Texto sobre Avô
Ontem perdi um avo
Perdi um amigo
Perdi alguém que amava
Perdi um pedação de minha infância
Um pedaço de mim
Um pedaço de vida
Ontem perdi mais alguém
Um alguém dos sábados sozinhos
Um alguém das manhas de domingo
Um alguém
Um que sentava do meu lado e contava causos
Contava onde foi
Onde eu fui
Quem nós éramos
Onde perdi mais alguém
Rolando Boldrin
Meu amigo de infância
Um dos poucos que sempre foram
Obrigado
Toda vez que cantar um verso seu
Seu olhas vais estar comigo
Eu vi minha Avó -
Eu vi minha avó chorando
aos pés da virgem Santa
e vi a santa deixando
nos seus olhos nova esperança.
Eu vi minha avó secando
suas lágrimas de dor
nas estrelas fixas do manto
da virgem cheia de amor.
Eu vi minha avó pedindo
mirando o rosto de Maria
e a virgem Santa, ouvindo
as rezas que ela tecia.
Eu vi minha avó partindo,
serena, pela estrada,
ia ao encontro, sorrindo,
da Senhora da Orada.
Eu disse à árvore:
me abençoa, árvore,
sê minha avó
minha mãe
minha filha.
sê tu, árvore,
minha ilha de pássaros
e verdes
meu eterno retorno
pulmão e coração
meu berço minha rede.
ela, a árvore,
nada nem disse
e ficou ali naquela existência
sua de árvore
minha avó
minha mãe
minha filha
como todas as coisas são
sem precisão de bússolas
ou outras confirmações.
AVÓ ESPERA
Eu já me ia esquecendo
Na voracidade do tempo
De te lembrar, estremecendo,
Neste nevoeiro tão tenso.
Tudo o que pediste, eu cumpri:
"quando fosses velhinha,
Que te desse ao menos, uma sopinha.
E eu dei-ta e muito mais
Que o que me pedias, avó.
Fui teu confidente,
Tua companhia no só,
Teu neto, sempre de frente.
"Põe-me, quando eu morrer,
Florzinhas no meu jardim,
Uma luz para eu ver,
Quem é que gosta de mim..."
Disso, avó, não me esqueci
E tu sabes bem que não,
Os que sempre gostam de ti,
São flores vivas em botão.
(Carlos De Castro, in Há um Livro Por Escrever, em 15-03-2023)
QUE SOSSEGO
Era só a minha avó.
E em tardes de calmaria
Debaixo da velha ramada
Das folhas do morangueiro
O corriqueiro,
Americano,
Ela, aos botões, dizia:
- Que sossego! Bendito ano!
Ela não sabia
Que eu estava
Com ela,
Mirando-a de uma janela
Pequenita que havia
Logo atrás dela.
E eu ouvia tudo naquela viagem
Feita miragem
Que minha avó fazia,
De consciência apurada,
Sem precisar de andar
Ou sola dos chinelos gastar
Em qualquer estrada...
Foi ela que me ensinou,
Aqui onde vou,
Que para sonhar,
Só basta estar!
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 29-05-2023)
Há muito tempo, quando eu ainda era uma criança, perguntei para o meu avô qual o motivo de existir pessoas boas e pessoas ruins no mundo.
Ele deu um sorriso sarcástico que apenas ele sabia dar, e me deu um exemplo de duas pessoas vindo de encontro com a outra em uma calçada bem estreita, onde uma teria que parar para ceder algum espaço para a outra passar.
Meu avô disse que se as duas pessoas fossem ruins, ambas não passariam, pois nenhuma das duas pessoas estaria disposta a ceder algum espaço para a outra, e acabariam apenas brigando. Se as duas pessoas fossem boas, ambas também não passariam, pois as duas pessoas estariam dispostas a ceder o espaço para a outra passar, e dariam início a uma competição eterna de quem era a mais generosa. Se uma pessoa fosse boa e a outra pessoa fosse ruim, ambas passariam, pois a boa cederia o espaço e a ruim não hesitaria em passar.
E finalizando, ele me disse que é assim que o mundo segue, e que eu deveria aprender a conviver com isso, escolhendo um dos caminhos, o bem ou o mal.
