Vanessa Brunt

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(...)As mais árduas batalhas
A maior das grandes dores
As perdas mais canalhas
Os mais fortes dos horrores
Não vem para qualquer um
Não acontecem sem razão.
Os melhores soldados
São os postos em ação.

É assim mesmo...
Existe sim o que está escrito
E se não existe: inspire o ar.
O que é bem dito, não ganha borracha
Porque se não mata, bendito será!

Inserida por claramagalhaes

(...)Toda confusão
No fim, vira risada
E esta e s t r o f e
Vou d e ixar bag u n çada
Para vo cê ve r o q ue fa z co mi go
Mas é tanto amor, que, nossa...(A)BRIGO

Inserida por claramagalhaes

POR ONDE AGORA FOR

Que sua rua encha de flores
Enquanto continuo em zêlo
E que todos os seus valores
Prossigam como modelo.
Que sua cota de amores
Seja muito bem preenchida
E que dos tantos sabores
Leve a nossa guarida.
Que alcance cada sonho
E os que tivemos guardados
Deixa, deixa que eu ponho
Nos meus mais lindos lembrados.
Que não pudemos mais ir por onde
Não houvesse buraco e peso
Mas não pense, você, visconde
Que meu pulso saiu ileso!
Doendo, chora de vez em quando
Dia outro inda será rio
Não de tristeza urrando
E sim do nosso desvio.
Só que quis assim a vida,
A caneta e o maior
E o que sobrou mordida
Foi coisa linda que só!
Lembrarei, para sempre e reticências
Das boas partes e bons dias
Desejando com toda eloquência
Que ganhe de cada "seria".
Sempre daqui em reza forte
Para com o seu caminho
Juro que desejo sorte
E que arranquei espinho.
Aceite, por favor, não amassar papel
E dê a esperança, um quarto de hotel
Que seu norte vai ser lindo
E o meu sul também,
A cada novo bem-vindo
Seu nome um pouco tem.

Inserida por pensamentosnossos

Desistir não é vergonhoso quando o sentimento existe, mas já não sustenta. Quando lembrar do que lhe fez aguentar até agora já não é suficiente. Quando aquilo está prendendo e retardando a atenção que poderia vigorar em outros focos, estes que internamente estão em alarido por uma chance de ser. Desistir não merece escárnio alheio, contanto que esteja ciente do que está abrindo mão, caso os pontos negativos estejam por chacinar todo o sobejo. Mas só desista nestas condições (se algum dos tópicos citados acima se encaixa em oposto na sua realidade, resista, ainda vale a pena): e não fique criando um ciclo vicioso de idas e vindas. Caso decidir encerrar aquele escopo, deixe ir sem possessividade. Os momentos de revirar o guarda-roupa e ver o que já não serve é sempre necessário, só assim o espaço para novas peças existirá, contudo, não adianta abrir apenas cinquenta por cento das alas, isto só desorienta e ancora, faz com que veracidades sejam perdidas, com que tanto ir como ficar percam partes dos merecidos, com que até as singularidades do seu objetivo passem a perder-se enquanto pensa estar ainda cativando. Caso haja dúvida, tente mais uma vez. E se outro ensaio confundirá ainda mais, somente tire um tempo, isole as possibilidades, coloque na balança, tranque enquanto pensa, não pise e nem abrace: embora esse instante de decisão não deva durar muito tempo (o nome é INSTANTE), não faça a estupidez de deixar algo entreaberto, releia tudo se ainda não entendeu o porque.
Desapegar não significa esquecer, define-se em observar que no fim sobra o necessário, o certo, o seguro…E a ida é feita de sobras bem feitas, que para cada um terá sua particularidade. Desapegar é encerrar de fato, é saber reconhecer quando passou da validade. Desapegar é desistir sem avareza, é encarar a real utilidade. Desapego é saber acenar, fazer revência e entender porque fim. Desapego é saber que é finito se aquele bendito já não era tão sim.

