Tinta
Verso – O Canto do Lambe-Sujo
No brilho do dia que nasce apressado,
Negro tinta, sorriso estampado.
A dança, o grito, a espada no ar,
É o povo que canta, é o tempo a girar.
No peito, a força de quem já venceu,
No som do tambor, um passado viveu.
Boneca que dança, princesa que vem,
Histórias contadas por mais de cem.
No Rio Real, a alma se lava,
Em riso, em canto, em água sagrada.
O chão treme forte, o batuque não erra,
Lambe-Sujo resiste, é raiz, é terra!
Pele de História
Sou tinta, sou tempo, sou grito, sou gente,
No peito, a memória que nunca se ausente.
No rastro do chão, no giro da dança,
Ecoa no corpo a fé e a esperança.
No som do tambor, sou força e brio,
No rio me lavo, renasço e sorrio.
Sou negro, sou canto, sou chão, sou raiz,
Sou Lambe-Sujo, sou povo feliz.
Sou Indiaroba, sou brilho no olhar,
A resistência que insiste em ficar.
Minhas lentes capturam o tempo e a cor,
Sou memória viva, sou força, sou dor.
Alcoólicos Anônimos
A bebida, assim como a tinta,
pinta minha ação e criação;
às vezes alcoólica, às vezes não,
palavras saem com precisão.
Na manhã seguinte, vem a marvada,
a ressaca chega, entre páginas marcadas,
escrita borrada, grande enxaqueca,
e uma dor nas costas, lascada da parafuseta.
Já na enfermaria, observo a musa,
jaleco branco e uma leve curva.
Percebo as palavras e os pacientes;
na minha vez, ela diz impaciente:
"48 horas sem dependentes, ok?"
E eu, poeta da recaída, sorrio,
como quem sabe:
"Doutora, meu único vício é a vida."
Com a tinta da caneta
dos amores impossíveis
sob a luz da inefável Lua
por nós dois eu escrevo
em entrega devocional
como quem faz um ritual.
Faz-se mister no teu
corpo forte ser a desejável
fuga do mundo em chamas,
por isso espero sem hora,
data, obrigação de nada,
e certa de que fixei morada.
Por engenho do destino
em nome do sutil enredo
feito de amor sem medo
em acordo com o Universo
tenho como joalheria
os signos do Hemisfério.
Tornei-me a Nebulosa do Véu
onde só podemos contar
com o roçar das perseidas,
vivo guardando estrelas
para os caminhos nunca
mais serem desencontrados.
Quem dera ser
a pluma e a tinta
para colaborar
que seja escrita
a nova história
e comover o quê
há de mais terno
em cada pessoa,...
De alma
aberta,
coração sereno,
sigo brindando
com aquilo que
iremos não mais
deixar ir adiante
para não olhar
aquilo que não
nos trouxe paz;
Ando cumprindo
pena de prisão
junto com um
General inocente,
uma tropa anônima
e minhas aflições,
Poesias e canções
à uma Pátria que
não é minha
e ao continente,...
Na fé
que tenham
um futuro melhor
e diferente
pelas mãos
dos homens
de boa vontade
e do General
de olhos
tão inabaláveis
e de azeviche
conclamantes
que se aumente:
A camaradagem,
a responsabilidade
a manutenção
da indivisibilidade
pelo fim do bloqueio
e restauração
da normalidade
desestabilizada
pela ambição
insólita daqueles
que buscaram
fazer o jogo imperial
porque são
gente que rejeitam
a uma vida normal.
Carta em Defesa da Democracia
A minha carta
em defesa da democracia
escrevo com a tinta
indelével do exemplo,
Partilhando a poesia
do melhor testemunho
que nasce do respeito
mútuo entre todos
aqueles pensam diferente;
Assim buscando ser
a cada dia mais gente
vou vivendo os dias
mais afetuosamente.
Agosto poético pode
ser escrito com
a tinta mágica
do seu coração
que é capaz de afastar
qualquer maldição.
Ambicionar ter a mesma
tinta dos grandes poetas
na vida para te encantar,
Ter grossulárias lapidadas
de várias cores para adornar
o nosso jardim interior
para que nunca falte
sedução e muito amor,
Assistir na sua companhia
o Sol nascente como o maior acontecimento e se chover
a gente se deixar molhar
com grande agradecimento:
Não paro de pensar em nós
dois em nenhum momento.
Poesia Lírica
Com a tinta da poesia lírica
consigno o pensamento,
o sentimento e o meu estado
de espírito diante do possível
do impossível e do incrível
que pode ter a ver conosco,
Porque nascemos sobretudo
para ser encantamento e encontro.
