Textos de poema
Tudo é incerto
Neste mundo de onde escrevo
Não há nada de sucesso
Para além do pouco
Que escondido e louco
Não deseja ser-lo;
Tudo é falso
E nada o é
Porque se o fosse,
O falso era o tudo
E nada era nada;
Dos poucos que com o nada se contentam,
Porque pouco mais têm
Que o nada,
Não sei se sou,
Porque nada eu tenho
Para saber o que é ter.
Nunca fui bom com palavras
Talvez porque palavras
São para ser sentidas
Coisa que eu não faço
Pouco sinto e menos penso;
E muito minto.
Quem me dera ter desejos
Eu que nem ambições tenho
Porque sem ambições não me decepciono
Ao falhar como tanto faço;
Nunca é diferente
Não mudo, não penso
Pouco sinto;
E muito minto.
Por vezes sinto que nada sou
Por vezes sinto que muitos sou
Só sei que o sou
Porque se não o fosse
Nada seria;
Pouco sei
Não por querer
Mas por desistir
O saber não é algo meu;
E daqueles que sou
Um deles de algo sabe
Eu que eram todo
E agora sou muitos nada
Que dos muitos
Pouco sabem.
Nós somos os do fundo.
Piores do que ser nada,
Somos os que não se aguentam de pé
Pois nem pernas tem
Porque as perderam na queda.
E os que em baixo nos colocam
Os de mente poluída
São os que almejamos ser
Para sermos mais que nada
E sermos tudo.
Quem nos dera ser os outros
Que percebem o que digo
Sendo que nem eu, o nada,
O percebo.
Eu sou nada e eu sou tudo
Porque tudo é nada
E ninguém é algo;
Somos um mundo de nadas
E assim o seremos
Até que tudo acabe
Ou paremos de fingir que já não acabou;
Os outros que vêem a verdade
Não sabem se os ilusionistas a sabem
Pois será que sabe a lua que não brilha
Pois eu sei que sou tudo.
No Quintal do meu Pai
Se me perguntares o que sinto
não minto...
É a vontade de chorar meu anonimato
por meu acto...
Se me perguntares o que choro
é o amor duro...
Que mais bem-querer, quero!
Sonhar, amar e sentir esmero
se me perguntares o que sinto
é vontade de não querer te perder
não...sim preciso te merecer
Para eu não desfalecer
meu sentimento teimoso
se me perguntares o que quero
quero chorar...
Não amar
tantas falacias recaidas no meu ombro
eu quero chorar
não gritar
talvez assim matarei nha ilusão de amar
se me perguntares o que quero
é somonte grito ou choro
entusiaticamente sem sentido
nem moral.
Daniel Perato Furucuto
24-06-2015
Como deixei o meu amor passar...
perdi o libido da vida,
larguei as coisas fúteis
para viver algo surreal.
Pela passagem das brechas
que deixei escapar,
perdi o maior segredo
que um sábio me disse;
Ó amor..
vejo que é uma palavra
que os surdos ouvem,
sem despertar seu
verdadeiros significado.
Ouço pessoas famintas,
ignorando as vozes
de uma alma carente
e angustiada.
Estou angustiado
pela minha incapacidade
de armar,
desesperado pelo grito
de suicídio.
Ranjo e gemo de remorso,
remoendo as migalhas
da minha alma.
Advento
Como ato e consequência
Teu olhar e meu sorriso
Teu cheiro em meus pulmões
Ao sentir eu paraliso
Como à soar um aviso
Que o amor está por vir
Impetuoso, árduo, e viril
Doce, suave, febril à tinir
Consuma-se a esperança ardente
E o coração pulsa latente
Sua chegada à almejar
Sua constância à desejar
Vem amor
pode entrar
Espero que goste,
e queira ficar.
Ana Luiza Cirqueira
Incendiário
Na intrínseca de Minh ‘alma
Algo clama, algo queima, algo canta
Por sentir você, na essência, na calma.
E no âmago dos teus sentimentos,
Encontrar o mais seguro dos abrigos.
Sem que nada falte, sequer um fragmento.
Pois teu olhar me enfeitiça,
Tua voz me encanta, paralisa
E o teu cheiro, embalsama, alivia.
Ah! Como és incendiário sob minhas cartas,
Que jogadas no abismo das emoções
caíram bem em tuas mãos.
