Madasivi

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⁠Numa hora ritual,
Fumaça do ristretto na calçada,
Toma cheiro, toma espaço,
Toma tudo,

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⁠Num pequeno momento habitual,
Pequenas paisagens concretas,
São encontradiças no espaço,
Café fortíssimo abstrato,

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⁠Um café e um afeto,
Sem demora meu senhor,
Antes que o dia acabe,
Como um desamor,

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⁠Momento inesquecível,
Tomando um café com a vida,
Proseando coisas de cair em si,
Ela segredou de forma garrida,
Que só engana,
Quem de si para si,
Engana e ainda ri,

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⁠Te encontrar na esquina,
É tomar café adoçado sem açúcar,
É tirar o riso do canto da boca amarga do dia,
É sentir o gosto do sonhar,

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⁠Na calçada, na esquina, na ruela, na praça, na viela,
Seus elegantes meneios mais uma vez não me escapam,

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⁠Não estava acordado,
Ainda dormia,
Ainda sonhava,
Sonhava com um olhar colorido,

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E fantasiados com as cores do amor da folia chegamos ao fim,
De mais um suspiro profundo que antecede o sono de quem está com a quebreira do dia,
Difícil de encarar mas sempre fácil de sorrir,⁠

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⁠Levamos com orgulho a bandeira da escola da vida,
Graciosamente dançamos com as surpresas das horas sem escorregar e deixar o chapéu cair,
Tocamos a bateria com vigor e entusiasmo,
Muita marcação no Surdo de primeira, Surdo de segunda e de terceira,
Na caixa de guerra, repique, chocalho, tamborim e cuíca,

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⁠Continua a barbaria,
Com mão trágica e sem deixar de abraçar toda a loucura,
Seja aqui, seja acolá,
Entristeço sem medida,

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⁠Continua a vida,
Sem mágica mas com encanto,
Seja alvorada, seja tarde, seja noite,
Sorrio à vida,

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E assim vai a vida como uma tarde de domingo,
Com suas belezas e horrores,
Artística e Pontilhada,⁠

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Deixemos de ser pateta, ranzinza,
⁠Voltemos aos amores dos poetas,

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⁠Encontrei no Bósforo,
No mar de Mármara,
E na boca do Mar Negro,
Respostas francas,

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⁠Cada um vai saltando em seu destino,
E sem escolher seu passageiro que pula pra dentro,
Segue viagem a locomotiva do brasileiro,

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⁠É Festa!
Os moradores do planeta assopram mais uma vela,
Mais uma dança do movimento de translação na história,

Fogos de artifícios rabiscam o ansioso teto da meia-noite por todos os lados,
Risos, ritos, gritos, abraços e votos por todos os cantos,

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⁠Um doce negro,
Mais doce que a noite açucarada pelas estrelas,
Um amargo que mela o beiço,
Que acende os olhos da lua que pisca delicias pelas janelas,

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⁠Mas tudo aqui no mundo tem seu tempo fecundo,
Só deixo o ponteiro do relógio da vida girar,
Gira mundo,

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⁠Na praça Vinícius de Moraes,
O apostolo Paulo é testemunha escultural,
Na praça Vinícius de Moraes,
A paisagem é como um “Cântico”,
Na praça Vinícius de Moraes,
Tudo é “Cem por cento”
Na praça Vinícius de Moraes,
Não existe “Medo de amar”,

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⁠Lá do alto da treliça,
Fechei os olhos,
Ao som de Debussy,
Senti cócegas na alma,
Deixei a mente voar cegamente,
Fiquei com um coração repleto de afinadas vozes,

⁠Vi a grandeza da noite silenciosa,
Dizer uma única palavra,
Imensidão,
Imensa tranquilidade noturna,
Lá do alto da torre,

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⁠As aflições são tantas,
Que acabo por enterrá-las,
Ainda que vivas,
Todas,
Sem cortejo,
Sem cantoria lacrimosa,
E muito menos desalento,
Somente uma escolha irrevogável,
Viver,
A la vontê,
Pax,

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⁠Cão madraço,
No portão ladra,
Rugido de leão,

Põe em debandada o cansaço,
Avança em quem passa,
Só quer garantir a ração,

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⁠Passos sorumbáticos —
Mente longe e bem longe
como a estrela Deneb,

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⁠Calor vai chegando —
vestido de ventos leves
Até parece meia estação,

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