Coleção pessoal de Madasivi
Pausa em ritmo contínuo,
Parece que tudo está fora de mim,
Mas tudo pulsa num silêncio ininterrupto,
Vazio de um inquieto eco sem fim,
Cada vez mais,
É uma incerteza,
Que atravanca feito burro de carga,
Cada vez menos,
É uma certeza,
Que passa feito trem bala,
Sem xodó,
Sem nó,
Sem choro,
Sem consolo,
Sem amor,
Sem bom humor,
Sem companhia,
Sem alegria,
Sem riqueza,
Sem certeza,
Sem quiçá,
Sem está,
Sem esperança,
Sem mudança,
Sem fé,
Sem sé,
Sem vassuncê,
Sem porquê,
Sem emoção,
Sem coração,
Descoraçado,
Obviamente que tenho meu preço,
Mas não é tão baixo,
Tua mansão, teus cavalos, e tua jactância,
Basta de tantos dislates bestas,
Minha língua está lavada com vinho,
Mas não é o teu,
Minha boca sente vontade de comer,
Mas não do teu prato,
Não ouse oferecer uma moeda,
Pela minha consciência,
Não estou com uma placa no pescoço à venda,
Nada de mim,
Não estou leiloando minha voz,
Tampouco o que penso,
A tinta da minha mão é inapagável e impagável,
Cor invisível da liberdade,
És um finório,
Querendo me enganar,
Me faço de enganado para você enganador pensar que está enganando-me,
Arrogante, Velhaco,
A leveza do tempo escorrendo numa barragem pesadíssima chamada vida,
É aí que nós acordamos fragilmente,
E reconhecemos nossa insensatez,
Refletida na solidez de uma ilusão cristalina,
Eu acabei de trocar uma ideia com o Pedrão,
Santo piedoso da crise hídrica,
Falei pra ele espirrar só lá para as bandas das secas represas.
Mesmo rezingando,
Um tanto ressabiado,
Ele até que concordou,
Mas sabe como o velho é teimoso e esquecido né?
São Pedro é f...
Nem jogando pedra para o alto adianta agora,
Ele se esconde entre as jovens nuvens carregadas de impaciência com ele,
Um fulcral gesto de educação não faz sangrar,
E muito menos mancar,
Como a flechada de Tamerlão,
Sutileza ainda é a melhor e inegociável etiqueta,
Para espantar o demônio que não dorme,
Como gárgulas,
E um delicioso bocado para todos os momentos,
Ainda,