Textos que Falam sobre Mim
Odisséia das sombras
Errante nessa imensidão de mim mesmo
Sem bússola 🧭
Confuso, pois o norte é eu mesmo
Quero me encontrar e só volto depois disso meu amor
Nessa odisseia das sombras encontrarei uma luz que não seja a do túnel, a geopolítica intrínseca do meu ser está em crise existencial, a procura do estado de fluxo o maior tesouro do imo de minha essência, o autoconhecimento é necessário para não implodir nessa pressão profunda do ser! Onde os maiores destroços e monstros estão à espreita.
Reflexão
Vou deixar um conselho pra vocês, e serve até pra mim mesmo.
Não esperem consideração de ninguém, não esperem reconhecimento, postura e muito menos lealdade, vocês tem que ser pés no chão, porque a mesma pessoa que te faz um bem enorme hoje s a mesma que te joga no chão amanhã sem dó.
Cadáver
Você (ansiedade) me cerca e dilacera minha alma
Perdão a mim mesmo
Por tantas permissões tolas
Perdão a mim mesmo
Pelas loucuras expostas
Pelos pássaros presos
Nas masmorras da ignorância
Pelos sins que deveriam ser nãos
Pela corda colocada no pescoço
E por puxar o banco
Por tantas desventuras e arrogâncias
Num barco à deriva
Eu cortei meus pulsos
O oceano encheu-se de mim
Bebeu do mais incerto sentir
Andorinhas pousaram sobre meu corpo
E dançando valsa, levaram meu espírito
Raios de sol queimam minha pele
Pálida como papel
Distante como a lua
O céu permanece azul
Tubarões se aproximam para olhar o seu rei
Uma coragem lastimável
Um impacto de forças
Eu me pergunto agora
O que faz alguém se perder
Eu me questiono nesse momento
O que faz alguém pular
Qual momento é o momento
Qual o tamanho dessa dor
Qual o tamanho do sofrimento
Os olhos lacrimejam adeus
Ainda há um círculo de sorriso no mais escuro da pupila
Um ato sem despedidas
Uma busca por respiração
Os sonhos somem como as veias
Quanto vale um corpo que sonhou?
Ou já é um cadáver que amou?
Por onde andei, enquanto procurava por mim mesmo
Em reflexos dispersos, vejo-me e converso,
Perguntas ecoando no universo controverso.
"Por onde andei?", me pergunto com ardor,
Buscando a mim mesmo, afogado em dor.
No silêncio das ruas, na noite enluarada,
Meu ser se revela, sem medo ou cilada.
"Terei eu esquecido dos sonhos, da paz?",
Perguntando a mim próprio, se seria capaz.
"Por onde andei quando te procurei?",
O eu do espelho, exausto, titubeei.
Caminhei sem rumo, perdido e só,
Buscando respostas, tocando o pó.
"Será a vida assim, sempre fugaz?",
Pergunto à sombra que em mim jaz.
Entre becos e vielas, luzes de velas,
A alma responde em suspiros finais.
"Senti teu amor, mas perdi-me na estrada,
Nas curvas da vida, na jornada calada.
Agora, de volta, tento-me encontrar,
Na dança dos dias, no eterno buscar."
E nessa conversa, em versos pensados,
Encontro coragem, um sentido elevado.
Pois por onde andei, descobri meu lugar,
No abraço do tempo, na arte de amar.
Quisá, eu, e de mim mesmo digo, virde a este pobre casebre.. ruindo aos poucos, dado como condenado, fato que foi morada de um ultimo inquisidor o qual lhe feriu severamente as paredes e travessas hora de cores vibrantes...
Quisá de mim, e digo de mim mesmo, saudar as árduas intempéries deixadas por este furação que por aqui passou...
Quisá de mim, e digo de mim mesmo... ver no espelho as rugas de tristeza que vc deixou.
Aceitei meu erro, corrigi minhas ações,
Lutei contra mim mesmo.
Essa foi a pior de todas as lições:
Não consegui me tornar perfeito,
Mas tentei alcançar, então.
É difícil trilhar o caminho da vida sem se ferir em espinhos,
Percebi que a perfeição é o alvo,
A direção que se deve alcançar.
