Verão
Vocês não verão nenhum espetáculo. Suas curiosidades não serão satisfeitas. Vocês não verão nenhuma peça. Não haverá nenhuma representação. Vocês verão um espetáculo sem cenas.
No verão o sol brilha intensamente e as plantas crescem.
No outono o vento desfolha as árvores e as paisagens ficam cinza.
No inverno chuvas, frio, gelo e neve fazem as plantas ficarem ociosas.
Mas com a chegada da primavera a vida renasce e as cores voltam a prevalecer.
Assim são as nossas vidas, passamos também por várias estações que fazem a gente crescer, termos paciência, prudência, resignação, renascimento, esperança, paz, tristeza, alegria e felicidade.
Como a natureza, vamos fazer a transformação de tudo aquilo que nós queremos mudar.
Por que a natureza faz a dela com perfeição.
Está escuro e tenho frio nas pernas. No entanto, é verão. Outra vez. Deve ser psicológico. Perna psicológica.
Faço hora, o que pode ser dito de muitos outros momentos da minha vida.
Mas nessa hora que faço, vou contar uma história que não sei bem como é. Não vivi, não vi. Mal ouvi. Mas acho que foi assim mesmo.
SOL DE VERÃO
As paixões de verão
São quentes como sua estação
Sentem sua leve brisa
Veem as estrelas frente ao mar
Ao som das ondas
Dos coqueiros á bailar
As paixões de verão
Se sujam na areia
Enquanto á maré amansa
Correm descalças na praia
E na areia ?
Deixam pegadas e nomes
Na areia molhada
Abaixo da Lua
Que clareia o caminho
As paixões de verão
Criam situação
E adoram a pista de skate
Mesmo sem saber
Uma manobra sequer
Essas paixões mapeiam a praia
De norte á sul
Sobem no posto salva vidas
Só pra olhar o mar
Mesmo com medo
De tudo desmoronar
As paixões de verão,
São leves, rápidas e passageiras...
Assim como sua estação
Areia, mar e palmeiras.
Aqui a chuva é raridade
Nada além do verão
A água chega de caminhão
E nem sempre tem qualidade
Aqui no meu sertão
Só quem vive sabe o que é dificuldade
O nordestino sofre tanto
Quem pode finge não ver
E o preconceito no entanto
Cria cada vez mais poder
Esquecem de nós no sertão
É de cortar o coração
Eita Nordeste da peste
Mesmo com toda essa seca
Temos o nosso agreste
Pra tirar uma soneca
E quem tem dor de cotovelo
Acaba tendo é pesadelo
O Nordeste é uma fonte
Do teu mar sai água quente
Que transmite confiança
De um povo que não perde a esperança
De um povo que é resistente
E que bate de frente com toda essa ignorância
E as belezas aqui na Zona da Mata
Alegram até um pobre vira lata
As praias chamam atenção
Das mais distraídas almas
Tiram a tensão
E trazem calma
Já ouviu falar em Alagoas
Naquele estado cheio de pessoas
Maceió é sua capital
E o povo se alegra no carnaval
O clima é tropical
E sua beleza natural
Imagina então a paisagem vegetal
Ali e aqui tem manguezal
Entre mangues tem cerrados
Na caatinga o clima semiárido
O bioma é arretado
Natural do meu estado
VERÃO NO CERRADO (soneto)
Lá fora o vento em agonia e rebeldia
Redemoinhando o taciturno cerrado
Do silêncio carrascal, fez-se agitado
Sob a chuva nua, acordando o dia
Na vastidão do chão, o tempo arado
Da sequidão para o sertão em urgia
Molhado da tempestade em romaria
Empapando o alvorecer enovelado
E neste, porém de tão boa harmonia
O horizonte na ventura é amansado
Enxurrando na procela a melancolia
Assim, vai-se avivando o árido cerrado
Do acastanhado que ao verde, barbaria
Ao rútilo encarnado do verão variegado
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano
A Poesia
E foi no cerrado,
veio a poesia pra me buscar
Me trouxe do mar, de lá cheguei
verão, inverno, do chão
comigo emoção, contigo chorei
Não sei de onde pariu
se do silêncio ou comoção
só sei que nunca mais saiu
Não, não eram visões
nem palavras enfileiradas
nem a lua nas suas estações
Nem tão pouco inação...
pois, não mais ficaram caladas
desde então, só submissão
e no papel estão estacadas
E fui ficando ao teu lado
e ela balbuciando sentido
e eu de olhos fechado
nos sonhos me vi perdido
Alucinação? Ou asas da meditação?
