ElcioJose
CONSTRUTOR DO AMOR
Sou o amor em cada pétala de flor
Sou o amor naquele que dá amor.
Sou o amor que traz a esperança,
Sou o amor no sorriso de uma criança.
Sou o amor no orvalho da manhã,
Sou o amor que enobrece a campeã.
Sou o amor na rima e na canção,
Sou o amor que dá luz ao coração.
Sou o amor nos poemas de verão,
Sou o amor na mão de quem dá o pão.
Sou o amor de Jesus anfitrião,
Sou o amor na igreja, no casebre e na mansão.
Sou o amor que caminha ao seu lado,
Sou o amor combatendo o pecado.
Sou o amor em cada refeição,
Sou o amor em toda ocasião.
Sou amor que abre a porta e a janela,
Sou o amor na cidade e na favela.
Sou o amor da bíblia e do alcorão,
Sou o amor em toda religião.
Sou o amor no verde da floresta,
Sou o amor nas noites de seresta.
Sou o amor no leito dos hospitais,
Sou o amor das pessoas especiais.
Sou o amor no mar a navegar,
Sou o amor no avião a decolar.
Sou o amor no plantio e na colheita,
Sou o amor até em quem não me aceita.
Sou o amor naquele que me procura,
Sou o amor na mão que cura.
Sou o amor em cada coração,
Sou o amor que traz a inspiração.
Sou o amor na busca do perdão,
Sou o amor no amor e na paixão,
Sou o amor da família e do irmão,
Sou o amor na razão e na emoção.
Sou o amor no lar dos idosos,
Sou o amor dos cuidadores generosos,
Sou a amor em cada decisão,
Sou o amor na oração e comunhão.
Sou o amor que pede proteção,
Sou o amor que pede união.
Sou o amor que pede compaixão,
Sou o amor que pede compreensão.
Sou o amor dos santos,
Sou o amor dos encantos.
Sou o amor dos sonhos,
Sou o amor dos risonhos.
Sou o amor da liberdade, igualdade e fraternidade,
Sou o amor da bondade e da caridade.
Sou o amor da justiça e da lealdade,
Sou o amor pra salvar a humanidade.
Sou o amor na rima do compositor,
Sou o amor na voz do cantor.
Sou o amor na oração do padre e do pastor,
EU SOU O CONSTRUTOR DO AMOR.
Élcio José Martins
Élcio José Martins
A INTERROGAÇÃO DA CURVA
O que tem depois da curva?
Pode ser o monstro que uiva,
Ou o santo que cuida.
É São Cristóvão que ajuda.
A interrogação persiste,
No medo que existe.
Não tem regra nem palpite,
E nem Lei que eu acredite.
O que tem de lá,
Não pode ser o que tem de cá.
De cá é o que conheço,
De lá virá o que mereço.
Rezo a reza, rezo o terço,
Vida longa que eu mereço.
Tempo de ida e recomeço,
Vejo a curva pelo avesso.
Interrogo o tempo,
Interrogo o maestro do tempo.
Perco a hora, perco o tempo,
Faço contas, quero mais tempo.
Curva leve a acentuada,
Com descida e encruzilhada.
Estrada da vida transitada,
Pelo amor e a intolerância malvada.
Pequenos automóveis na estrada,
Cruzam carretas desgovernadas.
Estradas esburacadas,
Ceifam vidas estruturadas.
Vem o medo e some o riso,
Irresponsabilidade sem juízo.
Na placa tem o aviso,
Seu freio é seu paraíso.
Mas na curva da ilusão,
Tem caminho e direção.
Afoga as mágoas da emoção,
Tem o amor que acelera o coração.
O câmbio que muda a idade,
Troca marchas de sonhos e saudades.
Quinta marcha dos Casebres de bondade,
Pede a ré os rincões da falsidade.
Mas tem a curva da fé,
Homens justos ficam de pé.
Foi Maria e foi José na manjedoura de sapé,
Que deu ao universo Jesus de Nazaré.
Élcio José Martins
Élcio José Martins
A MENTIRINHA BOA
Qual é o poder da mentirinha?
Ela é da sociedade, não é sua e nem é minha.
Ela está em todo meio,
Ninguém sabe de onde veio.
Umas são covardes e maldosas,
Outras, doces e amorosas.
Uma mata, outra cura,
Depende da cultura e da lisura.
A mentira é o contrário da fofoca,
A fofoca é verdade doente que estoca,
Faz doer, deixa encrenca pra valer,
Traz angústia, tristeza e padecer.
A verdade pode ser boa,
Mas pode não ser!
A verdade pode doer,
Mas às vezes tem que dizer.
Nem sempre a verdade é boa.
Ela pode doer muito. E à toa.
Esconder de algo insano,
É, com certeza, um ato humano.
O próprio relacionamento
É feito de mentiras e omissões.
As verdades são balas de canhões,
E as mentirinhas, balas de paixões.
Como estou? Você está linda!
Nossa! Fulano falou muito bem de você.
Mas aquela fulana tá chick hein!!!
Nem me fala! E aquele ...?
Assim é a vida.
Todos, de uma maneira ou de outra,
Escondem e se escondem,
Para que as amizades permaneçam...
A educação nada mais é do que adaptar-se.
Aprender truques e fazer meandros.
Tolerar e aceitar o outro como ele é,
Mesmo com a vontade de mandar para aquele lugar...
Contar até mil. Pensar, pensar e harmonizar,
Dizer palavras doces e meigas, amenizar.
Brigas jamais, apaziguar.
Um beijo na face para o encontro triunfar.
Existem as mentiras que trazem prejuízo,
São verdades ocultadas pelo medo do guizo.
Medo de como o outro agirá,
Melhor escondê-la porque já sabe o que virá.
Fuja das mentirinhas interesseiras,
São de pessoas delicadas, meigas e açucaradas,
Mas o interesse é uma rasteira,
São escoladas, treinadas e mascaradas.
