"As Boas Ações" Bertold Brecht
...
O tempo é comparado a um pó muito fino que, distraídos, deixamos escorregar por entre os nossos dedos.
Se lhe damos um bom uso, é a ponte por onde fazemos passar a trama dos nossos dias para fabricar o tecido de uma vida significativa. Portanto, precisamos ter consciência de que o tempo é o nosso bem mais precioso, essencial para a busca da felicidade. Então porque hesitamos quando abdicamos do supérfluo? Que vantagem há em nos dedicarmos ao inútil? A discórdia? Como disse Sêneca: “Não é que tenhamos tão pouco tempo, mas que o desperdiçamos demais.”
A vida é curta. Sempre perdemos, quando deixamos de lado as coisas essenciais, ou às adiamos ao nos deixarmos enredar pelas demandas incoerentes daqueles que brigam por poder. Os anos ou as horas de vida que nos restam para viver são como uma substância preciosa que se desfaz, podendo ser desperdiçada sem que percebamos.
Eu tenho quase meio século por aqui, e encaro o tempo como uma criança que pode desaparecer se não ficarmos de olho, que pode sumir com um estranho se não tomarmos cuidado, ou até mesmo evoluir rapidamente entre fases se não acompanharmos esta evolução. O tempo é nosso e ele não pode se perder indiscriminadamente. Cada fração desse tempo deve ser trocada por algum significado.
...
Você é uma pessoa mecânica, instintiva ou consciente?
O amor mecânico desperta o ódio.
O amor instintivo desperta a incerteza.
O amor consciente desperta a plenitude.
A fé mecânica é loucura.
A fé instintiva é escravidão.
A fé consciente é liberdade.
A esperança mecânica é doença.
A esperança instintiva é covardia.
A esperança consciente é força.
Ao longo dos meus quarenta e muitos, parei de divagar por aí. Estou me afastando dos abalos morais e fazendo um approach com minha consciência.
...
Em janeiro (que passou) ele faria quarenta e seis anos de vida.
É como se o seu desenlace espiritual me gerasse uma sensação física de perda, mas que o desconforto estivesse apenas no fato de não me ver vivendo nele. Quando ele dizia o quanto me amava, o quanto me respeitava, é como se eu vivesse nele também e isso me preenchia de alguma forma. A tal da referência sustentada pela reciprocidade incondicional.
Quando lembro, penso, converso com ele; sinto ele perto, como se ainda estivesse na mesma dimensão que eu. As passagens, as memórias se renovam. É como se o ontem virasse o hoje. Aí paro, reflito, e intuitivamente espero o mesmo. É quando me falta a fala, o abraço, o beijo. Ações que se foram com ele.
O que mais sinto falta? Da minha incapacidade de estabelecer um diálogo que me permita dar e receber. Eu falo, mas não ouço mais. Eu abraço, mas não sou mais abraçado. Eu beijo, mas não sou mais beijado. Ele vive em mim, mas não me vejo vivendo nele. É disso que tenho mais falta.
Saudades, meu irmão.
...
Mesmo com o tempo voando através do próprio reflexo.
Tenho o entendimento que a sensibilidade e a imaginação conservam a mocidade da alma. Sou mortal na minha matéria e imortal na minha consciência.
...
Se você tem muito chão pela frente, caminhe sem se poupar das provações mundanas.
Quem me conhece, sabe o quanto sou voluntarioso nas questões relacionadas ao meu "consciente profissional" e o quanto preciso ressignificar o meu "consciente pessoal", principalmente quando ativo os gatilhos emocionais.
O simples fato de me perceber vulnerável, já cria uma alternativa de melhora. E é o que ando fazendo com recorrência, sempre que fico diante de uma provação.
Não adianta olhar para o céu com muita fé e pouca luta. O segredo é ter 100% de convicção com apenas 50% de resposta.
...
Nossa liberdade é parcial?
O máximo de liberdade que podemos almejar é escolher a prisão em que queremos viver o resto de nossas vidas? Um casamento, um emprego, uma cidade, a paternidade, a política, o apego ao "ter".
Enfim, todas as nossas escolhas, incluindo as felizes, implicam algum confinamento, e isto é um fato.
Por isso eu coloco a liberdade na frente do amor. Meu casamento, meu ganha pão, minha cidade natal, meus filhos, meus ideais políticos, meu apego às coisas e pessoas. Se existe amor porque a posse? O amor precisa de asas para ir aonde bem entender, sem amarras, com liberdade.
