Zygmunt Bauman
No mundo líquido-moderno, a lealdade é motivo de vergonha, não de orgulho.
Para a maioria dos estudantes, a educação é acima de tudo uma porta de entrada para o emprego.
O mercado não sobreviveria caso os consumidores se apegassem às coisas.
A arte do marketing está focalizada em evitar a limitação das opções e a realização dos desejos.
A alternativa à insegurança não é a bênção da tranquilidade, mas a maldição do tédio.
A sociedade de consumo consegue tornar permanente a insatisfação.
A luta pela boa forma é uma compulsão que logo se transforma em vício.
Num ambiente líquido, imprevisível e de fluxo rápido, precisamos, mais do que nunca, de laços firmes e seguros de amizade e confiança mútua.
O amor é uma hipoteca baseada num futuro incerto e inescrutável.
As promessas do amor são, via de regra, menos ambíguas do que suas dádivas. Assim, a tentação de apaixonar-se é grande e poderosa, mas também o é a atração de escapar. E o fascínio da procura de uma rosa sem espinhos nunca está muito longe, e é sempre difícil de resistir.
Aos que se mantêm à parte, os celulares permitem permanecer em contato. Aos que permanecem em contato, os celulares permitem manter-se à parte...
Amar significa abrir-se ao destino, a mais sublime de todas as condições humanas, em que o medo se funde ao regozijo num amálgama irreversível.
Não se pode aprender a amar, tal como não se pode aprender a morrer.
É a implacável realidade da morte que torna a imortalidade uma proposta atraente, mas é a mesma realidade que torna o sonho da eternidade uma força ativa, um motivo para ação. A imortalidade é, afinal, um empreendimento — uma condição antinatural, que não surgirá por si mesma, a não ser engabelada ou obrigada a existir.
Os mal-estares da pós-modernidade provêm de uma espécie de liberdade de procura do prazer que tolera uma segurança individual pequena demais.
A Igreja, a Nação, o Partido, a Causa [...], todos eles viverão mais do que qualquer de seus membros, porém viverão mais, talvez até para sempre, exclusivamente graças ao esforço de cada um e de todos os membros para assegurar-lhes a vida eterna à custa da própria vida.
Se a modernidade se esforçou para desconstruir a morte, em nossa época pós-moderna é a vez de a imortalidade ser desconstruída.
Quanto mais os valores preservados no pensamento forem protegidos da poluição, menos significativos serão para a vida daqueles a quem devem servir. Quanto maiores seus efeitos nessa vida, menos essa vida reformada fará lembrar os valores que induziram e inspiraram a reforma.
A infelicidade dos consumidores deriva do excesso e não da falta de escolha.
A escolha do consumidor é hoje um valor em si mesma; a ação de escolher é mais importante que a coisa escolhida, e as situações são elogiadas ou censuradas, aproveitadas ou ressentidas, dependendo da gama de escolhas que exibem.
Quem sabe o que o amanhã vai trazer? O adiamento da satisfação perdeu seu fascínio.
Criar (e também descobrir) significa sempre quebrar uma regra; seguir a regra é mera rotina, mais do mesmo – não um ato de criação.