Maria Almeida
Embora não possa estar contigo, peço-te, não tenhas medo. Não fiques triste. Sei que não vais falhar. Tenho a infinita certeza. Aquilo que me faz está em ti. Aquilo que te faz está em mim. Jamais alguém ou coisa alguma conseguirá separar o que Deus uniu nos céus e depositou na terra.
Não sei dizer quanto tempo permaneci ali.
Invadia-me uma paz translúcida e, mesmo de olhos fechados, eu conseguia ver as cores do mundo.
Remeto os meus valores, os meus sentidos e a minha essência para uma verdade que nunca será quebrada, toda uma arquitetura emocional a par da minha consciência em grandes porções de coração, responsabilidade e liberdade.
Eu me importo contigo e te quero bem de verdade.
Sinto a tua falta e a falta da tua presença.
Tudo fica mais bonito quando estás e quando estás tudo é bonito.
Algumas pessoas estão a perder-me devagar, devagarinho, como o copo que se enche de vinho e se quebra sem transbordar.
Prometeste que serias sempre meu amigo, e, na primeira oportunidade, foste embora. Tu não estavas quando realmente precisei.
Magoaste-me mais do que eu poderia suportar, mesmo depois de teres dito que nunca o farias. Tu não sabes, mas nunca esqueci as tuas palavras.
Nunca poderias ter visto os meus olhos magoados, porque os recolhi para mim, e de magoados, a transformarem-se em leve carícia na minha face.
Seria mínimo afirmar que fiquei confusa, tentando, perdida na minha confusão, perceber a compreensão súbita que não entendi esclarecedora, mas lembro-me perfeitamente da fúria que senti, com as lágrimas a escorrerem-me pelo rosto, limpando-as com a mão.
Levaste-me para além dos meus limites. Absorvi o que tinhas dentro de ti. E serei sempre o teu anjo. Eu amo-te. Mas estou a tentar proteger-me. Talvez seja melhor assim.
Não sei quantas vezes agarrei no livro e não sei as vezes sem conta que dei comigo a ler o mesmo parágrafo.
Uma estranha alegria enche-me a alma e aquece-me por dentro quando sinto que uma parte de ti não quis partir.
Um dos meus traços é o de sentir em silêncio.
Ninguém saberá jamais quando estou bem ou quando estou mal.
As pessoas que são simpáticas na rua e que na convivência tratam os outros com indiferença e com rudeza, são pessoas a não conhecer com profundidade.