Os casamentos de verdade sobreviverão, os empregos virarão propósitos, as cidades permanecerão com suas lembranças, pais e filhos respeitarão suas escolhas, as democracias deixarão legados, e "o ser" vai sobrepujar "o ter".
...
Há dezoito anos eu me descobri pai de menina. Na tela do ultrassom vi quando o especialista desenhou um laço em sua cabecinha, e uma lágrima rolou mesmo antes do último traço. Foi algo muito natural, orgânico e incondicional. Minha disponibilidade para amar minha filha e o seu universo foi e sempre será infinita. Não adianta achar que criar um elo eterno com parte de você é algo que se faz instantaneamente, e que se mantém sem dedicação. É necessário entender que aquela menininha precisa do pai presente para se tornar uma mulher autoconfiante.
Quase que por um lapso, abandonei as trevas do egoísmo e caminhei na direção da luz do altruísmo. Me despedi dos meus recifes egocêntricos, e saí gritando para o mundo que Deus tinha confiado uma de suas anjinhas aos meus ensinamentos. Não era tão maduro na ocasião, mesmo assim evitei lançar os dados e deixei Ele me mostrar o caminho.
Quando algo mágico acontece e alguém - mais importante que você próprio - cai nos seus braços, você se reinventa, se recomeça. Foi aí que me vi com a responsabilidade de ser muito mais que um “pailhaço”, precisava amadurecer em um curto período, já que os cromossomos XX tendem a amadurecer na velocidade da luz e eu precisava de uma relação sustentável com o que estava por vir.
Depois de algum tempo você entende a diferença entre andar de mãos dadas e andar de mãos algemadas. Entende que amar não significa cobrar, prender ou até mesmo se apoiar em um estereótipo falido. Entende que presença nem sempre significa liberdade. E entende também que amor não é algo angariado contratualmente. Ninguém é livre parcialmente. A parcialidade aqui pode colocar o “ter” na frente do “ser”, e eu anseio profundamente que a minha menina seja tudo que ela sempre sonhou. Então resolvi colocar a liberdade na frente do amor, e por mais que este espaço me consuma, meu consolo é muito maior ao ver o quanto ela está crescendo linda, inteligente e responsável.
Hoje no dia do seu aniversário, afirmo que minha saudade virou orgulho e que meu coração (assim como a porta da minha casa), estão escancarados para a essência e o amor da minha eterna Manuella.
...
O que é sucesso para você?
Sucesso é subir no topo de uma montanha e apreciar o que ainda resta do que Deus nos reservou, abrir um sorriso largo e refletir sobre as pontes que construímos, as pessoas que beneficiamos, e sobre o direito de ir e vir sem culpabilidade consciente.
Ter a certeza de que o mar não vai nos engolir, pois alcançamos o ponto mais alto que poderíamos chegar com as armas que temos: nossa evolução, seguida de uma persistência que concilia resiliência e propósito.
A bagagem acumulada e dividida até a nossa partida vem da nossa persistência: tanto nas vezes que ganhamos e aprendemos, como nas vezes que perdemos e também aprendemos. Em todas as ocasiões, APRENDEMOS, e este aprendizado não precisa ir conosco para o túmulo.
Este acúmulo de experiências positivas e negativas vai nos tirar - em parte - do ciclo virtuoso de tentativa e erro. Tentaremos e erraremos cada vez menos, e aí nos questionaremos muito:
Por que melhoramos à medida que envelhecemos?
Por que demoramos anos para entender que as glórias e as infâmias não são eternas?
A resposta para todas as perguntas é: CICLO!
Se a vida é um ciclo, ora estaremos por cima, ora por baixo, e a sabedoria vai permitir que este círculo virtuoso traga mais glórias que infâmias.
Se partirmos do pressuposto que a vida começa aos 50, eu por exemplo, tenho pouco menos de 1 ano para acumular toda a bagagem que puder. Assim, pretendo glorificar minha reta final com aquele último gás de persistência, resiliência e propósito.
Por que farei isso? Para que minha paz silenciosa se torne o barulho das guerras que constroem ao invés de destruir.
...
Encontrei o meu lugar
Aquele que me preenche
Que me reconecta com o passado
Que me situa no presente
E me desperta para o amanhã
...
Armazenei muita melancolia, e ao me perceber abominável, tive que decantar a tristeza para extrair alegria. Vestido com a carapaça da autossabotagem, vislumbrei mazelas inexistentes e senti que meus poros afogavam minha pele. Abdiquei do ereto e me curvei até parecer impossível caminhar até meus sonhos, antes tão palpáveis. Ao me distanciar do propósito, desesperei, e numa espécie de ecdise, arranquei minhas roupas sujas como quem troca de pele. Uma nova muda brotou e minha respiração cutânea desopilou meu lado ofegante.
