Coleção pessoal de baratieri_basso_beatriz
Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato...
Ou toca, ou não toca.
É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo.
Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.
Sonhos
Um raio de luz ilumina o quarto,
A escuridão tímida da noite,
é invadida pela grandeza do sol.
Os sonhos da noite se confundem,
Permanentes com os do dia.
Sinto um calor invadir meu corpo,
Sua presença imaginada é tão sentida
Que a fantasia torna-se real.
Os beijos são quentes,
a boca molhada busca
tua lânguida língua.
Numa luta de elfos, a magia se cumpre.
E cada toque é como uma onda,
ao encontro dos rochedos.
O estrondo tão forte, desequilibra
sua razão.
As emoções tomam forma,
comandam o dia.
A alegria é companhia de quem ama,
é uma constante.
Assim cada dia é um dia a mais,
para ser feliz contigo.
Ama-me. Ainda é tempo. Interroga-me.
E eu te direi que nosso tempo é agora.
Esplêndida de avidez, vasta ternura
Porque é mais vasto o sonho que elabora
Há tanto tempo sua própria tessitura.
Ama-me. Embora eu te pareça
Demasiado intensa. E de aspereza.
É transitória se tu me repensas.
"No entardecer dos dias de Verão, às vezes,
Ainda que não haja brisa nenhuma, parece
Que passa, um momento, uma leve brisa
Mas as árvores permanecem imóveis
Em todas as folhas das suas folhas
E os nossos sentidos tiveram uma ilusão,
Tiveram a ilusão do que lhes agradaria...
Ah, os sentidos, os doentes que vêem e ouvem!
Fôssemos nós como devíamos ser
E não haveria em nós necessidade de ilusão
Bastar-nos-ia sentir com clareza e vida
E nem repararmos para que há sentidos ... "
Desejo que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a desejar.
(...) Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...
Quero ignorado, e calmo
Por ignorado, e próprio
Por calmo, encher meus dias
De não querer mais deles.
Aos que a riqueza toca
O ouro irrita a pele.
Aos que a fama bafeja
Embacia-se a vida.
Aos que a felicidade
É sol, virá a noite.
Mas ao que nada espera
Tudo que vem é grato.
O vazio
Sinto-me oca.
Leve como uma pena,
Dançando ao ritmo do vento.
E pesada, plantada ao chão,
Com raízes firmes,
Como uma Sequóia.
O que me impede de fugir.
Nesse ambíguo sentir,
Esvazio-me.
Reconvexo
Após a explosão,
o silêncio instala-se.
A música que ressoa
São ecos nas paredes das montanhas que se erguem,
entre dois seres que nunca viram a luz do sol.
A clareza da luz que ilumina dois corações, foi utopia.
Um sonho sonâmbulo sem corpo, sem alma.
Uma réstia de luz acorda a razão adormecida, e os momentos puros, cheios de inocência, cheios de amor, se transformam em insanos, depravados, só prazerosos.
Tudo dilui-se, não há mais consistência, formas e beleza.
Tudo transborda por um rio de lágrimas ao encontro do mar.
Abrindo o horizontes a outros infinitos.
A busca continua, pois esperança
Sempre é a última que morre.
aMor
O amor!
Não se explica, sente-se.
O que é esse sentir?
Às vezes dói...
Muitas vezes flutuo.
Outras vezes,
inflamo-me de vida:
Visível, frenética, luminosa,
Real, imaginada, inteira,
E nesse coquetel
de sensações, sigo.
Alimentando, protegendo,
Isso que chegou sem avisar,
Nas habita agora dentro de mim,
Como um fogo que mantém a chama,
Acesa com o nascer do sol.
O tempo
O tempo são lembranças
Que nos corroem.
Entre risos e lágrimas
Resta uma vida
Forte e inteira.
Derrubam-se valores,
Constroem-se virtudes.
Em todo o mal esconde-se o bem,
Que floresce após a tempestade.
Vitalizado trilha o destino
Com a certeza
Que tudo valeu a pena.
No intervalo de uma noite escura,
O sol sempre brilha aquecendo a terra,
Gerando energia, motivando todos
A buscar a felicidade,
Onde quer que se encontre
Será encontrada por aqueles
Que sentem o ar como uma brisa fresca
Que molha uma pétala de uma rosa
Limpando a poeira do ontem
E exalando seu perfume para o amanhã.
E o presente é essa golfada de ar que
Enche os pulmões, abre o sorriso,
Aumenta o olhar e sente-se a vida a correr corpo adentro até encontrar
Tua alma.
Juntos corpo e alma onipresentes,
Alcançar o equilíbrio.
Seguir com a força de um tufão
Vida a fora enfrentando todos os obstáculos que se apresentam,
Sem medo.
Com coragem para enfrentar o
Tempo.
O tempo que ainda temos.
Lembranças
Haverá um dia,
que o destino nos separará,
para sempre.
A tristeza vai surgir.
Não chores, apenas amas.
Lembre-te de mim.
Perguntaram quem fui?
Responda: - ela existiu.
O que ela fez?
- Ela amou-me.
Sim, amei-te, um amor sincero
Ânsia de viver
Passa...tudo passa!
O tempo é amigo.
O fogo apaga sem ar.
Porque essa dor
no peito aumenta.
Onde está a razão
De tudo... de todos
Os sentimentos.
Os sonhos consumiram-se
Na angústia do desejo.
A realidade pulgente,
Inflada de vontades,
Mas existe algo mais
Forte que o querer
Uma força que dilacera,
Deixa-te em partículas,
pulveriza,
transforma em pó.
E a leve brisa te embala,
No vento,
No tempo,
Na espera.