Poema 18 anos
O oceano
Vivido brilho azul intenso
Em ti nasce e morre um Sol extenso;
Lindas são as tuas ondas
E mansos são os teus segredos;
Na imensidão das profundezas
Por onde andas os teus desejos;
Salgadas são as tuas águas
Doces são os teus manejos;
Sempre belo azul celeste
Na minha vista sempre o perco.
Carlos Mandetta
Gabriela
Foi lá que eu achei.
Foi lá que achei ela.
Foi lá que conheci, Gabriela.
Embora não seja minha.
Para sempre serei dela.
Justamente por não ser minha.
Eu a terei para sempre bela.
Minha bela, Gabriela.
ESTAMOS REALMENTE FRIOS
Os Jogadores de Bilhar.
ete no Pá de Ouro.
Nós estamos realmente frios. Nós
Fugimos da escola. Nós
Ficamos escondidos até tarde. Nós
Damos golpes certeiros. Nós
Cantamos o pecado. Nós
Diluímos o gin. Nós
Brincamos com June. Nós
Morremos Cedo.
Torturas
Nada mudou.
O corpo sente dor,
necessita comer, respirar e dormir,
tem a pele tenra e logo abaixo sangue,
tem uma boa reserva de unhas e dentes,
ossos frágeis, juntas alongáveis.
Nas torturas leva-se tudo isso em conta.
Nada mudou.
Treme o corpo como tremia
antes de se fundar Roma e depois de fundada,
no século XX antes e depois de Cristo,
as torturas são como eram, só a terra encolheu
e o que quer que se passe parecer ser na porta ao lado .
Nada mudou.
Só chegou mais gente,
e às velhas culpas se juntaram novas,
reais, impostas, momentâneas, inexistentes,
mas o grito com que o corpo responde por elas
foi, é e será o grito da inocência
segundo a escala e registro sempiternos
Aquela que oculta o possível
conhecimento ou algo talvez,
sem deter nem por vontade
por ser a própria liberdade.
Nas Pequenas Antilhas deixar
que as correntes levem até
Calypso Island em Granada
e confiar no desfecho do destino.
Que me faça te encontrar são
e salvo deste mundo em viração
para que me coloque no coração.
Tudo aquilo que mantém a vida,
temos com apaixonada devoção,
e para nós só o amor é embarcação.
É, outrossim da solidão
A solitude companheira
Sempre cheia de reflexão
E distante da barulheira
Solitude se torna solidão
quando não tem conclusão
Reflexões transvertem em ociosidade
Perdura-se o eco sem reversibilidade.
Deslizando do mar do destino
embarcação feita para dois
e vivendo nosso amor bonito
rumo sereno à ilha perdida.
Em La Blanquilla sem querer
mais nada desta vida,
no paraíso desabitado
nos tornar parte da poesia.
O quê realmente importa
sempre chega na hora,
e sem nenhum impedimento.
O amor como oceano cabe
na embarcação leve do peito,
e com ele sempre tem um jeito.
Felicidade, profeta!
Sempre esteve em mim
Mas sempre fui poeta
Atrás d’outro Enfim!
Que coisa mais tardia
Chegar querendo cálculo
Da minha alegria
Se vivo ali no palco.
Choro, rio, jogo-me e sou
Nem plena e nem desatenta
Nem mesmo o que restou
Nem oito ou oitenta.
Entre as análises das dores
E das lições também dos risos…
Nunca deserto, nem flores.
Entre batimentos e juízos.
Nem tristeza e nem euforia,
Ainda que muito as seja,
Sou mesmo é a carniçaria
Aberta na bandeja.
E quando eu alcançar tudo
O que me dói nos rins,
Diga a eles que inda acudo
Meus saberes, nãos e sins.
Quando tudo fizer sentido,
Quando toda resposta houver,
Diga a eles que meu eu perdido
Inda lerá o que nem se é.
Fico mesmo é nesse papel
Branco, decalcado,
Nessa arte tão cruel
De tentar
Significado.
Fico mesmo é na importância
De fugir da infelicidade
Porque mais do que ser feliz
Ser poeta
É ser verdade.
Se meu sorriso aparece
quando a flor é posta
inda assim padece
pelos sem resposta.
Se vibro intensa pela
pequena possibilidade
inda assim, internamente,
me dói a
incapacidade.
