Maria Almeida
O verdadeiro amor não morre.
Atravessa o infinito.
Para além das palavras.
Para além das atitudes.
Para além dos sentidos.
Aos que vão, desejo paz.
Aos que ficam, desejo felicidade.
Aos que vão e vêm, desejo o caminho sonhado.
A todos, desejo o amor.
Eu creio nos olhos que sorriem, no bom dia sem medida, na coragem e na timidez, no abraço de graça, no olá disparado do outro lado da rua, nos sentimentos grandes que adoram as coisas simples, que adoram olhar a lua e respirar os sons do céu.
Eu creio na paixão pela vida, no momento, no agora, no hoje – e na sua eternidade repleta disto - mas, sobretudo, eu creio na magia que há em mim, no sussurrar da minha alma e na impetuosidade da minha fé.
É na caminhada que se faz o destino.
É na esperança que se fortalece o sonho.
É na essência que se forma o caráter.
É na coragem que se resiste ao medo.
Valorizar os momentos bons é agradecer pelo que se tem, pelo que já se conquistou – e nos torna alegres e felizes – é pensar nas pessoas e nos sentimentos que possuem, pois o amor vai muito mais além da perfeição que não existe… sem perguntas e sem críticas, na incondicional aceitação das falhas e dos defeitos. Gente assim… gente que sabe amar, que divide sorrisos e rouba abraços, gente que em todo o dia amanhecido, amanhece sentada ao lado do meu coração, em cada vislumbre que respiro e que murmuro, mergulhando na chama renascida do contínuo e deslumbrante despontar do sol.
Que sempre se encontre, nas coisas mais simples, a delícia do encanto que preenche a alma e penetra o coração.
Que nunca se perca, na capacidade de sentir, a coragem de continuar a investir, mesmo que, aqui e ali, muito ou pouco, se morra um segundo e se viva um minuto.
A coragem não é a de sermos invulneráveis.
A nossa coragem é a de não evitarmos, é a de não adiarmos, é a de sermos a mudança e de nos transformarmos no que de melhor poderemos ser, agindo e enfrentando, fazendo acontecer.
A nossa coragem reside na felicidade de sermos nós próprios, de sermos felizes com o que temos e com o que não temos, com o que fazemos e com o que buscamos.
Somos nós. A felicidade. O impulso. O sentimento. E a coragem.
Eu quis sempre dizer-te tantas coisas,
mas dessas tantas coisas,
não te falar sobre nenhuma,
somente deixar que o mundo inesgotável do olhar
te fizesse entender o quero de ti.
Eu quis sempre dar-te tantas coisas,
mas dessas outras,
não te dar nenhuma delas,
somente deixar que o silêncio
te fizesse compreender o que desejo para ti.
Eu quis sempre oferecer-te a minha mão,
numa oferta simples da tua,
mas nessa áurea pretendida,
somente deixar que o perfume florido
te fizesse sentir o que sinto por ti.
Eu quis sempre saber sem razão
se é a minha certeza que me acalenta
num abraço abraçando a mágoa que te oprime a alma,
ou se és tu o alento que me alimenta,
na embriaguez de um sonho que na fé se acalma.
O aroma intenso das flores do campo entrou-lhe pelas narinas e ela sorveu-o como se fosse vida. O vento, no embalo do cabelo desalinhado, fustigou o chapéu de palha para longe, como ave em voo picado.
Entre um eu nascido com ela e um eu forjado pela vida dela, desceu as pálpebras num suspiro lento, como se o deslizar dos cílios doesse.
O amor mais bonito é aquele que respeita, que confia e que sente de longe, somando os dias para o reencontro.
Amor-próprio é amar a Deus. Amar a ti próprio. Amar o próximo.
Amor-próprio não é orgulho, não é desapego, não é indiferença,
Ilustra-se na humildade, no agradecimento, na coragem, no respeito por nós mesmos e pelos outros e na aceitação que de nós temos aceitando cada um.
Amor-próprio é sorrir quando o mundo quer que tu grites.
Amor-próprio é chorar quando o mundo quer que tu não sintas.
Adensa-se no contínuo caminhar pintando as pedras do trilho e não perdendo o que tu és. Seres o teu jeito, o teu riso, o teu aconchego, a tua luz, a tua dor e a tua alegria. Morar nos outros, morando primeiro em ti. Sonhar o sonho de ti. Desejar o bem para quem mimetiza o mal. Perdoar como se fosse um abraço. Desculpar como se fosse um beijo. Porque não tem vaidade. Não tem peneira. Não tem limite. Não é prisioneiro de nós mesmos.
Amor-próprio é nascer todas as manhãs.
Quando se ama a vida com a roupa da alma, sente-se diferente, vê-se diferente, sonha-se diferente e realiza-se diferente.
Ser-se meio-termo é a batida do vazio.
Viver, transbordando. Aprender a viver, crescendo. E não temer viver, arriscando.