Velho
Para se obter algo novo é preciso deixar que o velho se vá...
Limpar as gavetas da alma, deixar o sol entrar nos recônditos do coração propicia um novo ciclo de oportunidades!
Era dezembro, lá vinha ele, mas uma vez sua data preferida, velho, com barbas brancas como a neve, sobre os ombros um saco, era sim um bom velhinho, mas devido ao frio o velho Xico morreu em uma calçada de uma rua qualquer, era apenas um velho em situação de rua.
O velho sábio observava à todos os que lhe consultavam os indagava fazendo sempre a velha e boa pergunta aos que ali estavam.
Pois quando nada de humano percebia em algum daqueles seres que viviam dispersos ou em condição de desordem mental, folhando em seus olhos os testavam perguntando ” Tem gente aí?´´
Quando um velho amigo diz que:
- Eu sou dou atenção aos novos amigos
Dou risada, e digo sorrindo
-Meu coração não separa amigos
Por data de validade,
Por credo, raça ou qualidade
Meu coração apenas abriga
Se doa com intensidade
Seleciona com liberdade
Não os abriga por vaidade
Meu coração sabe que a vida é passageira
Que disputa de espaço é besteira
Meu coração é gigantesco
Têm espaço infinito
Não olha se é feio ou bonito
Se é pobre ou rico
Nem qual a sua religião
Ele apenas ama por amar
Acredito que seja a maturidade
Que deu-me essa liberdade
De nem pensar,
Apenas amar por amar.
Quando era novo me diziam, ande com os inteligentes e serás um dos tais, hoje já velho vejo porque tenho poucos amigos.
Na sociedade atual, aquele bom e velho provérbio popular merece ser adequado ao poderoso mercado automobilístico: “diga-me com que carro andas que eu te direi quem és”.
Um Alívio –
O Velho Buk tinha razão.
Assim, vos digo:
Algum tipo de paz começa,
quando você começa a
diminuir certas coisas:
Primeiro,
a quantidade de pessoas com
as quis você tem algum tipo
de relação na vida;
Depois,
a importância dessas pessoas;
E por fim,
as expectativas sobre essas
pessoas.
Felicidade? Não, não acredito
em tanto.
Talvez uma espécie de alívio
— algo como um caminho
a algum tipo de paz.
Sentir que o que passou não volta, mais sinal que se perdeu no tempo o velho sentimento. Agora, por algum motivo seu sentimento por uma pessoa ainda bate constantemente no seu coração é que o sentimento ainda persiste a ficar por toda eternidade!
Shirlei Miriam de Souza
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Alzheimer
É um velho sem rosto
Sentir certos desgostos e falar coisas sem nexo.
É sala de estar, sem estar.
Ouvindo o chiado da TV e ser incompreendido por não recordar.
De pé, sentado ou deitado.
Pouco importa esse estado, sou um móvel de madeira.
Às vezes eu entendo o rumo da conversa, mas conduzo a imbecilidade para não transparecer a rara lucidez.
Não quero histórias de ontem, quero que o sol hoje apareça e toque a face quieto.
Pode invadir meu corpo, mas deixem minha alma.
Não me perguntem nomes e o que cada qual representa - isso me deixa irritado.
Posso agredi-lo com a bengala ou palavras duras, mantenha uma distância segura.
Eu também faço isso.
Sempre quero fugir daqui, porque me sinto preso.
Ainda tenho sentimentos, e sei discernir o amor de desprezo.
O fardo é pesado e lhe peço por favor.
Não se recorde do que me tornei, apenas tente buscar uma lembrança boa.
Uma que te faça sorrir.
Despeço-me antes que eu esqueça.
Estou aqui sentado na varanda, venha me ver.
Sei que não é hora de comer, e digo sobre me abraçar fora das obrigações.
Te quero assim, involuntariamente.
Amanhã, se eu ainda estiver leia este bilhete, não para me fazer relembrar o que escrevi.
Sim, para te fazer sentir que eu existo.
