Contos de Fábulas
Rótulos da imaturidade
Sempre fui daquelas que fantasiavam uma vida de conto de fadas e não tenho vergonha de assumir isso, embora eu não me orgulhe. Entrar para a faculdade, me formar, ter uma carreira, encontrar a pessoa que me trataria como rainha, casar e ser feliz para sempre apesar de todos os problemas que relacionamentos trazem. Aí veio o Fernando Meirelles me questionar se vale a pena sofrer por amor. Juro que fiquei na dúvida.
Mas enfim, há muito tempo deixei de ser ingênua e percebi que a realidade não funciona assim, por isso não me frustrei tanto. Questionei minha maturidade muitas vezes e me questionaram também. Hoje eu percebo que a maturidade está muito mais no comportamento das pessoas do que na idade. Há quarentões com idade mental de 21 e adolescentes entrando para a maioridade com mentalidade de gente grande. Aí eu penso que tudo depende de virtude e responsabilidades.
Percebo que pessoas rotuladas como imaturas provam com a integridade que estão mais aptas para lidar com problemas cotidianos do que muita gente mais experiente. Da mesma forma que pessoas que se acham maduras ao extremo são as primeiras que se frustram ao tomar decisões precipitadas, por se acharem donas da razão e fazerem escolhas impensadas.
Pode ser que tudo não passe de rótulos, pré-julgamentos que acabam envolvendo a falta de respeito e a desonestidade ao próximo. Mas a verdade é que sempre vamos depositar inúmeras expectativas nas pessoas e vamos nos iludir e nos decepcionar por isso várias vezes. Mesmo assim, valerá o risco se acharmos que 1% de esperança que resta na raça humana seja suficiente para continuar buscando a felicidade, ainda que ela jamais seja a mesma compartilhada pelas fábulas.
Sua vida não me importa
Pra mim você passou
De um conto de fadas
De um final feliz
Sai da minha vida
Que vai ser melhor
Você não percebe
O que fez pra mim
Você não se importa
Com o sentimento
Terá que rever
Seu comportamento
Se eu não sou o que você quis
Ligo o botão do FODA-SE
E vou ser FELIZ !
CONTO REAL
No virgem coração da pequenina
ele jurou morar a vida inteira;
mas na sua inconstância masculina,
cresceu, casou-se e ela ficou solteira.
Diante de qualquer berço ela se inclina;
desiludida na afeição primeira,
seu amor a ninguém mais se destina;
só aquela afeição foi verdadeira.
Quando um sobrinho pequerrucho e lindo,
hoje lhe pede entre chorando e rindo:
- "Conte uma história, tia, conte aquela. . ."
Ela repete qual se um conto fora:
- "Era uma vez uma menina loura..."
E ninguém sabe que essa história é a dela.
Sabe um dia alguém tentou me dizer
Que o meu conto de fadas não existia
E que as pessoas não eram boas de verdade
E que meu príncipe encantado não viria !
No Fundo eu juro que já sabia
Mais aquilo me fazia tão bem
Sabia que lá, em pouco tempo eu já não existiria
Precisava acordar, precisa enfrentar o que mais temia
O tombo foi trágico
A REALIDADE era brusca demais, para eu entender
Não havia sentimento, nada era mágico
O que todos queriam era dinheiro para poderem sobreviver
Juro, a ganancia era o pior
Uns com tanto e outros com tão pouco
Ninguém se lembrava o que era repartir
Lá só se preocupavam com o próprio nariz
Aos poucos minha luz foi se apagando
Eu fui desacreditando de toda aquela mágica
Que um dia eu havia sonhado
Na REALIDADE descobri que os sonhos não podiam existir
Foi ai que me vi morrendo e dejando estar no meu conto de fadas, e é la que me encontro até hoje
E é ela que eu sobrevivo me alimentando de ilusões
Mais me sinto melhor assim
E é lá que eu sempre quero estar !
