Exílio
SEPARADO (soneto)
À saudade que sofre, em segredo
De ti, no exilio o peito a suspirar
Palavras sem sentido e enredo
Chora, e faz o poema lacrimejar
Com que estro e aperto azedo
Amargam os versos a lamentar
Causando nas rimas tal medo
Que fende com a dor a rasgar
Nem só desejo poetar o amor
Desejo, nem só canto de amar
Me basta, trovas do teu beijo
Assim, poder ter conto rimador
E as estrofes do seu doce olhar
Na esquina da poesia, almejo...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
03/06/2020 – Triângulo Mineiro, MG
Sertão da Farinha Podre
Canção do exilio para Itacoatiara
Minha terra tem oitizeiros
onde canta o bem-te-vi;
minha terra é banhada pelo
rio Amazonas da Colônia ao Jauari.
A natureza aqui abunda,
desde o centro ao Iraci;
alcança os demais bairros da cidade
das Pedreiras ao Canaçari
Nosso céu sempre estrelado
nossas várzeas sempre a produzir
a farinha e os nossos alimentos
para nosso corpo nutrir.
Nossos jardins sempre floridos
que admiração nos dá;
bosque mais bonito no mundo
como o da Avenida não há
Minha terra tem oitizeiros
onde canta o bem-te-vi
túnel verde belo como esse
em lugar algum eu vi
Sobre o manto escuro da noite
Avenida Parque iluminada está
abrigando os seus transeuntes
a qualquer hora do dia ou da noite
cada momento para se desfrutar
Dessa magnifica obra humana
que põe todos a admirar
serve de abrigo para as andorinhas
e a outros pássaros do lugar
Abriga várias espécies de vida
inclusive o sabiá,
que junto com o nosso bem-te-vi
vivem alegres a cantar
Animando a vida dos transeuntes
que dela estão a se utilizar
com sua sombra e o belo clima
que muito conforto nos dá
Minha terra tem primores
que não encontro em qualquer lugar
só encontro em Itacoatiara,
minha cidade meu lugar.
Sei que se tratava de um exílio, de uma fuga, de um ato imposto pela força, mas não será toda migração forçada por algum desconforto, uma fuga em alguma medida, uma inadaptação irredimível à terra que se habitava?
o exílio da alma requer sua atenção...
de um momento insperado.
o ador do profundo sentimento.
a loucura de amar você.
para sempre a desejo.
do prelúdio a tal lucidez.
para sentimento que seduz
pois tudo ganha novas sensações
nesta hora que se passou num ar frio.
Minha canção do exílio
Minha terra perdeu as palmeiras
Tristes se foram os Sabiás
Aquelas aves não mais gorjeiam
Nem aqui e nem lá.
Em nosso céu ainda há estrelas
Nossas florestas tornaram-se mar
De fogo e de maldade
Do governo que aqui esta.
Matutando, em isolamento,
o medo de não vingar
Vejo minha terra enchendo-de cruzes
nem aos mortos podemos chorar.
Minha terra sem palmeiras
Tristes se foram os sabiás.
Enide Santos10/07/20
Quarentena
Um estado de exceção
Assombroso para muitos
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Em 26/07/2020 - COVID 19
Exílio
Dez e vinte e nove da noite, um homem assenta-se a varanda de casa
Diz para si mesmo que virá um novo dia, um amanhã tranquilo e sereno...
bonançoso e inalterado, plácido e manso como caminhar envolto de cerejeiras
Céu azul e um canto único, pássaros e uma melodia benévola de se atentar... “Bem-te-vi”
As dez e vinte e nove da noite, um único pensar, momentos delicados de sonhar...
meu próprio exílio retrai o meu imaginar, árduo e custoso de se focar
Meu peito anuncia, os sinais, a melodia, de que amanhã virá um belo e novo dia
Assombroso, será?