UM NINHO
Em um velho tronco seco
Encontrei um ninho abandonado com apenas um ovo
Tão pequenino
Tão solitário
Um ovo que não se quebrou de dentro para fora
Guardou em si um passarinho que nunca voou
Pensei aonde estariam todos os outros
Talvez por aí visitando telhados
Construindo novos ninhos
Fazendo música em nossas manhãs
E ovo solitário do ninho abandonado?
Ah! Esse teve sua missão
Bem diferente dos seus irmãos
Me ensinou que para ter vida
Que para voar
É preciso se quebrar
De dentro para fora.
O apego impede a libertação do velho. O desapego libera espaço e proporciona a abertura para o recebimento do novo.
Nós somos duas almas perdidas
Nadando num aquário
Ano após ano
Correndo sobre o mesmo velho chão
O que nós encontramos?
Os mesmos velhos medos
"Um novo olhar"
Criar um novo olhar para esse velho caminho
Obter uma nova cabeça para os dias seguintes deste velho sistema
Se não visto pelo nosso olhar já formado,veremos que realmente é diferente,não podemos discordar que somos meros críticos sempre prontos para atirar sobre os nossos alvos
Nem sempre viveremos os mesmos dias,sendo assim a angústia retornará a morar em nossos corações,somos herdeiros de heranças que nunca serão ocultadas
O caminho sempre foi o mesmo,os passos até cresceram, mas ironicamente a volta pra casa hoje está sendo demorada,ainda entenderemos que uma ida não permitirá una outra volta
Nada é tão passageiro quanto a nossa existência,poucas coisas vão além do sentido,paixões são apenas passageiras,comparada a um frágil castelo de areia esculpido na beira do mar,nada é tão devastador quanto as nossas aflições
Pelo peso da minha consciência lhe devolvi tudo que te roubei,por adquirir compreensão sobre mim mesmo abraçei todos todos os meus limites,pela força ganha derrubei as paredes que sempre pensei que iria me salvar dos ladrões que hoje já se arrependeram de todos os seus maus caminhos
Por não querer ser mais submisso a antiga rota que me guiava,começei a olhar diferente para tudo que sempre duvidei sem de fato conhecer
Por encontrar e abraçar a sabedoria entendi que apenas o amor dura toda uma vida,por entender esses dias começei a entender que no final do dia a vida vai querer algo de nós,existe transgressões imperdoáveis quem será capaz de avisar a outro rapaz que a vida pode acabar lentamente em tentativas de arrependimentos que nunca serão escutados?
MAR BRAVIO
Ondas bravas vem, ondas débeis vão
O velho pescador, Joaquim e seu irmão
Navegando o velho barco pesqueiro
Enfrentam a fúria de um mar traiçoeiro
Jovens que nunca navegaram
Ancorados ao avô que sempre amaram
Protetor, o velho os acolhe
Mas teme, pois sabe, o mar é quem escolhe
Enfurecidas águas castigam forte
Três vidas que vislumbram possível morte
A esperança recai na modesta embarcação
Que essa cumpra sua perene vocação
Sem descanso, o barco sobe e desce
Passando mal, Joaquim empalidece
Seu avô, segurando no timão
Guia o barco, atravessando o furacão
Não há alento nesse mar tão arredio
Três vidas que seguem por um fio
Nas mãos do velho pende o futuro
Para os jovens o fim é prematuro
Ondas fortes fustigam ferozmente
Resta apenas torcer, infelizmente
Para os jovens o medo é muito forte
Para o velho o medo é seu norte
O casco suporta a grande fúria
Resiliente, não aceita vil injúria
Aderna, mas segue flutuando
Navega, não se sabe até quando
O pânico dos jovens só aumenta
Parece não ter fim atroz tormenta
O desespero parece dominar
O que fazer, a não ser acreditar?
De repente, a tormenta desvanece
Para os três, a esperança resplandece
A vida desta vez se compadece
Noutra vez, quiçá, desaparece
E hoje o príncipe transita pelas ruas dessa cidade.
O seu velho chinelo, seu caderninho de poesias e um Facebook, pra sanar a vontade de gritar pro mundo inteiro.