Tenacidade é a palavra-chave,
Para não desistir de caminhar.
Poema de minha autoria: Lucas S. de Siqueira (LSS).*
Prometi a mim mesmo que não criaria expectativas.
Mas lá no fundo, eu queria me permitir sonhar.
Imaginar um cenário, onde o sentimento que guardo fosse mútuo.
Então, a realidade bate em minha porta.
Nunca ficaremos juntos.
Talvez devesse ter cortar da minha vida, mas nem isso seria capaz de me fazer abdicar esse amor.
Oi boa tarde m...
Prometi a mim mesmo que não te enviaria mais mensagens a seu pedido. Mas não consegui tirar vc da minha cabeça e então resolvi escrever minhas últimas palavras...
...sou uma boa pessoa, mas um péssimo escritor. Estou aqui tentando escrever, mas para escrever para vc careço de estilo.
A questão é que nós todos queremos ser lembrados, mas vc é diferente, vc sabe qual é a verdade e não queria um milhão de admiradores, so queria um e isso vc conseguiu. Talvez não tenha sido amada por muitos, mas foi e é amada profundamente e isso é mais que a maioria de nós consegue.
Lembro-me claramente uma vez que estávamos em um show e vc passou mal e te levei ao hospital. Você estava deitada naquela cama hospitalar e eu entrei furtivamente e sentei ao seu lado por 10 minutos antes de me pegarem. Seus olhos estavam fechados, o rosto pálido, mas a sua mão ainda era a sua mão, rsrs, ainda quente e as unhas pintadas de um vermelho intenso e eu segurei a sua mão e por um instante tentei pensar no mundo sem nós, e percebi como esse mundo não faria o menor sentido. Então pensei: " Ela é tão linda, não me canso de olhar para ela, não me preocupo s ela é mais Inteligente do que eu, pq eu sei que é. ela é engraçada, sem nunca ser má. Eu a amo, meu Deus como eu a amo, sou muito sortudo por amá-la. "
Nesse mundo não dá para escolher se vc vai ser ferido ou não, mas é possível vc escolher quem vai ferir.
Eu aceito as minhas escolhas e espero que aceite as suas.
Enfim era isso que queria dizer antes de lhe dizer um "ADEUS"....😔😔😔😭😭😭😭
Se promete uma coisa?
Sabe juramento do dedinho? Vamos fazer um agora tá?
De MIM para MIM mesmo, eu prometo nesse novo ano me amar muito, muito mais que um dia achei que me amassem, eu vou me colocar em primeiro lugar, prometo ME levar pra jantar, prometo ME levar ao cinema, viajar sozinho e tomar bons vinhos, quem sabe não me dou flores? rs É, pq não?
Eu prometo não me esquecer nem por um segundo que antes de amar imensuravelmente outro alguém mais vale ME amar, eu prometo a mim mesmo que vou cuidar da pessoa que vai passar toda vida comigo mesmo, eu mesmo.
Eu prometo não colocar mais a minha felicidade nas mãos de outras pessoas, não quero mais correr o risco de que a derrubem, quase sempre derrubam.
Eu vou focar na minha carreira, nos meus hobbies, sonhos, eu prometo focar em me amar em primeiro lugar, afinal eu sou o único que pode fazer isso sem correr o risco de acordar um dia e falar que ‘não te amo mais’, e não quero correr esse risco, novamente.
Eu prometo não me esquecer, pessoas que eu nunca imaginaria que sairiam da minha vida, na maioria das vezes saem, e se saírem vai continuar tudo bem. Pessoas são temporárias na minha vida, eu não, todos vão, eu fico.
Crescer, muitas vezes, significa se sentir sozinho e me sentir sozinho não vai ser tão ruim assim quando a minha melhor companhia ser a minha mesmo.
De mim para mim mesmo, não vou me esquecer, a minha felicidade deve vir sempre em primeiro lugar.
Eu prometo a mim mesmo começar agora, daqui a 365 dias eu me agradecerei ter começado hoje.
Feliz melhor ano da sua vida!
