Jaci Parvati

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⁠Evolução

A leveza do ser,
O amor fluir,
Sem poder,
Só sentir.

Às horas passam
Os raios de sol ultrapassam
A neblina do caminho,
A luz amplia-se
A visão desembaraça.
A paisagem clarifica.
Clara, limpa,
Sem nuvens.

Emoções fundem-se
Sentimentos criam raízes,
E o amor germina,
Transforma,
Une,
Amplifica
E vive.
Simplesmente vive.

⁠Sentir...

Palavras,
Símbolos, sinais,
Que não nos traduzem.
São necessárias, às vezes.
Outras vezes, confundem.

Instantes,
Que o silêncio,
Diz mais que palavras.

Sentir, sentir, sentir...
Cavalga as entranhas,
Perfura a pele,
Na roda,
Atinge o alvo,
Explode,
Esboroa o ar,
Chafariz em ouro,
Pepitas,
Caem,
Iluminam.

Sentir, sentir, sentir...
A vida nasce,
Cada instante.

⁠As palavras

Negas-me as palavras,
Desejadas,
Cantadas com todos os instrumentos.
Uma sinfonia,
Ouvidas à distância,
Mas tão perto,
Tão dentro do teu olhar:
-E negas-me.
Sinto-as,
Penetro
Teu olhar,
Abro janelas.
Elas estão lá…
Escondidas, mas presentes,
Vivas, incandescentes.
E nelas sigo acreditando
Em Você.

⁠Desorientada...

Ligo,
Desligo.
Volto,
Ouço a voz:
- palavras?
Não ouço o som.
Os pensamentos, só sentidos,
Desintegro-me.
Eu me perco as formas.
Evoluo,
Navego em essência.

Asas invisíveis
Nascem
Transportam-me,
E o prazer,
em nebulosas espirais,
E vagueio;
Em mundos espirituais,
obscuros,
desejados.
Cada porta aberta
Centalha a alma.
Desnorteio.
Eu me perco no seu cheiro.

Instantes ínfimos,
no retorno,
ouço a voz.
Pergunto: - O que dizes?

⁠Verdade!
Fugimos,
Escondemos.
Mas naquele momento único,
Vivido intensamente,
Ela aparece, na emoção,
Sem razão, sem pensamentos:
- Nua e crua.
Numa fração de segundos,
Desmorono,
No mesmo instante,
Edifico, forte como uma rocha.
Cresço tal junco;
Flexível, maleável,
a qualquer tempestade.
Sempre passa,
Passa, e ficas.
Abre o olhar,
Aquele que vem do fundo.
Vê os dedos do sol
Apontando no cume
do monte.
E a luz,
Resplandece
E a vida germina.
Sempre germina,
Quando há vontade.

⁠Resistência

Naufraguei,
Numa ilha perdida,
Isolada, mas esplêndida.
Com todas as belezas:
Paisagem, felicidade e a paz.
Por que me olho?
Por que me sinto?
Por que descer os degraus
Para o inferno,
Se o céu está tão perto?
Por que atiro-me
Em águas profundas,
Se mal sei nadar?

E o barco no horizonte,
Brilha, reluz, te atrai.
Acredito nessa ilusão,
gasto minha energia,
em fortes braçadas.
Um vento suave,
E o barco numa dança ritmada,
Na ondulação das ondas,
Foge para outros horizontes.
Desolada, exausta,
De tanto nadar,
Rodo o corpo,
Respiro fundo,
Encho os pulmões de ar,
E boiando, retorno a praia.
Mas a esperança continua lá,
Dia sim, dia não,
tua resistência te joga ao mar.

⁠Não deixe-me.

Não deixe-me!
Segure na minha mão,
Minha boca está seca,
Meus olhos salgados,
Meu pensamento te procura,
Na escuridão da noite melancólica.
A lembrança dentada,
Alavanca a engrenagem,
E o coração bate por ti,
Só por ti.

O estrondo das batidas,
Como um bumbo,
Ensurdece os ouvidos,
Rasga a pele.
Tua imagem duplica,
Multiplica, exponencia.
Refletor mágico,
Transporta lembranças,
Em presenças.
Quase posso tocá-lo,
Tão intenso se encontra
Dentro de mim.
É toda presença
Que necessito para existir.
Meu chão, minha terra,
Meu Sol.

