Viver de Aparência
Perdemos o paraíso entre as horas
Vivemos de aparências ao fim do dia
Gastamos o tempo no pensamento
Falamos da parte do lamento
Andamos sobre o chão
Reclamamos do vão
Digo-lhe sem medo
Apega-te paixão,
Dança as alegrias do terno
E perceba que te faz falta
Cega-te de beleza
E mostra que o paraíso é a tua casa.
O fútil vive da aparência, sua reputação é sua subsistência.
O sábio vive da diferença, só se importa com sua consciência.
Narciso
Viver de aparências não desfaz a verdade que você esconde.
Tão áspero e devastador quanto o sopro da tempestade
A desperdiçar as folhas,
Caídas e inanimadas,
O tempo se desmancha na insurreição das aparências.
O meu sorriso não é mais meu.
Reflexo quem sabe de outros rostos.
Quiçá a cópia fiel de outras personalidades.
Quão original pode ser o homem,
Irredutível em seus feitos,
Insondável nas atitudes,
Mas vaidoso em sua autocontemplação.
Vou além e digo insatisfeito,
Arrogante , sovina, individualista.
Indomável?
Seria pretensioso
assentir.
Sua pequenez o atormenta.
Somos limitados.
Criaturas à mercê da imensidão.
Prisioneiros de preconceitos,
Fruto da constância
De tudo saber,
No imaginário infantil
E adstrito
Frente a pluralidade do devir.
De encontro ao tênue tecido da (ir) realidade
Existe a razão.
Urge a desnecessidade ante a face de um novo dia?
A contemplação da vida é o fim máximo da existência.
Que sejam meus feitos resultado do esforço contínuo
Do meu conhecimento aplicado na utilidade e serventia adequada.
Que seja meu sorriso só meu.
Que minha opinião seja expressa na inocência da espontaneidade,
No jeito inconstante do inesperado,
Que chega de repente e surpreende.
Vivemos de aparências para mantermos a hipocrisia ou vivemos de hipocrisia para mantermos as aparências?
No mundo em que vivemos, há a verdade e há as aparências, e não basta somente atender à primeira, é preciso salvar também as outras.
As vezes é melhor não ter nada do que viver de aparência, endividado e na estica. Nada como dar um passo menor que a perna e ter a certeza que você vai chegar lá. Devagar e sempre, só no tranquito.
Minha aparência e meu modo de viver não reflete em nada minha capacidade crítica de ver o mundo, pois sou totalmente dominado por uma sociedade leiga. E se com eles não vivo sou louco, e se com eles vivo sou morto. Ainda não possuo autonomia para ser louco e viver ao meu modo.
Tem gente que vive de aparência para ter fama de metida, gasta o que não pode a noite e come pão com mortadela durante o dia.
Arrota vantagem sem olhar suas decadências, ser hipócrita tá no sangue, ser idiota é demência.
Pessoas sem conteúdo e embalagem sem valor, todo mundo tem um preço no jardim dos corruptos.
Amarguras
Não imaginas o que sinto,
Pois para das aparências viver,
Simplesmente minto.
Estou ferido apesar de não parecer.
Do meu coração esta jorrando
Ódio, tristeza, sede de vingança...
Em um rio de amargura
Estou me afogando.
A cada dia um pedaço de mim
Se esvanece , estou sendo consumido
Pela sua ausência, me sinto perdido
Num deserto de solidão sem fim.
Raspas dos ossos
Feridas e sofrimento
É tudo o que tenho para oferecer,
Agora que me fizeram te perder.