O CHARME

Acho cômicas as situações em que pessoas julgam ou não a beleza de alguém apenas por “bater o olho”. Caramba! Eu amo o charme. Ele deveria ser mais valorizado, aproveitado, observado. E sabe porque estou dizendo isto? Porque a estética é moldada e levada, o charme não. Aquela coisa da cara pintada, da roupa estilosa, ou da pele perfeita, somem. Mas se tiver charme, pode envelhecer o quanto for, ele vai continuar ali. O charme é o caráter bonito, a inteligência bem exposta e/ou aquele jeito que só aquela pessoa tem de passar a língua pelo canto da boca sem nem reparar. É a forma engraçadinha que ele tem de sair se esbarrando nas coisas e nos outros, pedindo perdão enquanto o rosto fica corado. É a maneira com que aquela mulher se empolga ao argumentar sobre tal tema, enquanto mexe as mãos acompanhando a fala, e lhe hipnotiza. É o olhar que aquele homem tem quando pede desculpas, e lhe amolece. É o extrovertimento de uns, a timidez de outros, é até o jeito de se estressar que dá uma certa pontada de vontade de sair abraçando enquanto ele(a) grita... É aquilo que não se mascara, que vai ser lindo para uns, feio para outros, assim como tudo no mundo, mas que quando belo: não se explica. E esse “não sei explicar” é tudo! É que muita gente que conhecemos e achamos o rei ou a rainha da beleza, quando trocamos convivência, vão perdendo aquela magia toda, já que o jeito não é aquele que nos encanta: o jeito que afaga o cabelo, que sorri, a forma de falar, ou até o conteúdo do que fala, por vezes são de modos que apagam o brilho aos nossos olhos. E aquele alguém que era o morno, o sem sal, com um tempo de conversa, de olho no olho, pode se tornar alguém tão maravilhoso! E em casos assim é que surge o “ele(a) é tão... Não sei explicar”. Ah, quando esta frase aparece! Já enfatizei. Pegue, agarre com tudo, porque não acontece sempre. Quando alguém não nos agrada é tão simples desmembrar os motivos: “ela tem uma voz estridente demais”, “ele não tem um papo legal”, “ela se olha mais no espelho do que olha para mim”, “ele tem uma mania estranha”, etc. Porém, quando existem mil e uma citações sobre alguém que tem charme, nossa! Não saber explicar é a melhor coisa, é aquilo que se goza enquanto olha e se namora só de ver, é o que parece que não será encontrado em mais ninguém, e que na hora de sair da garganta para fora, vira essa frasezinha que carrega um peso enorme de fascínio. E é isto que deveria ser mais apreciado que qualquer coisa mais exterior.
Não estou dizendo que não vamos olhar os rostos bonitos e nem nos cuidar ou que iremos deixar de querer que o outro cuide do aparente também. Faz bem demais olhar e só de olhar de longe, desejar. Porém de nada vale esse desejo se o tempo vai diminuir não só por passar a borracha nos traços bem feitos do corpo, contudo também por não ter aquele “não sei explicar” implícito ali. Analise mais. É no que se vê de perto, só bem de perto, só conhecendo, saindo lá de dentro para fora, e se admira... É no charme, meu caro, que a maior formosura mora.

DESPEDIDA
DESPEDIR
DES-PEDIR
PARAR DE PEDIR
E DEIXAR O PÉ IR

Inserida por pensamentosnossos

Amar é para os fortes
Porque só falar
é para os fracos

Inserida por claramagalhaes

Querer reciprocidade não é fazer visando algo em troca, é fazer esperando que valha a pena.

Perdoar não apaga a memória. Fazer diferente não muda a história. Um passo para trás não desfaz o para frente. Uma palavra de fé não ampara o descrente. O erro e a lembrança são como a morte e a saudade — podemos não recordar a todo instante, porém nunca esquecemos em verdade. De fato, tudo se transforma, entretanto é deste ponto que vem a ideia de que nada se recria: é tudo um aglomerar de feitos inexoráveis nesta amontoada biografia.