⁠365...
São dias
que fecham um circuito,
de energia.
Um círculo,
De amizades.
Uma roda,
de emoções.
Uma clareira,
de sentimentos:
entram e saem,
Dançam, brincam, gozam,
Amam, choram e rodam.
Nesse círculo de amizades,
Amores, paixões,
Muita energia se gasta
Nesse circuito de emoções.
É a vida!

⁠Os nós.

Os nós que nos atam
São os mesmo que nos separam.
O tempo passa e
Enredamos nos próprios nós,
Que nos sufocam,
Apertam,
ao redor de nós mesmos.
Cada nós desfeito,
Laça-se do outro lado.
Nas curvas dos tortos laços,
nos perdemos.
O tempo, nem o tempo a favor,
Somente o vento,
que a vontade trás,
Sem nós a dar,
Andar o caminho
sem olhar para trás.

⁠365...
Dias fechando:
Um circuito, de energia;
Um círculo, de amizades;
Uma roda, de emoções;
Uma clareira, de sentimentos:
dançam, brincam, gozam,
amam, choram e rodam.
Nesse círculo,
as amizades, os amores, e paixões,
muita energia se gasta.
Nesse circuito de emoções.
A vida é vivida.

Nesse momento, agora.
Sem passos atrás,
Nem passos a frente.
Só essa fração mínima de segundos,
Que movimenta o corpo, e os pensamentos.
Nesse golpe de ar
Que entra e sai,
Que o mistério acontece:
Viver...

⁠Instante

Abro os braços,
Enlaço o mar,
As ondas borbulhantes,
Envolve-me.
Gozamos.
Instante eterno.

⁠Esperança

Onde foi que nos perdemos?
Nos labirintos dos desassossegos?
Nos fantasmas que nos assolam?
No que foi, com seu peso,
Nós desviou da trilha,
E seguimos caminhos paralelos,
Mas tão perto que as linhas
Muitas vezes se cruzam,
Se tocam, se unem.
A força dos demônios
Que nos perseguem,
Sempre nos afastando.
O universo com seus mistérios,
Como uma imã, nos atrai.
Junta-nos, e recompõe os pedaços perdidos.
E seguimos entre encontros e desencontros.
A esperança sempre a espreitar,
Às vezes lágrimas teimam lavar a alma,
Outras vezes sorrisos nutrem os dias.
Mas o amor está lá, não desiste.
Quem sabe o que será?
Amanhã, quem sabe?

⁠Sentido

Sinto,
e estou sentindo;
Uma escalada num pico,
O sentimento projetado,
às vezes não ultrapassa a montanha.
Retorna a origem,
Não transforma.
Não chega a destino nenhum.
Iludida que estou, acredito que sim.
Mas a verdade se confirma ao toque,
Não existe sentimento.
Os sentidos são nossos aliados,
Na percepção da verdade.
A avalanche que desce pela montanha,
Indestrutível, só trás desejos,
vontades e prazer.
Atinge o destino, goza,
Impreterível,
Mas não transforma.
O amor inevitável,
No silêncio aceita tudo, tudo que vem,
Sem questionar, sem exigir.
É contemplativo!
Só sente,
Verdade,
Sente muito.

⁠Sofrimento

Quando tudo para.
Ouço o som do ar
Entra e sai:
O respirar.
Ė acutilante,
Sufocante,
Dilacerante.
Rasga o peito;
Ferida exposta.
A dor vaza o corpo,
das formas,
Fica um líquido espesso,
Escorrendo entre as pedras,
A procura de um leito.

⁠Sou só tua
Como o sol no alvorecer
Sou só tua
Como a lua no anoitecer
Sou só
Como as lágrimas e os risos
Sou
Só com você
Sou.

⁠reticências...

Os castelos de areia desmoronam.
O olhar constante e atento observa.
Os grãos de areia perderem-se na praia.
Rejubila-se.
Afinal, a água continua água,
E a areia também,
Mas os sonhos se foram,
E a vida continua...

