Textos de Paixão
Ele tornou-se incoerente.
Pulsando erráticamente sob seu domínio.
Suas mãos inconscientes o manejam de forma desleixada.
Não o pressione muito, não extraia a vida.
Devolva-me quando eu voltar, sua função não é bombear por você. Aquele frágil núcleo inconsequente.
Ele costumava ser meu.
Foi naquele dia que percebi que não havia mais escapatória, eu já havia entregado todos os pontos.
Naquele dia em que, fugindo desesperadamente, corri em direção oposta à saída e fui ao seu encontro.
Naquele dia em que meu olhar procurou em meio a multidão, e ao encontrar, involuntariamente sorri.
E quando percebi já estava totalmente rendido, naquele dia em que parei de imaginar e passei a sonhar, como se todos os sonhos fossem possíveis.
INDEFINÍVEL
Não posso afirmar com certeza, que tu és indefinível, afinal defini-la como indefinível, seria um paradoxo. Mas, afirmo que tu és o ser mais lindo e mais angelical que já conheci. Tuas inseguranças, pra mim são perfeições. Embora esculpido pelo divino, não me apaixonei pelo teu corpo, e sim pela tua alma.
É inexplicável o que sinto, seria amor ? Paixão ? Desejo ? Não interessa o que seja, de qualquer forma, eu lhe venero. Teu olhar é como um abismo, onde fico tentado a cair, e aos poucos, vou me curvando, me inclinando cada vez mais, até que fico em queda livre por estes lindos olhos.
Celebro sempre que estou perto de vê-la, mas não posso cobiça-no-la, não tenho o direito de tê-la. Mas de algo podes ter certeza, se por acaso eu lhe perca, meu coração jamais vai desaprender como amá-la.
AOS POUCOS
Vi seu rosto no meu café,
O gosto do seu beijo na minha boca,
O seu toque na minha pele,
Talvez eu esteja delirando,
Ou me apaixonando aos poucos.
Esqueci sua feição,
Lembrei do quão amargo era seu beijo,
Lembrei do seu toque frio na minha derme,
Talvez eu esteja delirando,
Ou me desapaixonando aos poucos.
Procurei blindar a minha mente,
Me desapeguei do seu sabor,
Me curei das feridas,
Eu me sinto feliz novamente,
Estou me recuperando aos poucos.
Vi outro rosto no meu café,
Quero saber qual o gosto daquele beijo,
Quero sentir aquele corpo no meu,
Agora sei o que sinto,
Estou amando de novo.
Desejei por um tempo, ter ainda mais da sua companhia.
Mais do que te ver só nos encontros, mais do que ver no dia-a-dia.
Eu leio sobre amores em versos e jamais imaginei gostar de um aperto de mão.
Fui pego no seu jeito recatado e nesse falar calmo com voz de canção.
Hoje, um pouco distante, sinto saudade do não aconteceu.
Saudade da sua presença e do olhar que generosamente me recebeu.
Desde a primeira vez que ti vi, fantasio incoerências que só cabem nas paixões.
Queria ser quem te abraça repentino, queria ter mais do que sobras e ilusões.
Vejo seu rosto entre meus devaneios, vejo ao me deitar e até mesmo durante o dia.
Talvez seja ainda parte do meu sonho, acordar lentamente te olhando enquanto você sorria.
“XONADO”
Agitado, tal uma chama dum pavio
Ardume que arde n’alma do prazer
No enrabichado és um grato atavio
Que alinda a sensação e a faz valer
E, do trato aquele sedutor arrepio
Fulgor que causa impar alvorecer
Um fastígio, e um agrado gentio
De ternura, loucura e acaso viver
E, da sua falta a inquieta tortura
Suspiro que aperta o peito vazio
Quando, só se quer um bocado!
E, pra se ter o amor com doçura
Paixão, o apreço deve ser luzidio
Pois, só assim se achará “xonado”.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
11/08/2021, 15’10” – Araguari, MG
Eu estava seguro e maduro.