Inserida por claramagalhaes

O QUE QUEREM AS MULHERES

Se você puder beijar minha testa, acariciar meu braço e só depois chegar em áreas sigilosas, diferente do que deve ter feito com a maioria, eu não vou ligar se vamos estar em um carro super potente ou na carrocinha da fazenda lá de depois do outro lado do mundo. Se você for sincero, e prestar atenção no que estou falando, diferente do que deve ter feito com a maioria, eu juro que não vou ligar para o seu abdômen um pouco estufado de meses sem academia, e sim olhar para o seu sorriso após o meu findar de frases. Se você puder me contar um segredo, eu vou contar um também, e então não importará se o restaurante está cheio, vazio, ou se é aquele baratinho com o cardápio repleto de traduções equivocadas. Se você falar que vem aqui, e fizer algo original, como trazer uma pizza do sabor que eu gosto e colocar aquela música para tocar (qualquer coisa que torne visíveis as particularidades do momento), eu juro até que vou preferir do que ir naquele tal hotel com ofurô gigante e champanhe da marca num-sei-que-lá.
É bom, claro, usufruir das tecnologias, da incrível capacidade do homem de superar a frase “este povo não tem mais o que inventar”, de estar degustando de um prato em que o ambiente friozinho parece ter gosto em conjunto, mas eu juro, com todo o meu coração, que isso não renderia tantas boas lembranças como se você sujasse a boca de catchup enquanto ri de alguma coisa sem sentido que eu falei.
A importância, que não é demonstrada pelo quanto você gasta, ou para o quão elegante é onde estamos indo, e sim pelo esforço que fez para estar ali, pelo tempo que passou da sua hora e parece não mais importar, pelo vigor com que me conta o que nunca foi dito antes, por cada bocado de segundo que demonstre que algo feito naquele instante está sendo único, inédito e de tamanho extra grande mesmo que tão simples: é esta importância, que faz as pernas tremelicarem ao pensar na perda da sua presença.
Falam das mulheres interesseiras, mas eu juro que até elas teriam mais daquela invejinha espetando suas cobiças ao ouvirem falar do cara que levou a tal moça para ver o seu esconderijo de infância (onde nem seu melhor amigo havia estado), e colocou colchões no chão para eles olharem o céu enquanto ele admitia que passou na padaria e comprou aquele docinho de cinquenta centavos só porque ela disse que gosta, bem mais do que ao ouvirem sobre aquele que chegou com sua super Ferrari, entrou em um restaurante chique e teve uma conversinha clichê, o que aparenta ter sido cena feita em muitas outras noites, com muitas outras convidadas.
É a intensidade do querer conhecer meus prazeres mais enraizados e expor os seus. É a magnificência de demonstrar o anseio em compartilhar suas manias mais latentes e secretas e lembrar das minhas. É a importância. A particularidade, o que conquista.
Não me chame de linda, princesa, e todas estas formas batidas que parecem ressurgir de um ctrl+c, ctrl+v… Use a criatividade comigo, e não sua carteira ou corpo. Crie um apelido, algo que só a gente entenda, por favor. E eu juro que quando ouvir alguma palavra parecida, vou lembrar tanto da gente, tanto, que aquele homem malhado vai parecer um poste feio e duro na frente do carro que queria engrenar para voltar aos seus braços.
Se você puder fazer algo só para mim ou só comigo, escolha este algo ao invés de quaisquer saídas que pareçam mais surpreendentes e/ou agradáveis. Opte pelo que vai ser incomum, não pela aparência, e sim pela realidade e singeleza de estar sendo a primeira vez a ser posto em prática. É a singularidade, a importância. É a importância, caramba! Que você demonstra que tenho, a ponto de fazer parte de alguma primeira e única vez da sua vida, que vai fazer com que seu nome se exalte em meus batimentos.
O que quero é um livro diferente, é uma história nunca antes contada. É aquela página que nunca teve coragem de abrir para outras mulheres. Ser especial é ser exclusivo (único, original, que mais sinônimos queira), e é ser especial que desejo. Pode ser especial aqui, aí, ou na casa caindo aos pedaços daquela rua estranha do seu condomínio, mas eu juro, que nenhuma riqueza vai ser maior do que essa importância.