E daquele vazio o mistério
se fez constante, pura sabedoria
escrevi a primeira linha, galdério
crivada de flechas, dor e arrelia
e assim me levou a sério...
E foi nessa idade,
chegou à poesia para me buscar...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
Paráfrase Pablo Neruda
Doce Manhã
Despertou o dia com olhos dourados de verão
Avivando cores, aquecendo plagas infindáveis
Na vibração do brilho intenso da estação...
Águas límpidas correm por recantos deletáveis.
Dançam as aves do céu, com alegria estridente,
Num show acrobático girando em torno do sol
Esse espetáculo diurno de beleza eminente
É glória da doce manhã e do festivo rouxinol.
Imóvel não ficará meu impetuoso pensamento
Ao ver a harmonia da luz que desce do infinito
E tão cheio de delicadeza tornou-se o momento
Inflamando uma inspiração mística, um teor bendito.
Suprema ventura é ver a realidade tal qual um sonho
Percorrendo a mente nas madrugadas silenciosas
Maravilhas eu vejo e poemas eu componho...
Viajando em fascínio pela natureza faustosa.
Divertir-se, desfrutar e usufruir a vida não pode ser só no verão.
Nós comemos todos dias e não somente no verão.
Meu amor
Vou lhe dizer
Quero você
Com a alegria de um pássaro
Em busca de outro verão
Encantos De Verão
Quando se fala em verão...
Vem logo na imaginação...
A estação do brilho do sol...
E dos banhos nas águas cristalinas...
Sejam de mar,rios,ou piscinas...
Tempos de apreciar as belezas das praias...
Tempos de nadar nas ondas do balanço do mar...
Tempos de assistir o balé das gaivotas no imenso azul do céu e vê-las felizes e cantar...
Tempo de fazer novas amizades e fazer o coração transbordar de alegria...
E vê a beleza da noite com o brilho da lua,com a briza do mar,e a beleza do vôo da coruja na árvore a pousar...
Tempos de encontrar amores de verão,com beijos e abraços ou a passear pegados nas mãos...
Tempos de sentar em frente ao mar, para admirar crianças sorrindo e brincando de fazer castelos de areias...
Moças bonitas desfilando com seus cabelos longos parecendo sereias...
E pessoas passeando pra lá e pra cá,e vendo as lambidas das ondas na areia na beira do mar...
Encantos de verão...
Tempos de acalmar a alma e o coração...
Tempo de se livrar dos cansaços que a vida tem...
Tempos de dá trégua ao que nos impede de sorrir também...
Tempos de ser feliz com a beleza da natureza,e só dar ouvidos ao barulho das ondas do mar e o canto dos pássaros a cantar ...
Encantos de verão...
Tempos de acordar com o nascer do sol e o canto do
Bem-te-vi logo ao amanhecer...
Tempos de aquecer a frieza da alma e o coração depois do rigor do inverno...
E sentir a paz na beleza da natureza e poder então agradecer a Deus por apreciar mais uma vez os encantos de verão.
Ivânia D.Farias 22/01/2020
Caio a noite no verão, o choro esfriou no inverno, e as lembranças foram sequestradas ao ver a maior pancada
EM UMA MANHÃ DE CHUVA NO CERRADO
Verão. Defronte o cerrado. Chove além
Abro a janela, o cheiro de terra molhada
A melancolia... na imensidão, me provém
Invade a minha alma, e ali faz pousada
Sobre o pequizeiro as gotas, e também
O meu olhar, que pinga lágrima mastigada
Suspirando o ar úmido que dor contém
E no vaivém, do vento, lembrança alçada
Olho o céu gris e vejo o meu poetar triste
E o pranto do silêncio por onde sumiste
Encharcando de sofrência a vil inspiração
As águas cantam. Rolam, caem. Um vazio
E na enxurrada um padecer tão bravio
Que vai arrastando a saudade e a ilusão
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25/01/2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
É pequena cigarra, o seu canto no verão todos ouvem, até se incomodam, o gemido solitário no inverno ninguém.
Enigma
Nada mais vai chegar.
Mas também o verão – e tudo o que tem nomes tão bons
quanto “veraneio”–
nada mais vai chegar.
E não hás de chorar por isso,
diz a música.
Nada
mais
foi
dito.