Coleção pessoal de Madasivi

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⁠La Traviata

Alfredo e Violetta,
Caíram naquele lugar,
Coração buraco,
Quem nunca caiu,
Se retire do teatro,

Botão Violetta peito,
Verdi eternizado,
O amor sempre viverá,
Amor grande merece tudo,
Ser cantado, encenado, tocado, ovacionado e vivido,

Em nosso invivido tempo,
Se ousaria ainda encontrar,
Amores como n'outros momentos,
De tantas cores e nuanças,
Amor cameliano,

Amor simples,
Amor encontrado num olhar piscado,
Amor único que é difícil desatar o nó,
Simples amor bebido e transviado,
Amor Alfredo que sempre existirá,

⁠Botão Violetta peito,
Verdi eternizado,
O amor sempre viverá,
Amor grande merece tudo,
Ser cantado, encenado, tocado, ovacionado e vivido,

⁠Passarinhada sem nome,
Eles erguem os bicos,
Gregários voadores,
Festejam alto,
A chuva que chega,
E desce precípite,
Do seu salto feminil,
Um pedaço do tempo presenciado,
Desprendido de novidade,
Da Paulicéia alvoroçada,
No fim desta tarde veranil,

⁠Cedo, cedinho,
Olhos remelosos, e corpo ainda cansado,
Resmungo com o despertador,
Levanto sem saber onde estou,
Efeito de um porre, um apagão no cérebro ou morri?

⁠Riso que faz cócegas na cara do desanimo,
Leveza da incomensurável certeza,

⁠Em algum momento aqui dentro,
O peso da realidade,
É mais pesado que o mundo,
Em todo momento,
A leveza do meu desatino,
É mais leve que tudo,

⁠⁠Em nome da religião,
Eu fiz,
Faço,
E farei,
Coisas que o vil Diabo,
Não pensou,
Não faz,
Mas,
Levará a culpa,
Amém,

⁠Terra adorada, gentil, roubada,
Terra robusta, acolhedora e minguada,
Do forró, do forrobodó,
Do ponto sem nó,

⁠A fé do povo que acende a vela,
A dor do povo que chora na capela,
A fome do povo que morre na panela,
A alegria do povo que sacode a canela,
A esperança do povo que navega na caravela,
O amor que mora no peito que é só dela,

⁠Lugar que o fogo esquenta o coração,
A panela é beijada pela mão,
O tempero do amor é o dessegredo,

⁠Um poeta está,
Para um poeta,
Um mundo é,
A mente compõe,
A mão escreve,
Diapasão desafinado,

Silêncio certo,
Respostas nulas,
Eis a questão,⁠

⁠Nauta que vai como o vento,
Entrando na tua embarcação,
Queria ser como tu,

Nauta que desatraca o teu barco,
Distanciando do cais de mansidão,
Queria ser como tu,

Nauta que encara o horizonte descomedido,
Quebrando as ondas com teu casco solidão,
Queria ser como tu,

⁠Noite com Três Atos:
O primeiro enfeitiçou os olhos profanos dos amantes,
O segundo exalou o perfume de Eros,
O terceiro tocou os corpos sacros sussurrantes,

⁠⁠É a plantinha escondida —
Que nasceu no pé da pedra dura
junto com as formigas operárias,

⁠Vou notívago,
Como a poeira perdida,
Que está arrimada no regaço - do escombro,
E é arrastada pelo vento vadio sabe lá pra onde,

⁠Vai Brasil,
Estufa o barbante do meu coração,

⁠Os verbos me cercam, eu verboso sou assim, deito, durmo, sonho e desperto, levanto, ando, falo, penso, choro, rio, beijo, saio, ando, desço, subo, sento, leio, bebo, como, converso, trabalho, ligo, consumo, escrevo, suo, estudo, ouço, atrapalho, ajudo, acerto, erro, tento, reclamo, cantarolo, cochicho, assobio, aceno, pisco, aprecio, corro, canso, escrevo, agradeço, descanso, encosto, durmo, desapareço,

⁠Fecho os olhos e ouço a canção de Kreisler,
Dor de amor,
Mi, Lá, Mi, Mi, mi, fá, Mi, ré, mi, Fá,

⁠A lembrança nórdica que me vem amiúde,
Fecunda meu peito nostálgico,
Aquele frio horizonte,
Ainda eterniza meu âmago,