Coleção pessoal de baratieri_basso_beatriz

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⁠reticências...

Os castelos de areia desmoronam.
O olhar constante e atento observa.
Os grãos de areia perderem-se na praia.
Rejubila-se.
Afinal, a água continua água,
E a areia também,
Mas os sonhos se foram,
E a vida continua...

⁠Sou só tua
Como o sol no alvorecer
Sou só tua
Como a lua no anoitecer
Sou só
Como as lágrimas e os risos
Sou
Só com você
Sou.

⁠Sofrimento

Quando tudo para.
Ouço o som do ar
Entra e sai:
O respirar.
Ė acutilante,
Sufocante,
Dilacerante.
Rasga o peito;
Ferida exposta.
A dor vaza o corpo,
das formas,
Fica um líquido espesso,
Escorrendo entre as pedras,
A procura de um leito.

⁠Sentido

Sinto,
e estou sentindo;
Uma escalada num pico,
O sentimento projetado,
às vezes não ultrapassa a montanha.
Retorna a origem,
Não transforma.
Não chega a destino nenhum.
Iludida que estou, acredito que sim.
Mas a verdade se confirma ao toque,
Não existe sentimento.
Os sentidos são nossos aliados,
Na percepção da verdade.
A avalanche que desce pela montanha,
Indestrutível, só trás desejos,
vontades e prazer.
Atinge o destino, goza,
Impreterível,
Mas não transforma.
O amor inevitável,
No silêncio aceita tudo, tudo que vem,
Sem questionar, sem exigir.
É contemplativo!
Só sente,
Verdade,
Sente muito.

⁠Esperança

Onde foi que nos perdemos?
Nos labirintos dos desassossegos?
Nos fantasmas que nos assolam?
No que foi, com seu peso,
Nós desviou da trilha,
E seguimos caminhos paralelos,
Mas tão perto que as linhas
Muitas vezes se cruzam,
Se tocam, se unem.
A força dos demônios
Que nos perseguem,
Sempre nos afastando.
O universo com seus mistérios,
Como uma imã, nos atrai.
Junta-nos, e recompõe os pedaços perdidos.
E seguimos entre encontros e desencontros.
A esperança sempre a espreitar,
Às vezes lágrimas teimam lavar a alma,
Outras vezes sorrisos nutrem os dias.
Mas o amor está lá, não desiste.
Quem sabe o que será?
Amanhã, quem sabe?

⁠Instante

Abro os braços,
Enlaço o mar,
As ondas borbulhantes,
Envolve-me.
Gozamos.
Instante eterno.

⁠365...
Dias fechando:
Um circuito, de energia;
Um círculo, de amizades;
Uma roda, de emoções;
Uma clareira, de sentimentos:
dançam, brincam, gozam,
amam, choram e rodam.
Nesse círculo,
as amizades, os amores, e paixões,
muita energia se gasta.
Nesse circuito de emoções.
A vida é vivida.

Nesse momento, agora.
Sem passos atrás,
Nem passos a frente.
Só essa fração mínima de segundos,
Que movimenta o corpo, e os pensamentos.
Nesse golpe de ar
Que entra e sai,
Que o mistério acontece:
Viver...

⁠Os nós.

Os nós que nos atam
São os mesmo que nos separam.
O tempo passa e
Enredamos nos próprios nós,
Que nos sufocam,
Apertam,
ao redor de nós mesmos.
Cada nós desfeito,
Laça-se do outro lado.
Nas curvas dos tortos laços,
nos perdemos.
O tempo, nem o tempo a favor,
Somente o vento,
que a vontade trás,
Sem nós a dar,
Andar o caminho
sem olhar para trás.

⁠365...
São dias
que fecham um circuito,
de energia.
Um círculo,
De amizades.
Uma roda,
de emoções.
Uma clareira,
de sentimentos:
entram e saem,
Dançam, brincam, gozam,
Amam, choram e rodam.
Nesse círculo de amizades,
Amores, paixões,
Muita energia se gasta
Nesse circuito de emoções.
É a vida!

⁠Não deixe-me.

Não deixe-me!
Segure na minha mão,
Minha boca está seca,
Meus olhos salgados,
Meu pensamento te procura,
Na escuridão da noite melancólica.
A lembrança dentada,
Alavanca a engrenagem,
E o coração bate por ti,
Só por ti.

O estrondo das batidas,
Como um bumbo,
Ensurdece os ouvidos,
Rasga a pele.
Tua imagem duplica,
Multiplica, exponencia.
Refletor mágico,
Transporta lembranças,
Em presenças.
Quase posso tocá-lo,
Tão intenso se encontra
Dentro de mim.
É toda presença
Que necessito para existir.
Meu chão, minha terra,
Meu Sol.

⁠Resistência

Naufraguei,
Numa ilha perdida,
Isolada, mas esplêndida.
Com todas as belezas:
Paisagem, felicidade e a paz.
Por que me olho?
Por que me sinto?
Por que descer os degraus
Para o inferno,
Se o céu está tão perto?
Por que atiro-me
Em águas profundas,
Se mal sei nadar?

