Trago Dentro do Peito...
Naufrágio
Não nego
no leito
um trago
te entrego
na palma
da mão
a alma
sossego
no peito
me acalma
no leito
da palma
da mão
um afago
com calma
Naufrago
no lago
da alma
e apago.
As portas que a dor me deu
Trago no peito um chaveiro antigo,
onde penduro as dores que ousei sentir.
Não as neguei, nem as adormeci —
dei-lhes nome, corpo e tempo.
E por cada uma, uma porta se abriu.
Oh, quantas vezes desejei não saber de mim!
Mas bastava que uma lágrima caísse inteira,
sem vergonha, sem pressa,
e o som de uma fechadura cedia —
como quem rende o coração a um amor impossível.
Há portas que me levaram a desertos,
onde o vento me arrancou as certezas;
outras, me devolveram o riso antigo
que eu pensava morto.
Nenhuma delas seria minha
se eu tivesse virado o rosto à dor.
Porque é no instante em que ela me atravessa,
que eu a torno caminho,
e o sangue, mapa.
Sim... cada dor que me rasgou,
destrancou um tempo, uma face, um lugar.
E hoje sou feita disso:
de cem portas escancaradas
por onde caminham os dias melhores
que antes,
eu apenas ousei sonhar.
ALMAS SECAS
Trago no peito
Amarras de um passado distante
Lembranças simples
Como de um carro de boi.
Tudo era tão saudável
Que até as tristezas duravam pouco
Bastava alguns dias para esquecê-las
O relógio demorava, e o sol se ponhava lento.
Hoje as tristezas duram, e o sol se põe rápido
Não observamos mais o luar
Nem contamos as estrelas
Os rios no silêncio da noite
Ouvia se os sons das correntezas.
Hoje nem mais rios existem
Só as pedras secas
Até as avencas sumiram da beirada do barranco
Minha alma também secou
Junto com tudo que se acabou.
Busco prazer nas lembranças
Mas elas me ferem o peito
E me causam melancolias
O velho pilão, não mais existe
Nem o moinho que exalava o cheiro puro do café, torrado no fogão a lenha.
Minha mente virou um museu
Que ninguém pode visitar
Meu poema é estranho para muitos
Só para aqueles que lá viveu.
Hoje tudo é diferente, inclusive eu.
As procissões pelas estradas empoeiradas
Carregavam a santinha
"Hó virgem Maria"
A mulecada a barulhar
Era para pedir a chuva
Pras nossas roças molhar.
Deus estava tão presente
Que parecia nos falar
Vocês são abençoados
A chuva não tardará.
Hoje na modernidade
É difícil acreditar
Que Deus esteja presente
Pra fazer o povo sarar
As tristezas são mais longas
E o povo se perdeu.
Deus não se moderniza, assim como o povo quer
Pra quem já viveu na roça
É difícil acreditar
Que os milagres sumiram
Nem sabemos se vai voltar.
O povo ficou incrédulo
De Deus a se envergonhar
Saudades daquele tempo
Que nunca mais vai voltar.
Por. Otávio Mariano
Insónias Conscientes -
Trago no meu peito a imagem de mil espaços
a dor do paladar que a Vida deu,
sinto-os em mim num só abraço
e tudo o que de mim por lá morreu!
Julguei que eram seguros os meus passos
e que o firmamento era só meu,
caminhei nessa ilusão dos meus cansaços
verguei, caí, rasguei um denso véu!
De monsaraz fui mais além,
além ond'esses nunca chegarão,
e tudo o que lá vivi, ocorreu para meu bem ...
Minha Vida é hoje um de repente
cheia de insónias conscientes
que monsaraz ainda não sente.
Lamento -
Trago na Alma a Solidão
a tristeza no meu peito
na minha voz a canção
no olhar o triste jeito
desta vida sem razão.
Oiço uma voz a cantar
em minhas noites perdidas
vejo o povo a soluçar
estas mágoas doloridas
que no fado quer rimar.
Nestes versos ao escrever
o povo chora a cantar
o povo canta a sofrer
dores do seu caminhar
do nada que tem a perder.
Revolução no peito uma alma em conflito, lembranças de vidas perdidas, a paz cura a alma e traz a vida.
Ser mãe é trazer no peito
Seu filho, com esperança;
É amá-lo do mesmo jeito,
Desde quando era criança!
O Mar e Ela
Trago no peito a dor
De um intenso amor
Que resolveu voar
Queimo, sem sentir o calor
Da singela flor
Que não quis ficar
Como eu posso desistir de amar se minha alegria é te ver brilhar?