Quem sabe esplêndido, fascinante... radiante perante meu caminhar
Mágoas e incertezas dentro de meu olhar, direcionado ao amoroso e doce luar
Naquela noite, as dez e vinte e nove... na varanda de meu lar
Incontáveis e cintilantes estrelas consigo contemplar, sem mesmo sair de meu lugar
Lágrimas demandam permissão para demonstrar, manifestar e transbordar, um sentimento intenso...
no qual em vivência e comoção de vida eu pude enxergar, em meu peito, coração infirme e sujeito
De que naquele findado dia, subitânea noite e incertezas de vida
Um homem como eu, as dez e vinte e nove da noite, poderia sim
Sujeitar-me, reter-me, sustentar em si próprio a perfeição de sentir e suportar
inúmeros desejos, intuição e agravados pensamentos
E no mesmo recinto, período, pulsação e deleito
Poder vivenciar tal envolvimento, afinidade em sentimentos...
dentro de um único espaço de tempo
Sem ao menos fazer um ínfimo movimento.
O silêncio é como o exílio, a sombria
noite escura que não tarda chegar, é a
clausura que nos provoca o espanto, e a
reflexão, dialogando com a solidão da alma.
Exílio
Preferiria ser exilado deste mundo vil
Que é cruel em não amar
E nem deixar se viverem bons sonhos
Preferiria que minhas palavras
Não ecoassem em vão e no vão morressem
Por falta de um ouvir sincero
Preferiria ficar sem insistir
Em provar que certo estou de mim
Que certo é o dom de amar sem fim
Preferiria então, exilar-me da vida sem ter que voltar e ver.
Que não se importam com o tom da paz e do céu azul.
Às vezes,buscamos exílio na
nossa própria companhia,
para nos livrarmos do caos
que vive alimentando as
nossas tormentas.
Zelensky era um palhaço que virou presidente da Ucrânia, quando oferecido exílio, decidiu ficar e lutar como um líder. Em caso de guerra, Bolsonaro será o primeiro a fugir. Mais trouxa do que ele são as pessoas que se deixam ser manipuladas.
TÉDIO
Viveis em um mundo tão tedioso
Que a dor alheia, te alegra
Alegria embrulhada de exílio
Cego ao teu próprio ver
Te incomoda com o que não é teu
Faz, agora, parte de tua obrigação
Espalhar ódio de graça
Prisioneiro da tua própria infantilidade
Que te faz acreditar digno
De julgar o que não lhe convém
Só não percebe a desgraça
Que é essa tua solidão
Em que o caçador sempre foi a caça
Como numa corrida de gato e rato imaginaria
Lá, o único competidor
É tu
Quem sofre é só consequência
Da amargura escondida
Teu ego
Faz eco
Numa eternidade tediosa
E um ciclo sem fim
Que apenas bate e volta
E te consome em pedaços
E se sente impotente demais
Para pedir socorro
Em que a única solução que te resta
É tornar a desgraça rotina
E tomar controle de mentes fracas como a sua
Descontar aquilo que não sabes explicar
Que se alimenta de uma parte tua todos os dias
Porém, teus olhos já não mais veem
Sua sabotagem diária
Que te faz crer em uma fábula de constante poder
O tédio vira rei
E tu
Mero caçador
Exílio Nublado
O lençol me afaga a pele
Suave, mas é traiçoeiro
Ele me cura a angústia
Mas é na cura que ele me fere
E eu me levanto ao avesso
Triste, mas com esperança
De evitar o pedregulho
Que já me causou o tropeço
E eu insisto nas erratas
Ingênuo, mas já sabendo
Que o caminho que percorro
Já tem minhas pegadas
E eu não estou sozinho
Isto é, fora eu mesmo
E eu tento me abraçar
Mas eu sou só espinhos
EXÍLIO
Cobriu-me de tristura o ocaso pardo
Um aperto n’alma fino e sem trelas
A saudade com sensações donzelas
E o silêncio que pesava como fardo
E, cá neste soneto um penar guardo
A tatear as imaginações tão singelas
Arrancando emoções sem ser belas
Pra ferir a poética com duro dardo
E, vai, assim, em um versejar forte
Rogando em vão a esmola da sorte
Tragando a ilusão das covas rasas
Bardo triste afetivo em tuas prosas
Sou choro, sou riso, sou mais rosas
Amargo trovador com exiladas asas...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
02 dezembro, 2021, 05’40” – Araguari, MG