suas 78 primaveras
Bem delineadas pelo nome a que faz jus
Zé Macambúzio, era homem de fé quebrantada
Sitiante de parca leitura e boas prosas e tiradas
Tinha em vida poucos desejos e paixões
Cigarro de palha e uma rede na varanda
Rosinha “roçadeira” era seu grande amor
Mulher inculta, mas de fibra e imenso valor
Zé Macambúzio, jamais se deu à lida
Não se dava bem com ferramentas
Arados, enxadas, foices e plantios
Fez da languidez sua arte de viver
Na chegada dos reveses da seca
Decidiu deixar de se perdurar
E toda a redondeza o visitou
No intento de convencê-lo a reagir
Zé Macambúzio estava decidido
Encomendou sua urna e mortalha
Agendou a data de seu funeral
Convidou carpideiras e vizinhança
Tentaram removê-lo dessa sandice
Mas a ideia de passar a eternidade
Na horizontal, sem infortúnios
Sem incômodos, sem mendicidade
Chegou enfim o dia da despedida
Seguiu-se o cortejo e ouviu-se um a voz
“Zé, desiste disso que te dou um saco de arroz”
E Zé respondeu: “Com casca ou sem casca?”
De pronto, ouviu-se a resposta:
“É arroz com casca, Zé”
Sem pestanejar, Zé Macambúzio ordenou
“Meu povo, toca lá pro cemitério!”
A MAÇÃ
Era outono.
Havia uma maçã no chão,
Caída da árvore cinquentenária.
O homem, esfomeado, vergou-se
No ranger dos ossos castigados
Por longos jejuns lazarentos,
De uma vida de naufragados
Num barco de pobres assinalados,
Pelas misérias dos tempos.
Tinha já a podre maçã
O bicho que a carcomia,
Fruto de macieira arraçada
Também velha e corcovada,
Triste por não ser sã,
Nos ramos em agonia.
Prestes a pegá-la do chão
Pousa um passarito aflito
E o homem com prontidão
Diz ao pássaro com emoção:
Come, come tudo sem parar,
Pois assim me capacito
Que minha fome pode esperar.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 11-10-2023)
A CHUVA É UM POEMA.
Petricor,
da cor de maçã
Verde,
folha da tamarineira,
tão fina, delicada e esperançosa quanto és.
Minha Ex. Atual, talvez futura.
Uma gota doce de ti,
escorre entre os meus lábios.
Lembro-me do céu,
do teu beijo que me dá a eterna água na boca.
O céu outrora nublado
agora clareado de tua pele iluminando o meu dia cinza.
A chuva é um poema do céu lacrimejante,
sorrindo,
do teu sorriso que o arco-íris desenhou.
Perco-me entre ti e o céu,
me reencontro entre vós.
Abraço-te solto,
largo-te no vazio.
Convido-te a embalar neste som melódico da água caindo
gota a gota
no balde do teu banho solitário,
que me causa ânsia e ciúmes descontrolados.
Suspiro preocupado num instante de nada.
Penso: quem dera ser eu a chuva para banhar em ti,
sobre o teu corpo nu.
Pois,
a chuva é um poema que dançou o linguarejar gemido dos nossos corpos húmidos,
que murmuravam prazer nas nossas tantas vigias amorosas.
" Como um cachorro
é mais espesso do que uma maçã.
Como é mais espesso
o sangue do cachorro
do que o próprio cachorro.
Como é muito mais espesso
o sangue de um homem
do que o sonho de um homem.
Espesso
como uma maçã é espessa.
Como uma maçã
é muito mais espessa
se um homem come
do que se um homem a vê.
Como é ainda mais espessa
se a fome a come.