Eu não sou uma princesa
Isso não é um conto de fadas
Eu não sou aquela que você tenta impressionar
Que é conduzida por você na escadaria
Aqui não é Hollywood
Aqui é uma cidade pequena
Eu era uma sonhadora antes
de você chegar e me por para baixo
Agora ja é muito tarde
Para você e seu cavalo branco
chegarem
Talvez eu fosse ingênua
Tenha me perdido nos seus olhos
Nunca realmente tive chance
O meu erro é que eu não sabia estar apaixonada
conto: 🦉 PLANEJANDO O FUTURO
Um dia, estava conversando com um colega de trabalho falávamos de como os planos que temos para a nossas vidas sofrem alterações. Na verdade, temos que estar sempre nos readaptando, considerando a dinâmica das mudanças do mundo. Possivelmente os mais felizes são os que melhor conseguem tais adaptações. Então o meu colega contou algo engraçado, disse que quando era criança, tinha um plano simples. Na verdade um plano que trazia a ingenuidade da tenra idade. Qual o plano? Trabalharia duro até comprar duas casas...Uma para morar e outra para alugar, assim teria onde morar e renda para viver... Pronto! estava com a vida resolvida. Simples assim (demais). Claro, percebeu logo mais adiante que as coisas são bem diferentes. A vida que segue.
(Clovis G.A.Macedo)
Boa tarde.
No insolúvel desejo.
No fim ensejo,
O direito de amar.
A alegria é um conto,
Que existe e permeia.
Até o próprio ar,
Até um simples ponto.
Em uma pequena aldeia,
Emite o próprio conto,
E a sabedoria ancestral.
Que dispõe do saber.
Enfim só quer "SER".
E libertar-se de todo mau.
Isso é um conto de vida.
De uma história sabida,
Do pequeno,
E do todo.
E assim vamos sendo,
E o simples saber.
Nós envolvendo.
A dama que sabe tudo
Um velho conto fala de uma dama que vagueia pela Terra.
A Dama que Sabe Tudo.
Uma bela dama que encontrou todas as respostas,
Todos os significados,
Todos os propósitos,
E tudo que já foi procurado.
E aqui estou eu
uma pena
Perdida à deriva no céu, vítima das correntes do vento.
Dia após dia, procuro.
Procuro com pouca esperança, sabendo que lendas não existem.
Mas quando tudo mais falhou comigo,
Quando todos os outros se afastaram,
A lenda é tudo o que resta a última estrela fraca cintilando no céu crepuscular.
Até que um dia, o vento deixa de soprar.
Eu caio.
E eu caio e caio, e caio ainda mais.
Gentil como uma pena.
Uma pena seca, inexpressiva.
Mas uma mão me pega entre o polegar e o indicador.
A mão de uma bela dama.
Olho para os olhos dela e não encontro fim para o seu olhar.
A dama que Sabe Tudo sabe o que estou pensando.
Antes que eu possa falar, ela responde com uma voz vazia.
"Eu encontrei todas as respostas, todas as quais equivalem a nada.
Não há significado.
Não há propósito.
E buscamos apenas o impossível.
Eu não sou sua lenda.
“Sua lenda não existe.”
E com um sopro, ela me lança de volta ao ar e eu sigo uma rajada de vento
Sei que a gente nao vive de conto de fadas,
Sei que na vida nem tudo eh maravilhas,
Se fosse nao teria graza nenhuma
Sempre lutamos pra conquistar o nosso espazo.
Sei que soh palavras bonitas eh pouco
Temos que demonstrar que elas sao verdadeiras,
Que vem da alma,
Que sao faladas pelo coracao,
Se eu estivesse ai agora, nao iria falar tanto
Deixaria que meus olhos falassem
Porque mais puro que as palavras, sao os sentimentos.
Por outro lado…
…Nunca Esconderia que Te Amo
Nunca perderia as oportunidades
Porque se hoje estamos aqui
Amanha podemos nao estar
Por isso que eu te falo que
Ontem, hoje,e sempre
Eu Amo Voce.