Estava lendo uma passagem, nem reparei na minha passagem, escrevi pra mim mesmo, me cansei de afazeres. Me diz por que é errado querer viver a vida de forma simples? Por que eu preciso estar lutando o tempo inteiro? Por que eu sou obrigado a viver num mundo onde um número vale mais do que uma vida? Qual o real sentido de permanecer compactuando com a exploração da mente de pessoas que apenas querem sorrir. Nos vendem imagens, sonhos derivados do petróleo. Nosso sangue é o óleo da máquina; nesse sistema, nossa vida não vale nada. O individualismo é mais real que união forçada ou dissimulada. Estou ouvindo os ensinamentos de Sócrates atento a cada relampejo de luz. Se eu fosse Platão também registraria os sinais.
VOE COMIGO
Não consigo voar por mim mesmo, não fui agraciado com tal dom, mas é no mínimo curioso, o poder de voou, quando me permiti transcender minha próprio ignorância, e em silencio prestar atenção à vida.
Nisso, uma corujinha tyto se apresenta nos céus entre ás estrelas, seu voou, ninguém escuta, quem pode ver-la? seu canto é puro e poderoso como a fúria de um trovão. Branca como a neve, imagino seus olhos, castanhos avermelhados.
Logo atrás seu parceiro, juntos completam a dança nos céus, e por notar minha atenção, inclina sua cabeça e olha diretamente para mim, quase como que dizendo... "voe comigo".
Eu,
Filho da tragédia
E amante do caos
Mergulhei no mais profundo mar de mim mesmo
Amarrei as vírgulas na sorte
E engoli meu único e amargo destino
Sorria, ele disse
É só mais uma verdade da vida
A poesia mais linda nunca será feita pra alguém
Cante-a com seu violão desafinado pelo tempo
Enquanto os demônios lhe assistem com flores nas mãos
Apesar da contemplação profunda a mim mesmo, como uma Alma Humana Terrestre, confesso que não consigo ver-me nem imaginar-me como algum tipo de Matéria nem Energia nem Força nem Informação!
Por isso, concordo com Siddharta Gautama que enxergou o Vazio, concordo com Jesus Cristo que preferiu dizer simplesmente "Eu Sou" e concordo com Sartre que entendeu o Ser como sendo o "Nada"!
Portanto, em termos Físicos e de Matéria, a Alma é o Nada e o Espírito também é o Nada, porque não se enquadram em nenhum tipo de Matéria nem Energia nem Força nem Informação conhecido pelo Homem do Planeta Terra!
Mas, em termos de Propriedade, a Alma é uma Matriz Consciente-Inteligente influenciável gestora do Corpo e o Espírito é uma Matriz Consciente-Inteligente ininfluenciável administradora do Corpo!
Assim, imagino-me como o Nada, mas, apenas vejo-me como uma Matriz Consciente-Inteligente influenciável gestora do Corpo.
Perdido em Mim Mesmo
Há algo em mim que pesa,
um vazio que não se desfaz.
Seguro a chuva nos olhos,
mas cedo ou tarde ela cai.
Tudo está aqui, tão perto,
e ainda assim, distante.
Sou reflexo sem presença,
pequena, quase errante.
O tempo não me espera,
então sigo sem saber
se um dia, entre os pedaços,
vou me encontrar outra vez.
Assumir
E eu falei a mim mesmo, eu sou mau, com verdade!
Sou mau de todo, eu assumo com sinceridade!...
O que há em mim de bom? Diga isso meu ser, então!
Eis que faço o mal, com os meus membros em ação!
Penso mal de meu próximo, quando sou pior do que ele.
Não reparto com os pobres, os meus bens que tenho!...
Digo no meu coração, sou mais santo do que aquele!
Faço o mal, mas ninguém me vê, nisso me empenho!
Confio nas minhas ações, que acho que me justificam,
E digo bem alto, vede como eu sou tão bom, nas obras!
E ainda tenho o desplante de ir à presença de Deus!...
Mas não passo de um hipócrita, sim admitirei, oiçam!
Eu sou o hipócrita de lindas e belas sempre trovas!
Mas hoje disse: Ajuda-me Deus com ensinos teus!