Com a tinta emprestada
do sereno da madrugada
sem ter medo de nada
falo o quê penso mesmo
que eu seja rejeitada
porque a clareza defendo
Não existe um único
livro religioso absoluto,
você pode eleger um
livro religioso que oriente
absoluto a prosseguir
Deus te deu o arbítrio
e livros sagrados para conhecer
para seguir ou não seguir,
Deus te deu inteligência
para entender que quando
o livro sagrado não alcança:
as leis dos homens devem contribuir
Não é segredo para ninguém
que um livro sagrado perde
a utilidade sempre que for usado
como argumento para justificar
a destruição do próximo
Não sou eu que vou te proibir
ou repreender de nada,
você nasceu com cabeça
para pensar, concordar ou discordar,
apenas estou aqui para te avisar
que os idiomas e visões
dos povos sempre mudaram
e sempre na vida irão mudar
Para com tudo isso lidar
não há dificuldades para entender
que sempre que você for capaz
de usar um livro sagrado
para ofender ou prejudicar:
do acerto de contas com o Divino
cedo ou tarde você não vai escapar.
Não existe nada
que oculte a tinta
suja de um genocídio,
Nem mesmo a poesia
e o esquecimento
são capazes de gerar
o apagamento,
A minha alma de Ipezeiro
potente se espalhou
pelo mundo inteiro.
Eu sou violento ao escrever, quando estou indignado, mas a minha caneta só emite tinta preta, não sangra.
Quem deve sangrar são os estúpidos fazendo força para entender o que digo..
O sangue do pintor, tinta nos quadros a fluir,
Do poeta, versos encantados a reluzir.
O cantor, alma em canções que desafiam o tempo,
O ator, entrega em cada cena, em todo momento.
Para o caminhoneiro, cada quilômetro rodado,
Ao boiadeiro, cada gado passado.
E para mim, mero pensador, a cada mensagem concebida,
Que se forma em pensamentos, numa jornada colorida.
Assim como cada profissão tem sua arte,
Cada gesto, cada esforço, em nós se parte.
Somos todos artistas, em nossa própria maneira,
Expressando a essência da vida, a verdadeira riquezapassageira.
Sala de reflexão
Uma vela reinando como uma luz,
Mesa, caneta,
papel tinta e pena,
Uns escritos que rouba a cena,
Retira-te! se curiosidade te conduz ! ;
Entraremos no teu coração!
Clama-te pelo ingresso,
Seus defeitos serão descoberto
Se fores capaz de dissimulação,
Conte os teus segredos l
Se tua alma sentiu medo,
Desista e vá embora!
Senão, serás purificado
Sem abismo com luz e acrisolado,
Renascerás a partir de agora.
No silêncio que antecede o nascer do dia,
há um registro escrito sem tinta nem voz,
onde o tempo se curva em linhas invisíveis
e o espaço se descortina como uma página em branco.
Cada instante é uma letra que se inscreve
no vasto compêndio da existência,
um sinal de que o agora é eterno
e o futuro, ainda por decifrar.
Em cada partícula, há uma história não contada,
um universo pulsante de possibilidades latentes,
onde a matéria se faz verso e a energia, refrão
de um cântico que transcende a lógica do olhar.
Não há fronteiras entre o ser e o nada,
apenas a dança contínua dos elementos
que se entrelaçam como pensamentos
na imensidão de um cosmos que se recria a cada sopro.
As ideias fluem como rios sem destino,
modelando pontes entre o que é e o que pode ser,
num diálogo silencioso entre o intangível
e o palpável, onde o querer se transforma
na matéria bruta da realidade.
E a mente, esse espaço em constante mutação,
se expande para abarcar horizontes inéditos,
desafiando o próprio conceito de limite.
Há, na cadência das estrelas, um compasso
que não se faz medido por relógios ou calendários,
mas pela sutileza de cada respiração,
pelo encontro espontâneo entre o sonho e o despertar.
E assim, o universo se revela em fragmentos
de pura possibilidade, onde cada suspiro
é uma nota em uma sinfonia sem partitura,
um convite para que o ser se reinvente.
Quebrar as barreiras do conhecido
é mergulhar no oceano profundo da incerteza,
onde o risco e a descoberta se fundem
num único impulso, num salto de fé
que reescreve as regras do existir.
Não há verdades fixas, apenas o movimento
incessante de transformar o que foi em novo,
de encontrar, no caos, a ordem que se oculta.
E se a razão, por vezes, se mostra insuficiente,
que seja então a intuição a bússola do espírito,
guiando-nos pelos caminhos inexplorados
da imaginação e da contemplação.
Pois cada pensamento é uma semente
de um futuro que ainda se faz presente,
um reflexo do universo que se recria
no mistério de um agora que nunca se repete.
Neste manuscrito do infinito,
onde a existência se desdobra em versos silenciosos,
a cada página virada, surge o convite
para que o ser se descubra e se renove,
para que o enigma do próprio estar se descifre
na simplicidade de um momento,
na grandiosidade de um suspiro compartilhado
com o cosmos em sua eterna dança de possibilidades.
quando o som da palavra já não faz mais sentido, usamos a tinta e o papel para marcar nosso instante no tempo.
Deslumbre ou apenas vaidade de um coração que apenas reflete a alma de um poeta