Havia acabado de construir o meu muro.
Me escondi, na sombra, no escuro.
Pois dá muito trabalho limpar o entulho.
Aí você apareceu assim, tão de repente.
E eu, que fazia um esforço para não ver gente.
Fui puxado para fora e fiquei contigo frente a frente.
Senti o teu calor, teu ânimo, sua alegria.
Deu vontade de correr, como de hábito eu fazia.
E você, sem fazer nada, fez eu querer sua companhia.
Eu estou surpreso e não sei o que fazer, pensar ou dizer.
Esse mundo onde as palavras faltam e o fôlego tremula.
É medicação para a alma, que nunca tomei nem li a bula.
E o pior é que eu, antes tão comunicativo, fico tímido quando você aparece.
A expectativa de encontrar amanhã, a cada noite cresce.
Meus lábios querem os seus e a sua alma já te contou.
Nessa linguagem silenciosa que o amor é doutor.
Esse seu silêncio que parece que não quer ou que não me entendeu.
Me deixa apreensivo e lembrando das vezes, que o meu coração já doeu.
O que eu faço agora, me diga como você entrou?
Pois esse coração que antes era valente, flechado por você se acovardou...
O quê será de ti,
eu não sei,
Mesmo que não
queira,
Lerás cada verso,
para entender
Que eu te amei.
Não me esqueci,
não resisti,
Aceitei o conselho
e a ironia de quem
dizia que voltaria
a me admirar:
virei uma mulher
Tão forte,
que agora não
Quer mais voltar;
porque de tão forte
que me tornei,
Só sei escrever
ao invés de chorar.
O quê será de ti
já não importa,
Os meus poemas
cuidarão de fazer
Por mim o quê
eu não posso:
Te tirar daqui.
Não existe beleza
na indiferença,
Ela se encontra
nos manifestos
- poéticos -
que não leste,
Nas fotos
que ignoraste;
Envenenaste
a minha crença
na tua existência,
E agradeço!
E salva de ti,
assim desse jeito,
'tu' me perdeste.
Não nasci para
ser ignorada,
Não nasci
para não ser,
Nasci para
existir,
Nasci para ser
bem amada,
Fui embora
querendo ficar,
Parti para não
me perder.
O rasgo no peito,
as marcas
na pele,
são sinais vitais
da tua indiferença,
você me fez
perder tempo,
o riso e a crença,
o melhor de tudo
é que a cada vez
que escrevo
um verso,
eu te esqueço
e a dor
que sinto
dói menos
aqui dentro.
Não por lirismo,
mas por realismo,
exponho ao mundo
o meu coração
por ti destruído,
não foi restaurado,
está muito dorido,
embalando o último
poema que escrito,
foi a letra etérea
de libertação,
para eternizar
o grito da Terra
não escutado,
para eu não mais
cair na tua mão.
Como fera ferina,
você premeditou
me decepcionar
na minha data
natalícia,
no dia
devocional
de Santa Catarina,
para eu
me almadiçoar,
e esquecer
de me amar.
Não nasci
para você,
sou Verônica,
não nasci
para te carregar
na memória,
sou cigana
de partida,
rumo a terra
prometida,
nasci para
uma nova vida,
e fazer história.
Do galopante
destino
Percebendo
o desafio,
Lancinante
o confronto
Do que ele
deseja,
Um gesto
audacioso
De ter colocado
as cartas,
as ideias
e o receio
na mesa;
Depois de todo
o ocorrido
Já não sou,
e nem nunca
Serei mais
a mesma.
O meu rosto
florido,
A minha alma
de fada,
Tenho percebido,
que sua amada,
assim eu sou.
Não te quero
perdido,
Te quero bem
louco de amor.
O seu colo
acolhido,
A minha ânsia
indomada,
Tenho embalado
de tão amainada
assim eu estou.
