Jaci Parvati
O vôo da ave no infinito azul do céu
Desperta-me.
Esperança do encontro tão desejado,
rouba meus pensamentos.
A loucura acompanha-os.
Sofregamente desço campos, pelos montes, pelos caminhos e rios a procura do desejado.
Perdida em mim mesma, sem razão, só emoção.
O destino aparece a minha vista
E lá não encontro ninguém.
Só a razão a sacolear o riso a me espreitar.
Os sonhos se dissolveram como as folhas mortas do outono.
Integram-se a terra
abraçados, acalentados.
A brisa do amanhecer se desfez surgindo entre as árvores a luz que aos poucos acompanha o vôo da ave.
O relógio corre,
A vida passa,
A primavera começa a surgir
Ao meu redor
Tudo nasce, floresce, brilha.
As flores exalam seus perfumes,
Os pássaros fazem seus ninhos,
Cantam com sua melodia
Envolvente e bela.
As árvores são vestidas
Com seus mantos verdes,
Em tons degradê,
Embelezando os montes
E florestas.
Tudo, tudo é belo..
Em vista de tanta
Beleza, meu coração
Transborda...
Fecho meus olhos
Entro em mim
Encontro você,
Lá dentro de mim
Florindo, aromatizando,
Pintando, em fim
Enfeitando meu coração.
Pois sou eu, quando
Você está aqui comigo.
Dentro de mim
E assim vou seguindo
Pela minha vida
Cheia de amor
Para dar
O sol surge na montanha
Um raio de luz me atravessa a alma.
Minha alma se oferece nua aos olhos do sol.
O céu está limpo; tranquilo como a luz.
Derrama-se por si todos os sóis, todos os silêncios e todos os desejos.
Rica e cheia, transborda.
Cerrada e oprimida pela sua própria felicidade, reprime-se
pela espera.
Vagueia em busca de uma alma maior, mais compreensiva e mais ampla.
Onde está a busca?
Violada em teus sentimentos, no passado ou no futuro?
Então, o amor que pinta sobre os horizontes terrestres sedutores, perspectivas e róseas felicidades..
A sombra da montanha que se inclina para o vale se dissipa, e que os novos ventos das alturas desçam para as planícies.
Leva consigo os pensamentos turbulentos, e ensina à alma a arte de convencer até às próprias razões.
Assim o sol persuade o mar a subir até a sua altura, limpar seu coração.
Renasça, tal as flores, toda manhã, a um raio de sol.
Imaginação
O tempo passa
Os dias pulam
As horas dançam,
E você chegou!
Iluminado pelo meu olhar,
Pelo meu sentir
És um deus,
Cheio de graça.
Cabelos são fios de ouro
Reluzindo sobre a fronte.
Com os olhos cabisbaixos,
Em busca de infinitos
A boca lânguida,
Sedenta de bocas .
No peito o coração
Bate em ritmos
Frenético,
pronto para a dança.
Os braços gesticulam
Abrindo caminhos
Para o impossível .
As mãos tateiam
As formas do ser
Na poeira da estrada.
As pernas correm
Nos labirintos
Dos sonhos
Somente lá, em nenhum
Outro lugar
Acontece a magia
Tudo resplandece.
E o amor nasce
Com volúpia, intenso
E eterno.
Céu azul infinito
Toda essa luz
Essa magnitude
Traz os pensamentos
A superfície, expostos, impotentes,
A transbordar...
A primavera, as flores,
Os pássaros, as cores, os sons,
A música, a vida, a beleza em si.
Tudo, tudo isso, tudo.
Faz nosso coração
pulsar na boca,
Sacudir nossos nervos,
Ruir nossos ossos,
E os sonhos ficam
a um olhar,
Até poder tocá-los.
Tão real ao fundo de mim.
Abre-se as janelas,
a um olhar,
e as nuvens aparecem,
no céu.
Ofuscam os sentimentos,
só restam as coisas,
E as saudades!
