Sílvio Fagno

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⁠Diga a todos que
a gente agora
é só da
gente.

Inserida por SilvioFagno

⁠Assim é a vida:
Veloz de coisas demoradas.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠Na Real -

Desculpa, sinto muito,
mas assim,dessa
forma:

Só você pensa,
só vocêlembra...
só você sente
falta.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠⁠⁠⁠Os Cães Presos -

A liberdade é algo,
humanamente, muito mais
interior.
As prisões também.

Os cães presos costumam
ser mais agressivos
que os soltos.

Os cães presos
são as pessoas amarguradas,
feridas, ressentidas,
que vivem acorrentadas em submundos,
prisões interiores (frias e
solitárias),
construidas à base de desejos
e sentimentos reprimidos
(rejeitados);
De histórias e planos,
drasticamente, interrompidos;
De confiança e sonhos, cruelmente, destruídos por pessoas (antes,
seus mundos),
irresponsavelmente livres
e inconsequentes - perigosas
demais para estarem soltas
para laços e afetos
verdadeiros.

Inserida por SilvioFagno

⁠Não Me Deixa Te Esquecer Completamente -

Olha,
tenta fazer o que for preciso
paraque eu caia na real e,
de alguma maneira,
te esqueça.

(Me mostra o quanto fica
bem sem mim,
o quanto é capaz de sorrir
com outras pessoas...
Sei lá,
posa ao lado do seu novo
amor).
Mas não exagera
muito!

Deixa sempre alguns dedos
seus encostados em
minha pele;
Deixa alguma pétala caída
em algum caminho por onde
eu possa passar;
Distraída,
finge esquecer alguma
coisa sua aqui em casa,
para que possa voltar;
Sem querer...
deixa um pouquinho
do seu cheiro em algum
objeto meu;
Permita que o brilho da lua,
vez ou outra,
entre pela fresta da
minha janela,
numa madrugada qualquer;
Timidamente,
de vez em quando,
canta, baixinho,
algo da
gente...

Mas não me deixa te
esquecer completamente.

Foi o Tempo que nos
apresentou quando tudo
parecia impossível de
acontecer.

E enquanto houver vida,
haverá tempo para o
impossível acontecer de
novo,
e talvez então, bem maior,
mais seguro emuito
maisbonito.

Inserida por SilvioFagno

⁠Namorados -

⁠Definitivamente,
é a palavra mais bonita
que eu encontro.

Observem a escrita, a forma,
o som...

NAMORADOS.

Além do que, dentro dela
há a palavra Amor.

Pra mim, ela traz a essencial
dúvida de quando se é
adolescente,
aprendiz.
Pois assim,
mantém-se uma certa
malícia com alguma
ingenuidade.

Ela carrega algo de saudade,
de recordação, de nostalgia.
Traduz a poesia de uma
fotografia antiga.
E,
ao mesmo
tempo,
é de onde se sonha
um futuro a dois
para mais.

Traz o compromisso onde
nada é tão sério
e tudo tão necessário.
(Porque depois,
tudo torna-se tão sério
e nada mais, equivocadamente,
tão necessário).

Ela é o que encontramos
nos intervalos do
colégio e nas séries de TV
no sofá de casa.

Ela tem o encanto dos fins
de tarde dos sábados e
das viagens com os
amigos.

A dois,
é como caminhar de mãos
dadas até um jardim
secreto,
cheio de sonhos e
fantasias,
com muitas flores,
alguns animais mitológicos
e uma bela cachoeira.

Ok! Ok! Ok!
Te assusto, né?!

Pareço romântico demais,
sentimental demais,
sonhador demais?

Ora, certamente
porquesou!

Há,
de certo modo,
um jardim assim dentro
de mim.
E
sair,
definitivamente
desse jardim
édesbotar.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠Parece Um Sorriso -

Talvez,
algum dia,
possa valer a pena:
este desesperodisfarçado
de poema.

Inserida por SilvioFagno

⁠Verdade -

Ser um já é tão
difícil.
Ser dois, então,
impossível.

Indispensavelmente
mesmo é ser
único,
essencialmente
sendo:

Verdade.

Inserida por SilvioFagno

⁠Nem Cabe -

O que a gente diz,
às vezes,
enche.