Existem as mentiras que trazem prejuízo,
São verdades ocultadas pelo medo e juízo.
Medo de como o outro agirá,
Melhor escondê-la porque já sabe o que virá.
Se puder evitá-las, melhor será,
Se não puder evitá-las, seu coração que te dirá.
O importante é um coração contentar,
Ver um sorriso e uma face se alegrar.
Élcio José Martins
Élcio José Martins
A MENTIRINHA BOA
Qual é o poder da mentirinha?
Ela é da sociedade, não é sua e nem é minha.
Ela está em todo meio,
Ninguém sabe de onde veio.
Umas são covardes e maldosas,
Outras, doces e amorosas.
Uma mata, outra cura,
Depende da cultura e da lisura.
A mentira é o contrário da fofoca,
A fofoca é verdade doente que estoca,
Faz doer, deixa encrenca pra valer,
Traz angústia, tristeza e padecer.
A verdade pode ser boa,
Mas pode não ser!
A verdade pode doer,
Mas às vezes tem que dizer.
Nem sempre a verdade é boa.
Ela pode doer muito. E à toa.
Esconder de algo insano,
É, com certeza, um ato humano.
O próprio relacionamento
É feito de mentiras e omissões.
As verdades são balas de canhões,
E as mentirinhas, balas de paixões.
Como estou? Você está linda!
Nossa! Fulano falou muito bem de você.
Mas aquela fulana tá chick hein!!!
Nem me fala! E aquele ...?
Assim é a vida.
Todos, de uma maneira ou de outra,
Escondem e se escondem,
Para que as amizades permaneçam...
A educação nada mais é do que adaptar-se.
Aprender truques e fazer meandros.
Tolerar e aceitar o outro como ele é,
Mesmo com a vontade de mandar para aquele lugar...
Contar até mil. Pensar, pensar e harmonizar,
Dizer palavras doces e meigas, amenizar.
Brigas jamais, apaziguar.
Um beijo na face para o encontro triunfar.
Existem as mentiras que trazem prejuízo,
São verdades ocultadas pelo medo do guizo.
Medo de como o outro agirá,
Melhor escondê-la porque já sabe o que virá.
Fuja das mentirinhas interesseiras,
São de pessoas delicadas, meigas e açucaradas,
Mas o interesse é uma rasteira,
São escoladas, treinadas e mascaradas.
Existem as mentiras que trazem prejuízo,
São verdades ocultadas pelo medo e juízo.
Medo de como o outro agirá,
Melhor escondê-la porque já sabe o que virá.
Se puder evitá-las, melhor será,
Se não puder evitá-las, seu coração que te dirá.
O importante é um coração contentar,
Ver um sorriso e uma face se alegrar.
Élcio José Martins
Élcio José Martins
O DESCARTE DE UMA VIDA
Nasceu na fazenda Descarte.
Seus avós moraram lá.
Seus pais da Europa pra cá,
Sua esposa também se instalou lá.
Na lida do campo foi campeão,
Cultivou o alimento do patrão.
Café, cana, arroz, feijão,
Tudo teve seu amor e os calos de sua mão.
Madrugada, já estava na lida,
O orvalho molhava sua pele cuspida.
Suor e lágrimas vendidas,
Pra levar o pão à família construída.
O trabalho era pesado,
Anos e anos de um tempo apagado.
Por certo tempo ainda teve respaldo,
Valeu da força e seu suor sagrado.
Mas nem tudo é permanente,
Sol nascente e sol poente,
Sorriso sorridente,
E lágrimas descontentes.
Como um animal para o descarte,
Que o tempo apagou sem arte.
Na fileira para o abate,
Triste espera de quem o remate.
Aposentadoria de pobre,
Apesar do tempo nobre.
Vê na família o desamparo,
O máximo que pode é um três no baralho.
A demissão cortou na carne,
Perdeu a classe pelo desarme.
A tristeza nas linhas da idade,
Vê no retrovisor os rastros de maldade.
Élcio José Martins
Élcio José Martins
A INCENSATEZ DO NADA
A vida atribulada,
Meio atrapalhada,
Mesmo toda governada,
Fica algo pra outra jornada.
Pra tudo falta um fim,
Tiro de festim,
Lâmpada de Aladim,
Aspirante com espadim.
Tempero sem sal,
Ego do bem e de mal.
Escada em espiral,
Lapso temporal.
Cheiro de relva seca,
Cozinha sem receita,
Febre de maleita,
À espera da colheita.
Juízo sem juízo,
Lábios, boca e sorriso,
Jardins do paraíso,
Lágrimas de sobre aviso.
Busca de algo, será o quê?
Sem resposta, qual o porquê?
Mas tudo teima em querer,
Quer um novo caminho a percorrer.
Poeira levantada,
Berros da manada,
Camisa suada,
Pedras na calçada.
Porta estreita e selada,
Desvios de encruzilhadas,
Doutrinas empilhadas,
Vestes esfarrapadas.
Honestidades descarrilhadas,
Nádegas sem palmadas,
Cócegas de risadas,
Mandatários de privadas.
O brio sem brilho,
Egos afiados no esmerilho,
Dedos firmes no gatilho,
Pátria mãe perdeu seu filho.
Águas turvas da incerteza,
Contar notas com destreza,
Cueca perdeu nobreza,
Virou baú da esperteza.
Élcio José Martins
Élcio José Martins
O BOM ENCONTRO
O que seria um bom encontro,
No meio de tantos desencontros?
Tens que achar o eixo e o ponto,
De agregar tantos e tontos.
O bom encontro pede cautela,
Pede portas e janelas.
Pede cores em aquarelas,
Pede a leveza e a sapiência de Mandela.
O bom encontro é saboroso,
Tempero de um papo gostoso.
Gesto de homem generoso,
Gosto de sabor garboso.
O bom encontro é paciência,
Pede ao raivoso a sua ausência.
Pede decoro e decência,
Dispersa discursos verborrágicos sem eloquência.