Das estrelas da manhã, na despedida da Avó Lua nasce o pai Sol, força do fogo na Terra, trazendo com ele todos os renascentes que abrem os olhos em silêncio e se reabrem em alegrias na busca do gestar um mundo repleto de paz e abundância! As Mulheres são as gestantes da paz do Universo. Mulher hoje é seu dia, honre suas ancestrais que chegaram primeiro, reconheça a sua presença neste tempo cósmico! Mulheres curem-se, vibrem com a sua evolução para que possam dar à luz a todos os seres em reverência e sentido da vida! lembrem-se a força do nascer do Sol está em você!
Homens, honre a sua força feminina e sinta a amorosidade de tudo que É!
A gente é pai ,filho,neto e avô.
Nesta data tão especial gostaria de fazer uma homenagem a um cara que hoje não esta entre nós mais é a minha referência meu avô Eulpido Luiz Camilo obrigado por tudo se hoje sou este homem de caráter e índole tenho que agradecer ao espelho. Tenho certeza que o espelho não vai se quebrar.
...Ao voltar para casa, Pai e Avô inconsolados cantavam o hino Brasileiro, como se prestassem as últimas condolências ao soldado guerreiro que morreu em defesa do seu país, antes de entrarem em casa sentiram ambos uma estranha brisa vindo do oeste e compreenderam que era o soldado que soprara ao encontro deles para dizer que descansou…"
http://franklinsousa.com.br/soldado-ferido/
Heranças
Chamo para recordar a fé genuína que existe em você, que residia primeiro em sua avó Lois. - 2 Timóteo 1: 5
Escritura de hoje : 2 Timóteo 1: 1-7
"Meu bisavô possuía esse rifle", disse o homem com orgulho. Na mão, havia um rifle de menta desde os dias em que os pioneiros estavam se movendo pelo oeste americano. Eu admirava seu belo estoque de nozes e acessórios de latão brilhante. Ele disse: “Tudo se resumia ao meu avô, que o passou a meu pai, que me deu. Está na família há mais de 100 anos. Vou dar para o meu filho quando ele fizer 25 anos. ”
Pensamos muito no que passamos aos nossos filhos. Minha esposa Shirley aprecia o cristal e os louças que pertenciam à avó. Pode ser algo diferente em sua casa: uma escrivaninha, uma colcha feita à mão ou uma Bíblia antiga da família. As heranças são importantes para nós.
Mas, pelo exemplo de nossas vidas, podemos transmitir aos nossos filhos coisas ainda mais importantes - como um bom nome ou caráter honrado. A leitura bíblica de hoje menciona o melhor presente de todos - o exemplo da fé em Jesus Cristo. A avó de Timothy, Lois, e sua mãe Eunice confiaram em Cristo e ensinaram Timóteo a fazer o mesmo (2 Timóteo 1: 5; 3: 14-15).
Ao pensar no que vai passar para seus filhos e netos, não esqueça o exemplo de sua fé em Jesus. É a "herança" mais valiosa de todas.
Refletir e orar
Os valores que deixamos em nossos filhos são mais importantes que os objetos de valor que deixamos para eles. David C. Egner
O Dourado Estelar que Permanece em Mim
Minha avó:
Amor sereno que guardo no meu sorriso,
Saudade que não está mais no meu choro contido;
Mestra transfigurada em mim.
Em momentos assim
Liberto o meu riso, rio
E todas as sombras desistem
De escurecer o meu dia
E o dourado estelar é
Lembrete do que
A minha avó dizia...
Os meus netos
Ouvi a tua voz: olá avô!
Que linda voz a tua, eu aqui estou,
O teu sorriso transforma a tristeza em alegria,
Até parece que há muito tempo não te ouvia,
Ainda ontem aqui estiveste, que saudades,
O avô ficou contente assim que chegaste.
Ouvir chamar-me avô é tão lindo, nem pensas,
Como avô fica menino às tuas expensas,
Tinha os olhos fechados e acordei de repente,
Quando me tocaste, fiquei tão contente,
A minha alma até parece que fica menina,
Mas a tua ainda é maior do que a minha.