O tempo corre
Não temos tanto tempo assim...
O mundo gira
Não temos tanto mundo assim...
O amor se perde
Não temos tanto amor assim...
Os sonhos vão
Não temos tantos sonhos assim...
A alma chora
Não temos tanta alma assim...
A vida pulsa
A descoberta.....
"Depois da tempestade, vem a calmaria."
Sinto-me leve,
Flutuando.
Os pensamentos mais organizados
A alma mais pura
O coração bate num ritmo normal
Enfim, consigo respirar.
Ela trouxe uma mudança profunda
Levou embora os desassossegos:
As angústias, as expectativas, enfim
Todo o sofrimento que estava me deixando cega.
Agora posso ver uma pequena luz
Que passa através de uma porta fechada.
Consigo sentir que o amor ficou aqui
Está olhando-me?
Rindo de mim?
Não, está feliz!
Agora o caminho vai ser seguido
Com luz.
Abrimos florestas,
Descemos montanhas,
Atravessamos rios,
Chegamos num campo:
Coberto de flores, 🦋, e pássaros.
Música!? Da melhor soa no tempo
A descoberta deixe-nos perplexos?
Uma sensação maravilhosa!
Vem de dentro,
E transborda,
Evapora pelos poros
E se perde no ar
Com uma fragrância própria
Que se chama amor.
O sol surge ao cume da montanha
Invade o céu com tanta luz, tanto brilho.
A lua até então dona do espaço, se esconde entre as nuvens.
É tocada profundamente
Pela presença do sol
Seu calor a invade
Todas suas formas sentem sua plenitude
Já não é só apenas uma lua solitária
Já são os dois juntos
Cada qual com
Suas virtudes, sua intensidade.
Uma atração tão intensa
Que nem o tempo, o vento consegue separar
Tufões, tsunamis, tempestades transformam
O céu e o mar,
Mas o sol e a lua são infinitamente intocáveis.
O mundo carece dessa união
Dessa relação de amor tão plena, tão mútua,
Entre ambos.
Para que a esperança da paz
Não fique apenas grafados nos finais
Dos livros de uma fábula
De Jean de La Fontaine.
Divã
Toc... Toc... Toc!
- Quem bate?
Sou Eu, seu ego.
Não me deixe enclausurado
Nos labirintos da sua alma,
Precisas de mim,
Vamos lá, abra a porta.
- Porque achas que vou deixá-lo sair?
Não pode viver está vida tão perfeita, tão certa, tão transparente, tão feliz, tão cheia de amor?
Precisas dos abismos, das angústia, das tristezas, do desespero, e da dor.
Só teu Ego pode proporcionar tudo, tudo isso, estas
procuras, dúvidas, desencontros, desencanto, infelicidade, vazios..
Vá lá! Deixe-me ver a luz do sol.
Prometo que vou me controlar, vou surgindo devagarinho, nem vais perceber, nem vais sentir, e tens minha companhia o tempo inteiro.
Somos dois em um, vamos conviver bem juntos.
Acredite!
Jaci Parvati
Amor inexplicável
O amor não envelhece
Toca o coração dos apaixonados
Se cadencia em marcha
E toda máquina acelera
O sangue irriga todas as células
A morbidade dos órgãos
É expulsa
Tudo transforma
Em energia criadora, inspiradora,
Transformadora.
Tudo ilumina-se,
Se completa.
A natureza toma cor
no silêncio ecoa sons
os vazios se preenchem
os abismos se compõem
as almas resplandecem
Se unem num elo
Inexplicável
Seguem seus caminhos
De mão dupla.
Na estrada do destino.
Uma pressão no peito,
pesa a intensidade
dos sentimentos.
Abro-me para a vida
Cheia de esperança
de encontrar alento
na tua alma.
Respiro teu ar.
Absorvo tua energia.
Nutro-me desse sentir.
Enlaço-me em ti,
busco a sensibilidade
dos amantes.