Faça destas então, relíquias de valor
Que ao arfar na doçura do teu toque
Eu possa me afogar em ti.
Ana Luiza Cirqueira
Da dura rotina
cai
no abismo dentro de mim
desabrochei
sem esperança sem vida
eu busquei
imaginei
olhei pra dentro de mim
um mundo sem eu
o mundo de deus
sem medo
me deu adeus
a vida é uma realidade que não cabe você, do amor dos seus sonhos, vomitar
e jogado pra fora o que você sempre chamou de meu, sem eu sem nada
me fazer infeliz
então eu cai
então retornei
então me livrei
uma vida que não te convida mais para um simples cafe
Amor a gente faz juntos, não só
É uma composição como canção
Com pausa e som, silencio e emoção.
Feito poema, papéis e tinta em pó
Tipo encanto das cordas que dão dó
Tipo tons que marcam a escansão
Tipo trem que encontra a estação
Tipo um enlaçamento, feito em nó
Faz amor quem compõem as melodias
Faz amor quem encanta com poesia
Faz amor quem espera noite e dia
Faz amor quem nos cerca com carícias
Amor não quer deixar para depois
Amor é não se faz só, mas a dois
Torturas
Nada mudou.
O corpo sente dor,
necessita comer, respirar e dormir,
tem a pele tenra e logo abaixo sangue,
tem uma boa reserva de unhas e dentes,
ossos frágeis, juntas alongáveis.
Nas torturas leva-se tudo isso em conta.
Nada mudou.
Treme o corpo como tremia
antes de se fundar Roma e depois de fundada,
no século XX antes e depois de Cristo,
as torturas são como eram, só a terra encolheu
e o que quer que se passe parecer ser na porta ao lado .
Nada mudou.
Só chegou mais gente,
e às velhas culpas se juntaram novas,
reais, impostas, momentâneas, inexistentes,
mas o grito com que o corpo responde por elas
foi, é e será o grito da inocência
segundo a escala e registro sempiternos
Na vida o que mais me satisfez:
Não foram os ensinamentos que recebi, mas os que transmiti.
Não foram as madeiras que utilizei, mas as árvores que plantei.
Não foram os poemas que li, mas os que criei.
Não foram as páginas que virei, mas as que escrevi.
Não foram as orações que li, mas as que a minha alma ditou.
Não morres satisfeito.
A vida te viveu
Sem que vivesses nela.
E não te convenceu
Nem deu qualquer motivo
Para haver o ser vivo.
A vida te venceu
Em luta desigual.
Era todo o passado
Presente presidente
Na polpa do futuro
Acuando-te no beco.
Se morres derrotado,
Não morres conformado.
Nem morres informado
Dos termos da sentença
Da tua morte, lida
Antes de redigida.
Deram-te um defensor
Cego surdo estrangeiro
Que ora metia medo
Ora extorquia amor.
Nem sabes se és culpado
De não ter culpa. Sabes
Que morre todo o tempo
No ensaiar errado
Que vai a cada instante
Desensinado a morte
Quanto mais a soletras,
Sem que, nascido, mores
Onde, vivendo, morres.
Pensamento
Se tu fosses ó rainha da dor.
A solução do amor.
Te faria de mim companheira.
Juntos inventariamos brincadeiras.
Para brincar com a sorte.
Se estivesses sozinhas é claro.
Pois com todos os teus predicados.
Poderia quem sabe conseguir o impossível.
(Momento terrível pensar assim).
Amando a morte, vivendo sem fim.
É como me sinto quando estou neste estado, surreal.
Estando ao teu lado eu calço os meus sapatos, de imaginação.
E começo a escrever.
Tudo ditado pelo coração.
E me ponho a sonhar contigo.
Singelo amigo.
Bem alto, por mim.
Procurando o que todos procuram.
A vida com ternura.
A casa da loucura.
O mundo sem fim.
O ARTISTA E SUA OBRA
Como é possível, senhora, que todos os homens aprendam
pela longa experiência? Formas que parecem vivas,
esculpidas na dura montanha de mármore, sobreviverão
ao seu autor, cujos anos ao pó retornam!
Assim produz frutos. A arte teve a sua vez,
e triunfa sobre a Natureza. Eu, que luto
com a Escultura, sei muito bem; suas maravilhas
vivem o despeito do tempo e da morte, estes implacáveis tiranos.