Começámos a brincar, somos dois meninos,
O tamanho é diferente mas somos pequeninos,
Nas nossas brincadeiras e no nosso fulgor,
Mas somos grandes no nosso amor,
Eu gosto tanto de te ver correr e de ouvir gritar,
Pareces um passarinho sempre a cantar.
A nossa gritaria, certamente ouvia-se na rua,
Era a minha voz mais grossa e mais a tua,
Muita gente parava para olhar com apreensão,
Os dois que brincávamos sem dar atenção,
Aos olhos que para nós nos olhavam,
Lá para cima da nossa rua onde passavam.
Vem até mim dá um grande abraço a este ancião,
Que é teu avô orgulhoso de alma e coração,
Vais-te embora, é apenas um até logo comprido,
Que parece há tanto tempo que não estou contigo,
É um amor tão grande que nos une e tão forte,
Quem nem todos os avós têm esta sorte.
Agora espero que venha outro amanhã para te ver,
Nem calculas como as tuas brincadeiras me fazem viver,
São pedaços de vida estes momentos em que brincamos,
Que me fazem ter mais amor, a ele brindamos,
Com mais brincadeiras e tantos ensinamentos,
Que damos um ao outro, de enormes parecem pequenos.
A vida presenteia você de várias formas:
A vida de Familia, pai, mãe, avô, irmãos...
Relação amável.
A vida de estudante, alunos, professores...
Relaçao de aprendizado.
A vida de namoro, Companheiro, amante...
Relação imprevisível.
A vida de aventura, grupos, diversão, equipes...
Relação social.
A vida de trabalho, colaboradores, chefes...
Relação amigavél.
A vida de casamento, amigo, esposo, filhos, enteados...
Relação de amor.
A vida de saúde,. paciente, medico...
Relação de cuidado.
A vida solitária, autoconhecimento...
Relação de autosuficiencia.
A vida religiosa, templos, Igrejas, padres...
Relação de fé.
A vida dos paradigmas, consumo, vicíos, regras...
Relação doente.
O homem despreza de certa forma a vida, desde o dia de sua existência. È teme viver a chegada da morte...
Dá pouca importância a este ato maravilhoso, que é nascer para vida. A sua recepção diante da vida é um ato de motivações instantâneas e passageiras.
A sua insegurança e a falta de confiança em si mesmo e nós outros.
A capacidade de amar e amar o outro.
A necessidade de se deixar amar.
A vida é cheia de surpresa, presenteia o homem com as várias formas de vida e se movimenta a todo instante para perdurar o que há de bom.
Então o homem no fio de sua existência se dá conta go valor a vida...
As lágrimas aqui , lembrando minha avó paterna Negra , doméstica , mãe do filho ilegítimo do patrão ..
Essa pele mais clara que carrego e me oferece privilégios , não me dá o direito de esquecer minhas irmãs , me dá o dever de ser voz e luta contra toda forma de opressão e racismo , esteja eu onde eu estiver !!
Colcha de Retalhos
"Quando eu era pequenina adorava passar as férias na casa de minha avó materna. Uma das coisas que mais me encantavam em sua casa, além do fogão a lenha branquinho, eram suas colchas de retalhos. Ah! Meu sonho era ganhar uma colcha daquelas. Exatamente igual. Costurada retalho por retalho.
Um dia chegamos em sua casa e ela estava a costurar. Organizada como só, tinha montinhos de retalhos divididos por cores, estampas e tamanhos. Enquanto meus dois irmãos sairam pra ver os animais do pequeno sítio, eu sentei-me no chão do ladinho dela e ali fiquei admirando-a.
A medida que vovó ia costurando percebi que na frente dela tinha um saquinho no chão com alguns retalhos separados e que ela jogava la dentro outros retalhos também. Com os olhinhos brilhando de curiosidade fitei-a sem piscar, ela, percebendo olhou-me carinhosamente, passou a mão em minha cabeça e ordenou-me:
-Pegue ali minha pretinha, aquele saquinho e o traga aqui pra mim.
Depressa atendi o seu mandar e, ela continuou:
- Agora veja esses retalhinhos aqui ó! Não podem ser usados. Eles parecem bons, mas, observe:
Vovó com um leve toque conseguiu rasgá-los todinhos.
Lembro-me que fiquei muito assustada, pois eles pareciam Perfeitos.
