Douglas Azevedo
Ensaio de um mês
Assopra-me o vento,
Trazendo-me teu perfume,
Reforçando meu alento.
Querer-te já é costume.
Teu olhar assinalado,
Ensaia-me a traduzir,
Como um leitor fascinado,
Nosso destino que irá seguir.
Sinto sob o peito,
Forte anseio da hora,
Aplacar-me-ei no teu leito
Da noite até a aurora.
Digo-lhe que,
Nosso tempo junto
Foi tudo para mim,
Mas da lembrança de um mês,
Sei que, ainda, não foi muito,
Comparado à inexistente fim.
Elegi o céu
Quando olho para o céu... Não é bem o céu que estou vendo, na verdade, não estou vendo nada, estou é pensando em tudo! Olhando para o céu, para este infinito azul; o azul, aquela cor serena, que traz tranquilidade, paz de espírito e segurança, que parece conduzir nossos olhos quando precisamos refletir; quando olho para ele, pode ter certeza que estou pensando muito, não posso descrever todas as coisas que já pensei olhando para este céu, mas foi ele o meu primeiro ouvinte intimo. Ele é o papel em que enxergo toda minha vida, é o papel em que escrevo meus sonhos e amores, que lanço meus arrependimentos e horrores.
Foi o primeiro cinema que fui e em que assisti sozinho (ou não) ao filme que eu queria, ao filme do que já vivi.
Talvez o céu não seja só um vácuo, nunca achei que fosse um vácuo mesmo, o céu pra mim é quem guarda tudo de todos, é quem acorda minha mente quando ela jaz adormecida, é quem conversa com minha mente, quando ela quer ser ouvida, é quem tranquiliza minha mente corrida, a minha mente mal dormida.
Quem sabe o céu seja mesmo a morada de Deus, os homens não se enganaram nisso, tudo que Deus fez para os homens, o céu fez para mim: nunca me julgou pelos meus erros, mas sempre me fez percebê-los e encontrar uma forma de corrigi-los. Mas, ao contrário dos homens, tolos homens, eu olho para este céu todo dia.
É... Afinal, o céu pode ser a morada do Deus, é o único espaço que poderia cabê-lo, os homens erraram ao dizer: “o céu é o limite”.
Eu não sei bem explicar o que é, de fato, o céu, sei que nele estão coisas minhas, que também são coisas das quais não sei bem explicar...
Por fim, quero que o céu sempre esteja acima de mim, gosto assim, deste modo não preciso dividir ele com os horrores dos outros, os horrores do mundo ruinoso em que habito e definho, até porque é justamente para esquecer isso, o motivo das muitas vezes que olho para o céu azul.
Meu céu azul.
Convocado ao assassinato
Pegar, trancar, matar teu menino
Não fugirás das leis do divino
Escorre por cada olho fechado
Lágrimas de gana pelo diabo
Cegar, machucar, dopar a paixão
Blefar e forjar tua razão
Não vês adiante um destino?
Comece este com fascínio, assassino
Chamar, trair, ferir teu irmão
O mesmo que lhe ditou perdão
Extermine o inimigo, tredo genuíno
Não há líder de honra, foi-se Saladino
Acaba a morte, teu fardo amado
Podes enxergar sua alma impoluta
No reflexo de sangue derramado?
Não negue o descaso, foi culpa tua
Doar fé para assassinato.
Caminhos de pedra
Pelos caminhos gretados,
Duas paixões são divididas,
Por caminhos estreitos,
Às vezes existem barreiras
Impedem o florescer
De uma paixão a dois,
E o amor, tão grande,
Não consegue derrubá-las
Mas, pelos labirintos de pedra,
Sempre haverá vida,
Uma rosa...
Vermelha, branca ou colorida.
O amor imenso, pode não derrubar,
Mas o que lhe impede de desviar?
Seguindo este longo caminho
São encontrados espinhos,
É encontrado escuridão.
Mas no fundo, sabem de sua paixão.
E, todo caminho que tem espinhos,
No final/ápice traz um botão
Que floresce da união de dois corações.
Alimento para dois
Por favor, exagere! Mostre-me o todo e mais! O tempo passa e ela está faminta!
Não deixe a fome se cansar, não deixe... Não deixe de procurar! Ela precisa em demasia e você, você depende da necessidade dela para se saciar e para saciá-la!
O tempo passa, Ela sempre faminta... Peço que não deixe essa boca sedenta, saliente e quente! Não a deixe ir agora!
Mude a receita, onde aquele sentimento está? Exagere e, então, prove! Provem os dois, saciem-se até que se possa ver o fundo emergulhem!
Sintam os dois como deve ser... Devorem-se! Seus corpos são um alimento que quanto mais se consome maior fica a fome. Exatos e sublimes por vocês dois!