Como é ainda muito mais espessa
se não a pode comer
a fome que a vê. "
Dia do Feirante
Olha a banana, maçã, abacate
Aqui só tem fruta fresquinha
Hoje tá barato a batata e o tomate
Aproveita e enche a cestinha
Vamos aproveitar a promoção
Você leva três e paga dois
Tem pimenta, cheiro verde e manjericão
E a granel tem feijão e arroz
Tem roupa, brinquedo e sapato
O preço é popular, é tudo barato
Esse tipo de comércio é antigo
E às vezes passa de pai pra filho
E a barraca de pastel da feira
Sempre traz boas lembranças
Hoje pode comer besteira
Dizia meu pai quando eu era criança
O trabalho pode ser pesado
Mas também é gratificante
O esforço é recompensado
Pra quem vive de ser feirante
Maçã e Hortelã
Seus olhos são lindos,
Você usa eles para deslumbrar o mundo.
Seu sorriso é magnífico,
Mesmo que ainda sem dentes e tão miúdo.
Você veio ao nosso encontro
No mesmo dia em que alguns se tornaram cegos e loucos,
Pra mostrar que não há medo
Em tentar viver tudo de novo.
Nunca pensei que veria seu pai vestido de noivo,
Declarando ao mundo estar apaixonado
Pelo que antes era seu medo mais tosco.
Me disseram que você tem cheiro de hortelã
E que seu pai, na juventude, tinha cheiro de maçã.
Ele não vê, mas se parecem mais
Do que ele mesmo pode compreender.
Você me lembra coisas lindas
Que nunca poderei esquecer.
Sua presença é a permissão para que neste campo novas flores possam vir à nascer.
Ruim ou bom, tudo isso é coisa do nosso próprio querer.
Espero que, quando crescer,
Não se apegue a detalhes e não se deixe abater;
Por favor, continue sempre a correr.
O coelho miúdo e fugaz,
De olhos castanhos e pequenos,
Vinha há um tempo me alertar da tua chegada repentina.
Não disse com todas as palavras quem eras tu, mas mostrou claramente que algo lindo viria.
A vida sabe que sem ti seria imperfeita, quase nada.
Forma incompleta, linha reta, maça mordida,
O mundo sabe que sem você não teria a mesma beleza faltaria a peça principal do quebra cabeça.
MC
Da Maça da ÈVA, pra maça da Apple.
Noticias fresquinhas que drenam seu tempo.
Fulano ta assim, beltrano ta assado.
Cégos conduzindo cégos pra beira do buraco
Após a queda das torres gêmeas no coração da Grande Maçã
Passo a me questionar quanto nossa existência é pequena, fugaz e vã
Enquanto o ego ferido de governantes clama por guerra
A intolerância só aumenta enquanto o povo só quer a paz
Condições mínimas para se ter uma vida digna
Saúde, educação, segurança, liberdade, justiça, abrigo, autonomia e terra
Judeu, muçulmano, cristão e ateu merecem
E todos embaixo da linha do Equador padecem
“Deus, me ouve, então me leva embora, estou podre”
Eu estou aqui deitado, nessa maca aqui, parado, que lugar desconfortável, eu preciso ser levado, não estava preparado, para um câncer em alto estágio...
Me disseram que está na minha hora, vá embora antes que eu enlouqueça, ouvi falarem de “Alzheimer”, já não consigo pensar como um homem, como alguém com consciência, preciso ir embora dessa loucura... me leva, seja lá quem ouve minha voz. Isso é um coma? Me atacou de forma feroz... só desejo descansar, por favor, vem me levar... eu não vou aguentar. A ela, ele, pai, mãe, amigos... só quero experimentar o finito, e não sentir mais isto... leva-me, leva-me embora daqui, neste hospital, nesta maca, com essa doença, eu não conseguirei mais sorrir, prefiro partir, seja lá quem for você, que gosta de me ouvir enquanto estou por aqui, leve-me embora daqui!
PERA, UVA, MAÇÃ OU SALADA MISTA?
Na inocência de uma brincadeira da infância.
Na espera do prêmio desejado; o beijo!
Assim lembramos do tempo de criança!
Nesta inocente brincadeira de desejo.
Desejo que só o coração sabia!
E assim que tudo começava.
