Coleção pessoal de Madasivi

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⁠Na insignificância do meu estado,
Às mãos do tecelão intocável,
Fico num entrelaçamento calado,
Eu no tear de um sonho levado,

⁠Quem tem uma criança,
Com um bola dentro do peito,
Sabe sentir o que a vida tem pra brincar,
Seja assim, ou assado,
Frito, cozido, ensopado, gratinado,
Refogado ou requentado,
Sentir a vida é brincar,
Brincar é viver criança,

⁠Enquanto o meu mundo,
Que não é meu,
Dorme,

Eu acendo o pavio da manhã,
O mundo real e,
Tudo mais,


E lá no alto,
O silêncio reina,
E uma vez ou outra,
Uma ventania pesada passa e desfaz tudo,

⁠Cada pensamento,
É uma escrita,
Cravada na ponta,
Dos dedos que nunca descansam,
No seio sardento do papel,

⁠Dissonâncias,
Consonâncias,
Perfeitas ou Imperfeitas,
Bemóis ou Sustenidos,
Dobrados,
Bequadros,
Trocados,
Tanto faz a regra,
Que toque o som de alma,
Para acabar de vez,
Com este silêncio,

⁠Inté,
Mulé,
Sié,
Meu pontapé,
Quiqué,

Aki vai,
Pra ti dizê,
Té +,
Né?

⁠Vontade faminta é assim,
Devoro a carne,
Pedaço por pedaço,
Engulo a vontade,
Beiço defumado,
Dedos lambidos pela metade,
Corpo alimentado,
Prazer de verdade,
Contigo é assim,

⁠ Se estou calmo?
Mais calmo que rede mangona na varanda,

⁠Cuspimos no prato que lambemos – prato nosso,
Comemos cru – aqui na terra,
Sorrimos – nos sentimos como no céu,
Brindamos e bebemos - sem cair em tentação,
Repetimos – livres do maligno,
E depois, dormimos como sempre – Amém,

Ventania dos dias,
Que leva o bem pra todos os cantos,
E leva o mal também,
Num tempo,
Uns seguem pela rua,
Outros ficam pelo chão,
Noutro tempo,
O chão dorme com uns,
E a rua acorda com outros da multidão⁠

⁠Aquele bolo que falaram,
Nascido da velha forma mágica,
Ser de fubá cremoso,
De tão bom,
Tinha gosto de creme fuboso,

⁠Se a minha alma fiel,
Fosse uma folha de papel,
Rasgaria em pequenos pedaços,
Depois sem pressa colaria,
Pedaço por pedaço,
Mesmo que fora de ordem,
Só pra sentir minha vida selvagem,
Novamente tocada,
Casquejada,

⁠Meus olhos de vaga-lumes,
Andam apagados,
Nada que miro acende-me,
Tudo me vê,
Mas nada vejo,
Me foge a pluralidade,
Do olhar que sopra,
E reacende o sonhar,

⁠Meus olhos de sonhos,
Andam tão distantes,
Tudo que vejo,
Simplesmente não está,
Vejo o que puramente é,
Assim, tão singular,

⁠É a menina da favela,
Olhem o pé sujo dela,
Tá tão colorido,
Quanto seu (des)escondido sorriso,
Esconde um universo de humanidade e beleza,

⁠Náuseas de um gesto indigesto,
Medo de uma inércia eterna,
Escritas de um texto sem contexto,
Sentimento e uma isolada liberdade lanterna,

⁠Do medo,
Se faz uma dor,
Da moeda,
Se desfaz um sonha(dor)

⁠Lasque-se,
Lasque-se,
Não maldiz,
Nasce do regaço,
Feliz,
Morre no cangaço,
Infeliz,
Como a bala da arma,
Maria Bonita,
Como a pólvora clarão,
Capitão Lampião,
Lasque-se,
Lasque-se,

⁠Minha vida é esperar,
Esperar,
Esperar,

Vida que não é mais minha,
É da esperança que dança,
Pra lá e pra cá,