"As Boas Ações" Bertold Brecht
Poucos são capazes de amar alguém como você. Porque garotas que são gentis, fortes, inteligentes, engraçadas, que não precisam de proteção, não são fáceis de amar.
Nem sempre conseguimos ser aquilo que as pessoas querem que sejamos. Então o melhor é sempre sermos nós mesmos, agrando ou não temos que agradar a nós mesmos primeiro.
O diálogo interno leva ao autoconhecimento, mas o pensamento pode tornar-se uma criança se as ideias não forem pronunciadas.
E as noites estavam iguais,
como todas as noites iluminando vésperas,
de uma madrugada a fio.
E tudo estava deserto, feito sol de meio dia,
a cidade estava tímida diante do luar,
e as luzes faziam sombras,
tudo muito estranho e incomum,
e de repente você me beijou,
mas o céu já estava amanhecendo,
como todos os céus sem estrela, sem lua,
e no deseto de nós mesmos,
partimos sem adeuses,
estranhamente.
Mas depois o sol amanheceu,
e tudo virou amor novamente,
mas só amor,
estranhamente.
*AS ESTRELAS NO CHÃO*. (Victor de Oliveira Antunes Nt)
O mundo de hoje parece um pesadelo. Tudo reflete dinheiro; tudo é volúpia e marketing sempre; pra fazer mais dinheiro. Nessa ciranda louca e desenfreada estamos nos metamorfoseando; viramos coisas e já se diz que somos CPFs. Cada vez mais nos desconstruímos como entes; seres criados imagem suposta de Deus. Hoje o império dos sentidos submete a vida de cada um de nós às regras da grana. Nas mídias, pulsa a cultura da juventude consumista e insaciável: todo dia se quer algo novo e descartável. Os automóveis, por exemplo, já nascem um ano antes do ano. Essa loucura exige submissão: a do poder aquisitivo... Você sempre precisará ganhar mais... Tudo é vivido e feito com um único fim: ganhar dinheiro pra poder comprar... Nós, como entes vivos, perdemos, portanto, nossa dignidade. E a propósito, nossa própria capacidade de ficarmos assombrados.
Somos marionetes e nos transformamos nas mercadorias anunciadas que compramos. E agora perplexos, verificamos que esse estamento de coisas se aprofunda, a cada dia. Hoje, cada um de nós vale o que produz ou o que pode comprar. Nós somos CPFs. E é esse tratamento que damos, uns aos outros. Não poderia ser diferente, portanto, o tratamento dado às famílias dos que morreram em Brumadinho; às famílias dos meninos incendiados do Flamengo, às vitimas das tragédias de Teresópolis, de Petrópolis, e também da Ucrânia.
Se por um lado os valores comprometidos com a segurança da barragem foram abaixo da linha do mínimo, tanto quanto a segurança dos meninos, das famílias dos municípios ditos que viviam nas encostas cujos deslizamentos se anunciavam nos vales ribeiros, sobranceiramente das vitimas da invasão da Ucrânia, é porque embaixo disso tudo só tinham CPFs... Simples números... Entes pífios e sem qualquer significado se observarmos a dimensão das tragédias em relação às falas dos “políticos” e “gestores”; amiúde o tratamento social, humano e financeiro dispendido. É sempre mais do mesmo e da mesma forma. Passado o susto publico do primeiro momento, eis que começam as ponderações sobre o valor destes “entes CPFs”, números...
Pois é: tratar essas situações com falácias e barganhas é francamente acima do "terrivelmente vergonhoso”. Nenhuma grana será suficiente para minimizar a absoluta destruição de tantas vidas. Nada poderá remediar tamanhas dores e perdas; e é certo que ficarão centenas de lesões de alma. Mas daí a um pouquinho, ninguém mais liga... E a coisa que nos vem a cabeça é isso: e o dinheiro?... Quanto deram, quanto se gastou... Será que tem gente doando?... Tudo já está girando em torno dele: o dinheiro... Hora de dar “preço” na dor e na perda. Vamos começar a medir a importância dos CPFs, mas não a importância da “pessoa”, que foi explodida na calçada. Vai rolar valor por baixo, mas, ainda assim, vai ficar bem abaixo do que vale a vida; vida de cada um de nós. Talvez por isso não tenhamos famílias seguras, boas escolas e bons atendimentos na saúde e segurança nas ruas. A gente não é mais humano... é numero, coisa, produto, lixo... É que a nós vale mais "uma joia”, um “carro zero”, do que centenas de mortes; não foi ao meu lado, então que se dane... É “vida que segue”... Aliás, que dignidade que nada; vamos salvar o dinheiro e indenizar por baixo, abaixo da dignidade de cada um... Aos meninos do Flamengo, às vitimas das Serras, aos explodidos na Ucrânia... Vale mais guardar pra gastar com a Copa do Mundo que está chegando; vamos viver a vida... a expectativa de vida; e quiçá da nossa alegria e sucesso; esqueçamos, foram só CPF’s... Vamos ao shopping comprar coisas que brilhem aos nossos olhos...
Para os que discutem dinheiro seguem as avaliações dos CPFs...
Para os comuns, apenas entes...
Para os que se importam, morreram pessoas tanto em Brumadinho, quanto no Ninho do Urubu, em Teresópolis, em Petrópolis e na Ucrânia; morreram e continuam morrendo sonhos de vida e esperanças; o que morreu e continua morrendo assim, todo dia, portanto, é gente, não são números...
Acho, portanto que passarei a me lembrar desses lugares, como lugares das Estrelas no Chão. É o mínimo de reverência e respeito que me ocorre. A cada anoitecer há que lembrar cada uma, daquelas significativas vidas; lembrar e vê-las como estrelas que brilham no chão. Até porque, não existe e nunca se fez retrato de um CPF. (Victor de Oliveira Antunes Nt).
Quando vocês nasceram decidi que teriam tudo que eu não tive. Liberdade pra escolher o que quiserem na vida. Fechei os olhos e imaginei o futuro de vocês. Não imaginei vocês vestidas de noiva, como as outras mães. Não. Só queria que estudassem nas melhores universidades. Que tivessem belas carreiras e vivessem a melhor vida. Foi tudo o que desejei.
A vida consiste em dois dias, um a seu favor e outro contra você. Portanto, quando for a seu favor, não seja orgulhoso ou imprudente, e quando for contra você, seja paciente, pois ambos os dias serão um teste.
Vivemos em segredo, e vocês se convenceram de que nunca acreditaram em nós. Esqueceram de ter medo. Escreveram livros e fizeram filmes sobre nós, mas erraram quase tudo. Nós ficamos mais ricos e mais poderosos do que jamais poderiam sonhar.
Por anos nos dizem de quem e onde nos alimentar, e tratam os humanos como iguais. Começou a parecer uma prisão. Então fiquei frustrado e agi por impulso.
Você deve entender que dois prédios não podem ser construídos no mesmo lugar. O antigo edifício deve ser demolido por completo. Só assim podemos construir algo muito mais bonito.
Você deve estar pronto para perder algo a fim de ganhar muito dinheiro. Pois só quem arrisca mais pode ganhar.