⁠Aquela árvore, no cimo do monte,
Sinto um leve vento balançar
suas folhas,
Dos galhos mais altos e finos.
Como uma simples sinfonia,
Ouço o som do vento.
Ela firme, segura pelas fortes raízes,
Deixa-se dança...
Passa-se, e tudo permanece,
A mesma paisagem,
Só a poeira das folhas
Se deixaram levar pelo vento.

⁠ A verdade


O silêncio instala-se
A alma nasce
Um raio de luz
Acende o caminho,
Um passo a frente,
Outro pra traz
E o sonho desfez-se
Não há flores, nem músicas
A imagem da verdade
Traça dois caminhos
Um para direita,
Outro para a esquerda.
As retas seguem ao infinito
Sem chance de se encontrarem .
Escurece,
E o silêncio perpétua
à noite escura

⁠Ilusão

Olha o mar
E o vê
Tal qual o céu
No mesmo tom
Fecha os olhos,
Sente.
Abre o olhar
E só vê o céu.
Onde está o mar?
Desfez-se.
Era só pensamento.
E a lágrima completa
A paisagem do céu azul

⁠Escrevo,
senão as palavras me sufocam,
quando pensamentos ferem,
Ao fixadas em qualquer coisa.
Transfiro a responsabilidade
do significado ao objeto,
e respiro aliviada.
Como se tirasse a dor do peito
Com a mão.
É de enlouquecer essa pressão que sinto e traduz-me em nada.
Como uma folha morta em decomposição.
Salvo-me ao livrar-me das palavras,
Escritas como bálsamo da cura.


A dor não termina
Todo sentimento vira pó
O suspiro busca a razão
E o coração sofrendo
Se faz ouvir
Comanda o corpo
E o pensamento.
Horas, dias passam
A paisagem cinza
Preenche os dias
Nada tem cor, som
E prazer.
Os passos seguem automáticos,
Sem destino.
Respira, chega a superfície,
Mas são instantes,
Só segundos, e volta às profundas
Águas.
E nesta morada só tu estás.
Tudo o que foi, o que pensou que foi. Teus desejos de ser, e a certeza do nada, o que restou.
Somente o que restou.
O vento passa, e os dias seguem
Sem tu, sem tu.

⁠Final


Tudo surgiu de repente.
Aquele aperto no peito,
Angústia, prazer, tristeza, amor...
Eram muitas emoções, sentimentos que se cruzavam,
Aconteciam com a força de uma tempestade.
Entre ressacas, e belos nascer de sóis, restou um corpo, estendido na praia, uma carcaça, sem vida...
Mas de repente uma brisa leve soprou, e a paisagem se compôs.
O silêncio se fez, e clarificou.
Como diz o poeta: a luz no fim do túnel.
O pulso voltou, a respiração lenta,
Mas com rítmo, com vontade, decidida a superar os obstáculos.
Caiu da cama?
Magoou-se?
Não, acordaste.
Acabaram-se as esperas,
o tempo perdido, este ruge.
A vida é movimento, ação, decisão, se não às tem, tenho eu
desculpe-me amigo,
mas fui!
Adoos hombre!
Até lá vista!

⁠Sonhei!
Sonhei um amor desejado,
Aspirado sofregamente.
Tudo se compunha.
O cheiro, o toque,
A música e o poema.
Cada melodia, era o amor.
Batia forte em cada nota,
Mas dentro do peito,
Somente no meu peito.
Quando o tempo, e o vento
Trouxe essa realidade,
Tudo se compôs.
Encharquei-me de lembranças
E continuei a sonhar.

⁠ A rota


Naveguei mar a dentro
E perdi-me.
Não me deste o mapa
E sem rumo mergulhei.
Tempestades ofuscaram
A visão do horizonte
E o infinito se multiplicou
Traduzindo em focos de luzes
Que brilham intensamente,
Mudando constantemente
A rota prevista.
Nessa nuance de cores
A vida se faz.

⁠O Nome

Teu nome
Visto ao longe
Acende o pensamento
Humedece o olhar
Uma lágrima cai
Tristeza? Não.
Alegria, sim.
Um filme de emoções roda.
A perda é um ganho.
Pedaços que se perdem
Numa praia deserta,
Se unem num corpo,
A partir de...
Grafado, fixado no coração,
E a cada momento pulsa,
Acende o pensamento,
Humedece o olhar...