Não irei mais chorar
Apenas amor sairá do meu olhar
Porque de lágrimas conto meus contos
Faço meus encantos
Lágrimas assim, não mais desejo
Apenas as despejo
Numa rua de saudade
Por um pouco de humildade
Saudade sentirei
Eternamente lamentarei
O tempo perdido
Que jamais aproveitei
Em uma aldeia havia um mestre religioso, que falava sobre o propósito das religiões. Um dia uma grande multidão, formada por diversas tradições religiosas, reuniu-se para escutá-lo. Então um homem na multidão lhe perguntou. “Mestre, qual é o objetivo de todas as religiões?” O mestre lhe respondeu: “como a água tem sua fonte no topo da montanha e ela transforma-se em diversos rios fluindo até ao mar, da mesma forma o único Deus é visto por diversos ângulos pelas pessoas diferentes. Assim as diversas religiões são criadas ou fundadas pelos seres humanos, mas cada religião tem um propósito de chegar a um único Deus. Somente as regras é que são diferentes"
Carnaval
Sei que lutei contra o que sentia, sempre macho, sempre no controle, mas seu jeito meigo me pegou, não posso mais viver longe do seu sorriso, da sua voz, da paixão arrebatadora que emana do seu ser; o baile está triste com você longe de mim; então levanto minha bandeira, que já foi branca e agora está amarelada pelas lágrimas de saudade que chorei, não posso mais, vou gritar bem alto, mais alto que as marchinhas que estão tocando: “Volta pra mim, meu amor”!
Coisas mal resolvidas sempre voltam, amor.
Principalmente, quando Tu és o confidente de todas as minhas emoções
Uma promessa de amor
A poesia acústica de tudo aquilo de que não tenho vivido.
És a minha ânsia de sentir
Uma afirmação do que é paixão
O eclipse que surgiu no lindo céu.
Se eu não posso está com você, vou me contentar em está com seu fantasma.
Mesmo longe de você, nossas memórias é meu êxtase.
Fernando Machado escreveu, "me diga em quantos pedaços você foi partida antes que eu te conhecesse, quero saber quantas versões suas eu terei que amar."
Existem conexões que nunca vão se desfazer nas nossas vidas. Algumas pessoas vão embora mas a conexão fica, independente de onde ou com quem essa pessoa esteja, ela sempre vai mexer com nossos sentimentos.
Eu não sei bem o motivo disso, mas sei que todo mundo tem alguém assim.
E eu tenho você!
O dono de todos os meus devaneios mais amados.
Livros: Superlativo e Habilitação da vida.
De Stefany Carvalho
DE QUEM É A CULPA?
Um homem muito pobre vivia penosamente. Não era preguiçoso. Trabalhava sem parar até a exaustão. Mas em vão. Permanecia pobre.
Certo dia, extenuado e desanimado, decidiu chegar a Deus contando-Lhe sentir-se injustiçado, não merecer tal sina e pedir-Lhe para remediar esta situação.
E assim saiu estrada fora.
No caminho encontra um lobo.
–”Bom dia, Senhor viajante! Que prazer em encontrá-lo! Para onde está indo?” Perguntou o lobo.
–”Falar com Deus. Vou-Lhe falar com toda franqueza. Creio que Ele foi injusto comigo e vou pedir-Lhe para corrigir essa injustiça.”
– “Bravo e boa sorte! Encontrando-O, você faria um favor para mim? Diga-Lhe que eu também fui discriminado. O dia todo procuro algo para comer. Em vão! Pergunta-Lhe por que me criou se era para eu morrer de fome? E quanto tempo vai durar ainda este meu tormento?”
– “Está bem,” respondeu o homem, “falarei de você” e prosseguiu seu caminho.
Depois de certo tempo encontrou uma linda moça.
–” Bom dia, Senhor viajante! Para onde vai assim, tão apressado?” perguntou a moça.
–” Falar com Deus, tenho um pedido a Lhe fazer”
E o homem explicou em detalhes o conteúdo da sua pretensão.
