Vento
“São borboletas que voam humildemente ao vento com sabedoria e esperança”
Toinha Vicentina
(1911-1998)
Senti seu perfume
no vento.
Você me chamou ?
Eu sinto você...
Eu sinto por mim...
Eu sofro por nós...
Porém
Sofro sorrindo
meu amor.
UMA CARTA AO CÉU
Escrevi uma carta aos céus
E pedi pro vento levar,
Se vais receber, não sei,
Só me resta agora esperar.
Você, sozinho foi embora
E a saudade aqui ficou,
E resgatar aquelas lembranças
Foi apenas o que sobrou.
Eu te escrevi uma carta
Mas não sei se vais receber,
Enviarei para os céus
Com destinatário, você.
Nunca mais ouvi seu nome
Nem ouvir você falar
Você, sozinho foi embora
Só me restou esperar,
E seguir nessa certeza
De um dia, te encontrar.
Escrevi uma carta ao céu
E pedi pro vento levar
Por favor, leve até ele
Ou me leve no seu lugar.
Breve chuva fina,
vento outonal.
Folhas sopradas a sina,
raízes fincadas a moral.
(Edileine Priscila Hypoliti)
(Página: Edí escritora)
Um ponto
Uma semente caiu,
A chuva veio regou,
O vento soprou e levou para outro jardim,
Incendiou meus sonhos,
Naqueles dias alegres e tristes,
Para variar,
Tive surpresas,
Povoquei um sensato pensamento e analisei,
Um lençol estendido e bem tratado não satisfaz quem ja dormiu o suficiente,
Não sou pioneiro em pensar assim,
Desprezo contradições,
A saudade é clara para aqueles que agem ansiosamente,
Se algo me tocar como objeto,
Decido eu como será,
Tocar não é ter,
E para ter tem que se apresentar....
Finaliso essa inspiração,
Com marcas manchadas da infância,
Aqui somos apenas um ponto,
Se o tempo for febril,
Em outro lugar estaremos assentados numa estação da vida qualquer....
Autor:Ricardo Melo.
O Poeta que Voa
Tudo é efêmero, então pra que perder tempo correndo atrás do vento se no final somos apenas fragmentos da história. O mundo é apenas um sonho, e de fato para muitos é um pesadelo, então não se conforme dormindo demais. Todo sonho acaba, e muitas vezes nem nos lembramos deles, e assim será com este pequeno mundo.
Tentamos segurar a corda para que não haja mares em nós.
Porém, o vento da vida sempre teve mais força.
Cadillac
Conduzido pelo vento,
Um certo dia cheguei em uma cidade,
Praças e quermesses,
Tudo era diferente,
E todas as pessoas eram gente decente,
De um bairro a outro fui percorrendo ruas e vielas,
Uma festa já datada estava ali para acontecer,
Eram rimadores de todos os Estados,
Que naquele palco iam se apresentar,
Como peão trovador não podia ficar de fora,
O prêmio era um Cadillac e uma mochila cheia de dinheiro,
Se bem me lembro,
Eram mais de cem vintens,
Pois o alto valor era para não tão cedo acabar,
Como companhia,
Chegou o Zé furação e o famoso Tião,
O rei dos trovadores,
Outros nomes da época,
Eram mais de trinta entre eles,
E como sanfoneiro chegou o Valentino belarmino,
E no fole não tinha pra ninguém,
Chegou um moço no tablado e começou a falar,
Hoje,
Hoje estão aqui presentes os grandes repentistas,
São humanos e são artistas,
E quero ver quem vai esse automóvel de luxo levar,
E como recordação,
Vai também essa sacola,
Nela contém uma herança,
E o seu diferencial,
É que não mais precisarão trabalhar,
Na hora da chamada veio um estranho,
Cabelo castanho e ele era do Sul,
Chegava gente de todos os lados,
E o arraial ja estava começando,
Uns se apresentaram,
E muitos deles foram vaiados,
De repente,
Esse moço alto desconhecido,
Bota boiadeira de salto,
E a espora batia na madeira e começava a relampiar,
Chapéu quebrado na testa,
Leventou a cabeça e começou a recitar uma trova em tom alto.
Nesse momento o silêncio foi geral,
Pois o trovador era um
Cabra da voz bem afinada,
E com duas rimadas,
Botou todos com a cara no chão.
Sua educação era notória e admirável,
Pois o artista não era uma pessoa comum.
Com toda elegância falou a plateia:
-Sou trovador de grandes ideias,
Falo aqui e falo acolá e não me apavoro,
Bato no pinho e piso no solo,
Esse quatro rodas com essa sacola , sou eu quem vou levar....
Autor :Ricardo Melo.
O Poeta que Voa.
Aqui tem vento fresco que eu me alento , pela janela eu me invento e sento aqui de dentro, contemplo a natureza que eu criei a tempos , para poder curti ao longo do meu tempo .
Moça; Te achegues com teus passos lentos, cabelos soltos ao vento, entrega-te a nosso momento, você é vida, mas em você faço-te outra vida fruto do encanto deste momento selado, selado por beijos que incendeiam nossos desejos.
Moça de vestes brancas que sempre me encanta.
Abro a visão para o infinito
Estás em mim.
Transformo-me
Num ser iluminado.