Encontro só assombros,
Solidão num vazio,
Num mergulhar profundo,
sem respostas.
Fico sem chão
Perco-me em desatinos.
Sigo o dia
Vivendo uma ilusão,
Sem fronteiras,
Sem limites,
Isentando a existência
Momentos eternos
Abrimos os braços
Enlaçamos a lua,
E as estrelas brilham
Gozam....
O instante eterno.
Por que pensamos tanto no sentir?
Simplesmente sentimos? Sem pensamentos?
Assim nos elevamos acima de nós.
Deixamos as emoções nos
Envolver sem questionar os porquês?
E os sentimentos dominam sem liderancas,
Simplesmente por existir.
Inércia
Momentos raros,
Mas a vida se faz da simples
razão de existir.
As flores, as árvores, os montes,
Existem.
A natureza oferece-nos o motivo...
Vagueamos em busca de essências...
São dois caminhos que se cruzam
E não se tocam.
Como os sonhos se perdem
Pelo dia em busca de abrigo.
Entre procuras e desencontros
A estrada segue torta,
Sem retas,
Desvendando segredos,
Escondidos na casa das palavras,
Mudas, balbuciadas
Só nos pensamentos.
Na inércia das horas
Mortas.
Momento íntimo
Paixão pungente
Incendeia o olhar
Chamas acendem
Corpos acesos,
Tocam-se,
Abrem portas,
Buscas ínfimas de prazer.
Os lábios percorrem as bocas
Sedes de beijos são saciados.
Os toques suaves dos dedos
Encontram os seios turgidos,
Ansiosos pela maciez da mão,
Que aconchega.
Perdida está a razão,
Nos labirintos das emoções.
Inicia a viagem em busca
de mundos perdidos no tempo.
Agora presente nesse momento.
Os movimentos aceleram
E o trem perde o rumo
da estrada,
que não tem mais volta .
Somente quando chega ao
Seu destino.
Tudo se torna claro,
Visível a olho nú,
E volta-se ao princípio.
Num movimento circular
De horas ganhadas e perdidas
Jaci Parvati
Acreditar!
É a força que alimenta
Os pensamentos.
É além de nós.
É viver os sonhos,
Com todos seus detalhes.
Cheiros evaporam
Envolvem a leve brisa
Que te absorve.
E unir o passado
E o futuro
No instante presente
Sem pretensões
É viver os sentimentos
Com intensidade
Em frações de segundos
E só isso vale mais
Que mil luas, mil estrelas,
É a poesia concentrada
Sem formas, sem palavras
Só essência.
Jaci Parvati
A verdade
Muitas verdades surgem
Com os pensamentos,
Mas só uma que encontra
O caminho da alma.
A verdade das virtudes,
Que transforma o pequeno
Em grande.
Encurta as estradas,
Harmoniza as relações,
Potencializa as paixões.
Quando encontra sua própria
Imagem reflectida no espelho
Da vida, e confirmam juntos
Essa verdade com toda intuição da certeza.
O universo se jubila e se
Expande em glórias.
Jaci Parvati
Enigma II
Caminho por entre as árvores,
Elas, e tudo que sinto ao lado,
Sinto-os como uma mãe,
Braços que acalentam,
Palavras que comovem,
Cheiros que envolvem,
Cores que iluminam,
Sons que harmonizam,
Tudo, tudo isso,
Até o pensar nisso.
O amor puro e simples,
Chegou e ficou.
É uma troca sem cobranças.
É um viver juntos,
Sem estar.
Mas quando um raio
De sol surge no cume
Da montanha,
Ambos são aquecidos
Pelo seu calor.
E o calor das emoções
Sentidas são o
Alimento das almas
Que vagam
Na solidão, sem destino.
.
a chama...
Uma pequena chama acende,
Conforme os ventos sopram
O fogo potencializa.
Em condições favoráveis,
E a cada segundo,
Basta;
Incontrolável ,
Imensurável ,
Arrebatador.