Mas o que a gente
cala... ah!!!
Isto:
nem cabe.

Inserida por SilvioFagno

É Isto -

⁠A vida,
quase sempre,
é isto:
algo comum - um
cumprimento, um banho,
uma dúvida.

Uma troca de mensagens,
de roupa, de calçada.

Uma olhada no relógio,
no espelho, na tela.

Um beijo, uma lágrima,
uma despedida.

Uma vontade, uma saudade,
um esquecimento.

E o que se nota
é,
ironicamente,
sempre o que mais
nos falta
ou
o que sobra do que a
gente complica.

Tudo que é calmo,
tranquilo,
sereno...
perde a graça, esfria,
desinteressa.

Porque a vida,
me parece,
é isto:
o barulho das coisas
caladas;
a presença do que
está ausente;
a saudade do que não
foi vivido...

A vida é, então:
desordem, drama, descontentamento.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠⁠⁠⁠⁠É Tão Fácil Escrever -

⁠Saiba que não há
aqui,
com isto de:
"é tão fácil escrever",
um descaso ou desdenhe
com a escrita.
E sim,
um louvor, uma devoção
entusiasmada com o
sentimento.

Digo,
distribuir palavras
no branco do papel,
ainda imaculado.

Despejar metáforas,
anáforas, ironias,
afim de alimentar desejos;
afim de iluminar sonhos;
afim de enxuguar lágrimas
ou chorá-las mais e
mais em versos:
celebrar!

Ganho, com isto,
coragem para confessar
aqui um caso,
quase um romance
com os advérbios.
Indubitavelmente eles
me acolhem,
me protegem,
me apontam para novos
sentidos, para novos rumos,
para novas direções.

É difícil viver num mundo
onde precisamos,
a todo custo, a todo
momento,
explicar, justificar
adjetivos.

(Que as interjeições não
me ouçam sobre os
advérbios: as quero
também).

Mas, neste
"caos-linguístico-poético",
difinitivamente,
não sou criatividade
em Pessoa
nem tenho a fineza
do corte preciso de
um Machado
nem mesmo a essência
disfarçada de Pássaro
Azul ou Corvo,
encoberta por uma
melancolia crônica
de escritores (genialmente
malditos), do
submundo.

(São as dúvidas que me
dominam e por elas
eu também escrevo).

Em certos dias,
tudo flui de maneira
orgânica, natural.
(Quase não procuro,
com tanto esforço,
as palavras, os
encontros).

Agora mesmo elas me
acham e eu não
tenho muito a
escolher,
a não ser sê-las.

Mas há dias que eu
perco a fala,
a ideia,
o pensamento.

Há dias em que sou
esquecido pelos deuses
ou pelo diabo,
não sei.

Há dias tão vazios,
ocos,
que nem a Poesia
me alcança.
Dias em que eu fico
por dizer, entalado,
sufocado...
pois, difícil mesmo,
extremamente complicado é,
com tanta coisa
por gritar:
calar-se - silenciar,
emudecer.

Inserida por SilvioFagno

O Sentimento de Uma Criança -

⁠Quando escrevo
tomocomo base
os grandes
mestres.

Mas penso que só
é grande,
verdadeiramente grande
mesmo,
aquele que preservaem
suaessência,
o sentimento de uma
criança.

Inserida por SilvioFagno

Não Sei -

⁠Não sei
de qual tamanho seria o
meuamor,
se quem o recebesse
se permitisse vivê-lo
e retribuí-lo.

Inserida por SilvioFagno

⁠Aos Trinta -

Agora
que já estou em meio
aos trinta
(considerando que sou um
tardio leitor),
quero ler pouca coisa,
pouquíssimas,
só alguns poucos
e decentes autores.
Não quero me compromissar
com tantas gente
assim.

É sempre um peso,
uma responsabilidade
submeter-se aos grandes
filósofos, poetas, escritores
da história.

Não, não quero!

Não quero ser influenciado
por mais gente além de
Pessoa,
Saramago
e Bukowski.

Talvez
um pouco de Clarice,
Gullar e Drummond.
Não muito,
só um pouco.
Ou alguma coisa de Neruda,
Bauman, Kant, Kafka ou Poe.

