Róger Augusto
Tento dormir.
Tento sumir.
E ao me despir, sinto me coberto.
A dor que vem do âmago de meu ser.
Tens um propósito certo.
Crescer.
E tudo se acabou.
Mas a promessa de amor
Acalenta um pouco a dor.
E naquela viagem, onde os corpos se tocaram.
Os olhos se cruzaram e as mentes se abriram.
Foi apoteótico.
Único.
E desde então, perdido estou.
Aguardando ansiosamente
Nossa apoteose novamente.
Te conheci num dia qualquer,
mas te guardei como algo raro.
Tua risada virou lar,
teu jeito, meu porto mais claro.
Caminhamos por um tempo,
lado a lado, sem promessas,
e sem notar, num descuido,
te deixei marcas impressas.
Não foi intenção ferir,
nem manchar o que era nosso,
mas a língua se fez pedra,
e o silêncio, o pior remorso.
Queria dizer que lamento,
mas as palavras me fogem.
Covardia ou medo? Não sei.
Só sei que os dias correm.
E eu fico aqui, na sombra,
entre o orgulho e o querer,
esperando que, quem sabe,
o tempo cure sem dizer.