Li Azevedo
Horário de verão é igual ex vitalício. O relacionamento termina, mas a gente já fica apreensiva porque ano que vem sabe que vai voltar!
Então maio, seja muito bem vindo! E já que és meu mês, só quero te pedir um presente: afaste da minha vida tudo o que é “maiomenos”.
Só isso!
Dia da primeira consulta marcada em uma clínica psiquiátrica na cidade de Goiânia/Goiás. O paciente, meu tio Mário, que, embora aparentasse uma pessoa lúcida e inteligente, frequentemente passava por graves crises esquizofrênicas e distúrbios mentais que já lhe acarretara até mesmo riscos à sua integridade física.
No consultório da Dra. Michelle, minha tia Marta, acompanhante do paciente, ouvia, atônita, a conclusão da psiquiatra.
- Seu irmão não apresenta qualquer disfunção ou distúrbio mental. É uma pessoa definitivamente normal. Mais normal até mesmo que muitos de nós. Não há necessidade para nenhuma medicação.
Sem argumentos para contestar a conclusão médica, minha tia decidiu procurar um outro psiquiatra. Quando saíam do consultório, a Dra. Michelle quis saber o que acontecera ao olho direito do meu tio, que perdera a visão em um acidente quando ainda era criança.
- Foi um policial da ROTAM que furou – respondeu ele, fazendo gestos com as mãos enquanto explicava o acontecido. – A gente estava brincando com espetinhos, sabe, Dra., espetinhos? E ele furou meu olho! – concluiu, para o espanto da psiquiatra, que reviu sua posição anterior, e prescreveu-lhe alguns medicamentos controlados.
Chegando em casa, perguntei-lhe porque inventara aquela história para a psiquiatra.
- Ora, o meu olho não foi atingido por um espeto enquanto eu brincava com o João? Pois é, hoje ele não é um policial da ROTAM? Então, eu não disse nenhuma mentira. Foi um policial da ROTAM que furou meu olho com um espetinho! Ela não me perguntou quando isso aconteceu!
Não consegui conter a risada. O meu tio era mesmo mais normal e inteligente que muitos de nós. Se ela tivesse conversado um pouco mais com ele, correria o risco de concluir que o louco ali realmente não era ele...
Acho que eu estava com mais ou menos três anos de idade. Certo dia, aproximei-me da minha mãe aos prantos.
- O que foi? – perguntou-me ela, preocupada.
- Pi-mi-ga, mamãe! – respondi, mostrando o vermelho que a cabeçuda tinha me deixado na perna.
- A mamãe vai bater na formiga! Ora, formiga boba! Machucando meu bebê!
- Não pi-ci-sa! Eu já arranquei as zoleia dela! – surpreendi minha mãe, trazendo nas mãos a cabeça da formiga, que eu confundira com suas orelhas!
Domingo, hora do almoço. Época em que os clientes eram surpreendidos por televendas até mesmo nas horas mais impróprias! Em busca do alcance das metas, lá fui eu, incomodar um baiano com um plano “melhor” para ligações interurbanas.
- Boa tarde, senhor! Meu nome é fulana de tal, sou da empresa tal, e gostaria da falar com o proprietário dessa linha, por favor!
- O proprietário dessa linha sou eu, mas agora estou comendo e peidando deitado na minha rede e a senhora está me incomodando! Tem mesmo certeza que vai me atrapalhar em um momento tão especial?
- Desculpe-me, senhor! Voltarei a ligar em momento mais oportuno – respondi, sentindo o cheiro do acontecido a atravessar o fio do telefone!
Pois é. Dessa vez eu fiz tudo certo. Aliás, só eu mesma para pensar que algum dia tinha feito alguma coisa errada. Que tinha falado na hora errada. Que tinha chorado na hora errada. Que tinha gritado na hora errada. Dessa vez eu esperei. Esperei uma noite inteira. Esperei um dia inteiro. Fiquei aqui, remoendo, pensando, imaginando, reformulando e esperando o momento certo para desabafar. E mesmo com todos os inúmeros cuidados tomados, eu percebi que nossos desfechos serão, independentemente de qualquer atitude, ação ou reação, sempre medíocres.
Cerveja geralmente nos liga ao passado. Quantas tenho que beber para saber o que fui em outras reencarnações?
Eu reavaliei o seu amor, e a partir de agora você terá de mim o preço justo por ele. Nem mais, nem menos, porque no amor eu aceito trocas, não trocos!
Ela tem umas maneiras bem peculiares de curar a raiva. Pode te sair um pouco caro, mas se você quiser pagar o preço, ela vai sempre te aceitar de volta. Depois de implementar as tais maneiras peculiares...
Quer conhecer “a pessoa certa”?
Faça um roteiro para uma viagem de médio a longo prazo, compre as passagens, reserve os hotéis, e faça as malas.
A “pessoa certa” aparecerá três dias antes do seu embarque.