Lina Marano
Um casal apaixonado
Se perdeu na multidão
Ela cega, ele surdo e mudo.
Poderão se reconhecer na escuridão?
Bela na singeleza do roxo,
do rosado, do amarelado.
Bela tulipando no lençol,
o corpo frouxo,
ao raiar do sol.
Bela de coração,
enamorado e sem razão.
Bela no rubro da flor,
suspirando de amor;
morrendo enfim,
pra nascer em mim.
(Tulipando)
TU, caule longo
LIgado à pétala
PArte pro sim
TULIPA em mim!
TUdo é possível
LImite pra quê?
PArar não quero
TULIPA, te espero!
TUrgido ao ponto
LIxa a lagartixa
PAciência não tenho
TULIPA com empenho!
TUle de orvalho
LIcor do amor
PAraíso perdido
TULIPA querido!
TU, sejas folha, passarinho,
LIbelula ou borboleta,
PAra sempre, proclamo,
és TULIPA e te amo!
(TULIPA)
Há três tipos de mentira: as vis, voltadas para o mal; as necessárias, para não ofender; e as puras, de tanto se querer bem. E se as puras fizerem o mal? Bom mas as verdades não fazem também?
Não sei dançar,
Nem tão pouco você.
Cheia de medos,
Pisei nos teus dedos.
Impaciente comigo,
Me pôs de castigo!
Mas noutra dança
Somos par perfeito
Não mate a esperança
Dance comigo até o fim, amor
Pego meu barquinho
E parto pelo atalho
No talho do teu coração
Mas o porto está fechado
Bato, afundo e encalho,
No mar da solidão.
Canção de Amor-Vida
Não te peço perdão por te amar!
Se te amo, é porque te amo e pronto.
É um privilégio ser amado.
Não esquecerei nossos momentos,
Mas que sombra? Eu vivo na luz do sol!
A palidez não me cai bem neném.
Cadê a doçura? Tem doçura e amargura.
Mas sossego, não tem não.
Sou mulher furacão.
Amiga e inimiga.
Faço bem e o mal também.
Isso é a vida!
O paraíso com certeza não é aqui.
Mas aqui é boooooom!
A canção é nossa sim!
Vou ouvir e chorar muitas vezes.
Mas vou rir depois. Rir porque vivemos.
Não foi bom? Sim sofremos.
Mas isso, confessa, deixa tudo ainda melhor.
Sem dor não se valoriza o prazer.
E não se faz poesia.
Te deixo aqui as promessas,
Cumpridas e quebradas.
As lágrimas de saudade
De dor e de paixão.
Te deixo a recordação.
Mas o coração é meu!
E levo inteiro!
Sem fatalidade!
A nossa canção é assim.
Guarujá, 19/06/2011
Inspirada na poesia do Grande Vinícius de Moraes - Ternura
Sinta ELA
Na aquarELA
Que cinzELA
Prenda ELA
Numa cELA
E congELA
Ponha nELA
Sua vELA
E desmanELA
Siga nELA
Sem cautELA
E pincELA
Dê a ELA
Muita trELA
SentinELA
Vai com ELA
Na lapELA
E nivELA
(aquarELA)
As tuas flores
Parecem se mover
Pra mim.
Estes teus pendores
Me fazem esquecer
Do fim.
Serão teus rancores
Tão encantadores
Assim?
Sentimentos traidores,
Tão namoradores
Enfim!
(Sentimentos traidores)
A pista agora está vazia,
Mas ainda reflete os nossos passos,
A luz vermelha, eu em teus braços.
De lembrar o corpo todo se arrepia.
A pista amor, já está vazia,
Mas ainda sinto o ritmo do tango.
A cabeça gira, gira e rodopia,
Lembro de ti, sorrio e não me zango.
Sim, a pista agora está vazia
Mas o prazer, a loucura, a alegria,
Fizeram valer, enfim,
O tango que hoje, reflete assim.
(Dancei o Tango)
- Ei! Pare Garoto
Olhe para mim.
- Oi! Diga Menina,
Que queres enfim?
- Tua dor é mina
É carente, amofina ...
Eu sinto, é ruim!
- Mulher! Não fales assim,
Que essa dor contamina,
Qual choro d'Arlequim.
- Então te esquece,
Me esqueço também.
Leva meu sorriso,
Me deixa o teu.
Então cicatrizo,
E sigo mais eu.
- Levo teus olhos,
Que falam de amor,
Não parto sozinho.
Te deixo desfolhos,
De inocente louvor,
De puro carinho.
(Amigos da Solidão)
Na volta das idas e vindas,
Na pista despida e partida,
Revoltam as reviravoltas da vida.
Envolta em pistas perdidas,
Volta ao ponto de partida.
De volta, de alma despida.