E justamente porque são dois...
Teu ser
Não consigo me suportar
Nos momentos de breu,
Em que já não quero ser eu.
Quando meu único desejo é ser para ti,
Para não fazê-la sofrer, para deixar o amor viver!
Mas, repentino, me lembro que é difícil,
que sou complicado,
Que penso no amor
Mas que o amor não pensa em mim.
Perto de ti, distante de mim,
Longe de ti, tudo ruim.
Eu não aguento esperar,
Meu amor por mim só crescerá
Se o que concebi for amado,
Pois nasci para amar
Quero muito ter orgulho de mim
Eu não duvido que possa existir o amor
Em cada caminho que sigo
Sempre procurando...
Se não o vejo em algo,
O confiro amando
A razão eu não sei,
Mas o amor me fez
E me fez amando
Vivendo,
Perdendo-me,
Perdendo-te,
Reencontrando-te
E refazendo o amor fraco
Cansado, deixado de lado.
Em cada canto
Eu só quero amar
Quem me quer amando,
Vai me amar
E mais vivo vou ficando
Não me deixe desolado,
Se você rejeita meu amor
Empurre-o para o buraco
Faça por mim!
Mata-me ser o responsável
Por um amor aniquilado
Vou ter orgulho de mim
Quando sentires amor comigo
Sem fim!
Quando?
Quando deixaremos de ficar sozinhos?
Quando assumiremos o que sentimos?
Quando uniremos nossos caminhos?
Quando deixaremosos devaneios
E diremos um para o outro,
Para o mundo inteiro?
Quando assumir que nosso amor
Bateu cedo no coração
E só agora reconhecemos sua razão?
Quem de nós saberá aduzir
Todo este sentimento confinado,
Que só sofre porque não foi libertado?
Quem de nós agirá direito
E ousará dar o tiro certeiro
Que espera ansioso, o peito?
Quando iremos unir os lados,
De nossos desejos perenes
Há muito já alentados?
Senão você,
Quem mais pode me conceder
O melhor de todos os amores que desejo receber?
Desatino do amor
“O simples desatar da insanidade de amar”
Ela te percebe e mira,
Alcança-te e conhece,
Enrubesce-se.
Ela te vive e faz vivo,
A todo tempo contigo
Espreita o perigo.
E começa a suspeitar
Do arraigar de um veneno,
O veneno de amar.
Num desatento,
A sedenta doença
Traz o fim adentro
Neste amor sonolento.
Traz um fim violento,
Antes que o verdadeiro
Possa se despertar.
Ajudar alguém, quem quer que seja, é aprender a ser útil em uma situação que não chegou ainda para você.
Quanto mais você ajuda, menos será preciso você mesmo pedir por ela.
Quero tomar todo seu tempo para minha felicidade, em momento algum quero sentir saudade de quem só se fez feliz após me ver junto de si.
A cada encontro contigo meus olhos podem enxergar nos teus mais nitidamente o Futuro desejado, a cada beijo teu eu sinto que o melhor Presente é estar ao teu lado.
Eu gosto porque tudo o que ela diz pode virar poesia, mas quando ela está comigo o trabalho acumula, afinal, só trabalho se sozinho, despejando tudo o que ouvi e senti, toda a melodia no papel, no final do dia.
Quantas crenças eu preciso cultivar para esquecer que a realidade machuca? Para entender um pouco melhor as coisas e ver que só os saudáveis servem a si mesmos?
Ele:
E foi assim, no sorriso fácil entre nossas conversas melífluas, que você encantou quem a observava...
Ela:
E foi assim, na leitura de um livro, que você encantou quem o observava...
A razão d'eu ter escolhido você é o que eu não teria ao escolher outra.
Não houve opção ou indecisão, foi a mando do coração: rápido, reto afeto, eterno antes de começar.
Foi.
É.
Será...
Você!
Se permita a receber ajuda e estarás também ajudando a sociedade relembrar o ideal esquecido: Fraternidade!
Guarde tudo o que a nós pertence, leve consigo todo objeto que lhe aviva a memória.
A nossa vontade vence qualquer período ruim da história.
É verdade! Um tempo vai-se embora, mas para perder-se no próprio tempo e findar-se, dar lugar à "Era do Amor Escarlate."
Jaz os insanos com seus gestos ações e reações
Ou estas as verdades de um povo sano, supostamente previsível...
Muitas plantas crescem sem que o jardineiro jamais saiba que um dia as plantou.
E este jardineiro, de fato é puro adubo.
Otras crescem e logo se esquecem daquele que um dia as plantou.
Esta planta, supostamente é seca e jamais dará frutos.