–”Desejo-lhe muita sorte! Mas não quer falar de mim também? Diga-Lhe existir na face da terra uma moça, jovem, com boa saúde, bonita, rica, porém infeliz. O que deve fazer ela para alcançar a felicidade?”
–”Pode deixar, falarei de você também” prometeu o homem e seguiu seu caminho.
Andou ainda um bom tempo e depois parou embaixo de uma árvore cujos ramos estavam desprovidos de folhas.
– “Para onde está indo?” Perguntou a árvore.
O homem explicou o que queria fazer.
– ”Sendo assim, não quer falar de mim também? Não consigo entender este meu destino determinado por Ele. Apesar de ter raízes num terreno fértil, meus ramos permanecem sempre sem folhagem. Quando terei, eu também, lindas folhas verdes como as outras árvores?
O homem prometeu falar com Deus a respeito dele e continuou sua viagem.
Andou dias e noites e por fim chegou perto de Deus. Saudou-O com humildade e esperou que Ele falasse primeiro.
–”Com certeza, você veio até aqui para fazer um pedido? Fale! Estou ouvindo.” disse Deus.
–”Dizem ser o Senhor imparcial, tratando todos os homens da mesma maneira. Eis o meu caso: trabalho feito doido, até exaustão, faço de tudo e apesar disso continuo pobre e há dias que faço apenas uma refeição. Conheço muitos, que pouco trabalhando, se tornaram ricos e levam uma vida faustosa. Onde estão a igualdade e a imparcialidade?
– "Muito bem! Vou aceder ao seu pedido. A partir de hoje você poderá se tornar rico e feliz. Vá agora, procure e saiba aproveitar essa tua Sorte.
O homem agradeceu a Deus por Sua bondade mas, antes de ir embora, falou das súplicas do lobo esfomeado, da linda moça infeliz e da árvore de ramos sem folhagem.
Para cada caso Deus deu uma solução. O homem agradeceu novamente e tomou o rumo de volta.
Primeiro, encontrou a árvore.
– “E então, qual foi a resposta?”
– “Ele disse que, exatamente sob tuas raízes, existe um esconderijo onde se encontra uma enorme quantidade de ouro. Enquanto este ouro não for retirado, as raízes não poderão alimentar teus ramos que permanecerão sem folhagem.”
–”Mas isso é formidável!”, regozijou-se a árvore. “Depressa, vai cavando! Pega todo o ouro! Nos dois lucraremos com isso: você ficará rico e eu terei minhas folhas.”
–“Sinto muito, mas não posso. Não tenho tempo a perder. Deus disse para aproveitar a minha Sorte. Vou procurá-la. Até logo!”
E afastou-se a passos largos.
A seguir encontrou a linda moça infeliz que lhe perguntou:
– “Qual foi a resposta de Deus?”
– “Deus disse que para tornar-te feliz deverias casar e dividir com teu esposo as alegrias e tristezas.”
–”Se é assim, case comigo!” Disse a moça , “assim seremos ambos felizes”.
–”Sinto muito, mas não tenho tempo. Deus disse para eu achar a minha Sorte. E é o que vou fazer”.
E saiu correndo à procura de sua Sorte.
O lobo esfomeado o esperava, impaciente. Assim que o viu, correu para ele e disse:
–“E então? Você viu Deus? O que Ele disse?”
–“Calma! Antes quero te contar o que aconteceu. Encontrei uma bela moça querendo saber por que era tão infeliz e a seguir, uma árvore sem folhagem. Ambos também pediram para interceder junto a Deus. Deus disse que a moça deveria casar para ser feliz e ela me propôs casamento. Claro que recusei. Para a árvore disse haver, embaixo das suas raízes, muito ouro e que era só tirar esse ouro e as folhas voltariam a florescer. Imagine que a árvore teve o topete de me pedir para retirar o ouro e ir embora com ele. Claro que de novo recusei! Pois Deus disse-me para procurar e agarrar a minha Sorte. E é isso que vou fazer. Assim vim correndo.”