O bom encontro nutre de grandeza,
Alimenta o amor na sobremesa.
Rega as flores de beleza,
Jorra fruídos, incensos de gentilezas.
O bom encontro não reclama,
É o esmero no vestir da Dama.
É o gentleman de ternura,
O cavalheiro da postura.
Para ter um bom encontro,
Exige-se estar pronto.
Afasta-te a taça do espanto,
Erga alto o troféu do doce encanto.
Se esta mal ou triste, fique em casa,
Mesmo que queime em brasa.
Treine a arte da conquista,
Faça de sua conduta o poder do alquimista.
Élcio José Martins
Élcio José Martins
UMA DOCE LEMBRANÇA
A história que vou contar,
Muitos, também vão se lembrar.
Casinha na roça e laranjas no pomar,
Sombras das mangueiras e noites de luar.
Piso de chão batido ou tijolo mal cozido,
Telhado de estrelas com fissuras de vidro.
São goles e goteiras de saudade,
Portas e janelas de humildade.
Lamparina ou lampião,
Davam luz na escuridão.
Na trempe do fogão cozinhava-se o feijão,
No fumeiro, o toucinho e a linguiça à altura da mão.
Na taipa do fogão aquecia-se do frio,
Causos eram contados, davam medo de arrepio.
Para o fogo não apagar era um grande desafio,
Lenha boa fazia brasa e queimava noite a fio.
A água era da bica,
Era saudável, era rica.
O colchão era de palha,
Não existiam grades e nem muralha.
Biscoito no forno era a sensação,
Dia de pamonha tinha muita emoção.
Porco no chiqueiro ficava bem grandão,
Carne não faltava, tinha em toda refeição.
Carne na lata a gordura conservava,
Quando matava porco era alegria da criançada.
Vitaminas eram naturais e saborosas,
Colhia-se do pomar as frutas mais gostosas.
As conversas eram sempre prazerosas,
Damas habilidosas eram muito prestimosas.
Na redondeza eram famosas,
Envergonhadas, disfarçavam, não davam prosas.
O paiol o milho lotava,
Os bois e os porcos, vovô tratava.
No moinho o milho era moído,
No pilão o fubá era batido.
O cavalo arreado era para a lida e a peleja,
A carroça e o carro de bois carregavam a riqueza.
A colheita era certeza,
Era o fruto do trabalho feito com destreza.
No monjolo a farinha era preparada,
No engenho a garapa era gerada.
Da garapa fazia-se o melado,
A rapadura temperava o café do povoado.
Das galinhas eu me lembro com saudade,
Hora do trato era alegria e felicidade.
O milho espalhado pelo terreiro,
Só faltava abrir o portão do galinheiro.
Lembro-me das modas de viola,
Reunia-se a vizinhança pra fazer a cantarola.
No sábado o bailinho levantava o pó e a poeira,
Era saudável, tinha respeito e não havia bebedeira.
Cobras, sapos e lagartos. Só não tinha iguana.
A palha de arroz servia como cabana.
O prazer era subir nas árvores para apanhar os frutos mais altos,
O guerreiro marchador gostava de dar seus saltos.
Cedo as vacas encostavam. Era hora da ordenha.
Bem cedo descobri o que é uma vaca prenha.
Até hoje ainda ouço o mugir,
É bom e é gostoso a lembrança emergir.
Saudade daquele tempo. Era duro e trabalhoso,
Com certeza não tem ninguém que não se ache orgulhoso.
Não tinha luxo, não tinha vaidade,
A viagem mais longe era compras na cidade.
Calça curta com suspensório,
Sapato preto com meia branca.
Era mais que necessário,
Pra criança mostrar sua panca.
Pés descalços com espinhos e bichos de pé,
Tinha festa todo ano com barraca de sapé.
Tinham doces, quitandas e salgados,
Só não podia faltar o bule de café,
Rezava-se se o terço, pois primeiro vinha à fé.
Procissão de ramos caminhava a pé.
Os ramos que para a casa levava,
Serviam pra amansar o ruído da chuva brava.
Manga com leite era veneno,
Assombração tinha terreno.
O respeito vinha apenas de um aceno,
A punição era severa pelo gesto obsceno.
Da infância levo a saudade,
Levo o amor, o afeto e a amizade.
Faltava o alfabeto, mas muita educação,
É da roça que se ergue o sustento da nação.
Mesmo com dificuldade o pai à escola encaminhou,
Queria ver seus filhos tudo aquilo que sonhou.
Com sacrifício criou os filhos para uma vida melhor,
A estrela foi mostrada por Gaspar, Baltasar e Belchior.
Hoje é só agradecimento,
Nada de tristeza, de lamento ou sentimento.
Cada um é um vencedor, pois mudou o tom da cor,
O sacrifício da família deu aos filhos o caminho e o amor.
As pedras no caminho serviram de degrau,
Os desvios da vida fizeram distanciar do mal.
Os meandros dos sonhos fizeram um novo recital,
Do sertão para a cidade e depois pra capital.
Fez doutores e senhores de respeito,
Deu escola, deu lição, muro de arrimo e parapeito.
Nosso dicionário não existia e palavra desrespeito,
Com orgulho e gratidão encho o riso e choro o peito.
É colheita do que se plantou outrora,
Tudo somou e nada ficou de fora.
O fruto de agora,
É a luta, é o trabalho, é a fé. É a mão de Nossa Senhora.
Élcio José Martins
Élcio José Martins
RASTRO DE SAUDADE
Como um raio, um rastro de saudade,
Relâmpagos de prisão e castidade,
Lua cheia de mocidade,
Estrelas coloridas pra contar a idade.
Caminhos distantes,
Amores de pedras e diamantes.
Frases dissonantes,
Crepúsculos nos beijos dos amantes.
Água límpida de beleza,
Alma de sutileza,
Postura de nobreza,
Um jardim de realeza.
Chuva de pétalas cadentes,
Olhar caliente de serpente,
O encantar sorrateiramente,
Um novo amor incipiente.
