Coleção pessoal de Madasivi
E entre o vento mais alto e o mar,
Está a gaivota que plaina,
Faz seu voo rasante e fisga,
Faz nascer um peixe voador,
Lá vai ele em seu voo único,
Para depois morrer um peixe nadador,
Enquanto o vento faz a curva e passa com tudo,
Tudo passa,
Passa daquele jeito,
Jeito que nem pega,
Passeando por estas linhas plácidas que se formam,
Linhas mal escritas,
Mal por vontades destes meu dedos incapazes,
Instantes relâmpagos,
Que riscam na mente,
Como clarões das máquinas de fotografias,
Lembram tantas saudades vivas,
Gotas cinzas,
Nesta tarde ordinária,
Escrevem no espaço,
Entre chão e céu,
Um instante,
Cinzento molhado,
Minha certeza de hoje,
Voa tão rasteira,
Que estou com certezas répteis,
Voando com bafejos leves,
Acordando as gramíneas,
Agarrando este chão espezinhado,
Rastros de um futuro,
Que sem trégua,
Vai,
E chega,
Nem tão devagar,
E passa,
Nunca abstrai,
E por muitas vezes,
Dói,
Broquel,
E a voz dela,
Recitando,
Fica ecoando,
Clamando,
Onipotente,
Eternamente,
É a marcante a voz dela,
Que aqui dentro restou,
Tão vivo como um momento,
Será que estamos seguros dentro de nossas mentes?
Quem viver saberá,
Talvez,
Clarão de certezas,
Os dias passados são cinzas,
E hoje a fagulha insiste em olhar pra mim e dizer,
Queime,
Os árduos trabalhos,
Os fartos prazeres,
Os expressos dias,
As perduráveis noites,
Aqui deste lado das auroras,
Todas as possibilidades são amorosas,
Traga-me,
Devora-me,
Tinha algo que deveria ter escrito,
Turrão que estava, protelei, deixei,
Ficou um pedaço desfeito,
Rasgado, esquecido,