Frases dos Prêmio Nobel de Literatura

Cerca de 20 frases dos Prêmio Nobel de Literatura

Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar.

José Saramago
O Conto da Ilha Desconhecida

Da literatura à ecologia, da fuga das galáxias ao efeito de estufa, do tratamento do lixo às congestões do tráfego, tudo se discute neste nosso mundo. Mas o sistema democrático, como se de um dado definitivamente adquirido se tratasse, intocável por natureza até à consumação dos séculos, esse não se discute.

Toda a obra literária leva uma pessoa dentro, que é o autor. O autor é um pequeno mundo entre outros pequenos mundos

Dizemos-nos que pelo menos os lugares sempre guardam uma toque das pessoas que lá moraram.

Ele nunca esqueceu os nomes de ruas e números dos prédios. É o seu jeito de lutar contra a indiferença e o anonimato das grandes cidades, e também contra as incertezas da vida.

Patrick Modiano
MONDIANO, P. O Horizonte. Porto: Porto Editora, 2011.

As palavras proferidas pelo coração não tem língua que as articule, retém-nas um nó na garganta e só nos olhos é que se podem ler.

Se não disseres nada compreenderei melhor [...], há ocasiões em que as palavras não servem de nada.

A leitura é, provavelmente, uma outra maneira de estar em um lugar.

A vida é assim, está cheia de palavras que não valem a pena, ou que valeram e já não valem, cada uma que ainda formos dizendo tirará o lugar a outra mais merecedora, que o seria não tanto por si mesma, mas pelas consequências de tê-la dito.

É ainda possível chorar sobre as páginas de um livro, mas não se pode derramar lágrimas sobre um disco rígido.

E o que era "eu"
É uma simples palavra
Na boca das trevas de Dezembro

Não me peçam razões, que não as tenho,
(...) bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.

Um público comprometido com a leitura é crítico, rebelde, inquieto, pouco manipulável e não crê em lemas que alguns fazem passar por ideias.

Há coisas que nunca se poderão explicar por palavras.

José Saramago
O homem duplicado

Em Março de 79

Farto de todos aqueles que com palavras fazem palavras mas onde não há uma linguagem;
Dirigi-me para a ilha coberta de neve.
A veação não conhece palavras.
As páginas em branco dispersam-se em todas as direcções.
Eu dei com vestígios de cascos de corça na neve.
Linguagem, mas nenhuma palavra.

Em que língua se diz, em que nação,
Em que outra humanidade se aprendeu
A palavra que ordene a confusão
Que neste remoinho se teceu?
Que murmúrio de vento, que dourados
Cantos de ave pousada em altos ramos
Dirão, em som, as coisas que, calados,
No silêncio dos olhos confessamos?

José Saramago
Os Poemas Possíveis

Não é bem assim. Houve um tempo em que as palavras eram tão poucas que nem sequer as tínhamos para expressar algo tão simples como Esta boca é minha, ou Essa boca é tua, e muito menos para perguntar Por que é que temos as bocas juntas.

(O homem duplicado)

As palavras não foram dadas ao homem, a fim de esconder seus pensamentos.

A palavra deixou de ter conteúdo e de ter qualquer coisa dentro, é pronunciada com uma leviandade total.

Talvez rejeição não seja a palavra mais apropriada, o caracol não rejeita o dedo que lhe toca, encolhe-se. Será a maneira que ele tem de rejeitar? Será. No entanto, você, à vista desarmada, não tem nada de caracol, às vezes penso que nos parecemos muito. Quem, você e eu? Não, eu e o caracol...

(O homem duplicado)