Ela prosseguiu:
- Se eu costurá-los junto com os outros em poucos dias a colcha estará toda rasgada e todo o meu trabalho terá sido em vão.
Vovó olhou-me ternamente , sorriu e continuou costurando sua Colcha de Retalhos. Atraída pelo barulho que vinha do quintal, levantei-me e fui brincar com meus irmãos...
Hoje crescida e adulta, sei que comercialmente, uma colcha daquelas teria apenas um valor simbólico ( talvez nem isso), mas, a Lição que aprendi naquele dia, na humilde sala da casa de minha avó, tem Preço Impagável.
Nossa vida é como uma Colcha de Retalhos. A cada um de nós é dado linha, agulha e diversos retalhos para tecê-la. Retalhos bons e retalhos ruins, cabendo a nós o discernimento e as escolhas sobre quais retalhos usaremos para costurarmos a nossa Colcha.
Eu nunca tive uma colcha de retalhos igual as feitas por minha vó Doce, mas, naquele dia ela me ensinou como tecer retalho por retalho a Colcha de Retalhos da Minha Vida...
E tem aqueles que são "retalhinhos de Amor" na minha vida...Ô se tem...
Mulher avó, mãe, filha, irmã,
Mulher, sempre mulher,
Mulher operária, doméstica, aposentada, autônoma, civil, militar ou jurídica,
Mulher forte, autoritária, empreendedora, consumidora,
Submissa,
Mulher, sempre mulher,
Mulher de fé, benzedeira, rezadeira, curandeira e mágica,
Mulher, sempre mulher,
Mulher moda, fitness leve ou cheinha, gostosa, romântica,
Mulher, sempre mulher,
Mulher profissional, enfermeira motorista, médica, cozinheira, ...
Mulher, sempre mulher,
Mulher amadora, mãe, lava, passa, arruma, cozinha e aconselha, com razão e emoção
Mulher, sempre mulher,
Mulher falante, muda, surda, cega, de todas as especialidades,
Mulher sempre mulher,
Mulher casada, descasada, viúva, solteira ou amasiada,
Mulher, sempre mulher,
Mulher amada, mulher que ama, mulher apaixonada, mulher, sempre mulher, mulher dia e noite, noite e dia, 365 dias mulher. Sou Luz, Paz, Harmonia, Sabedoria e Conhecimento sou mulher, sempre mulher.
Parabéns a todas nós mulheres poderosas na divina providência de Deus.
🦋Natalirdes Botelho🦋
Colo de avó
Tem avó que é diferente,
nada de cachorro, gato,
cavalo ou duende.
Galinha de estimação
é o que a avó carrega
feito mapa do tesouro,
para lá e para cá
(parecem duas dançarinas).
e para quem conta
os seus segredos, fala do tempo,
do que vai colher, do que vai plantar.
A galinha concorda: có,
discorda: cócó,
Às vezes dorme, às vezes acorda
e muitas vezes esquece
que a avó não é galinha.
Apesar de tão quentinha,
a avó é gente.
HOMENAGEM À AVÓ
Minha avó não tem conceito,
Não tem limite nem definição.
Ela é só o alguém que viveu
Bem dentro do meu coração,
Mergulhou e aperfeiçoou
O ser que havia em mim
E, com sua suave doçura,
Fez-me ser maior que o enfim.
Minha avó teve seu nome,
Sua letra e sua canção.
Minha avó teve ternura,
Teve alegria e muita paixão.
Ela viu meus primeiros passos,
Mesmo me puxando pros seus braços,
E agarrava-me o quanto podia
Com cada palavra nova que eu dizia,
Porque maior que o amor por sua vida
Dedicaca amor à vida que é minha.
Minha avó era tão importante
Que DEUS a chamou num instante,
Para ela com alegria cobrir
O céu que estava a nos redimir.
Essa avó que eu tanto amei
E que hoje comigo já não está
Foi a pessoa mais nobre do mundo
Que aos seus netos só sabia amar!
Vó, nossa amada vozinha,
Sua vida agora é finda,
Mas nunca, em nenhum momento,
Desde que nos deixou ao seu tempo,
Sua vida deixou de existir
No coração dos seus netos que aqui
Sempre deliraram ao te ver sorrir.
