Coleção pessoal de baratieri_basso_beatriz
O tempo
O tempo avoluma tempo
Transforma;
Um ponto numa reta.
Abismos em planícies.
Angústias em certezas.
Carências em afetos.
Dependências em necessidades.
Desencontros em encontros.
Distâncias em presença.
Mentiras em verdades.
Medos em coragens.
Paixões em amores.
Perdas em ganhos.
Razões em loucuras.
Ritmos em vidas.
Você e Eu em Nós.
Possessão
Respiro, absorvo-te.
Sinto a penetrar-me,
Pêle adentro.
Possuir-me.
Como um demônio,
Apodera-te do meu corpo,
E da minha alma.
Sou tua, inerte, muda,
Resignada, balbucio
Últimas palavras
Ainda pensadas sã.
Depois sigo como zumbi
Pela vida que já não é minha,
Vagando em busca do teu sangue
Vivendo na sombra dos teus passos.
Metamorfose II
Quando meus olhos
encontram os teus,
Buscam no olhar profundo
A essência dos sentimentos.
O formato da alma.
A força do amor.
Enche-se,
Transborda
Os males extinguem-se,
As virtudes petrificam-se.
Nasce um novo ser,
Mais humano
Pois o amor
Transforma.
Ideal
Somos frutos
das nossas vontades
e realizações.
A vida embala-nos
como o vento as folhas no outono.
Muitas caem, outras nem a força
das estações conseguem derrotar.
O galho vazio se renova
na próxima estação,
O outro estático,
continua cheio de folhas,
uma vez e outra
deixa cair uma folha
e nasce outra.
Experiências que temos que viver,
quando o desejo domina a razão.
Não somos feitos só de lógica.
Temos também sentimentos.
E vivê-los intensamente,
É o sentido da vida.
Fugir? Não é a melhor opção.
Queimar a lenha,
apagar a chama,
Até virar cinzas,
Lançadas ao vento.
Guardam na memória
a lembrança doce e colorida
de dias bons.
Sinfonia
Acordo às cinco,
explosão de sons,
surpreende-me.
Sinfonia de cantos
em vários tons.
A beleza da música
da natureza,
sem instrumentos nenhum.
Poucos são os sortudos,
que tem o privilégio de ouvir.
Somente quem desperta
ao perder à noite
pela aurora do dia.
Jaci Parvati
-------------------
Por viver muitos anos dentro do mato
Moda ave
O menino pegou um olhar de pássaro -
Contraiu visão fontana.
Por forma que ele enxergava as coisas
Por igual
como os pássaros enxergam.
Manoel de Barros
Paixão e amor
A paixão reflete no corpo
Movimento,
energia,
furor,
dor,
aquece,
incendeia.
O amor incandeia
Nos olhos,
na boca.
Um leve sorriso,
no canto dos lábios,
Faceiro e å toa.
Eleva.
Olhares magnetizados,
Atrai a alma
Une, resplandece.
Carisma telepático,
Sem palavras,
No silêncio,
Cantam o amor,
Vivem intensamente,
O imaginário envolto
em sentimento
Que dispersa pelo vento
Encontra dois corações
Sincronizados, atados,
Perdidos no amor.
A um pulo...
Sentada ao banco de pedra,
Olhando o rio, que corre pelo
Seu leito, naturalmente.
Penso, o que é ser nada?
São pensamentos que exigem
Uma certa profundeza de alma.
Na superfície não pensamos
Nada disso, apenas existimos,
Mas para quem?
Se nem consegue sentir-se?
O que é nada? É a pedra que se coloca no seu caminho, chuta-a, e nem sente.
Mas, é apenas uma pedra, não tem sentimento.
Nada? É o espaço vazio no galho da árvore com o levantar do vôo do pássaro, sem deixar rastro.
Nada? É o sol que pousa no cimo da montanha ao crepúsculo, avançando a escuridão.
Nada? São pessoas que passam por ti , não te vêem. Até supõe que és invisível?
Nada? Quando tuas palavras não chegam a ouvido nenhum, se perdem no espaço e no tempo.
Nada? Quando teus passos seguem um ritmo igual, dia após dia.
Nada? Quando teus sonhos são só sonhos.
Nada? Quando a luz do sol insiste aquecer a terra, que germine as sementes, mas as lançou ao vento.
E o vento só trás horas a mais a essa vida que não é Nada.
Ser ou não ser, eis a questão?"
Vivemos num mundo de desenganos.
A procura de nós mesmos, pelos
Quatro cantos da nossa existência.
As aparências nos consomem,
Às vezes até nos emparalham.
A vida é simples, mas isso é pouco?!Quem foi que disse que para ser feliz é preciso complicar?