Amar é fazer sem obrigação.

Inserida por claramagalhaes

O tempo não apaga o que se lembra a todo tempo que deve esquecer.

Inserida por claramagalhaes

Quem muito abraça o inimigo, ao abraçar amigo, não sente. Quem muito falseia amor: ao dizer que ama, mesmo amando, mente!

Inserida por claramagalhaes

Vivemos para solucionar, solucionamos para viver.
Nenhum problema fica, fica o que pagar para ver.

Inserida por claramagalhaes

É quando a vida dá uns nós que se cruzam os porquês.

Não chore pelo que se foi,
Lute pelo que está.
Por vezes perder,
É ganhar em dobro.

Inserida por claramagalhaes

Sentido sem tido não faz nenhum sentido.
Então,

Sentado
sem ido
fará que
sentido?

Inserida por claramagalhaes

Ninguém acha um caminho melhor sem sair do caminho de sempre.

O SÁBIO

O sábio não apressa
Mas vai indo enquanto passa
Sapiente que promessa
Se não ato, ameaça.
O sábio não exige
Só caminha e observa
O sábio não aflige
Toma um chá e não enerva
O sábio dá risada
Deixa tudo ser leveza
Agradece a cilada
E prossegue sem dureza
O sábio em si confia
E sabe que pouco sabe
O sábio só diria:
Quem quer mesmo, em copo cabe.

Inserida por claramagalhaes

Nada define mais uma pessoa do que as prioridades dela. Observe o que estão colocando no topo da lista, e saberá quem são.

Inserida por claramagalhaes

EQUILÍBRIO

Quem é teu remédio e tua doença?
Quem é tua fé e tua descrença?
Quem é tua asa e teu cadeado?
Quem é teu fim e teu inacabado?
Quem é tua resposta e tua indagação?
Quem é tua verdade e tua ilusão?
Quem tu tanto mata e continua de pés?
Seja quem for, na balança: tu és.

NÃO PERMITA
QUE FAÇA
BURACOS DE BALAS
QUEM SÓ SABE DEPOIS
DAR BAND-AIDS.

Não adianta permitir o corte por quem não vai fazer cicatrizar.

Inserida por claramagalhaes

Não ter pressa não significa ter que aguentar o que está estagnado.

Inserida por claramagalhaes

NÃO NOS RELEIO MAIS

Se nos esbarrarmos por aí, não olhe para mim franzindo o cenho, não olhe tentando decifrar, dado que vou passar com a minha face quieta e tranquila de quem não tem mais tempo para escancarar os motivos do porquê não deu certo ou para reformular aquela longa lista que vislumbra o seu mau caráter. Não olhe fingindo também que achou normal. Na verdade, olhe como quiser, quem sabe posso até cumprimentar você, e caso isso ocorra, será, sem dúvidas, sem grandes gestos de reprovação.

É que eu podia estar até hoje rugindo aos quatro ventos o quão covarde você foi. Podia falar das promessas vazantes e da sua capacidade de deixar até o porteiro decepcionado com aquela cena ridícula da sua partida com direito a um forte bater dos portões, enquanto eu quem chorava e urgia embaralhando as palavras, perguntando como você havia tido coragem de fazer tudo aquilo de novo.