E eu, como uma das netas mais velhas,
Queria dar à senhora um recado:
Pra sempre a senhora será lembrada
E nunca estará no passado.
Os nove netos que aqui ficamos
Queremos te dizer com alegria
Recebemos suas bênçãos vindas do céu,
Seja de noite ou de dia.
Nara Minervino
Já dizia a minha avó...
Não permitas que falsos lobos vestidos com a pele de cordeiro entrem em tua fazenda.
Quando fores a casa de alguém, entre cego, mas também saia de lá mudo.-Denise Pinto🥀
Obs: Não repares em torno da casa que te acolheu, não saias por aí contando o que ouviste.
Apenas uma frase muda uma história. Maria do Carmo Boaventura, minha avó, era filha de Pedro Camilo de Castro e Albina Gonçalves Boaventura, fruto de uma relação frustrante. José de Castro, tio de minha avó, deixou meu bisavô fazer uma bela casa nas terras dele. Com o voto de confiança que Pedro Camilo tinha pelo irmão, não desconfiava da inveja que o mesmo poderia ter. Ao conversar com o irmão José de Castro, houve informação falsa e enganosa e, logo após a conversa, brotou muita desconfiança de traição da parte de minha bisavó. Depois de uma fofoca sem provas concretas, o casal teve um destino difícil, traumatizante, principalmente para minha avó, que era um bebê e precisava dos pais juntos para ter uma história mais próxima da felicidade.
Maria do Carmo Boaventura nasceu em Capelinha do Chumbo. A parteira era vizinha da família. O método do parto era bem rude; não havia hospitais próximos, e tudo se resolvia com as parteiras amigas. Albina ficou morando lá na nova casa 1 ano e 6 meses; a partir daí, suas vidas tiveram um rumo muito triste.
Pedro Camilo de Castro separou-se de Albina Gonçalves Boaventura. Minha querida bisavó implorou para que isso não acontecesse. Houve gritos e desespero, mas não foi possível controlar a situação. A fofoca diabólica do irmão foi o início da mudança da história de um anjinho. O marido disse que se separariam, mas havia uma condição: sua filha iria junto. Afirmou, também, que a traição é inadmissível. Ela exclamava bem alto que ele tinha de acreditar nela, que o amava e só tinha olhos para ele, que era incapaz de traí-lo e só ficava em casa lavando roupas e cuidando da filha. Por fim, disse que até poderia morrer. Minha avó beijava sua mãe, chorava muito. A pouca vizinhança ouvia a discussão com pena da situação. Vovó grudava na minha bisavó, mas, mesmo assim, meu bisavô, um homem rude, seguiu em frente. Tomou minha avó pelos braços, entrou na casa, depois foi embora, tomando rumo ignorado. Entregou a chave da casa para o irmão, pegou minha avó e desapareceram daquele lugar. Sem saber o que fazer, os dois perambulavam no sol escaldante. Passaram perto de um casarão, entraram num portão. Havia um corredor de árvores, uma passagem muito fresca, com ventinho agradável. Avistou Palminda sentada no alpendre. Aproximaram-se, minha avó enrolada num pano branco. Ele pediu água e deu a minha avó um pouquinho do líquido. Palminda encantou-se com o bebê, e meu bisavô perguntou se poderiam ficar, tentando resolver a situação em que se encontravam. Palminda aceitou. Quando meu bisavô Pedro Camilo voltou para buscar a filha, esta já estava chamando Palminda de mãe. Admirado com os bons tratos, resolveu doar a filha para o casal de idosos Joaquim Sebastião Borges e Palminda da Fonseca. Joaquim é avô de José Leandro Borges. Maria do Carmo familiarizou-se muito rápido com a nova família, pois lá estavam a Dona Ana, sua irmã de criação, e meu avô morando no mesmo teto. Vovô e vovó, encantados, começaram a namorar e casaram-se bem jovens, ela com 14 anos, ele com 18 anos. Meus trisavós apoiaram o romance. Namoraram por 3 anos e ficaram noivos. O trisavô prometeu uma festa de arromba. Cumprindo o prometido, matou 1 boi, 1 porco, 8 galinhas, fez galinhada, tutu, pelotas, sucos de limão e laranja, pinga alambicada, contratou um sanfoneiro animado que tocava sanfona e cantava música raiz. Houve muito arrasta-pé. Foram convidadas muitas pessoas amigas da família e parentes. Na hora da festa, os padrinhos de casamento venderam a gravata e arrecadaram uma grana boa. Para ficar mais completa a colaboração, o trisavô deu uma fazenda para os jovens casados começarem a vida, na localidade de Peroba, município de Lagoa Formosa. Logo depois de um ano de casados, tiveram a primeira filha, que recebeu o nome de Maria Borges. Alguns anos depois, nasceram Eva Borges, Pedro Leandro de Castro e, por fim, Madalena Borges. Com o passar do tempo, morreram prematuramente seis filhos.