–”E para mim? Qual é a solução do meu problema?” Indagou o lobo
–“O seu caso é um pouco mais complicado. Você terá que correr e correr sem rumo até encontrar um bobão o qual você devorará para saciar a sua fome.”
–”Onde poderei encontrar um bobão mais perfeito que você” replicou o lobo e devorou o nosso herói...
A casa que Pedro fez
Esta é a casa que Pedro fez.
Este é o trigo que está na casa que Pedro fez.
Este é o rato que comeu o trigo que está na casa que Pedro fez.
Este é o gato que matou o rato que comeu o trigo que está na casa que Pedro fez.
Este é o cão que espantou o gato que matou o rato que comeu o trigo que está na casa que Pedro fez.
Esta é a vaca de chifre torto que atacou o cão que espantou o gato que matou o rato que comeu o trigo que está na casa que Pedro fez.
Esta é a moça mal vestida que ordenhou a vaca de chifre torto que atacou o cão que espantou o gato que matou o rato que comeu o trigo que está na casa que Pedro fez.
Este é o moço todo rasgado, noivo da moça mal vestida que ordenhou a vaca de chifre torto que atacou o cão que espantou o gato que matou o rato que comeu o trigo que está na casa que Pedro fez.
Este é o padre de barba feita que casou o moço todo rasgado, noivo da moça mal vestida que ordenhou a vaca de chifre torto que atacou o cão que espantou o gato que matou o rato que comeu o trigo que está na casa que Pedro fez.
Este é o galo que cantou de manhã que acordou o padre de barba feita que casou o moço todo rasgado, noivo da moça mal vestida que ordenhou a vaca de chifre torto que atacou o cão que espantou o gato que matou o rato que comeu o trigo que está na casa que Pedro fez.
Este é o fazendeiro que espalhou o milho para o galo que cantou de manhã que acordou o padre de barba feita que casou o moço todo rasgado, noivo da moça mal vestida que ordenhou a vaca de chifre torto que atacou o cão que espantou o gato que matou o rato que comeu o trigo que está na casa que Pedro fez.
Ele me conta das meninas, eu conto dos caras. Eu acho engraçado quando ele fala “Ah, enjoei, ela era meio sem assunto” e olha pra mim com saudade. Ele também ri quando eu digo “Ah, ele não entendeu nada” e olho pra ele sabendo que ele também não entende, mas pelo menos não vai embora. Ou vai, mas sempre volta. Não temos ciúmes e nem posse porque somos pra sempre. Ainda que ele case, more na Bósnia, são quase quinze anos. Somos pra sempre.
Pra sempre plebeu
.
O meu conto de fada
É uma fábula do amor
Que a vida negou a mim...
.
Árdua batalha é essa
Travada no campo do amor
Capaz de fender o coração do valente.
.
Ela vem de cavalo branco
Com outro príncipe que agora é seu rei,
E meu coração é pra sempre vassalo seu.
.
E a liberdade que outrora eu tinha
Me prendeu no amor que de nós se perdeu...
Sem ela o cavaleiro é pra sempre um plebeu.
.
Edney Valentim Araújo
1994...
FADA PLUMINHA
Por onde anda seu marido?
Já não tinha mais o que ver
Caminhou por uma linda estrada
partiu, cessou de viver
O homem, foi honrado
quando em vida, sempre humilde
Sua esposa não deixou só
a bruxa, viúva, Matilde
Era mãe de duas filhas
amor pra uma, pra outra nada
Assim vivia a filha Clotilde
e Florença, a enteada
Pra Florença, só trabalho
apesar de seu esforço
Pra legítima, preguiçosa
deseja um belo moço
A beira de um fonte
Florença sempre ia fiar
Após um súbito cansaço
na água o fuso foi parar
E agora, o que eu faço?
Pensou Florença assustada
Se eu volto sem o fuso
Matilde fica revoltada!