E o barco no horizonte,
Brilha, reluz, te atrai.
Acredito nessa ilusão,
gasto minha energia,
em fortes braçadas.
Um vento suave,
E o barco numa dança ritmada,
Na ondulação das ondas,
Foge para outros horizontes.
Desolada, exausta,
De tanto nadar,
Rodo o corpo,
Respiro fundo,
Encho os pulmões de ar,
E boiando, retorno a praia.
Mas a esperança continua lá,
Dia sim, dia não,
tua resistência te joga ao mar.

⁠Verdade!
Fugimos,
Escondemos.
Mas naquele momento único,
Vivido intensamente,
Ela aparece, na emoção,
Sem razão, sem pensamentos:
- Nua e crua.
Numa fração de segundos,
Desmorono,
No mesmo instante,
Edifico, forte como uma rocha.
Cresço tal junco;
Flexível, maleável,
a qualquer tempestade.
Sempre passa,
Passa, e ficas.
Abre o olhar,
Aquele que vem do fundo.
Vê os dedos do sol
Apontando no cume
do monte.
E a luz,
Resplandece
E a vida germina.
Sempre germina,
Quando há vontade.

⁠Desorientada...

Ligo,
Desligo.
Volto,
Ouço a voz:
- palavras?
Não ouço o som.
Os pensamentos, só sentidos,
Desintegro-me.
Eu me perco as formas.
Evoluo,
Navego em essência.

Asas invisíveis
Nascem
Transportam-me,
E o prazer,
em nebulosas espirais,
E vagueio;
Em mundos espirituais,
obscuros,
desejados.
Cada porta aberta
Centalha a alma.
Desnorteio.
Eu me perco no seu cheiro.

Instantes ínfimos,
no retorno,
ouço a voz.
Pergunto: - O que dizes?

⁠As palavras

Negas-me as palavras,
Desejadas,
Cantadas com todos os instrumentos.
Uma sinfonia,
Ouvidas à distância,
Mas tão perto,
Tão dentro do teu olhar:
-E negas-me.
Sinto-as,
Penetro
Teu olhar,
Abro janelas.
Elas estão lá…
Escondidas, mas presentes,
Vivas, incandescentes.
E nelas sigo acreditando
Em Você.

⁠Sentir...

Palavras,
Símbolos, sinais,
Que não nos traduzem.
São necessárias, às vezes.
Outras vezes, confundem.

Instantes,
Que o silêncio,
Diz mais que palavras.

Sentir, sentir, sentir...
Cavalga as entranhas,
Perfura a pele,
Na roda,
Atinge o alvo,
Explode,
Esboroa o ar,
Chafariz em ouro,
Pepitas,
Caem,
Iluminam.

Sentir, sentir, sentir...
A vida nasce,
Cada instante.

⁠Evolução

A leveza do ser,
O amor fluir,
Sem poder,
Só sentir.

Às horas passam
Os raios de sol ultrapassam
A neblina do caminho,
A luz amplia-se
A visão desembaraça.
A paisagem clarifica.
Clara, limpa,
Sem nuvens.

Emoções fundem-se
Sentimentos criam raízes,
E o amor germina,
Transforma,
Une,
Amplifica
E vive.
Simplesmente vive.

⁠Nós,
sem nós,
Há.

⁠Maná

O frio congela o corpo.
Sinto um líquido macio,
Quente, espesso, perfumado,
Escorrer no rosto,
A boca gulosa abre, engole-o.
Escorrega suavemente,
Pela garganta.
Se dilui.
Integra-se,
E aquece,
O corpo gelado.

⁠Paraíso!
Imaginava paisagem
Uma montanha,
Um vale,
Uma casinha,
Um rio,
E toda luz refletida,
E todas as cores,
E todos os tons,
Todos os sons,
Toda beleza presente,
E imaginável.

Enganei-me.
O paraíso é como a felicidade.
Está dentro de nós.
Aquele momento intenso,
Que o céu, vem ao encontro do mar,
Se une num só,
Uma linha tênue ao infinito.

Inteira,
Presente,
Una.
A direita,
A esquerda,
A frente,
pelas costas,
No centro:
Sente a luz que irradia,
E brilha.
Leve,
Mas cheia,
Completa de si,
Preenche todos os vazios.
E petrifica
Na alma, o instante,
O eterniza.

⁠Micro segundos

Pensava...
Só pássaros voam?
Sinto-me embriagada de sensações,
Inteiramente a voar, nas nuvens.
O azul do céu infiltrou-se
nas minhas veias,
os raios de luz penetram
meu corpo,
Incendeia.

O sorriso começa tímido
e se prolonga
numa intensa gargalhada.
Encho-me de vida!
E tu, só tu...
O que fazes comigo?
Pedes-me um momento.
E digo-te: - quando me tocas,
Não só com as mãos,
Mas com toda alma.
A felicidade são esses
Micro segundos de luz.
Sou plenamente feliz.