A estela brilha no céu escuro,
Olhar tênue e obscuro.
Roda a roda da vida,
Rósea, calma e atrevida.
Élcio José Martins
Élcio José Martins
NÃO QUERO ESQUCER
Não quero esquecer,
Nem um pedacinho seu.
Meu coração mereceu,
Todo o amor que um dia me deu.
Esse amor foi pra valer,
Dói na alma, faz doer.
Ficou saudade sem fim,
Vermelho sangue, cor de carmim.
O amor que tu me dera,
Foi cardápio que tempera.
Uma lista sem espera,
Foi o verde de primavera.
Foi o frio de arrepio,
O peão no rodopio,
O calor do sol a pino,
Fez-me homem e também menino.
A pureza de sua beleza,
Faz o riso com destreza.
Um olhar de sobremesa,
E o filosofar da natureza.
Quero toda em pedaço,
Na algema e no laço,
Na roupagem do cangaço,
No calor que faz o aço.
Seu calor ainda me queima,
Afogado na toleima.
O ardor da paixão deu um requeima,
Frustrou a razão pelo furor da teima.
Por que insiste coração malvado?
Tira de mim esse pecado!
Leva logo o bom recado,
Desse dilema desastrado.
Nesse poema rabiscado,
Chora um peito desfolhado.
Um verso de amor decorado,
De um grande amor desmoronado.
Élcio José Martins
Élcio José Martins
O SONHO NÃO PODE ACABAR
O templo edificado,
De luta e suor sagrado,
Extirpa nódoas do passado,
Do teatro representado.
A vida que descerra,
A bandeira branca na terra,
Corta o verde da serra,
De sangue vermelho encerra.
No teatro da ilusão,
Faz poesia o coração.
Encanto d’alma sem razão,
Do cárcere sem prisão.
Julga o júbilo ao avesso,
Sem nome e endereço.
Rasga seda de adereços,
Das vindas e recomeços.
A lua da madrugada,
Rítmica e desvairada,
De holofotes e camaradas,
Das fronteiras desarmadas.
Na construção do saber,
Reluz um amanhecer.
Anoitece no escurecer,
Vislumbra o conhecer.
Do pecado consumado,
Do delírio rebuscado,
Encanta a alma do famigerado,
Brinda o brado redobrado.
Chora o peito magoado,
Do sentimento esmagado.
Das promessas do passado,
Aspas fechadas do cérebro brindado.
Vem do sol a esperança,
Do seu brilho a confiança,
Do seu calor a temperança,
De sua beleza a perseverança.
Contrasta força e educação,
Dá namoro solução e precisão.
Enlace de poder e decisão,
Lua de mel pedem os filhos da nação.
Élcio José Martins
Élcio José Martins
EM BUSCA DA PAZ
Caminhei por caminhos certos,
Obscuros e incertos,
Fui água nos desertos,
Insensatez de espertos.
O tempo é a cura,
Ou a espera de bravura.
Semente de ternura,
De aventura e desventura.
O que busco ainda não sei,
O que achei por certo conquistei.
Acho que um dia amei,
Com firmes passos, não desanimei.
Ouço boleros de saudade,
Do tempo de mocidade,
À espera da idade,
Pra encontrar felicidade.
Cada encontro, um desencontro,
Preciso entender do ponto,
Pra não deixar sabor do espanto,
Suspiro calmo, ao ritmo do canto.
O que tem atrás da curva,
Espero parreira e uva.
A mão que pede a luva,
Ara a terra e espera a chuva.
O peito tá apertado,
Da dor do corpo atropelado.
Delírios de sonhos manchados,
Desejo louco do sonho sonhado.
Ao som romântico, um recital,
De Juan Gabriel e Rocio Durcal,
Afaga a alma e adormece o mal,
Da dor que chora o emocional.
Até quando! Até Quando!
Sem rumo e sem mando,
Destempera a alça do comando,
A solidão na multidão, uma luz se apagando.
O tempo passou,
Nas alegrias por vezes trafegou,
Das fatias fatiadas, pedaço ficou.
No quarto escuro a alma chorou.
Nas desventuras da vida,
Pede-se uma nova partida,
De coragem atrevida,
Conquistar a paz distraída.
Não sei se é agrado ou desagrado,
Não sei se é leve o peso do fardo,
Que por tantas vezes carregado,
Fez escaras no coração magoado.
Chorar por dentro é água represada,
É a mentira da alegria deslavada.
A busca da conquista conquistada,
Das muitas portas abertas, uma delas está fechada.
No entardecer da vida,
Ainda há tempo e sobrevida.
A hora pede compreensão e decisão,
Mudar de vez pode agradar o coração.
O respeito não pode faltar,
É o espelho e o espelhar,
É amigo do olhar,
É o sabor que enfeita o paladar.
Reclamar de tudo,
É aparar barba de barbudo.
A mesma cara do carrancudo,
Fere aos poucos. É pedrada sem escudo.
Choro por dentro,
Choro de dentro.
Quero o alento,
Por mais um pouco não aguento.
Quero a paz no medo,
Quero o amor e o aconchego.
Subo aos céus e peço arrego,
Dê-me a paz, o caminho e o sossego.
Livre-me dos apegos do passado,
Livre-me das promessas, o pecado.
Anjos meus tragam um recado,
Escrito bem grande como AMAR E SER AMADO.
Élcio José Martins
Élcio José Martins
EM BUSCA DA PAZ
Caminhei por caminhos certos,
Obscuros e incertos,
Fui água nos desertos,
Insensatez de espertos.
O tempo é a cura,
Ou a espera de bravura.
Semente de ternura,
De aventura e desventura.
O que busco ainda não sei,
O que achei por certo conquistei.
Acho que um dia amei,
Com firmes passos, não desanimei.
Ouço boleros de saudade,
Do tempo de mocidade,
À espera da idade,
Pra encontrar felicidade.
Cada encontro, um desencontro,
Preciso entender do ponto,
Pra não deixar sabor do espanto,
Suspiro calmo, ao ritmo do canto.
