Nelson de Medeiros

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⁠OUTRAS GENTES...

Todo poeta é um sonhador admirável!
Viaja no tempo, e através de sua mente,
Sonda as estrelas... Pressente o futuro, e sente
O limiar de um mundo novo, mais estável!

Vê a humanidade mais séria, confiável,
Que acredita na igualdade e no amor, somente!
Um mundo sem ódio, sem guerras, coerente
Na igual atenção ao ditoso e ao miserável!

Nele, o homem é voltado para a caridade,
Para a harmonia, para a justiça e a bondade
Que são, no ser humano, virtudes latentes!

Reza, então, o vate... Que isso se torne real...
Que um dia, toda alma humana se canse do mal,
E a fraternidade alcance todas as gentes!

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⁠VÃ PROCURA

Diz-me tu que buscando o teu amor
Singraste mares, rios e oceanos!
Varaste terras por meses e anos
Na procura fremente e sem pudor!

Que olhando os céus, embora com fervor,
Rogaste favores quase profanos!
Ouviste magos, desvendaste arcanos
Porém, sem nunca tê-lo a seu dispor!

Digo-te: Siga em frente rumo norte,
Pois, que o verdadeiro amor não é sorte,
Antes, é benção que já conheci!

Um dia, quando o achares, finalmente,
Descobrirás que achaste, tão somente,
O vate que sempre esperou por ti!

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ESQUECER É PRECISO...



Vi tudo outra vez... Ela na sacada,

As tardinhas, as manhãs, as marés,

O sol, a brisa, as espumas do mar

Beijando a areia, a praia a nossos pés!



Mas, o amor é volúvel como as ondas...

Chega e volta num vai e vem constante!

E, como a onda, ela veio e voltou,

Deixando um rastro na areia molhada!



A praia de mi! Alma está deserta...

Meu mar azul estertora em ressaca

Sob um céu gris, sem sequer uma estrela!



Eu não queria mais sonhar com ela,

Não tê-la em meu pensamento..., mas como

Se jamais eu me lembro de esquecê-la?⁠

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RETORNAR É PRECISO

Sei que o retorno à Terra é verdadeiro
e, sei porque me afiança a razão!
Somos navegantes do tempo então,
como nautas em denso nevoeiro!

Sempre voltamos pela lei da atração
ao nosso mundo hostil, mas passageiro!
Os erros de outrora são o roteiro
a seguir na devida correção!

As vidas são o presente e o passado,
e jamais serão vivencias perdidas,
pois que serão o futuro avançado!

Cada existência nossa é elo espesso
que une a vida agora a outras vividas,
E o fim de uma, doutra é o começo!

ALQUIMISTA DA FANTASIA


⁠O poeta é um ser predestinado
Que, no auge da dor, cria seu mundo!
Faz da amargura o amor mais profundo,
E do ser odiado o ser mais amado!

Na magia dos versos, num segundo,
Dá à mentira significado!
Permite ao torpe ser idolatrado
E, até converte o probo em vagabundo!

Por ser alquimista da fantasia,
Transforma a negra procela em aurora,
E, faz de saudade a ilusão que o ronda!

Na desventura de amor ele avia
Um poema que encanta, muito embora
A dor mascare, e a verdade esconda!

Inserida por NelsonMedeiros

RECOMEÇO

No auge da descrença duma insana vida,

o bardo sucumbe ao nefasto desalento!

Um torpor n! alma, a fala do tempo e do vento

lhe dizem que a paixão é sempre repetida!



Mas, será mesmo que a existência é sucessiva?

Partimos pro céu e voltamos pro tormento?

Cansado da lida, ele pensa, num momento,

se tal crença é inata ou é intuitiva!



Se viveu, de verdade, uma vida passada,

dela revive o desencanto da jornada,

trazendo o pó da mesma estrada percorrida!



Se, como dizem, tudo faz parte dum plano,

só lhe resta viver de novo o desengano

e, quem sabe, viver nova partida!⁠

Inserida por NelsonMedeiros

⁠LEI DO RETORNO


Desde sempre eu soube, sem ser profeta,
Que longe estamos de sermos perfeitos!
Não somos maus, mas com mil preconceitos,

Mais andamos na curva que na reta!
Carregamos, ainda, mil defeitos
mas, mesmo assim chegaremos na meta!
E não é preciso ser bruxo ou asceta

Pra entender que as opções têm efeitos!
Por isso é que eu sei, por convicção,
Que algo existe a nos chamar à razão

E mostrar a dor que a incúria acarreta!
É a Lei do Retorno, inata na mente,
que nos cobra o desatino pendente,
No momento exato e na hora certa!

Inserida por NelsonMedeiros

⁠RASTROS DE ILUSÃO

Lembro bem daquele mês de janeiro,
daquela praia em recanto sem par,
do desejo insano de a encontrar
e, enlaçar seu corpo, esbelto e faceiro!

A brisa, trazendo o aroma do mar,
mais parecia um sussurro agoureiro
dum adeus previdente e derradeiro
praquele amor de verão, singular!

O tempo avançou, porém, o desejo
de tê-la inda ficou, ardente e pleno
pois, na paixão a loucura norteia!

Então, prenhe de ilusão, num lampejo,
Quis ver de novo a praia, o mar sereno,
Mas, só vi rastros de beijos na areia!

Inserida por NelsonMedeiros

⁠Medita o bardo em silêncio profundo...
Na tarde cinza dum dia sem cor,
a alma chora seu revés sem rancor
mas, o coração se afoga em lago imundo!

Descem lágrimas em pingos de dor...
Cada suspiro é lamento rotundo
e, só a tristeza habita o seu mundo
desprovido da alegria do amor!

Sua alma é noite escura de agonia...
Porém, no fundo, uma luz a brilhar,
traz promessa de novo porvir, pois

a tristeza, embora possa durar,
é passageira como a ventania
que destrói, mas traz beleza depois!

Inserida por NelsonMedeiros