Eu podia falar das mentiras absurdas, e das tentativas frustrantes em que você parecia acreditar nas suas próprias desculpas, como se achasse, em tais ocasiões, ser de fato aquele personagem, um que criou tão longínquo de quem é quando a máscara cai. Eu podia falar para as pessoas as partes que elas não viram, que só a minha dor conheceu, fragmentos que são ainda piores do que os que todos os já descrentes de você conseguiram na época, captar. Eu podia escrever centenas de textos, um sobre cada situação inacreditável que me propus passar pela esperança barata que comprei de você. Eu podia expor sobre aquela vez em que desviou os olhos e fingiu por mais de cinco minutos que não ouviu nada, mesmo tendo em mente a lembrança da sua audácia de citar dias antes que quem desvia o olhar e pensa muito para responder, provavelmente não é confiável.

Podia dizer para os seus amigos para ficarem de olhos abertos, porque não duvido nada que qualquer um deles possa ser a próxima vítima dos seus surtos de vestir uma fantasia que não lhe é cabível. Podia chamar a sua mãe e sua família para conversar, e contar daquela festa em que você fez um teatro tão bem feito, que talvez a saída seja lhe matricular em um curso avançado de artes, ou em um psiquiatra.

Eu podia continuar escrevendo este texto até dar um livro só de parágrafos de tudo que eu podia fazer e falar com o rancor do que você plantou de inadmissível em mim. Eu podia. Só que o seguinte é que não sinto mais necessidade de chamar a sua atenção para tentar receber algumas novas migalhas justificativas, tampouco sinto o desespero de lembrar tanto que devo esquecer a ponto de atrasar o árduo trabalho do tempo. Já não é mais a hora de rever o que ficou embaçado, a etapa de releitura está finalizada.

Não ache que estarei sendo indiferente para que deixe em seus pensamentos o tanto de perguntas que já deixou nos meus. Não é um evento de vingança, paga na mesma moeda quem ainda faz as contas do troco, o que não é o meu caso. Não ache que estarei sendo educada para que afete alguma parte do seu ego intacto pelas vezes em que fiquei no chão frio sem reparar o tamanho do disparate. É apenas e somente, o fato de que tenho muita coisa para fazer, sem mais paciência para repetições. É apenas o meu cansaço do que nada acrescenta. É apenas, a maturidade. Ela nos acalma, nos leva a entender que não dá para consertar um carro quebrado pela milésima vez, melhor comprar um novo. Ela nos leva a querer somente o que impulsiona. Ela fez com que, eu simplesmente ingerisse e observasse que o mundo não tem os seus olhos e nem a sua cabeça errônea, ele tem muita gente que não vira as costas. Ele tem gente com princípios, gente com capacidade de crescer sem deixar rastros de sangue sujo por aí, e acima de tudo, tem gente que já alcançou o grau no qual estou: que liga mais para o curso de espanhol do que para um passado que já não faz a mínima diferença de quais tantos a mais segredos esconde. É que seguir em frente não foi difícil como eu imaginava a uns meses atrás, difícil mesmo foi estar com você, foi padecer e aguentar.

Não quero mais respostas, as que preciso estão aqui, vêm de mim, são sobre o que sei, sobre as minhas capacidades, e estas verdades agora me bastam. O que vale é a minha consciência, que vive mais do que limpa, diferente do peso que o seu travesseiro tem que suportar. O que vale é a minha leveza e meu futuro. E a única certeza que tenho é que em nenhum dos dois tem espaço para você. Não existem mais linhas em branco, mais falta e nem mais brechas, apenas olho agora para um livro velho que de tão distorcido e empoeirado atrapalhou a minha vista e a minha respiração, deixando após o encerramento apenas um gosto maior em valorizar o oxigênio que recebo ao não fixar em obras polvorosas.

Então, se nos esbarrarmos por aí, olhe franzindo o cenho, olhe tentando decifrar, e olhe até fingindo também que achou normal. Só não olhe pensando que vai conseguir despertar novamente a louca detetive que fez surgir em mim, porque será então, a primeira vez nisto tudo, que você se iludirá.