Se vivo em confetes
pelo triz atingido
inda assim, me acomete
todo vivo matado
e morrido.
Se meu sangue chora
e, por vezes, sara
inda é cor de guerra,
inda me pinta a cara.
Se minha manga
fica presa na maçaneta
inda tenho pitangas
para os sem camiseta.
Se não encerro a festa,
se não paro a dança,
inda leio
floresta,
inda me mata o que lhes cansa.
Se a cor é bela
e a vida é forte,
inda vejo nela
a falta de suporte.
Se acordo querendo
dar tudo de mim pelo pingo
inda entendo a giganteza
de quem trabalha outro domingo.
Se agora preciso de um colo
ou outro sim,
não desconheço o subsolo
de quem nem sabe de onde eu vim.
Se preciso de uma pincelada
da sua empatia
nada me impede, ralada,
de ser também sua pia.
Se tudo o que peço
é um quase de paz
em meio ao meu mínimo turbilhão,
inda entendo cada jaz
e não comparo seu sermão.
Se deito com rosto molhado
e abro o sol com dente aberto,
ó, eu lembro do seu lado,
e meu sonhar segue desperto.
Se comemoro o vento da greta,
a montanha suada
e a facilidade;
inda lembro da sua marreta.
Sua alegria é lembrada
da minha dignidade?
Porque, ah, se tiro a meia
e sinto o mesmo alívio que seus pés
após tanta maratona…
não diminuo sua areia,
mas esquece, atés,
que chegaríamos mais rápido
seguindo a mesma fé cafona.
@vanessabrunt
Navegar nas mesmas
águas onde Luis Brión
obteve a primeira vitória,
e contigo fazer história.
Ler por antecipação o quê
pode vir a nos ocorrer
onde as estrelas sempre
serão mais visíveis.
Por Los Frailes e por todo
o Mar do Caribe navegar
o quê há em nós é deste mar.
Para receber o teu amor
tenho preparado um refúgio
para nada vir nos dispersar.
Procissão a esmo
Vejo os seguidores e vou junto.
Não pergunto do que se trata.
Apenas sigo os passos.
A quem eu sigo?
E o que eu persigo
Nesta procissão a esmo?
INSACIÁVEL FOME
A poesia é o grito
Que me sobra
E a insaciável fome
Que me assola.
@poetamarcosfernandes
Reflexões sobre o ocaso III
O que dirão os futuros vermes
Que hão de comer minha matéria?
O que dirão a respeito do que lhes espera?
Ficarão satisfeitos com tanta podridão?
Eu estou longe de ser imaculado.
Reflexões sobre o ocaso IV
O que me sobra
Ao fim da caminhada?
Um punhado de terra
E ser comida de bactérias.
Reflexões sobre o ocaso V
A sensação de chegar ao topo
É desanimadora.
Cheguei até aqui para nada?
Qual é a minha recompensa?
Eu não sou o vencedor?
Marcha fúnebre
Quem será o responsável
Pelo meu olhar acabrunhado?
Quem carregará
O fardo de puxar o gatilho?
Quem vai embalsamar
O meu corpo para a hora da partida?
Quem trará uma lágrima,
Ao menos uma, para o meu funeral?
Quem?
Eu, que guardei tantas dores,
Acumulei desilusões
E chorei tantos dissabores,
Agora sei rir sem motivo aparente.
Tudo que sofri acabou com apenas um toque.
Vi que toda névoa se dissipou
E agora tudo faz sentido.
Esse é o lema que vai ser guia. O principal oposto de felicidade não é tristeza, é agonia.
O caminho é a alforria. Melhor rosto molhado do que carne que ardia. E no alto da sua libertação, vão apontar em suas costas e urrar: pega-ladrão! Mas aprenda a ficção, porque o conto real é ser vilã para quem é vilão. Pele aberta roçando em fantasia. Melhor a busca do ponto do que a busca da cura. Veja a rua cheia que é vazia. O principal oposto da verdade é falta de postura.
(Vanessa Brunt)
Na desabitada Black Rock
em plena bela Granada levo
os meus pensamentos
para navegar em dia de Sol.
Nas Pequenas Antilhas
medito sobre as tuas manias
lindas de amar o amor
e te embalo com todo o louvor.
Não faço questão de explicação,
e assim me permito ser também
a tua tripulante da imaginação.
No embalo destas correntes
deixo a sedução do silêncio
de ocasião te trazer para perto.