Nunca li Shakespeare,
nem Quintana,
nem mesmo Machado
ou Camões.
Nem seres como
Dostoiévski, Aristóteles,
Sócrates e Platão.
E Nietzsche e Shoepenhauer
eu desisti no primeiro
livro.

Não,
não quero conhecer a
essência do céu
ou do inferno
dessas grandes
mentes.

(Fragmentos,
aforismos:
isso me basta).
Não quero mais que
isso!

Há,
assim,
uma espécie de alívio,
uma certa paz
ou talvez liberdade
ou... sei lá o quê,
qualquer coisa assim...

menos a resposta.

Inserida por SilvioFagno

⁠Nada Mais Será Seu -

⁠É tão difícil não poder dizer
o que se quer
gritar.

Ter que observar calado,
seu pequeno grande
mundo - coração -
escapando por aí,
mundão afora.
E você distante, incapaz,
inseguro,
sabendo que mais cedo
ou tarde nada,
nada mais será seu.

(Ora,
mas afinal,
quando é que foi?).

Inserida por SilvioFagno

⁠Só consigo me abrir
de verdade,
para quem já me viu
chorar.

⁠⁠I.Z.A -

Taí:
Tem gente que parece
poesia.

Inserida por SilvioFagno

⁠Num Só Peito -

Mais cedo ou mais tarde
chega um momento
na vida
que é preciso sossegar
num só peito.

De cheiros e gostos
repetidos;
de manhas e manias
repetitivas.

Então,
quando o sentimento se faz
maior que a própria
vontade (se tornando a
própria vontade),
chegou a hora de largar
mão de aventuras
passageiras e fugazes
e, no afeto,
garantir o melhor e
mais seguro abraço
do mundo:
o da volta pra casa.

Inserida por SilvioFagno

Às Vezes, Também É -

⁠Até há alguma
razão,
mas é tão difícil
entender
quanto explicar.

Só sei que fugir do
amor, às vezes,
também é
amar.

Inserida por SilvioFagno

Uma Grande Vitória -

⁠Sabe o que é vitória?

Passar a madrugada inteira
acordado,
cuidando do filho que
arde em febre,
com medicamentos e
compressas e amor
e, pela manhã,
exausto,
sorrir percebendo que
eleestábem.

Taí uma grande
vitória!

Inserida por SilvioFagno

⁠Capacidade Amadora -

Ao contrário da grande
maioria,
eu tenho uma capacidade
totalmente amadora
parafingir felicidade.

Inserida por SilvioFagno

⁠Acabará Logo Ali -

Vai acabar logo,
não tem jeito.

De maneira natural,
tudo acabará
logo ali.
E se algo der errado:
antes,
sem nenhuma
chance.

Entre uma gripe
e outra,
entre um arranhão
e outro,
entre uma diversão
e outra,
enquanto brincávamos
a infância se foi.

Entre uma dúvida
e outra,
entre um medo
e outro,
entre amigos, namoros,
corações partidos,
experimentos e
aventuras,
sem que percebêssemos,
lá se foi a adolescência.

Entre um boleto
e outro,
entre aniversários e
filhos e sexo
e brigas
a vida vai se desgastando
calada (com todo seu
barulho),de sonhos
edesilusões,
misteriosa,
ligeira e
finita.

(O último apaga
a luz).

Inserida por SilvioFagno

⁠O Que Mais Me Assusta -

Não é o grito claro emedonho
dos que praticamo ódio
que mais me assusta,
hoje em dia.

O que mais me assusta
nos dias de hoje,
é a falsa e fria calmaria
dos que juram
amor.

Inserida por SilvioFagno

⁠Crime Imperdoável -

Em se tratando
de Amor:
Ter o sentimentoem
alma e não cometer
o ato,
é um crime(imperdoável).

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠Coisas Que Me Interessam -

Faça o que quiser,
como quiser.
Afinal,
ninguém tem
nada a ver.

Mas saiba que, pelo menos
pra mim,
na hora de analisar
uma pessoa,
entre tantas coisas que
me interessam,
eu costumo olhar atentamente
caráter -pois todo o resto
é sempreconsequência
desse.

Inserida por SilvioFagno