O AMOR É ELEGANTE

O amor é cuidadoso, altruísta. Cuidado que não se limita apenas nos momentos de uma febre ou dor de cabeça, que não fica ali somente na cama e no sofá, quando a sós. É o zelo que não se resume apenas ao remédio dado na madrugada em que ambos ficaram em claro pela virose de um, ou pelo dia em que ela largou seu trabalho inacabado por conta da tristeza dele ao perder aquele cargo tão importante. É o amparo que não condiz unicamente às situações em que as prioridades mudam pelo outro e esses fatores são, então, contemplados juntos, no seu ninho.

O amor é dedicado em todos os âmbitos. O amor é cuidadoso fora de casa, na fila do mercado quando um ajuda o outro a pagar a conta enquanto ele a elogia para a moça do caixa. Diferente daquele cara, que comenta sorrindo para a mesma senhora sobre o quanto a sua mulher é insuportável e coisa e tal, só para arrancar umas risadinhas da desconhecida e elevar seu ego como quem tem um "irresistível senso de humor".

Quem ama não esquece de amar só porque o outro não está presente, e o amor é ação com postura. Amor mesmo é quando um está no trabalho e o outro em uma reunião informal de pessoas com as quais precisa "fazer média para fechar negócio", e quando nesta reunião alguém comenta algo como "Não acho que fulana vai ter tanto sucesso assim", o fulano, namorado/marido da tal, chega graciosamente, quase esquecendo de instigar o cliente sobre a sua proposta, e vai escancarando uma lista verbal que justifica a capacidade da sua amada para atingir sim um grau elevado de reconhecimento naquilo que faz, convencendo a todos do seu discurso através da vontade de fazê-lo.

Não existem distorções, mentiras e exacerbações para parecer engraçado ou tentar se enturmar com quem está comentando isso e aquilo de ruim sobre quem você deve querer bem. O amor é elegante. Ele faz com que os atos e as palavras sejam cautelosos, principalmente quando em público. Faz com que um pondere a imagem do outro como se fosse a própria. Faz política e propaganda sincera. Causa com que ambos tenham a sutileza e o respeito de não fazer nada que saiba ter o poder de ferir a conduta de quem se ama, vendendo sempre a melhor figura do(a) parceiro(a) e querendo ser o melhor desenho possível, para que combine com o que pinta e borda de bom do seu cônjuge.

O amor é refinado e laborioso. Quem tem um amor, amor mesmo, mal precisa de empresário para sair "vendendo o seu peixe", porque o amor exala admiração, e aquele namorado vai falar tão bem do talento da namorada que vai atrair bons interesses para ela. Ele nunca deixaria passar a chance de meter as caras e com toda a persuasão possível, ir falar com os donos de uma gravadora, se a sua mulher canta.

O amor é a classe de se impor como o assessor de um candidato a presidente em época de eleição. E o tal candidato, é o seu amor. Os segredos daquele laço mantem-se preservados, e não há críticas pelas costas, porque a elegância exige que as partes ruins sejam debatidas no escritório do casal. O amor não só fala bem, como não permite que fale mal, a não ser entre as quatro paredes dos dois referentes, mantendo a arte da conversa para a vida saudável não virar um mar de dissimulações.

Claro que existem os amigos que vão saber de um detalhe ou outro, aqueles confidentes que ganham reais conhecimentos para darem seus conselhos e apoios quando preciso for, mas até quando com eles, existe um certo equilíbrio nas falas, algo que não restringe a admiração, que emite apenas o ângulo preocupado e dedicado de quem diz. Caso contrário, em uma difamação ou indiscrição desnecessária sobre o relacionamento com conhecidos aqui e ali, sem cuidado, sem preservação, na falta da elegância, no abandono do emprego (de ser o assistente, o secretariado do seu par): não está sendo amor, e quando o amor deixa de ser amor em algum momento, ah, meu bem... Nunca foi.

ATENÇÃO: No fim das contas, isso se inclui a todos os tipos de amores. Aos amigos, aos irmãos, aos pais, aos filhos, não só aos casais.

Inserida por claramagalhaes