As emoções! Inocentemente fluíam.
Quando os olhos eram tampados! Nos enervava.
É esta? Assim perguntavam!
O frenesi da resposta à vista.
É este? De novo balbuciavam
Sim!!! Pera, uva, maçã ou salada mista?
Talvez fosse à tão sonhada pessoa!
Inocentemente; o que fazer!
Uma fruta a escolher; e teria que ser a boa!
Pois o selinho na boca era de todos, o bem querer!
A pera! Um aperto de mão; de bom gosto.
Uva! Um abraço fraternal!
Maçã! começa a ficar bom! É um beijo no rosto.
Salada mista! Este sim; é fenomenal!
Ah! Que tempo bom; brincadeira gostosa.
Que pela criancice era inocente
Ter a sensação de ser uma pessoa vitoriosa!
Com um selinho na boca puramente.
Maçã podre
Mais uma vez eu estava só
Mais uma vez eu chorei sozinha
Entre as paredes escuras
E um travesseiro molhado
Dolorosamente me desfiz
Calei meus sentimentos de angústia
Senti cada linha se desfazer
Percebi devia ficar muda.
Lavados com água salgada
Separados como o bem e mau
Sufocados reprimidos
Engasgados , refletidos
Po fim.
Cuspidos ...
É... Já sei o porquê que nós somos assim.
Toda Eva tem uma serpente que lhe faz morder a maçã.
Você deve ser a minha
pois quando estou perto de você
a tentação me busca do céu e
me traz de volta ao inferno
me fazendo de escrava novamente.
A laranja, a maçã, o jiló
Brasil, fruto, verdura.
Lucro, banco fatura.
Quem é o banco?
Uma laranja suculenta.
O povo.
Gosto amargo.
Jiló.
Que, pisoteado, levado ao pó.
O fruto da terra.
O olho da guerra.
Quem leva.
Quem come.
A maçã.
A carne esta toda do outro lado.
Quantas seleções perseguem a brasileira.
Inveja do fruto da natureza.
Rei pelé.
Minério, frutas, verduras, grão, tudo do chão, ilimitada agua da vida.
Porque tanto engano.
Gulosos profano.
Corte os sinais.
Do oriente, do ocidente.
Estão querendo o coração do Brasil.
A mente que abriu.
O povo, sim, roubado, lesado, atacado, coagido, ameaçado.
Plano G, projetado D, equação indigesta.
X, Y, o alfabeto invadido.
Oxigênio, é que por aqui, vive o eterno poderoso.
Pois este contexto enganoso.
Genocidas, ladrões e estupradores da terra, a ganância invade, odor de sangue e guerra.
Quantos invasores, quantos estão tentando criar deserto nessa terra.
Giovane Silva Santos
Como engolir uma maça envolvida em lâminas
Sinto-me triturado por dentro.
Estranho que não é na garganta.
E Sim no coração.
A cada batida dói cada vez mais.
A cada batida, sinto um novo rasgo de lâminas criadas pelo meu emocional frágil.
Cicatrizes internas que nunca iram se curar ou sumir.
Pior inimiga agora minha memória,
Me faz repassar cada momento glorioso com ela.
Me faz lembrar do som do seu sorriso.
Do som de seu ofegante suspiro em meus ouvidos.
Maldita memória.
Quando o vento move o seu cabelo, eu preciso ser o vento também, quando a chuva molha todo o seu corpo, eu sou a gota que se recusa a secar...
Quando a chuva molha todo o seu corpo, eu sou a gota que se recusa a secar. Estou ligado na sua essência interior.
As vezes, por mais que eu tente parar, pois me deixa triste, fico pensando em como nós somos egoistas e só pensamos em nos mesmos, não importa o quanto eu tente negar sempre pensamos em nós. O pior é que sei que isso nunca vai mudar.
Será que dizer "Não tenho motivos para viver, quero morrer logo", é na verdade uma forma mais fácil de aceitar que você nada mais é do que um fraco?