O que tem atrás da curva,
Espero parreira e uva.
A mão que pede a luva,
Ara a terra e espera a chuva.
O peito tá apertado,
Da dor do corpo atropelado.
Delírios de sonhos manchados,
Desejo louco do sonho sonhado.
Ao som romântico, um recital,
De Juan Gabriel e Rocio Durcal,
Afaga a alma e adormece o mal,
Da dor que chora o emocional.
Até quando! Até Quando!
Sem rumo e sem mando,
Destempera a alça do comando,
A solidão na multidão, uma luz se apagando.
O tempo passou,
Nas alegrias por vezes trafegou,
Das fatias fatiadas, pedaço ficou.
No quarto escuro a alma chorou.
Nas desventuras da vida,
Pede-se uma nova partida,
De coragem atrevida,
Conquistar a paz distraída.
Não sei se é agrado ou desagrado,
Não sei se é leve o peso do fardo,
Que por tantas vezes carregado,
Fez escaras no coração magoado.
Chorar por dentro é água represada,
É a mentira da alegria deslavada.
A busca da conquista conquistada,
Das muitas portas abertas, uma delas está fechada.
No entardecer da vida,
Ainda há tempo e sobrevida.
A hora pede compreensão e decisão,
Mudar de vez pode agradar o coração.
O respeito não pode faltar,
É o espelho e o espelhar,
É amigo do olhar,
É o sabor que enfeita o paladar.
Reclamar de tudo,
É aparar barba de barbudo.
A mesma cara do carrancudo,
Fere aos poucos. É pedrada sem escudo.
Choro por dentro,
Choro de dentro.
Quero o alento,
Por mais um pouco não aguento.
Quero a paz no medo,
Quero o amor e o aconchego.
Subo aos céus e peço arrego,
Dê-me a paz, o caminho e o sossego.
Livre-me dos apegos do passado,
Livre-me das promessas, o pecado.
Anjos meus tragam um recado,
Escrito bem grande como AMAR E SER AMADO.
Élcio José Martins
Élcio José Martins
O TEMPLO DO TEMPO
O templo edificado,
De luta e suor sagrado,
Extirpa nódoas do passado,
Do teatro representado.
A vida que descerra,
A bandeira branca na terra,
Corta o verde da serra,
De sangue vermelho encerra.
No teatro da ilusão,
Faz poesia o coração.
Encanto d’alma sem razão,
Do cárcere sem prisão.
Julga o júbilo ao avesso,
Sem nome e endereço.
Rasga seda de adereços,
Das vindas e recomeços.
A lua da madrugada,
Rítmica e desvairada,
De holofotes e camaradas,
Das fronteiras desarmadas.
Na construção do saber,
Reluz um amanhecer.
Anoitece no escurecer,
Vislumbra o conhecer.
Do pecado consumado,
Do delírio rebuscado,
Encanta a alma do famigerado,
Brinda o brado redobrado.
Chora o peito magoado,
Do sentimento esmagado.
Das promessas do passado,
Aspas fechadas do cérebro brindado.
Vem do sol a esperança,
Do seu brilho a confiança,
Do seu calor a temperança,
De sua beleza a perseverança.
Contrasta força e educação,
Dá namoro solução e precisão.
Enlace de poder e decisão,
Lua de mel pedem os filhos da nação.
Élcio José Martins
Élcio José Martins
LIBERDADE! LIBERDADE! LIBERDADE!
Quero uma
Quero a Liberdade de escolha,
Quero a escolha da liberdade.
Não quero a régua da obrigatoriedade,
Por aqueles que se dizem os donos da verdade.
Quero que me ensinem a ler,
Mas nunca o que devo ler.
Quero que me ensine ser,
Mas nunca me dizer o que fazer.
Quero sapatos com laços,
Sempre andar com meus passos.
Na escola quero conhecimento,
Ideologia cabe ao meu discernimento.
Quero livros que separem o bem do mal,
Acender vela com a proteção do castiçal.
Aprender bem a lição,
Comer meu pão com o poder da minha mão.
Poder comprar e produzir,
E ter coragem pra fazer.
Ter saúde pra comer,
Sempre ter por merecer.
Não quero troca de favores interesseiros,
No bonde da história, viajantes e passageiros.
Andar no vagão de preferência,
Ser educado e a Deus pedir licença.
Respeitar hierarquias,
Abominar deboches e anarquias.
Leis que protegem o coletivo,
Rechaçar o poder mais abusivo.
Que o País vire Nação,
Acabe com o poder da corrupção.
Prenda os larápios de ocasião,
Elimine o político enganação.
Liberdade quero como vizinha,
Como o cardápio do chef de cozinha.
Faces rubras e felizes,
Erros apenas por deslizes.
Chico disse que amanhã vai ser outro dia,
No verso codificado escondeu o que pretendia.
Quem manda quer o direito da partilha,
Fechou em submarino e lacrou a escotilha.
Aprender falar,
Mas não o que falar.
Aprender andar,
Mas não pra que lado andar.
Quero infância sadia,
Ao lado da mãe, do pai e da tia.
Quero o direito da família decidir,
Quais os caminhos deve o filho seguir.
Liberdade! Liberdade! Liberdade!
Sem discurso barato e muita sinceridade.
Liberdade! Liberdade! Liberdade!
Dançando cidadania e plantando dignidade.
Élcio José Martins
FESTA NO CÉU
O céu está em festa.
Muita alegria com cantoria e seresta.
A casa celeste anda animada,
Tem muita gente chegando,
Outros, ainda estão na estrada.
29 de junho, aniversário de São Pedro,
Os anjos prepararam uma festa em segredo.
Os artistas convidados foram os ídolos brasileiros,
Uma Justa homenagem ao nosso santo Padroeiro.
O salão celeste já estava enfeitado,
Pra receber São Pedro, esse santo muito amado.