Eu te quero
comigo,
Te quero bem
doido de amor.
O meu sonho
escondido,
Por um véu
carregado,
Pelo vento
de tão forte
ainda ele ficou.
Sou presa de mim,
Nada me prende,
Sou feita de poesia,
Asas não criei,
Não sumi da pena,
Se ele aparecer
Para me soltar,
Nada mais sei,
sorrir ou inventar.
Dançando no abismo,
Sentimento revelado,
Alçando o estribilho,
Momento recordado.
Nada mais além
De mim e dele,
Na boca a sede:
Do beijo angélico
Que não provei,
Do abraço quente
Ainda guardado
para o amor divino.
Escrevo de mim
Para a largada,
Salto de partida,
Palavra reconhecida.
Egressa de mim,
Nada me prenderá,
Livre do passado,
Revoada do recomeço,
Nada me impedirá
De viver a toda hora,
Em todas as escalas
E de todos os planos,
Não quero mais enganos.
Alma lá da sacada,
Cabeça reerguida,
Vitória sobre o ego,
Estou amadurecida.
Nos teus olhos titânicos,
Eu vejo a cor do amor...
Só de pensar em você,
qualquer lugar vira
Um doce paraíso,
mesmo sem tê-lo
De fato aqui comigo.
Só de ouvir tua voz,
prevejo o futuro,
o doce acordo,
Mesmo distante,
o radiante encontro.
Só de pensar em você,
revivi o quê devia,
A volta sem regresso,
mesmo sem tê-lo,
De fato aqui por perto.
Só de saber como és,
adivinho o destino,
A fortaleza e doçura,
mesmo de longe,
O soneto pressentido.
Só de pensar em você,
imagino mil cenários,
Já me proclamo sua,
mesmo sem você saber,
De fato tanta ternura.
Só de te admirar,
proclamo-me íntima,
Revisto cada detalhe,
mesmo em cada letra,
De fato além da poesia.
Já és realidade...
Como um bravo chacal
fez o meu peito sangrar,
Para ti convém dizer:
- Que tudo foi momento,
ferindo-me o sentimento.
Nos meus tristes olhos
você não quis olhar,
Talvez por medo,
De até mesmo sonhar.
Lágrimas de puro âmbar
saem dos meus olhos doidos,
Não tenho parado de chorar.
Vocação para se consumir?
Não tenho, tenho 'porquês'
na vida a embalar e seguir.
Cometa consumido sempre
traz uma prenda e regra,
Quando ele cai na Terra,
é capaz de marcar e virar
Campo de meteoritos.
O amor é caleidoscópio
nas mãos dos ingênuos,
O amor é mistério
nas mãos dos cientistas,
É algo que não se explica,
e nas mãos de quem crê,
É sempre pura mística.
Como o destino é irônico,
não exigirei mais nada,
Porque 'nada' tens a dar,
e mesmo se tivesse,
Nada vale a pena forçar.
O amor não se comanda
nem por um botão,
Quando chamado de idiota,
ele se recolhe e vai embora.
Há um enigma, há em nós um mistério,
- algo que sublima, algo etéreo
Algo escondido por debaixo dos lençóis,
- vejo-me com você
- abraçados -
Escutando o cantar dos rouxinóis.
Lindas flores que hão de ser
Apreciadas em tua companhia,
- sim, tenho muitas coisas para sonhar
Noites que não irei mais encontrar a cama vazia,
- sim, estou aqui a nos imaginar
Das poesias brotadas de você
- sim, estou pretendendo revelar...
Dos silêncios que hão muito de nos falar,
- nos teus suspiros eu hei de escutar
Sinto os sabores dos vinhos
Que você há de harmonizar e me servir;
- sinto que muitas coisas boas estão porvir.
