Vendaval
VENDAVAL
No peito um vendaval
Pronto pra içar as velas
Melhor segurar a nau
Do que ao mar lançá-las.
Tempestade
Às vezes sou vento sereno à mercê do destino.
Outras vezes sou vendaval estrondoso
perdida em sentimentos ferinos, e desatino.
Insisto num convite induvidoso
Vem comigo se afogar nessa tempestade
que sou eu, e se quiser ser meu
então se entregue com total insanidade.
Umbelina Marçal Gadêlha
Parti-me em pedaços.
Rompi-me em sentimentos e suspiros
e um vendaval de sensações espalhou meus fragmentos.
Desfiz-me!
O aprendizado através do vendaval só é possível parando de nadar, se instalando ali mesmo no meio da tempestade, sem procurar abrigo.
Não estamos externando de abjuração, mas de se posicionar para decidir a direção certa, que vale mais do que qualquer movimento assíduo que pode nos lançar ainda mais longe da rota humana, da dor em sua forma não letal.
Na avantajada ausência de aceitação das genuínas e invencionices do outro, que com elas agradavelmente vive, mergulhamos em corrente marítima sentimental que nos remessa para longe da costa.
Facilmente. Momento que é indispensável lembrar que se aprende também só observando.
Ventania..
No Vendaval dos
Sentimento, o que mais
Fazia barulho era o
AMOR,
dentro e fora.
Ricardo Mellen..
O que mais aprecio no vendaval é saber que por mais que o vento seja voraz, que tenhamos que nos equilibrar e forçar para permanecer em pé, da mesma forma que ele veio, ele vai, num piscar de olhos. Logo, o melhor é ter a certeza: tudo passa!
O vendaval vem tira tudo do lugar e vai levando consigo o que era e deixando o que é para ser. Um reboliço é causado nas nossas vidas e muitas vezes olhamos de um lado para o outro não sabemos por onde começar. As circunstâncias vão nos levando e as coisas vão encaixando e fazendo sentido, quando menos esperamos vemos a engrenagem funcionando, melhor que outrora, sorrimos e pensamos: não sei como cheguei até aqui, mas sei que não estava sozinho, Deus me conduziu e escreveu uma nova história. Acredite! Há um novo começo com muita coisa boa vindo por aí...
É o olho que tudo vê, eu olho e só vejo views; no olho do vendaval, o povo a ver navios. Na era da fake news, Matrix destrói o Neo.
Bem-vindos ao Brasil!
De onde vem a voz que fala no insight? Mensagem atemporal. Age, controla o vendaval. Abre fenda no tempo, mais discreto que o vento. Condução do pensamento. Escrevendo na rocha, no reflexo na água me reconhecendo. Minha vida no fio do aço da espada. Subir o próximo degrau da escada. Timbre que toca o tímpano, relâmpago que acalanta o âmago. Triturador de sonhos. Falsificação de tronos. Plastificação de faces. Miragens e oásis.
O vento a levou, mas é o mesmo vento que a trará de volta no forte vendaval, como aquele em que Jó falou com Deus.
VENDAVAL NO CERRADO (soneto)
Áspero, entre os uivos, em lufadas nos buritis
De um constante sussurrar de uma ladainha
Prelado em prece, bailam nos galhos os saguis
Na imensidão, quando a tempestade avizinha
Rezas sobre a melancolia, agitam os pequis
Sobre o cerrado, badala o sino da igrejinha
E, em refrega, no céu, desenha o arco-íris
Grassando poeira tal qual a erva daninha
Bufa, num redemoinho em tal longura
Que abres no horizonte em chiar bravio
Gemendo o sertão num suspiro funeral
E invade, como guerreiro, toda a secura
Do chão, num comando do seu assobio
Avança atroz no planalto... o vendaval
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
23/01/2020, Cerrado goiano
TOCAIA (soneto)
Ao sopro do vendaval no cerrado
No céu azul da vastidão do sertão
Segue veloz os sonhos do coração
Entre os uivos do já e do passado
A quimera, se acautela na ilusão
Prudente, contra o sentir errado
Tenta equilibrar estar apaixonado
Pra não sufocar a sofrida emoção
Na procela no peito esganiçada
Brami uma dor abafante e escura
Que perambula pela madrugada
E, em aflitivos véus da sofrência
Dando-lhe, assim, ar de loucura
No amor valência é ter paciência
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24/07/2020, 15’15” – Triângulo Mineiro
VENDAVAL EM CANTILENA PROSA
Cai no cerrado, ó chuva, e nos beirados
Sussurrando sons que o apavorar fiança
Em pingos d’água numa enfada dança
Purgando áridas angustias e pecados
Temporal no sertão, e tão agitados
Escoam nas planícies numa pujança
Deitando melancolias numa trança
De saudades e suspiros desolados
Do teu copioso gotejar, o luzidio
Relampejar, eriçando em arrepio
Que agita a tempestade tão furiosa
Troa lá fora, em um agravo vitupério
Estrondeando e envolto em mistério
De um vendaval em cantilena prosa...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30/11/2020, 20’51” – Triângulo Mineiro
VENDAVAL (soneto)
Entre a saudade, a aridez do cerrado
ressecando as lembranças tão sós
adormecendo luas e sóis para nós
em suspiro e soluço ali amargado
Eis que um vendaval de tão feroz
arrombou-nos os sonhos sonhado
deixando o intervalo assim atado
num amarrilho lamento, num retrós
Aí, neste embaraçado, eu atordoado
Oh! Amor, nem sei se estou acordado
ou tão pouco adormecido na ilusão
Só sei que pouco a pouco aqui calado
na solidão, o coração tão esperançado
em vigília, que aporte de novo na paixão...
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
As emoções são como um vendaval dentro de nós, capazes de nos levar a grandes alturas ou nos lançar ao mais profundo abismo.
O vendaval das paixões ao atingir a mais simples choupana interior transforma-se no palácio do amor ao ser tratado com ardor na imensidão da vida
O vendaval formou nas areias
Um pequeno ciclone,
O vendaval levou até longe
Uma pequena semente,
A flor da duna adormecida
Que na livre altura oculta,
Uma ternura resoluta
Que embala toda uma vida.
O vendaval cantou no meu ouvido
Uma coisa que eu não havia percebido:
Que até nos teus passos eu dou sentido.
O vendaval plantou na duna,
Ele fez a boa semeadura,
Eu hei de abrir-me florida,
Nas tuas mãos carinhosas,
Por todo o amor que haverá nesta vida,
O vendaval trouxe-me da altura,
Para viver das venturas mais amorosas,
E depois fingir-me nos teus braços adormecida.
Palavras nem sempre dizem tudo e nem sempre as entendemos, mas os versos nos tocam, como a brisa e o sereno. Assim seguimos pela vida, levando n’alma a esperança de ter sempre uma guarida e o coração em bonança. Somos humanos iguais, cada um com seu pensamento, mas as mensagens nos trazem sempre um pouco de alento ao coração que é um cofre que sempre pode gerar, distribuir e guardar mais e mais sentimentos bons.