Os artistas brasileiros já estavam preparados,
Para cantar seus sucessos, juntos e misturados.
São Pedro chega cedo e muito feliz,
Acena pra todos e nem uma palavra diz.
Sua, sagrada, cadeira vermelha o espera,
É cadeira de Rei, São Jorge bem dissera.
O bate-papo rolava solto nesse instante,
Era uma alegria estonteante.
São Pedro com um sorriso radiante,
Saboreava um suave vinho frisante.
É chegada a hora do show mais esperado,
A orquestra se prepara no belo palco enfeitado.
O público se aglomera no salão improvisado,
Era a primeira vez que São Pedro era aclamado.
Antônio Marcos dá início ao espetáculo,
Com a canção, Oração de um Jovem Triste.
Carlos Alexandre canta com um sorriso no olhar,
Eu vivia Sozinho Sem Ter um Alguém pra me Consolar.
Cássia Eller encantou com Palavras ao Vento.
A ideologia de Cazuza foi o tema do momento.
Clara Nunes com Sivuca levantaram poeira,
Fizeram São Pedro levantar-se da cadeira.
Elis Regina sempre um açoite,
Foi divina, a Sensação da Noite.
Evaldo Braga escondeu o Pranto num Sorriso.
Embriagou-se com a paz no Paraíso.
Gonzaguinha estava no Lindo Lago do Amor,
No Porto Solidão Jessé rezava com fervor.
Maysa com ADEUS e Chanson D’Amour,
Agradeceu, poeticamente, o seu Santo protetor.
João Paulo libera o seu Reino Encantado,
Canta com Leandro o hino, Temporal
Do Amor Nas Noites de Sábado.
Noite Ilustrada fala pra morte. “Pena de Mim não Precisava”,
Inezita, meio sóbria, não largava da marvada.
Paulo Sérgio reclamou que Seu Destino Desfolhou,
Raul Seixas declama: “Um Dia a Terra Parou”.
Renato Russo entre A Cruz e a Espada,
Jair Rodrigues sobe ao palco em Disparada.
Tim Maia traz a paz cantando que
Tá Tudo Azul na Cor do Mar.
Altemar Dutra com suas músicas para amar.
Nelson Gonçalves disse que quase morreu com Saudades da Amélia.
Orlando Silva também filosofa que, “Tudo São Caprichos do Destino”. brincando com a Cornélia.
Vinícius de Moraes e Tom Jobim poetizam e
Tomam conta da garrafa de Whisky.
Dalva de Oliveira bebeu na Taça do Esquecimento.
Pery Ribeiro é amigo do Rei e Isto é Fato Consumado.
Agepê, distante, Mora Onde Não Mora Ninguém.
Wando Acha Estranho Essa Tal Liberdade.
Emilio Santiago se esparrama no Chão de Estrelas.
Silvinha, com seu Lacinho Cor de Rosa, reclama de
Nara Leão sobre a Viola Quebrada.
Buchecha sempre foi um carrossel de emoções.
Mamonas Assassinas montam o Jumento Celestino.
Carmen Miranda à mesa com as cantoras do rádio,
Comem Canjiquinha Quente.
Dorival Caymmi paquerou a Vizinha do Lado.
De repente chegam mais dois ídolos:
Jerry Adriane e Belchior.
Abraçam todos os amigos.
Cansados da viagem, pedem colo e abrigo.
Eram tantos os brasileiros que os anjos aprenderam o português.
Final da festa São Pedro,
com a face molhada da chuva da emoção,
pediu uma última canção:
Que todos os artistas, juntos,
Entoassem a canção de sua preferência:
O palco foi pequeno. Enfeitado de azul, acolheu todos.
Cantaram entusiasticamente a canção,
“AMIGOS PARA SEMPRE”.
Saíram todos felizes e caminharam,
De mãos dadas, pelo jardim celeste,
Esperando o amanhecer e
Cantando a poesia da felicidade.
Élcio José Martins
Élcio José Martins
MÃE 2017
Mãe 2017 é soma dez,
Dois mais zero, mais um, mais sete,
Resultado dez.
Soma vinte mais dezessete,
Resultado trinta e sete,
Que somados ficam dez.
Mãe é nota dez,
Não tem desvio e nem revés.
Cuida de sua cria com maestria,
Na escola da vida é mestra da bateria.
Mas o mundo mudou,
Cuidar só da casa no passado ficou.
Hoje é: uma, duas, três,
Família, trabalho, lazer às vezes.
Mesmo nesse mundo diferente,
A mãe tá no batente.
Nem a liberação dessa nova geração,
Tirou do peito seu amor e devoção.
Nesse mundo conturbado,
Cheio de vícios e pecados,
De gostos fritos e assados,
De pais ausentes, despreparados.
Filhos mal educados,
Na rua são formados.
Nas drogas, aliciados,
Sobra pra mãe os seus cuidados.
Mães de ferro desesperadas,
Viagem sem freio e sem estrada.
Do coração que era morada,
Chocou feio na encruzilhada.
Mãe não desiste jamais,
Por seus filhos tudo faz.
Não tem chuva, nem hora, nem sono,
Capaz de tirá-la de seu trono.
Mãe representa Deus na terra,
É nela que tudo se encerra.
Pra ela filho não tem defeito,
Como Maria, seu Jesus, sempre perfeito.
Mãe é doce e suave,
É a pena que adorna a ave.
Mãe é pluma de leveza,
É rainha de ternura e beleza.
Mãe é o alicerce e o telhado,
Dá o abraço e sempre deixa o seu recado.
Sua força e valentia são inexplicáveis,
Suas ações e seus atos irretocáveis.
Salve esse dia sagrado,
De presente, sorriso e agrado.
Na terra ou no céu fez bem feito o seu papel,
É abelha que para os seus produz o mel.
Amor de mãe é sagrado;
Amor de mãe é açúcar no melado.
Amor de mãe é puro;
É empréstimo de beijos sem cobrança de juros.
Nove meses de gestação,
À espera da emoção.