Se esforçou para pegar
mas na fonte ela caiu
Muita água, pouco ar
desmaiou de tanto frio
Em um jardim maravilhoso
a jovem moça despertou
Vou fazer um ramalhete
a primeira coisa que pensou
Ao andar pelo jardim
escutou com atenção
A voz vinha de um forno
quem falava era o pão
- Florença, me tire daqui e me coma
será uma satisfação!
- Se demorar mais um minuto
virarei um pobre carvão
A menina agiu rápido
comeu o pão, não deu bobeira
Eis que surge uma outra voz
dessa vez, a macieira
- Colha aqui minhas maçãs
sei que devo merecer
- Estão maduras e pesam muito
não prestarão se apodrecer
Sem se quer pestanejar
atendeu e nada mais
Colheu todas e comeu algumas
dividiu com os animais
Continuou a caminhar
e encontrou uma velhinha
Se tratava de uma fada
a velha, fada Pluminha
A fada sacudia os travesseiros
e caia neve de verdade
Mas a força pra sacudir
se perdia com a idade
Vendo o esforço da senhora
se ofereceu pra ajudar
E na casa da velha fada
por um período foi ficar
O tempo foi passando
Florença não precisava mais de explicação
Fazia todos os afazeres
no sorriso, satisfação
Abriu os travesseiros na janela
e na chegada do inverno profundo
Sacudiu os travesseiros
e fez nevar em todo o mundo
Veio então a primavera
mas era chagada a hora
Com a benção da velha fada
se aprontou e foi embora
- Espere minha querida
sei que parece clichê
-Eu achei isso no lago
acho que pertence a você
Agradecida pegou seu fuso
e voltou sem acreditar
Mas no meio do caminho
seu vestido sentiu pesar
Olhando para suas vestes
se deparou com um tesouro
Viu os trapos que vestia
se transformar em puro ouro
Chegando em sua casa
contou o que aconteceu
Sua irmã e sua madrasta
do coração quase morreu
Se o que dizes é verdade
também posso conseguir
E os passos da meia-irmã
Clotilde decidiu seguir
Foi na fonte, jogou o fuso
fingiu até se afogar
Acordou em um jardim
soube que era o lugar
Viu o pão pedir ajuda
deixou que virasse carvão
Disse a pobre macieira
- Seus frutos apodrecerão!
Entrou na casa da velha fada
mas nunca quis ajudar
E nesse ano o inverno
nem se quer ousou nevar
É chegada a primavera
a moça decidiu partir
Vou ganhar o meu vestido
pela porta vou sair
No caminho olhou pra roupa
estava da cor do azeviche
E pela sua ingratidão
recebeu todo aquele piche
Antes que Clotilde voltasse
com seu vestido divino
Florença saiu de casa
era dona do seu destino
O atalho
O macaco tinha ouvido falar, de umas conversas por aí, que havia um atalho na floresta para chegar às bananeiras.
Como não era bobo e era muito folgado, apostou com outro macaco uma corrida, e que quem por ultimo chegasse teria que ir todos os dias buscar bananas para o ganhador.
O macaco esperto, todo confiante, saiu bem tranquilo em direção ao atalho, e o segundo saiu correndo pelo caminho de sempre para chegar bem rápido.
No meio do caminho, o macaco engenhoso se depara com uma caverna. Na entrada uma plaquinha: “atalho por aqui”. Entra rapidamente – mesmo estando escuro – e é devorado por dois leões que aguardavam a espreita.
O outro macaco? Até hoje espera que seu amigo apareça para lhe trazer suas bananas.
Moral da história: Não confie em tudo o que houve.
O COELHO
Vivo de orelha em pé,
Curioso a espirar,
Forço a pata traseira,
Dando impulso pra saltar,
Eu adoro uma lavoura,
Onde há muita cenoura
Para eu saborear.
Mas veio o bicho-homem
E se pôs a me caçar.
Queria um prato novo:
Coelho ao molho no jantar,
Então fico no arbusto
Para não levar um susto
De um humano me matar.