Lina Marano
O indelével
Deleite
Que te delego
Meu deleto
Delito
É uma delícia
Delgada
Deliberadamente
Deleitosa
Que delapida
Um delírio
Deliquente
Bem delineado
(Só delírio )
Verso rico de rima pobre
Amar
É deixar
Partir
Pra não ferir
É querer prender
Mas decidir
A hora de parar
Pra libertar
É saber que prender
Sem ter
Nada pra oferecer
É o mesmo que matar
Amar
É deixar ir
Sem deixar de sonhar
Com o amanhecer
Do dia de reencontrar
Passado ou futuro
Que me importa....
É com o presente que me ocupo
Mas ainda com o vento,
Pela fresta da porta,
Vem teus beijos, tuas mãos,
Teus olhares, teus nãos.
Sinto-os todos...
(Passa passado)
As vezes te sinto
Encurralado, num labirinto,
Teu olhar chamando, faminto
Por mim
Depois pago o finto
Me mandar para o quinto
Do inferno, eu pressinto,
É o que queres, enfim
Um lamento distinto
Ressoa constante, tilinto
Tem amor no recinto
E amor... não tem fim!
O homem de mil palavras
Ama a mulher sem palavras.
Ele fala pelos dois!
Assim se completam,
e sentem em dobro.
Os cantos de minh'alma
São negros, são ocos,
São noites sem lua,
São becos de loucos,
Poções de mar morto,
São tapas e socos,
Restos de sonhos
Ligados em outros
Tão longe, tão fracos
Tão poucos ...
(Cantos Negros)
Cada caco,
Do sentimento velhaco,
Tinha enfiado no saco,
Amarrado a boca c'um laço
E enviado pro espaço,
Pra dizer que esqueci!
Oh amor, és ingrato,
Mas meu céu é opaco;
Me rendo ao cansaço,
Estou só, no bagaço,
Não há brilho sem ti!
Toma de volta o meu braço,
No aconchego, o regaço,
Nesse amor me perfaço,
Não aceito o fracasso,
Me leva daqui!
(DesCOMPASSO)
Todo dia, quando o sol nasce
É essa agonia, esse impasse!
E não há jeito, nem disfarce,
É na poesia, o nosso enlace,
Uma conversa de almas, face a face...
Pois que nos salve ou nos desgrace!
(Disse a Lua para o Sol)
Para tirar o bolor
Nada como o reboliço
De um bolero
Que bole o corpo, bole a alma
E faz o amor
Se aboletar na gente
Voava,
Figura alada,
Enamorada
De um anjo só.
Atingiu-lhe, uma lufada,
Numa geada!
Amaldiçoada
Caiu, num cafundó.
Coitada!
A aleijada
Foi descartada,
Até da dó!
Mas levantou-se, numa virada
Empunhando a espada.
Sua gargalhada
É seu marajó.
Agora, anda armada,
Dando tragada
Em garrafada
De timbó.
(Quebrada, a asa)
Dicionário Tupi Guarani
Marajó - defesa
Timbó - planta que produz suco com a propriedade de atordoar e matar os peixes, sem contudo ser nocivo a quem os come
Um agrado...
e o grilo grudou na grama!
Graciosamente, ela grampeou.
Gritavam graças, grotescos ...
Grogues, grunhiam gramáticos,
grafando grosso e grande grotão.
(Gradear)
Um beijo, uma carícia,
Um olhar penetrante,
O amor é uma delícia,
Que dispensa adoçante!
Vem amor, me sacia,
Me liberta dessa agonia!
Um beijo, uma carícia,
Um olhar é suficiente,
Vem assim com malícia,
Deixa meu corpo dormente.
Vem amor, me pega, me ama,
Me leva pra sua cama!
Um beijo que enfeitiça,
Um olhar malandrinho,
A tudo você cobiça,
E pra tudo tem jeitinho.
Confesso, isso me atiça,
Mas faça tudo com carinho!
Mais um beijo, não censuro,
Seu olhar revelador,
Quero tudo, eu juro,
Vamos amar sem pudor.
E depois de bem saciado,
Dormiremos lado a lado,
Na nossa alcova de prazer.
Mas que seja um sono curto!
Logo me acorde, pra gemer.
(Luxúria)
Perguntaram a um famoso poeta se ele não seria antiético por publicar os poemas dedicados a todas as ex-namoradas num mesmo livro. Ao que ele respondeu: É o mesmo livro, não a mesma cama!
As palavras me tocam de um jeito... as imagens as vezes até esqueço, mas as palavras ecoam... como a letra de uma música antiga. O meu mundo é acústico. Não gosto do silêncio total. Tem que ter um som de mar, de brisa, de quero-quero, de respiração...Silêncio pra mim é morte!
Ouça um conselho
Minh'alma é um espelho
Onde eu posso sonhar
Cada palavra, um chamado,
Tudo bem calculado,
Pra lhe enredar...
Vem anjo vermelho!
Me põe de joelho,
Me faz delirar...
Cada dia passado
É tempo enterrado.
Agora!.. é tempo de amar ...
(Anjo Vermelho)
- Que houve?
- In love, estou in love!
- Envolve o quê menina?
- Envolve tudo! Você, eu, nós...
- Nós? Desata isso!
- Então resolve logo! Não me envolve!
- Tem cá um revolver. Serve?
- Só se for pra me revolver a alma!
- Calma!
- Calma como? Se estou in love! Tá dentro, ou tá fora?
- Ora...No centro!
- Ai, num aguento!
- É a prova dos nove?
- Não! É love!
- E o que você resolve?
- Nossa, você é dose!
(In and Out of Love)
Findar um amor particular,
É como um parto!
Parte-se e reparte-se.
Na hora da partida,
Partidos os corações,
Amores à parte.
No particípio passado,
Não há partido vitorioso.
Das eternas partituras,
Partilha-se ...saudade!
Mas sempre fica,
Uma última partícula!
(Partículas)
- Casas comigo?
- Ah caso!
- Ao acaso?
- Eu disse CASO!
- Sou um caso? És mesmo um casanova!
- Não amor, olha... já comprei a casa nova!
- Que casarão! Parece frio!
- Não tem problema, te sirvo de casaco!
- Então marquemos o casamento!
- Agora não! Bora acasalar.
( aCASO)
Passada a claustrofobia
da oclusão dos sentimentos idos,
enclausurou-se em seu aconchegante casulo.
De lá, via todos, a perfídia negra,
posando de inocente abelha,
conservada em sua própria saliva.
The Cool(Me)méia