No colo ou no berço, muita dedicação,
Na saúde ou na doença, um sofrido coração.
Saudade do colo da mãe amada,
Mesmo com as marcas das palmadas.
Um sorriso e um afago na chegada,
Na partida, lágrimas de enxurrada.
Que as têm, ame e cuide,
Que as têm no céu ore e agradeça.
Quem vai ser mãe, bom parto,
A todas as mães meus Parabéns...
Élcio José Martins
Élcio José Martins
AUSÊNCIA
O distraído tropeçou,
No lapso da consciência.
Sentiu a dor da ausência,
Da total inexistência.
A apartação do distanciamento,
Foi escasso desaparecimento.
Do sumiço privativo,
Pede a carência o curativo.
A exiguidade do tempo,
Desse seu alheamento,
Fez da vida esquecimento,
Do apertado apartamento.
Esse mundo de apartação,
Unido na separação,
Traz no bojo privação,
Paz e amor, abstração.
Absentismo da carência,
Foge do raio a coerência.
Na exiguidade do tempo,
Trouxe ao indivíduo o esquecimento.
O distraído tropeçou,
No lapso da consciência.
Sentiu a dor da ausência,
Da total inexistência.
A escassez do nada,
Faz o caminho da manada.
Chama os seus de camarada,
Tenda e lona, sua morada.
O distraído tropeçou,
No lapso da consciência.
Sentiu a dor da ausência,
Da total inexistência.
Élcio José Martins
Élcio José Martins
POEMA DE AMOR
Fazer poema sem falar de amor,
É como a praia nos dias sem calor.
Falar de amor cura no ser a dor,
Eleva a alma e destempera o rancor.
No jardim do amor,
Rega com perfume à flor.
Inspira o compositor,
Traz luz e magia ao cantor.
O amor é razão de tudo,
É luva de veludo,
É a cura do homem bruto,
É a árvore que dá bom fruto.
Sem amor não sei viver,
Melhor seria morrer.
É plantio pra ter o que colher,
É ternura em cada amanhecer.
Nasci sem pedir e sem querer,
Vim do céu ou da noite de bem-querer.
Beijo a lua ao anoitecer
Espero o sol em cada amanhecer.
Sou luz na escuridão da dor,
Sou afeto no parto encantador.
Sou a voz do animador,
Sou o caminho na construção do amor.
Na conquista sou jogador,
Faço cantigas, sou cantador.
Faço meu mundo velejador,
Trago ao meu lado meu grande amor.
No palco do desamor,
Não tem aplauso nem ouvidor.
Quem navega no mar do amor,
Vive a vida com bom humor.
É mais feliz quem ama,
Na sala, na cozinha ou na cama.
Cabeça erguida nunca reclama,
Colhe o lírio que sai da lama.
Sem amor o mundo pira,
Rasga o pano e solta a tira.
É o ato de amar que me inspira,
Se o amor é brega, sou caipira.
Élcio José Martins
Élcio José Martins
UM OLHAR PRA DENTRO
De agora em diante olhe pra dentro.
Olhe bem lá dentro,
Enxergue que existe sentimento,
Não aumente o desalento.
Use a bússola do encantamento.
Faça uso do GPS do contentamento.
Radiografe sentimentos e
Ultrassonografias de ressentimentos.
O esforço da convivência que cada um trás,
Esconde do outro a tristeza fugaz.
O julgamento atroz,
Contempla a fúria do algoz.
Olhar pra dentro da gente,
Esquece o alheio de repente.
Frustra a alma contente,
Joga soda na aguardente.
Cada qual com seu problema,
Cada um com seu dilema.
Julgar faz a alma pequena,
Agiganta-se quem recebeu a pena.
As pedras nos caminhos e
Os espinhos das jornadas,
São gotas de roda moinhos,
Das lutas desesperadas.
A pena recebida no limiar da vida,
É pesada e às vezes atrevida.
Os desvios são raros e dolorosos,
Só se salvam os dons mais amorosos.
É preciso aprender a compreender,
Aceitar que deslizes vão acontecer.
Nem severo, muito menos masoquista,
Aceitar que é mais um na grande lista.
Respeitar a igualdade e a lealdade,
Rejubila a dignidade e a felicidade.
Condena-te de seus atos de maldade,
Encarcera os ditames da vaidade.
Construa alicerces de humildade,
Faça laços com os tecidos da caridade.
Busque afeto e o sustento da amizade,
Veja em Cristo o que é ter simplicidade.
Élcio José Martins
Élcio José Martins
MINHA RAINHA
Abraçá-la-ei com a ternura de meu abraço,
Beijarei seu retrato na pintura de Picasso.
Confortá-la-ei na candura de meus braços,
Amá-la-ei no orvalho do terraço.
Farei de ti moldura na parede,
Pintá-la-ei de azul e verde,
Repousá-la-ei no trançar da rede.
Temperá-la-ei com mel e azeite verde.
Costurá-la-ei com linho raro,
Dar-te-ei o zap do baralho,
Fechá-la-ei em copas e ouro,
Presenteá-la-ei com a ilha do tesouro.
Dar-te ei a estrela mais brilhante,
Ofuscarei a lua dos amantes,
Enfeitá-la-ei com pérolas e diamantes,
Exibirás com o seu charme provocante.
Farei conhecê-la o mundo inteiro,
Dar-te-ei a tranquilidade dos mistérios do mosteiro.
Dar-te-ei o luxo dos palácios de reis e rainhas,
Escolherei as estrelas mais belas como madrinhas,
Enfim,
Pedirei ao céu
Para cobri-la com o seu véu,
Élcio José Martins
Élcio José Martins
O PESO DAS PESSOAS
Certa vez encontrei,
Alguém que me encantei.
Sua paz era tão grande
Que no seu amor apaixonei.
Sua leveza era pluma,
Seu cheiro relva orvalhada,
Sua voz maciez da seda,
Seu olhar candura de beleza.
Conhece aquela pessoa leve
Que dá vontade de carregar?