O cabelo solto ao vento, sedoso ao toque
Olhos brilham como estrelas na noite escura.
A lágrima que escorre suavemente na face é feliz, corre e rola até meus lábios umedecidos.
A boca sacia-se com beijos, sedentas e faminta.
Os ouvidos sentem uma sinfonia mágica, onde as notas dançam com o toque no instrumento, e fazem cócegas no corpo.
O pescoço se altiva como uma girafa a procura de folhas nas copas mais altas da mata.
O Coração acelera, pula fora do peito
O sangue corre nas veias, como uma represa que arrependa com as cheias.
Os braços se enlaçam em volta de mim sentindo o calor de uma noite de verão.
As mãos se perdem na busca, dos outros sentidos
As pernas correm aflitas ao encontro do sonho,
Este vive o imaginável cada segundo do pensamento, do sentimento, como se fosse o último da vida.
E a realidade se faz com todas as nuances e formas do sonho
Imaginar que é,
Sentir o que não é,
Viver o que nunca foi
Todo esse mundo de fantasias
Vive em mim
Na busca de verdades
Que não sei se as encontro,
Se existem.
A única certeza é que respiro.
Isso também é vida?
Jaci Parvati
Solidão
Saio pela rua
Passos seguindo
Sem rumo
Caminhos que não
Levam a nada
O vento trás o gritar das folhas.
Os pensamentos vão
De carona,
juntos ao nada...
a nenhum lugar.
O corpo desequilibra-se.
A força dos sentimentos
Fazendo pressão
Nessa casca
a querer partir
Se quebrar, para
Aliviar a dor...
Aos poucos
As pernas falham
Os braços esvaziam-se
Só peso da cabeça
Segura as formas do homem.
Caem-se no chão
Sente-se a terra, a areia, a água.
Toda força do cair
Acorda a alma perdida.
Respira, expira, respira...
As rédeas está se compondo
A vida reluz a céu aberto
Mesmo com o coração
Sangrando.
Com lágrimas
a molhar os olhos.
Lavando as névoas
Que se instalaram.
Os espaços negros
São preenchidos
Por fios de esperanças.
A solidão se faz presente
No seu mundo.
Mas os rios continuam
A fluir para o mar
Os pássaros em revoadas
Voam
com suas ricas sinfonias
A beleza do ver, ouvir e sentir.
Sentir tudo isso.
Ao seu redor
Vale a pena
Estar viva.
O vento vem cantando
Embalando as lembranças
E trás para perto de mim
Bate na face desesperadamente
Acordam os sentimentos
Envolvem a alma
O coração já apertado
Transborda de tanta
Tanta tristeza
E rios de águas
Nascem no meu peito
Escorrem como uma
Cachoeira pelas
Janelas do meu corpo
A força de um vendaval
Perdendo-se energia
Que abastecem esta represa.
Esvazio-me, amoleço.
E respiro, expiro.
Vens a superfície
Das lembranças e
A destreza de tuas mãos
Enrijecer meus músculos
A maciez dos teus beijos
Trás um sorriso aos
meus lábios
Sinto o calor do teu abraço
Encho-me de força
Abro a janela,
Vejo o sol surgir
Outro dia a nascer esplendoroso
Mas você não está aqui
Mais um dia
sem a tua presença
Só nós meus sonhos.
A noite na sacada onde o vento nos embala, e em minha direção vejo o início de uma grande imensidão.
Quando penso parar no tempo,
O vento sacode meus pensamentos,
Vem a razão.
Vem os sentimentos,
Pulsa o coração,
Que é maior,
Mais pleno.
Volta às recordações
Do tempo
Em que as sensações
Eram intensas,
Sentidas cada segundo
Ao toque das mãos.
A luz do olhar
Ao som da voz
Ao calor do corpo
Tudo era só nós
E o resto era paisagem.
Eu me sinto como se estivesse perdendo todas as minhas folhas. Os galhos, o vento e a chuva... Não sei mais o que está acontecendo.
amor não
o que é o amor
um vento que sopra
a flor que desabrocha
a chegada e a partida
o querer sem poder
o ir sem voltar
o amor talvez seja o pensamento desconhecido
o sofrimento não percebido.
Talvez o amor seja
o instante vivido
o hoje o agora
o que podemos fazer nesse momento
doar sem medida
ajudar sem querer nada em trocar
um sorriso uma boa palavra
isso é amor
amar o próximo como a si mesmo
o amor é Deus e ele esta dentro de nós
então se temos Deus temos o amor.
DECLARAÇÃO (soneto) ...
Se eu fosse fogo, arderia o teu amor
E se eu fosse o vento, incendiá-lo-ia
Já, se eu fosse a água, eu matá-lo-ia
Sufocado nos beijos, o desejo maior...
Se eu fosse uma flor, assim, sedutor
O teu cheiro no meu ser hospedaria
Se fosse só seu, manso e feliz estaria
E você meu, não mais seria sonhador
Se eu fosse vida, muito mais te dava
Se felicidade fosse, ela eu lhe traria
E na fortuna teus caminhos forjava
Se fosse versos, a poética comporia
E por apaixonadas rimas eu passava
Pra dizer-te do meu amor em poesia! ...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
10/04/2021, 15’51” – Araguari, MG