Portanto, posso dar vida longa a nós ambos
de uma forma ou de outra, na cor e na pedra,
fazendo o semblante do seu rosto e do meu.
Sucesso
Sucesso é sorrir e gargalhar
E olhar o horizonte e suspirar.
É beber água na fonte
Sem se preocupar.
Sucesso é poder estudar
Ampliar as fronteiras do conhecer
Ter a noção do quanto
Infinito são a sabedoria e o saber.
Sucesso é ter aonde ir
Mesmo sentindo uma vontade
Imensa e incomensurável
De continuar, de ficar.
Sucesso é ter dinheiro sim
Mas não ser prisioneiro dos bens materiais
É ter relações reais com as pessoas
E não ter relações objetais.
Sucesso é andar descalço por aí
Comer frutas no pé sem receios
É poder partir ou se isolar
Quando se está de saco cheio.
Sucesso é poder
Beijar a boca da amada
Poder fazer amor
Sem ter horas marcadas.
Sucesso é desejar
Principalmente o que se tem
É continuar desejando
O que conquistou.
Sucesso é resistir às traições
Aos insultos e as inverdades
Sobreviver aos absurdos
E ter imunidade às maldades.
Sucesso é tanta coisa
E outras coisas para cada um
É ter fé em Deus
E poder simplesmente respirar.
Sucesso é poder viajar
Seja para o exterior
Ou poder voltar para casa
Ou embarcar na literatura e suas asas.
Sucesso é ter uma ideologia
É acreditar na democracia
Ou desacreditar do sistema
E hastear a bandeira da Anarquia.
Sucesso é abraçar gostoso
Abraçar demoradamente
É rever alguém
E ficar verdadeiramente feliz.
Sucesso é deixar
Um legado ou ensinamento
Para o mundo ou para uma pessoa
Ou ainda, para várias pessoas.
Sucesso é amar
É ajudar ao próximo
E não fazer questão de retribuição
É esperar pouco ou quase nada.
Sucesso é atingir o alvo
É viver de fato um sonho
É ser um ser grato e ter a certeza
De ter feito o possível.
Sucesso é indefinível
Sucesso é algo incrível
Sucesso é ter feito valido à pena
Sucesso é poder descansar em paz.
Hoje o céu não está azul
E nem os meus olhos estão alegres
Quão trite é a solidão
Que aos meus olhos me parecem.
Não consigo entender
Esse meu pobre coração
Que todas as vezes que me encontro
Ele me arrasta para a solidão.
Como é triste ver a vida
De uma forma tão estranha
carregando em um olhar
uma aterrorizante lembrança.
Eu sigo calçando
com os meus passos inquietos
alegrias se apressando
e passados secretos
contorno
retorno
revivo
A ânsia que me consome
já fragmenta meus resquícios sanos
minh'alma anorexica, com fome
causa em mim severos danos
enlouquecendo
tremendo
temendo
As mãos que acariciavam
agora estão cansadas
das noites que mutilavam
do depois tão machucadas
naufragando
alucinando
lutando
Há dias de glória em meu olhar
e tormentas na tardia neste sorriso
me equilibro para me livrar
do pavor que tanto esquivo
sentindo
exaurindo
afligindo
Então a culpa se alastra
como um vírus imortal
parecem animais com mordaça
pedante e demasiado bestial
julgada
ignorada
...
...
...
lágrimas de uma invisível.
A brisa dissera adeus
mas o tempo reiterava em regressar
memorando os lábios teus
tentando não lacrimejar
A tua toalha branca
já faz falta em meu varal
ontem,hoje e toda semana
dolorosa nostalgia infernal
Me encantava as flores
os pássaros e jardins
agora só sinto o agridoce
de ver a vida tendo um fim
Quero o que um dia foi meu
para sempre e novamente
eu lembro, você me prometeu
que me amaria tão brandamente
Tua voz ainda ecoa
no corredor e no quarto abrasado
tua palavra ainda soa
como um suicida obstinado
Terminou como um covarde
não permitiu que eu te salvasse
estou vazia, sem tua parte
que remate, que tudo passe
Preparando
cortando
me enforcando
...
...
...
Estarei em teus braços novamente, meu suicida amor