ODEIO ESTE TEXTO
(...)Eu odeio que encostem o cotovelo, a bunda ou uma cerveja molhada em mim enquanto eu tento encontrar um espaço para dançar. Eu odeio que encostem em mim, odeio a pele de um desconhecido indesejado.
(...)Odeio homens que olham para bundas como se admirassem uma carne pendurada no açougue e odeio mais ainda quando fazem bico e aquele sim com a cabeça, tipo "concordo com o mundo que ela é muito gostosa". E se ele fizer aquela chupada pra dentro do tipo "hmmmmm delícia" já é algo que ultrapassa os limites do meu ódio.
(...)Odeio mau hálito e mais ainda o fato de que justamente as pessoas podres são aquelas que falam mais baixo e nos obrigam a ter que chegar perto. Eu odeio machismo, submissão e mais do que tudo isso ter que ser forte o tempo todo e não ter um ombro másculo para chorar até minha última gota desamparada.
(...)Odeio pessoas muito oleosas, muito peludas, muito suadas e acima de tudo meninas que cheiram a lavandas e gostam de adesivos de ursinho.
(...)Odeio quem comemora porque passou numa faculdade que meu primo de 8 anos passaria e quem diz "peguei a mina".
(...)Odeio os Estados Unidos mas odeio muito mais o fato de a gente ter sangue europeu mas ficar imitando esses estúpidos, que também têm sangue europeu mas são estúpidos por herança criada. Odeio a frase "eu vou no super, comprar umas cervas para o churras".
(...)Odeio quem passa o dia no shopping com a família, churrascaria com aquele desfile de bichinhos mortos, principalmente porque você está lá tranqüilamente comendo e vem alguém com um espeto (que é grosseiramente imposto ao seu lado), te espirra sangue, fala um nome idiota e você nunca sabe exatamente de que parte se trata.
(...)Odeio quem casa virgem, odeio quem chega em casa depois de uns malhos no carro e enfia o dedo no meio das pernas porque tava louca para dar mas "ele ia me achar muito fácil". Mas eu também odeio mulher que sai dando pra meio mundo e perde o mistério. Sei lá, essa coisa toda de dar vai ser sempre uma dúvida.
(...)Odeio meninas caçadoras de homens ricos mas odeio sair com um cara que está tentando começar um relacionamento e ter que rachar a conta, seria mais simpático me deixar pagar a conta toda. Rachar é péssimo.
(...)Dividir banheiro, pêlo alheio em sabonete, acordar cedo e meninas adolescentes peruas com voz de pato.
(...)Quando eu era criança sonhava todas as noites que arrancava os olhos de todo mundo e só eu podia enxergar o quanto era feio eu ser como sou.
Terça-Feira Gorda
De repente ele começou a sambar bonito e veio vindo para mim. Me olhava nos olhos quase sorrindo, uma ruga tensa entre as sobrancelhas, pedindo confirmação. Confirmei, quase sorrindo também, a boca gosmenta de tanta cerveja morna, vodca com coca-cola, uísque nacional, gostos que eu nem identificava mais, passando de mão em mão dentro dos copos de plástico. Usava uma tanga vermelha e branca, Xangô, pensei, Iansã com purpurina na cara, Oxaguiã segurando a espada no braço levantado, Ogum Beira-Mar sambando bonito e bandido. Um movimento que descia feito onda dos quadris pelas coxas, até os pés, ondulado, então olhava para baixo e o movimento subia outra vez, onda ao contrário, voltando pela cintura até os ombros. Era então que sacudia a cabeça olhando para mim, cada vez mais perto.
Eu estava todo suado. Todos estavam suados, mas eu não via mais ninguém além dele. Eu já o tinha visto antes, não ali. Fazia tempo, não sabia onde. Eu tinha andado por muitos lugares. Ele tinha um jeito de quem também tinha andado por muitos lugares. Num desses lugares, quem sabe. Aqui, ali. Mas não lembraríamos antes de falar, talvez também nem depois. Só que não havia palavras. havia o movimento, a dança, o suor, os corpos meu e dele se aproximando mornos, sem querer mais nada além daquele chegar cada vez mais perto.