Propaga-se.
Certeiro.
Esse não destrói,
Constrói.
Evolam-se!
Vidas?!
É uma obsessão",
A luz que entra
Pela trincha da janela
Faz-me acordar
Meu corpo inerte,
A outra de mim
Está a se refestelar.
Contigo aos doces beijos
Na vida dos sonhos.
A distância dos meus passos
À janela faço-a
Acordar, por-se a pé também.
Espreito-a atentamente,
Sempre a sorrir,
Contas anedotas?
Fazes cócegas
Serpenteia-se toda,
Como uma lagartixa
Se aquecendo ao sol.
Muitas vezes, gargalhei-a
Apetece-me ser ela.
Ter alguém por quem sonhar
E feliz a todo tempo,
A toda hora.
Sem medos?
Sem angústias?
Sem limites?
Eu aqui seca, triste, sem cor.
O dia segue silencioso.
compartilha comigo
As verdades que criou,
Verdadeiramente imaginadas,
Mas por ser tão tola, aluada,
Acredita como reais.
Não me atrevo
A impingir minha realidade,
Sou triste, ela é contente.
E assim vamos as duas
Juntas, como irmãs siameses
Floresta adentro
Respirar a natureza.
Sentir o que tem de melhor
O existir por si só.
Sem erros.....
A leveza do ser.
A voar na imensidão
desse céu azul cristalizado
Sinto uma leve corrente de ar
Suspender-me,
Não sinto a asa crescer,
Só a leveza do ser.
Vagueando a favor das correntes
que serpenteiam
Ao meu redor.
nessa amplitude de mar e céu.
Lembranças de lábios,
Bocas se unindo
a grandeza de um
diamante lapidado.
Sacia fome de busca
Troca segredo,
Sem palavras.
Desvenda enigma
Sorve ânsia de desejo
Transforma perda em ganho
Procura em encontro
Dúvida em certeza
Erro em verdade
E paixão em amor.
Jaci Parvati
Utopia
Sinto desmanchar-me ao léu.
Fragmentos de mim
A procura do todo
Perdidos nos labirintos
do infinito céu,
Em busca de uma unção,
De uma benção divina.
Unir os pedaços,
reconstruir-me
Passo a passo,
A passos largos,
Restos que vão
Braços que se atiram
A frente, sem saber
O caminho a seguir
A tactear o indefinido
Sorvendo as conquistas
Esquecendo os fracassos
Caindo, levantando
Sempre em frente,
Sem olhar para os lados,
Para trás.
Nunca, para trás.
Reinventar-me.
Jaci Parvati
Metamorfose
Mergulho fundo no mar,
Sem medos,
Com o coração apertado,
Sobre pressão,
Da água e também dos sentimentos.
Surpreendo-me a encontrar,
Nessa imensidão de mar,
Vida!
Estática, flexível,
Rude, sensível,
Forte e fraca.
O ambiente influencia.
Vidas que renascem,
No fundo do mar.
Com novas cores,
Tons fosforescente,
A iluminar a trilha.
A beleza transcende a luz
E cada eclosão
Transforma o puro
Em pó.
Volta-se a superfície.
Voa uma nova borboleta,
Pelos campos a fora.
As estrelas.
Não tente entender-me, sinta-me.
Nem as estrelas conseguem definir-se.
Servem de musas aos poetas e pintores, de estudo aos astrónomos. Companhia a lua e outros astros.
Embeleza a paisagem dos apaixonados.
Ouvidos aos angustiados.
Esperança aos sofredores.
Existem, com toda a grandeza.
E iluminam à noite escura.
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Definição
Amor não se define, sente-se!
Sentir traduz-se:
Elevar-se,
Inspirar-se,
Iluminar-se,
No melhor caso….
E, perder-se,
Angustiar-se,
Entristecer-se
No pior caso….
Concluindo: Amar é superar-se
Em todos os teus sentidos.