E que felicidade é vitalícia?
Andamos pelo caminho do rio, o sol acima, os campos floridos aos lados, a terra abaixo dos nossos pés. Isso já bastaria, mas queremos mais, mais, sempre mais.
E nossos desejos vão além das nossas forças, entam minguamos.
Cada ação por mais simples que seja tem que ser dividida em partículas minúsculas e tirar a essência. Só assim saberemos dar valor ao acordar, abrir os olhos, sentir o ar que entra e sai do teu corpo. O movimento ao andar, o teu coração a pulsar . O resto é acessório. Não fazes do supérfluo a essência da tua vida Você é a razão da tua vida, e nada mais.
Momentos
Momentos eternos
trazem múltiplas reações,
breves abrir dos lábios.
esvoaçar de um sorriso,
arrepios que te consomem,
arrebatam o coração,
A procura do outro
que se unem
num elo,
entrelaçados,
mas não unidos.
Dilatados de vontades,
irrigados de prazeres.
alimentados de esperanças.
Essência de sonhos
imortalizam todos desejos
O beijo
O amor ilumina,
Desabrocha,
Colore,
Perfuma,
Cria,
Alimenta,
Sensibiliza,
Enrique a alma,
Com virtudes,
Escondidas
A chave
No baú
do esquecimento.
O beijo do amado!
Oh! O beijo,
Esse simples toque.
Encostar uma
Boca na outra.
Diz tanto...
Podes fingir em tudo,
Jamais no beijo.
Nunca engana
Uma boca apaixonada.
Toca a boca,
as frequências alinhadas.
Bocas amando.
Toca ou não toca.
Os castelos edificam?Desmoronam.
Senão, é apenas
Um beijo.
Sentido.
Palavra nunca define.
Chega-te bem perto,
Ao pé d´alma, dance com o coração
uma música como uma Louca Retardada
Ao luar, cobrir-te com as nuvens
Abraçar a lua, tocar as estrelas,
e deitar no céu.
Somente nessa sinfonia
O enigma pode surgir
No horizonte na noite escura
Sobre o mar.
A beleza existente
nos transporta
Com asas abertas
Ao nosso interior
Descobrimos outros mundos
Onde somos rainhas e reis
Sonhos e pensamentos
Moldados ao prazeres
Com desejos comandados
Pela vontade de imortalizar
A beleza exterior.
Jaci Parvati
Sensações
Quando me tocas o corpo dissolve,
Só sinto os contornos quando teus dedos macios
e longos acarinham-o.
Encho-me de gozos.
Não ouço sua voz,
Só uma canção de glórias
A todos os deuses do Olimpo.
Estremecida, rejubilo-me.
Sinto-me nada, e tudo.
Nada de mim,
E tudo de nós.
Jaci Parvati
Definição
Amor não se define, sente-se!
Sentir traduz-se:
Elevar-se,
Inspirar-se,
Iluminar-se,
No melhor caso….
E, perder-se,
Angustiar-se,
Entristecer-se
No pior caso….
Concluindo: Amar é superar-se
Em todos os teus sentidos.
As estrelas.
Não tente entender-me, sinta-me.
Nem as estrelas conseguem definir-se.
Servem de musas aos poetas e pintores, de estudo aos astrónomos. Companhia a lua e outros astros.
Embeleza a paisagem dos apaixonados.
Ouvidos aos angustiados.
Esperança aos sofredores.
Existem, com toda a grandeza.
E iluminam à noite escura.
--------------------------
Metamorfose
Mergulho fundo no mar,
Sem medos,
Com o coração apertado,
Sobre pressão,
Da água e também dos sentimentos.
Surpreendo-me a encontrar,
Nessa imensidão de mar,
Vida!
Estática, flexível,
Rude, sensível,
Forte e fraca.
O ambiente influencia.
Vidas que renascem,
No fundo do mar.
Com novas cores,
Tons fosforescente,
A iluminar a trilha.
A beleza transcende a luz
E cada eclosão
Transforma o puro
Em pó.
Volta-se a superfície.
Voa uma nova borboleta,
Pelos campos a fora.
Utopia
Sinto desmanchar-me ao léu.
Fragmentos de mim
A procura do todo
Perdidos nos labirintos
do infinito céu,
Em busca de uma unção,
De uma benção divina.
Unir os pedaços,
reconstruir-me
Passo a passo,
A passos largos,
Restos que vão
Braços que se atiram
A frente, sem saber
O caminho a seguir
A tactear o indefinido
Sorvendo as conquistas
Esquecendo os fracassos
Caindo, levantando
Sempre em frente,
Sem olhar para os lados,
Para trás.
Nunca, para trás.
Reinventar-me.
Jaci Parvati