Voz do Silêncio
Aquieta-te e ouve a voz do silêncio, ele tem muito a te dizer. Aprende com ele, pois a tua essência está no silêncio.
Acerta a tua voz, pelo rigor da ternura
acerta o coração, pela violência do silêncio ensurdecedor,
acerta o teu olhar, pelas lágrimas da vida,
e não, pelo discurso ou pelo relógio,
que marca a hora certa da chegada ou da partida.
Confessamos com um olhar, silêncio em voz alta sem mais palavras apenas sensações de um sentimento inexplicável, tão bela e intensa a alma se expressa.
Às vezes é preciso ficar em silêncio, quietinho, para ouvir a voz de quem sabe o que é preciso para despertar.
"O silêncio que ontem calou minha voz, é o mesmo, que hoje ainda, lhe fala ao coração e lhe inquieta a mente."
Sem Voz
Eu ouço o som do seu sumiço
Do seu adeus
Da falta do som dos seus passos
Do som silencioso dos nossos abraços
Dos nossos corações batendo em compasso
Há uma música feita dos silêncios da sua voz
Uma música que toca o tempo todo dentro de mim
Essa música que me deixa assim,
Sem fala, sem voz...
Lembre-se que você deixou pegadas
Que sigo cego onde quer que vá
Não vou te encontrar,
Mas é só o que restou: acreditar
Que você ainda vai voltar a me olhar com aquele olhar
Que volta a me falar,
Que ainda dirá, mesmo mentindo, que vai sempre me amar
Há uma música feita dos silêncios da sua voz
Uma música que toca o tempo todo dentro de mim
Essa música que me deixa assim,
Sem fala, sem voz...
Se um dia o som dos gritos silenciosos que dei chegarem até você
E seu coração bater de novo daquela maneira de antes
Saberá que estou muito perto de você
No lugar que sempre estive
Mesmo sem você entender
A barreira do som da nossa voz
É esse tempo e essa distância que vive entre nós
Há uma música feita dos silêncios da sua voz
Uma música que toca o tempo todo dentro de mim
Essa música que me deixa assim,
Sem fala, sem voz,
Sem voz...
"Mas quando a tua falta me pesa gravemente, quando o eco devolve a tua voz no silencio. Apenas eu me encontro sozinho na escuridão..."
No silêncio da madrugada o bom ouvinte também precisa falar, deixe a voz do outro também se expressar.
O silêncio ganhou voz quanto tu partiu e, hoje, grita dentro de mim todo o barulho que nossas noites aclamavam.
Silêncio.
O silêncio é privilégio.
Fico imaginando Deus a ouvir todos os sons da terra se propagando em ondas até o céu, e invadindo o seu universo, todo dia e toda noite… sem parar e infinitamente… infinitamente barulhento e ruidoso… sete bilhões de vozes, mais bilhões de ruídos de animais, e folhas e ventos e objetivos que se chocam, sons estridentes, músicas boas e ruins… buzinas, gritos, e orações. Pensamentos… preces silenciosas para os ouvidos, mas que soam ao coração. Sons de tiros, sons de gaitas e foles, o som de um parto, de uma obra qualquer… todos estes sons somados um a um, espalhando-se e multiplicando-se até os ouvidos de Deus. Meu Deus! Impossível de imaginar…
O silêncio é liberdade. É libertador.
Mas é quase utópico.
Estamos sempre acompanhados de sons… do mundo todo, e dos pensamentos, vozes, imaginação, inconsciente… até quando pensamos estar em silêncio… será, que de fato, estamos?
O silêncio é necessário…
Porém, ele, na verdade, não existe…
Falamos em silenciar o exterior, sempre na perspectiva de calar uma voz para ouvir outra (no caso, a interior), mas nunca para que não escutemos nada, de fato.
Como silenciar o externo, o interno, o consciente, o inconsciente, como é que podemos estar realmente, em silêncio absoluto?
Se silenciarmos tudo, ainda assim, a batida de nosso coração produziria som…
O silêncio absoluto significaria, então, a morte?
Nesta vaga reflexão,
Chego à conclusão de que atingimos o silêncio quando, na verdade, calamos a nós mesmos, aos outros tantos, e nos permitimos ouvir a voz e o som de Deus… é quando o som, seja interno ou externo, vem cheio de paz e alegria para a alma, para a mente e para o coração. Quando ele simplesmente conforta…
Silêncio é quando nos permitimos sentar no banquinho do jardim de Deus.