Eu posso não te acompanhar mais meus pensamentos vão sempre lembrar.
Amares que vem pro bem
Como não amar esse alguém?
Não dar pra não amar ela
O mar e ela.
Do caos também surge o amor
Há amores bem maior que a dor
Como posso não amar ela?
O Mar e Ela.
Minha mente é sua morada
Por mais que tu insista fugir
Quanto mais os dias passam
Tenho a cumplicidade do tempo.
Qual será seu veredicto?
O esquecer ou o viver?
Trago no peito a dor
De um intenso amor
Que resolveu voar
Queimo, sem sentir o calor
Da singela flor
Que não quis ficar
Como eu posso desistir de amar se minha alegria é te ver brilhar?
Amares que vem pro bem
Como não amar esse alguém?
Não dar pra não amar ela
O mar e ela.
Do caos também surge o amor
Há amores bem maior que a dor
Como posso não amar ela?
O Mar e Ela.
amor_in_versus
Autoral
Lei n° 9.610
Em momentos de dor nunca encontro palavras para exprimir o que trago no peito. Parece que o espírito fica preso, tornando incapaz o riso e o choro. Costumo desenhar sonhos, brincar com letras, sorrir para o horizonte e plantar flores, plantar árvores, mas as vezes me distraio e vôo com as borboletas, as vezes me distraio e sou arrastada por temporais e tempestades, tendo lápis e papéis levados nas correntezas, e vejo minhas palavras molhadas, sendo diluídas.
Mas como fui feita da terra, de flores, ar, cores e sentimentos, então me reúno a cada manhã, me misturo, me refaço, tiro o que está fora do contexto e recomeço. Dia a dia, uma noite por vez, para brilhar com o raiar do sol. Faltam palavras, faltam poesias, mas meus sentimentos riscam traços na linha infinita da vida!
G.M.
Trago em meu peito hoje um orgulho de ter nascido a mulher que me tornei. Nas batalhas vividas tirei proveito de quase todas. Mesmo em momentos sofridos, tirei deles as melhores referências.
Hoje minha homenagem vai para todas as mulheres que de uma forma ou de outra lutam para ter seu lugar merecido!
Parabéns!
❝ ..E a cada novo dia
vou me refazendo.
Trago no peito palavras
que não disse, silencio
que machuca, lagrimas
contidas no olhar, trago
marcas esternas na alma,
de um tempo que não vai
voltar...❞
TRÊS CORAÇÕES
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Para Júlia e Nathalia
Trago no peito, essas duas razões que o íntimo cultua como núcleo do ser. Minha vida se desconhece fora desse contexto. Não há lua que paire sobre meu mundo e dê sentido a qualquer sonho, e não há sol nos meus olhos, quando não as acho nem imagino ao alcance das vistas ou das horas seguintes.
Tenho três corações, e no entanto, nem o meu é meu. Todos eles me ocupam para pulsar por elas que são meu horizonte; meu destino. São a vela que move minha embarcação. Sempre foram meu sino, meu sinal de vida. Meu antes e depois, desde que renasci.
Nada quero do mundo, senão a certeza do poder deste sentimento que me conduz. Que me faz querer conduzi-las com segurança, mesmo pelas filas incertas do que há de vir. Do que não sei que será, pois nada sou além de mim, mas quero ir enquanto há passos. Voar enquanto há vento, céu e asas.
O poder não é meu. Não me pertence. Vem delas o meu dom de sonhar. De me doar e sentir que faço valer o tempo. Esse tempo já sem tempo e sentido para retroceder... mas quem foi que falou em retroceder, se já não tenho passado, e o futuro pertence a elas?
Quem vive de amor infinito, Traz no peito uma constelação, Sorri para as dificuldades, Faz dos pequenos momentos uma grande celebração...
A noite embala o coração, O teu nome soa como uma canção, Te trago tatuado no peito, Você é meu, não tem mais jeito.
Trago você eternamente florido em meu peito, Ainda guardo palavras para a minha boca ousar, Quero viver dessa primavera que não tem jeito...
Se apaixonar por mim é inevitável
Eu sou o Ipê-rosa florindo no peito
Trazendo a calma e o desejo
Essenciais para lidar com o tempo
Movendo está o firmamento
Beijo-te além do meu pensamento
Risonho e apaixonado celebrando
Orgulhoso diante do amor verdadeiro.
