Maria Almeida
Em todos os verbos e em todos os tempos, o impossível de nós dois, sem deixarmos de ser dois, é o de sermos um.
Nem todas as manhãs são de sol, mas todos os dias são, em cada segundo, intensos para se sentir e realizar o que realmente nos determina.
Sabendo há séculos de ti, a madrugada que desponta no azul da minha alma é a tela de todas as madrugadas que sorriem em mim, onde te pinto e te guardo, num profundo silêncio e suave carinho, como o mar guarda a água e o sal e o rio o seu mistério.
Existo no tempo das estações, na sua poesia contínua e alternada, sendo morada de mim em cada compasso que as pálpebras das gotas da chuva tocam e em cada fragrância aleatória que sinto.
Hoje a tua alma caminhou em mim.
E o Sol iluminou-se de nós, num olhar pelo céu imenso que já se fez.
Mesmo que eu te perca de vista, continuarás a ser o meu companheiro de viagem ao qual desejo a felicidade todos os dias.
Todos os dias valem a pena.
Todos os dias os dedos da madrugada empurram os sonhos para a frente.
Todos os dias, sermos quem somos, fortalece a nossa beleza interior e dignifica a nossa essência.
Todos os dias os olhos da alma sorriem para os mistérios do mundo e registam o respeito e a gratidão de possuírem a sabedoria do tempo.
Para além das obrigações e dos deveres, a escolha de crescer por dentro transforma qualquer sofrimento em aprendizagem e qualquer dificuldade em superação pessoal. E aceitar – simplesmente aceitar – o que o destino nos traz, priorizando o nosso mapa pessoal como heróis e heroínas da nossa própria história, é dar voz a um código de valores que alimenta a nossa vida e estimula a vida dos outros.
Existe cor em tudo o que vejo.
Existe abraço em tudo o que faço.
O que me equilibra é o que me move.
O que me move é o que me faz ir mais além.
Nem tão forte como queria.
Nem tão fraca como temia.
Sou fiel a mim mesma.
A mim mesma, no que há de melhor em mim.
Quero ter a certeza de que fui. Ontem.
Quero essa certeza em mim. Hoje.
Quero ter a certeza de que serei. Amanhã.
Verdadeira.
Eu gosto dos sorrisos que expressam emoções aos tropeços, que resgatam um brilho nos olhos e que vivem de sentimentos.
O sentido da vida é o passo cadenciado das pequenas felicidades: Deus, família, amigos, amor e bem recíprocos, intensidade, simplicidade e tranquilidade.
És mais do que digno de afeto. Ninguém lê em ti o que leio. Mas esqueceste a viagem em que estávamos os dois empenhados. Submergiste os meus sentimentos em prol do objetivo em que te concentraste. Nunca foi à nossa maneira. Foi sempre à tua. Não podes amar-me. Se não saberias que não precisas de me chamar porque eu nunca fui embora.