Na minha frente, ficamos nos olhando. Eu também dançava agora, acompanhando o movimento dele. Assim: quadris, coxas, pés, onda que desce, olhar para baixo, voltando pela cintura até os ombros, onda que sobe, então sacudir os cabelos molhados, levantar a cabeça e encarar sorrindo. Ele encostou o peito suado no meu. Tínhamos pêlos, os dois. Os pêlos molhados se misturavam. Ele estendeu a mão aberta, passou no meu rosto, falou qualquer coisa. O quê, perguntei. Você é gostoso, ele disse. E não parecia bicha nem nada: apenas um corpo que por acaso era de homem gostando de outro corpo, o meu, que por acaso era de homem também. Eu estendi a mão aberta, passei no rosto dele, falei qualquer coisa. O quê, perguntou. Você é gostoso, eu disse. Eu era apenas um corpo que por acaso era de homem gostando de outro corpo, o dele, que por acaso era de homem também.
Eu queria aquele corpo de homem sambando suado bonito ali na minha frente. Quero você, ele disse. Eu disse quero você também. Mas quero agora já neste instante imediato, ele disse e eu repeti quase ao mesmo tempo também, também eu quero. Sorriu mais largo, uns dentes claros. Passou a mão pela minha barriga. Passei a mão pela barriga dele. Apertou, apertamos. As nossas carnes duras tinham pêlos na superfície e músculos sob as peles morenas de sol. Ai-ai, alguém falou em falsete, olha as loucas, e foi embora. Em volta, olhavam.
Entreaberta, a boca dele veio se aproximando da minha. Parecia um figo maduro quando a gente faz com a ponta da faca uma cruz na extremidade mais redonda e rasga devagar a polpa, revelando o interior rosado cheio de grãos. Você sabia, eu falei, que o figo não é uma fruta mas uma flor que abre pra dentro. O quê, ele gritou. O figo, repeti, o figo é uma flor. Mas não tinha importância. Ele enfiou a mão dentro da sunga, tirou duas bolinhas num envelope metálico. Tomou uma e me estendeu a outra. Não, eu disse, eu quero minha lucidez de qualquer jeito. Mas estava completamente louco. E queria, como queria aquela bolinha química quente vinda direto do meio dos pentelhos dele. Estendi a língua, engoli. Nos empurravam em volta, tentei protegê-lo com meu corpo, mas ai-ai repetiam empurrando, olha as loucas, vamos embora daqui, ele disse. E fomos saindo colados pelo meio do salão, a purpurina da cara dele cintilando no meio dos gritos.
Veados, a gente ainda ouviu, recebendo na cara o vento frio do mar. A música era só um tumtumtum de pés e tambores batendo. Eu olhei para cima e mostrei olha lá as Plêiades, só o que eu sabia ver, que nem raquete de tênis suspensa no céu. Você vai pegar um resfriado, ele falou com a mão no meu ombro. Foi então que percebi que não usávamos máscara. Lembrei que tinha lido em algum lugar que a dor é a única emoção que não usa máscara. Não sentíamos dor, mas aquela emoção daquela hora ali sobre nós, eu nem sei se era alegria, também não usava máscara. Então pensei devagar que era proibido ou perigoso não usar máscara, ainda mais no Carnaval.
A mão dele apertou meu ombro. Minha mão apertou a cintura dele. sentado na areia, ele tirou da sunga mágica um pequeno envelope, um espelho redondo, uma gilette. Bateu quatro carreiras, cheirou duas, me estendeu a nota enroladinha de cem. Cheirei fundo, uma em cada narina. Lambeu o vidro, molhei as gengivas. Joga o espelho no mar pra Iemanjá, me disse. O espelho brilhou rodando no ar, e enquanto acompanhava o vôo fiquei com medo de olhar outra vez para ele. Porque se você pisca, quando torna a abrir os olhos o lindo pode ficar feio. Ou vice-versa. Olha pra mim, ele pediu. E eu olhei.
Brilhávamos, os dois, nos olhando sobre a areia. Te conheço de algum lugar, cara, ele disse, mas acho que é da minha cabeça mesmo. Não tem importância, eu falei. Ele falou não fale, depois me abraçou forte. Bem de perto, olhei a cara dele, que olhada assim não era bonita nem feia: de poros e pêlos, uma cara de verdade olhando bem de perto a cara de verdade que era a minha. A língua dele lambeu meu pescoço, minha língua entrou na orelha dele, depois se misturaram molhadas. Feito dois figos maduros apertados um contra o outro, as sementes vermelhas chocando-se com um ruído de dente contra dente.