Enche-nos de êxtase de prazer,
No ritmo dos pássaros ao alvorecer.
Existem pessoas leves,
Pessoas pesadas,
Pessoas leves e pesadas,
Pessoas amadas a mal amadas.
Aquele que reclama de tudo
Tem postura linear.
Reclamar de qualquer coisa
Torna nulo o reclamar.
Troque o verbo reclamar
Pelo verbo ajudar.
Seja leve no julgar,
Conte até mil antes de condenar.
Algumas são difíceis de lidar,
Outras prontas para amar.
Pessoas que reclamam a toda hora,
Pessoas que te ajudam sem demora.
Deixe que o vento Leve,
Tudo o que é não é leve.
Seja a brancura da pomba da paz,
E o peso de sua alma fugaz.
Quero ser leve também,
Fazer o bem sem importar a quem.
Quero o exemplo da postura desse alguém,
Quero alma leve e ombros fortes. Amém.
Esse alguém que encontrei,
Que pela postura apaixonei,
Ensinou-me a postura da bondade,
Cuspindo pela janela o egoísmo e a vaidade.
Élcio José Martins
Élcio José Martins
AMOR À PRIMEIRA VISTA
Chegou sem dizer nada,
Não podia ser porta errada.
De mansinho conquistou,
Um coração flechou.
Duas almas de juntaram,
Dois corações se apaixonaram.
Abraços e beijos trocados,
Eternos namorados.
Das duas, uma só alma,
Sem estresse, tudo se acalma.
Dos dois, um só coração,
Sem regra, sem razão,
Só o pulsar da emoção.
É suor de malhação,
É o esfregar da dança de salão.
É o roçar de mão,
É o beijo de supetão.
E ainda mais se amaram...
Embebedaram-se do mel,
Com volúpia gargamel,
De êxtase sobiram ao céu,
Pernas e braços, o escarcéu.
Com o amor e o desejo se casaram,
E desse amor louco se encontraram.
E ainda mais se amaram,
Dos desejos soltos novamente se embriagaram.
E ainda mais se amaram...
Cúmplice cama dos pecados,
Cálidos beijos molhados,
Lençóis esparramados,
Vertigem de lustres dourados.
No chão, na lareira, na esteira,
No bico da mamadeira.
Suor, corpos molhados insaciados,
Sussurros de versos inacabados.
E ainda mais se amaram...
Élcio José Martins
Élcio José Martins
CEM POR CENTO AMOR
Não quero mais nem menos
Quero na medida certa
Nada que conserta
Quero tudo que é inteiro
Não quero nada por dinheiro
Nem por último nem primeiro
Quero justo e derradeiro
Vou pro mar eu sou praeiro
O amor só vale por inteiro
Se cortar vira parceiro
Mais um corte é pipoqueiro
Cortou tudo é baladeiro
Sem mentira sem assanho
Assim me lasco, assim me ranho
To na luta to no banho
Acabou, ficou estranho
Amo a vida que ganhei
A família que entrei
Os amigos que encontrei
O amor que apaixonei
Se reclamo do sapato velho
Vejo outro sem sapato.
Vejo outro sem o pé
na quentura do asfalto
Acorde, levante, abra a janela
E dê bom dia ao sol.
Este, sempre bate a sua porta.
É só deixa-lo entrar.
Iluminará sua alma,
Aquecerá seu coração.
Se não vier o sol, virá a chuva em canção,
trazendo a água benta da chegada do verão.
Lava a alma das nódoas dá vida atribulada,
Transforma a tristeza no perfume da relva molhada.
Saúda a beleza da manhã mais esperada,
Faz cantar alto os passarinhos na palhada.
A natureza tem seus encantos,
De brilhos, cores e pirilampos.
Ungida pelo sagrado sacrossanto,
Rega a vida e lava o pranto.
Alô Natureza!
Traga sua beleza,
Alegra quem tem tristeza,
Levanta quem tem moleza.
Deus criou os animais,
O Universo, as flores e os matagais.
Nos criou como os mais iguais,
Pediu que nos amemos sempre mais.
Acorde, levante, abra a janela
E dê bom dia ao sol.
Se não vier o sol, virá a chuva em canção,
trazendo a água benta da chegada do verão.
Alegra a alma irrigando o coração.
Élcio José Martins
Élcio José Martins
O VÁCUO DA VIDA
O que sou, são sei,
Não sei se acertei ou se errei.
Só sei que semeei,
Sementes e amores pelos caminhos que caminhei.
Construí trilhos e atalhos,
Costurei vestes de retalhos.
Já fui Rei e espantalho,
Já comi carne assada no borralho.
De onde vim não sei,
Pra onde vou ainda não pensei.
Corri, corri, um dia parei,
Pensei. Esse mundo não é justo como um dia imaginei.
Tem guerra e intolerância,
O veículo é ambulância.
Os donos do mundo não se entendem,
Só fazem o que pretendem
Hoje os lares são hospitais,
Triste sina dos mortais.
À mercê desses marginais,
A paz e o amor ficaram pra trás.
É um vazio de solidão,
No vasto mundo, imensidão.
As casas se transformaram em prisão,
No vácuo do medo, a espera pelo ladrão.
Nesse mundo inconsciente,
O jovem livre e impaciente,
Busca a calma do oriente,
Pra matar o leão e assar com brasa quente.
Qual futuro o espera,
Nesse tempo que acelera,
Víscera que dilacera,
Corpo drogado, na sede sem espera.
Do nascer ao morrer Deus nos deu a ponte da vida,
Cada um tem seu tempo, sem leme, sem bússola e sem rota definida.
Uns trafegam por cima, outros por baixo, seguem o destino,
Nascer, viver e morrer. Morte e vida, o desatino.
Nossa riqueza não é nossa riqueza,
O que fica é o nome e a nobreza.
Só tem jantar, não espere sobremesa,
O céu não precisa de riqueza pra manter sua beleza.
Élcio José Martins