Álvaro de Azevedo
Lembra-te que a vida é vivida de segundos em comunhão. Cada um em seu cada qual, formando assim essa preciosa noção, que é escolha das palavras em tuas mãos.
E agora caro leitor, voltando as armas de guerrilha, espero que em tuas terras essa poesia repouse não como guerra, mas como calmaria, afagando o teu coração.
Perco-te nos dias que passam, e a cada segundo tu te vais mais. E perco-me todos os dias, ao compreender que não te tenho mais. Mas ganho na noção da perda, um “relembrar” dos tempos de paz.
Em que batia no peito a vida, esquecida dos dias da ida, que logo viriam para nunca mais.
Dito sentimento de cólera, chegaste a mim novamente. Chegaste com teu sorriso estridente, tirando a paz da minha mente.
E eu como ser humano falho que sou, deixei-te apoderar de meu versar, deixei-te estrangular a minha paz, deixei que me matasse um pouco mais.
Joias verdadeiras são caras, e compram as avenidas e os edifícios. Compram também as vitrines das lojas, e os amigos, que são amigos das joias.
Joias caras compram rostos bonitos, e a beleza também! Compram diversos sorrisos… Ora! Sorrisos de vintém.
Joias caras compram quase tudo, só não compram o nada. Porque o nada não se vende, só se deve, não se paga.
Eu queria ser artesão
Esculpindo bonecos de barro
Como aqueles que um dia vi
No museu do cais do sertão
Mas essa vontade passou
Foi-se com a praticidade
E depois já não muito tarde
Pensei em tocar violão
Mas não me atentei a canção
Nas cifras perdia a noção
Das notas esquecia o refrão
Nas cordas me via sem mãos
Só me restou pensar novamente
Talvez eu praticasse repente
No mais eu pensei brevemente
E logo encontrei um caminhão
Agora me resta somente
Um terno dentro de um caixão
Preso debaixo da terra
A sete palmos do chão.
O muro se estendia desde a margem das mais solenes alegrias, até as profundezas das mais destrutivas tristezas.
O tempo é um herói e um carrasco. Pois a cada segundo que ganhamos tentando desvendar o obstáculos da existência, é um segundo a mais que se vai, e um a menos que se tem.
A dúvida me gerou fé! Fé na vida por viver, por entender que muros guardam passagens. Eu não precisava ultrapassar esse obstáculo para vencê-lo, apenas entendi que deveria voltar pelos caminhos de onde vim, e refazê-los, ao em vez de simplesmente segui-los.
A única coisa que ainda me segura, é um pequeno fio de corda. Alguns o chamam de esperança, eu o chamo de “salva vidas”.
Viver é recorrer a vida como um artifício
É usar a matéria inata como um subsídio
É ser no estado ao mesmo tempo, todos os sentidos
É entrever no relógio o tempo oferecido
É rever os pecados, e pecar por descuido
É viver na vontade, com vontade de tudo.
Seria mais correto dizer que ser feliz é estar vivo. Pois a felicidade é uma qualidade inata ao ser humano. E mesmo que não se demonstre em substância, repousa em potencialidade.
podendo a qualquer momento, fazer-se presente pela necessidade do querer, em detrimento da imposição de ter querido.
Quando se ama intensamente, um "eu te amo" já é o suficiente.
Mas se forem pedidas provas, além do próprio ato de amar
Não se trata então de amor, mas sim de uma paixão a se enganar
Que por hora acesa, pode parecer constante
Porém no mais leve sopro, corre o risco de apagar num instante
Ao observar as situações a minha volta, creio que a pior parte de ser humano é saber que a desumanidade é uma escolha.
Eu não busco mais saciar minhas vontades, pois sei que jamais serão saciadas! Busco ignorá-las o suficiente para não ficar refém de nenhuma delas.
As estrelas acima de mim, não me deixam esquecer de sonhar
Mas o chão sobre os meus pés, não me permite sonhar sem estar dormindo.
Para nós, a inércia é um dos estados de mais dificil contemplação, porque nos obriga a manter o foco no momento presente, e isso é desesperador.
Creio que a única maneira para não se cansar de algo, seja o que for, é nunca contemplá-lo por inteiro.