Andressa Arcanjo
Quer fazer um bom jejum na quaresma? Faça um jejum de maldade! É o único que irá purificar a sua alma!
E próximo ao final do dia, eu te olharei por infinitos instantes...
Perdendo-me em seu olhar...
E talvez assim, o meu se entristeça...
Imaginando que o brilho dos teus olhos são por quem não quer admirá-los...
E a partida não carregará apenas a dor comum das partidas...
E sim uma somatória do pensar de que não toquei seu coração...
E quando as luzes da cidade se fizerem familiares...
Pensarei em porque não ter me demorado mais no abraço...
Ou na contemplação de seus sorrisos timidamente lindos..
E apenas será tarde demais...
Tarde demais para haver uma outra chance...
Ou tarde demais para haver um porquê...
E então as cores se foram
Partiram em mil pedaços
E tudo ficou cinza
O dia não amanheceu
Paralisou naquele instante
Onde não havia mais o seu sorriso
Nem suas palavras
Ou o seu respirar
Lágrimas secavam em meu rosto
Enquanto novas surgiam
E eu simplesmente não conseguia
faze-las parar
Dizem que o choro alivia
Então quis chorar o tempo todo
Mas a dor não cessou
E os dias jamais amanheceram
Foram sempre escuridão
Tudo sempre cinza
E sem os seus sorrisos...
Houveram lágrimas,
Muitas lágrimas,
Mas ninguém percebeu.
Sua dor se calou,
Em seu corpo que exalava uma coleção de sorrisos amarelos,
Que ninguém notou,
A diferença tão pouco sutil,
Em fingir e estar bem,
Que poucos querem saber,
E mais um dia se passou,
E outro surgiu,
E ela se vestiu mais uma vez com seu personagem,
Que ri a maior parte do tempo,
Mas é vazio de felicidade.
Tem sentimentos que não cabe em uma palavra;
Tem saudade que não cabe em um abraço;
E tem momentos que não cabe em uma lembrança.
O mundo deu voltas...
Como sempre o fez...
Sem que pudêssemos perceber...
E eu ainda estou aqui...
E nada...nada mudou
Ainda sou apenas aquela pessoa
que sonha que o amor existe...
Aquela pessoa que sempre tenta fazer
tudo dar certo...
Mas que nada dá certo pra ela...
E eu aprendi que não adianta flores...
Poemas, surpresas...
Porque parece que esse "tipo de coisa" não funciona mais...
Ou que as pessoas não se importam mais com isso...
Ou que elas não tenham nada dentro de si...
E eu só queria ser o abraço que
alguém espera no final do dia...
Mas eu ainda estarei na prisão deste século onde os sentimentos são tão baratos...
E as pessoas não se importam com as coisas importantes...
E nesse caminho tantas pessoas eu perdi
Tantas que eu sequer conheci
Conversas com início sem fim
Palavras pensadas e não ditas
E tudo ficou no querer
Desencontro de opostos
Um desvio sem razão
Um grito calado
Desculpas sem perdão
E tudo fez-se de novo escuridão.
Na noite gélida deste vazio imenso
Da busca de algo desconhecidamente conhecido
Relutantemente me apago nas memórias
Fazendo-se borrar o brilho de todas constelações
A escuridão noturna de pensamentos
Insanidades causadas pela ausência
Sem hora nem respostas aos "porquês"
A espera mais longa que o infinito
Dolorosamente vem colorindo o meu peito
Com todas as cores do teu sorriso
Penso e oculto todo o sentido
Sentimentos que passam como a chuva
Serena que toca cada parte do meu corpo
E ao mesmo tempo feroz inundando tudo
Submergindo cada momento futuro
Onde apenas quero me afogar
Em tudo o que lhe pertencer!
E então um dia parou de sentir
De sentir dor
De sentir medo
De se sentir triste
Mas nunca mais soube sentir-se vivo
E o silêncio novamente se fez presente
E essa é a parte
Onde você acredita ter sido o melhor
Mas ainda há algo em você
Que queria ficar
E fingir que...
Fingir que poderia dar certo
Mas você sabe que as coisas não mudaram
E talvez nunca mude...
As vezes é tão difícil ser altruísta
As vezes é difícil dizer que está tudo bem
Quando não está
As vezes é difícil sorrir
Quando se tem um punhal atravessado em seu peito
E as vezes é tao difícil ouvir os problemas de todo mundo
Quando seus próprios fantasmas não te deixam dormir...
E eu tentei concertar todas as coisas
Mas eu não pude
Eu quis que você esperasse
Mas já não havia tempo
Todos os relógios da cidade estavam parados pra mim
Mas para você era sempre tarde
A vida que corria diante dos seus olhos
Eu paralisava, fechando os meus
E eu tentei concertar todas as coisas
Mas eu as quebrei...
As quebrei ainda mais...
E o relógio soou mais uma vez
E quando você olha para trás
E não tem mais ninguém
Você sabe que cair seria mais fácil
Mas o fácil quase nunca é a melhor escolha
Então você tem que se reerguer
E lutar sozinho
Porque o relógio não para
E enquanto seu coração pulsar
Sempre haverá uma oportunidade
De acreditar que dias melhores virão...
E todo dia parece
Ser uma nova oportunidade
De uma despedida
E pela primeira vez em muito tempo
Eu não queria dizer adeus
Pela primeira vez em muito tempo
Eu queria poder segurar sua mão
E te pedir pra ficar
Pela primeira vez em muito tempo
Eu queria que esse dia não terminasse
Pela primeira vez em muito tempo
Mesmo que por instantes
Eu quis apenas sorrir e acreditar
Que eu poderia merecer...
Mas tudo mostra que
As coisas continuam iguais
E que mesmo sem haver lágrimas
O choro ainda vai existir dentro de mim
E é hora de deixar você ir...