Eu tenho desejado diariamente,
Que os nossos enigmas reunidos,
E mistérios não solucionados
Vinguem como um canteiro,
De amores-perfeitos,
Que eles sejam mais do que eternizados
E pelos céus sejam protegidos,
Estejam escritos os nossos destinos
- divinizados....
Leia-me com poética,
e não literalmente...
Porque sem poética,
não haverá compreensão.
Versa-me nas letras,
e não espiritualmente...
Porque sem profética
não haverá reconciliação.
Desnude-se para me ler,
porque só assim captará
Que o amor dos outros
foi distração poética,
Para um amor desesperado
e quase sem salvação.
Porque o porquê destes versos,
na verdade sempre foram teus;
Na esperança de vivê-los
para brindar a vida com paixão.
AMOR: os versos que escrevi para nós, só você saberá identificar.
Deixar-te livre para o descanso
Significa que te quero refeito
E não longe de meus afetos,
É imperativo que carrego
Porque te quero inteiro;
Para que você venha pleno
Do espírito de [recomeço].
Aceito os teus cansaços,
A necessidade de oxigênio,
E da tua respiração
Retiro versos inéditos
Como encontro de regaços.
Deixando-te livre para o voo,
Confiante no teu retorno:
Entregarei os versos retirados,
Para que os sinta aconchegados,
E em cada parte do teu corpo
Venha emitir arrepios requintados.
Aguardo notícias suas
vindas do outro lado,
Talvez virão a nado
Cruzando o [oceano];
Espero com rimas nuas.
Porque o poeta nasceu
para não ter Pátria,
Ele possui a poesia
como o seu passaporte,
Para ele não tem altura
e fronteiras não existem;
Ele crê na beleza da jura.
Respiro ansiedades
vindas do meu peito,
Certas de que vivem
entre dois [mundos];
Desejam por liberdades.
Vendo os pescadores
caindo de mil amores
Nos encantos das sereias
todas livres e [solteiras:
decidi escrever
Com minh'alma morena,
E entreguei este poema.
Trago em mim o infinito,
O invisível talvez;
Porque me guardas em ti,
E bem dentro do teu peito.
Deixo em ti o divino,
- A liberdade certa -
Porque em mim guardo
O quê há de mais bonito.
Beijo espiritual em versos
O amável e vero;
Porque em segredo intenso
Eu sempre te [espero.
Corpo natural em chamas,
- Beijo frágil feito louça -
Corpo feito para morar
Sem nenhuma roupa.
Artesanato feito à beira mar,
Poesia de moça,
Declamada em voz rouca,
Para você 'amar'.
Resolvi escrever este verso
para dizer sem engano:
- Que o meu desejo é maior
do que todo o [oceano.
Acolhi a bailante rima
para remar na corrente,
Quero o teu beijo quente,
Que a vontade [atiça].
Percorri o dobrar das ondas
para dizer sem delongas:
- Que te quero além...,
E que você já é o meu [bem.
O General que
está preso
indevidamente
também é gente,
Recordo
extensivamente
todos que estão
vivendo essa
triste situação,...
Um dia um poeta
me disse que
"as idéias não
correspondem
aos fatos",
É por isso que
resolvi me meter
porque não
consigo ver algo
que está ruim
e ficar de
braços cruzados,
Quero me entender
contigo e desejo
que não se
sinta afrontado:
O General precisa
ser por ti ajudado.
Se tudo estivesse
bom não seria
necessário
publicamente pedir,
Mas tu sabe
que no momento
tudo está
pior do que
imaginávamos,
e não é exagero
enviar cuidados.
O peso da prisão
injusta deve ser
aliviado mesmo
se ele fosse
de fato culpado
até o Judiciário
voltar a funcionar;...
Médico, Pastor,
familiares diretos
e amigos até
o sol da justiça raiar,
Não preciso estar
porque sou
a estrangeira,
A desconhecida
que a História
vai se esquecer,
A memória e o tempo
se encarregarão
da História apagar.