Tiramos as roupas um do outro, depois rolamos na areia. Não vou perguntar teu nome, nem tua idade, teu telefone, teu signo ou endereço, ele disse. O mamilo duro dele na minha boca, a cabeça dura do meu pau dentro da mão dele. O que você mentir eu acredito, eu disse, que nem na marcha antiga de Carnaval. A gente foi rolando até onde as ondas quebravam para que a água lavasse e levasse o suor e a areia e a purpurina dos nossos corpos. A gente se apertou um conta o outro. A gente queria ficar apertado assim porque nos completávamos desse jeito, o corpo de um sendo a metade perdida do corpo do outro. Tão simples, tão clássico. A gente se afastou um pouco, só para ver melhor como eram bonitos nossos corpos nus de homens estendidos um ao lado do outro, iluminados pela fosforescência das ondas do mar. Plâncton, ele disse, é um bicho que brilha quando faz amor.
E brilhamos.
Mas vieram vindo, então, e eram muitos. Foge, gritei, estendendo o braço. Minha mão agarrou um espaço vazio. O pontapé nas costas fez com que me levantasse. Ele ficou no chão. Estavam todos em volta. Ai-ai, gritavam, olha as loucas. Olhando para baixo, vi os olhos dele muito abertos e sem nenhuma culpa entre as outras caras dos homens. A boca molhada afundando no meio duma massa escura, o brilho de um dente caído na areia. Quis tomá-lo pela mão, protegê-lo com meu corpo, mas sem querer estava sozinho e nu correndo pela areia molhada, os outros todos em volta, muito próximos.
Fechando os olhos então, como um filme contra as pálpebras, eu conseguia ver três imagens se sobrepondo. Primeiro o corpo suado dele, sambando, vindo em minha direção. Depois as Plêiades, feito uma raquete de tênis suspensa no céu lá em cima. E finalmente a queda lenta de um figo muito maduro, até esborrachar-se contra o chão em mil pedaços sangrentos.
Nossa, mano, você realmente tem alguma ideia do quanto é importante para mim? Mano, tipo, você me alegra, me motiva, me inspira. Você me faz bem mano. Nunca vou me esquecer de você. Olha, ultimamente vc tem sido minha melhor amiga, vc é aquela que está sempre lá quando eu preciso, se eu cair, vc me levanta, e se vc cair eu vou te levantar. Vou te dar sempre vários conselhos, vc poderá desabafar comigo sempre... Cara, vc é a melhor pessoa que eu conheci esse ano, obrigado de coração! Vc é demais, mano, tamo junto até o fim...
Hoje é um dia preto e branco, um dia que tudo vai errado, o creme dental acabou e perdi o ônibus das 6 horas, agora está chovendo. As ruas esburacadas se enchem de água,os carros passam e me molham. Dia daqueles, meu guarda chuva nem abre. Esses dias nublados, nublado igual meu coração. Me sinto frustada, estou presa dentro de mim e aqui faz frio. Frio demais, sinto um nó nas tripas e um arrepio na espinha. Meu peito dói, tenho pensamentos acelerados, mas os passos lentos. Alguém pode me ajudar?! Estou morrendo, sinto-me como um náufrago perdido em mar aberto, que qualquer minuto virará comida de tubarão ou será para sempre levado pelas ondas do mar.
Busco o que há de verdadeiro dentro de mim. Muitas vezes escondido onde nem sei como encontrar. Está em algum cantinho, na alma, no coração, esperando os momentos certos para aparecerem e me apresentarem do jeito verdadeiro que sou. Transformações são necessárias, fases da vida, adaptações. As máscaras sempre caem, as aparências sempre enganam, até mesmo as nossas. Nem tão bobos, nem tão sérios, nem tão santos. Metamorfose. Somos o que precisamos ser em cada situação. Se mais emoção ou se mais razão, quem define, definitivamente, é você.