Percebi que julgamentos são muito mais cruéis quando somos juízes da própria sentença, e que podemos definhar nosso corpo se nossa mente aceita passivamente a prisão perpétua imposta pela culpabilidade que entranha sem aviso prévio. Meu reflexo começou a mudar no inconsciente e minha consciência simplesmente assumiu a cegueira repleta de catarata. Passei a me ver com os olhos do açoite, e me castigar do abstrato nada concreto.
Cheguei em um estágio onde nem minhas maiores virtudes conseguiram resgatar minha essência, integralmente sequestrada pelo medo. Quando me vi sem saída, órfão do próprio destino, diante do horizonte senti o mundo conspirando para me tocar. Um toque afável acariciou meu coração e subitamente esvaziei de receios e inflei de anseios. Ansiei fortemente e fui operado pelo projetista daquilo que voltei a vislumbrar ao abrir os olhos da consciência.
Me percebi bipolar ao continuar sentindo os reflexos do cárcere recente. Foi como se o lado que me sentenciou à morte súbita, quisesse arbitrar novamente. Cogitei a possibilidade de uma alforria provisória, e temi pelo regresso de uma âncora em pleno mar. O oceano havia se aberto novamente, e ao invés de velejar, apavorei meu bom senso com algumas figuras de linguagem. E assim, a conspiração que me rodeava virou tapa ao invés de toque. Comecei a remar novamente, e hoje ouço o que aquele toque e aquele tapa queriam me dizer ao ouvir as pessoas que mais amo: “Não tenha mais medo, pois você é incrível.”
...
No principal domingo do ano
Da luta e da paz desmedida
De um Brasil sem miliciano
Gritarei contra o genocida
Do suor que escorre vermelho
Nas mãos sujas de um aristocrata
Jamais vou cair de joelho
Viva Prestes, Guevara e Zapata
Estudei Nabuco, um abolicionista
Vi morrer a Sociedade escravista
Até elegerem um certo fascista
E renascer a Confraria racista
Dia de um povo marcado
Do negro, do gay, do andrógino
E de um gado, um eleitorado
Ver cair seu idiota misógino
E no fim do abominável
E seu bando alienável
Primavera linda, impagável
Aqui jaz, um inominável
A VIDA É UMA ONDA GIGANTE, ENTRE CONQUISTAR E SER CONQUISTADO.
NA BUSCA PELO EQUILÍBRIO NÃO HÁ REGRAS OU GARANTIAS, O SEGREDO É APENAS MANTER A PRANCHA EM MOVIMENTO
Não existe nada mais matador e atraente que:
Inteligência, compatibilidade musical e olhos nos olhos!
Sempre fica a sensação de que deveria ter tentado mais, de que deveria ter dado mais uma chance. Mas como tudo na vida, isso também vai passar.
Dentro da minha pequena experiência de vida, não tenho dúvidas que de todos os relacionamentos que já vivi o mais complicado é:
Eu comigo mesma.
Antes eu gostava de falar bonito, expressar nas melhores palavras o que vi, vivi e aprendi. Justificar tudo nos mínimos detalhes, fazer as melhores colocações e mostrar conhecimento, por um tempo isso até me ajudou...
Atualmente acredito que o silêncio também fala, e que as minhas ações o representem por mim.
O universo pede equilíbrio e maior capacidade de observação!
- Paz e bem
Não nasci para prender ninguém junto a mim.
NASCI para trazer a liberdade, alimentar novas ideias, aguçar o desejo, instigar o pensamento, quebrar paradigmas e romper falsas ideologias que conduzem a massa.
VIVO para aprender e desenvolver o raciocínio.
ESCREVO principalmente para aqueles que discordam de mim, para os que pensam como eu e, naturalmente para aqueles que tem a minha eterna admiração.
SOBREVIVO para trazer sentido e dar propósito a minha existência, para que o ciclo de nascer, viver e morrer seja muito mais útil ao próximo do que uma simples e egoísta passagem na terra.
- Paz e Bem
Escrito em: 21/08/2012.
Digamos que talvez,
mas só talvez,
eu tenha uma queda
pelo teu sorriso bobo,
o mesmo que tira meu folego
e faz meus olhos
se alojarem nos teus,
o mesmo que me faz pensar
estar dentro de um abraço teu,
o mesmo que me faz imaginar
a textura dos teus lábios
tocando os meus.