O ofício de costureira de minha avó ajudou seu esposo, José Leandro Borges, a criar a família. Nas décadas de 60, 70 e 80, ela decidiu trabalhar na área de costura. Havia muito trabalho em Patos de Minas, pois eram poucas as costureiras. Os clientes eram muito fiéis. Uns vinham de Lagoa Formosa para a feitura de ternos, vestidos, calças de brim, boinas, etc. Depois de 30 anos de trabalho, uma catarata afetou minha avó, e tiveram de reduzir os serviços. Madalena teve uma infância harmoniosa com os irmãos mais velhos. A diferença de idade da irmã mais velha, Maria Borges, é de 20 anos. Toda vez que os irmãos iam à casa de meus avós, encontravam as mulheres costurando e gostavam muito disso. Sebastião saía e comprava pães, balinhas e picolés para os sobrinhos; era uma festança. Pegava-se água da cisterna para fazer café. O bom de prosa Juca Sertório chamava todos os filhos para se sentarem à mesa que ficava na varanda no fundo da casa, em frente ao pomar de frutas, o galinheiro e o viveiro de mudas. Ali saíam assuntos maravilhosos do tempo da vida em Lagoa Formosa, do empreendimento do viveiro de mudas, da venda de muitos caminhões de café e eucalipto. Naquele dia, depois de vovó preparar o café, colocava na mesa pães de queijo, biscoitos, roscas caseiras. No momento da prosa, sugeriu-se que José Carrilho e o primo Itamar de Castro tomassem conta de uma mercearia que meu avô montaria para os dois netos. Antes do fim da proposta, os dois netos pulavam de alegria. José Carrilho, que tinha a doutrina cristã e pensava em ser frade, gritou: “O nome da mercearia será ‘São Pedro’, do qual vovó é devota”. Todos apoiaram a sugestão. Minha avó olhou para as netas Eni e Maria Luzia, que tinham desejo de morar com os avós. Elas receberam esse convite e o aceitaram. Para mostrar gratidão, todos os dias as netas lavavam a casa, arrumavam as camas dos avós, tratavam das galinhas. E não ficou só nisso. Outros dois netos, Netinho e Ernane, foram convidados a garimpar nos rios Abaeté e Paranaíba. Arnaldo contraiu reumatismo juvenil e ficou com sequelas nas articulações, por isso não podia participar dos convites junto com os irmãos; estava internado fazendo tratamento e todos orando por ele.
Minha mãe, Madalena, gosta de frisar com orgulho que nasceu em Lagoa Formosa, sua terra querida, cheia de natureza e pessoas simpáticas, hospitaleira, onde morou por onze anos e teve vários amigos, que faziam parte de seu cotidiano. A casa era feita de adobe grande e cheia de gente da família. Madalena, as amigas vizinhas e os primos iam para o quintal comer frutas, brincar de casinha, pique, esconder, amarelinha, elástico e criar bonecas de espiga de milho para brincar, aproveitando para aprender a fazer trancinhas nas espigas de milho.
E no quintal de 3 mil metros quadrados, no centro da cidade, com pomar de frutas, horta e muitos pássaros, minha avó fazia biscoitos em um forno feito de barro, pães de queijo, biscoitos de espremer, cultura esta que, com o tempo, foi ficando mais escassa e sendo substituída por moradias verticais, concretos e por tecnologia.
Em 1959, período em que o País vivia sob pressão da ditadura militar, Madalena estudou nas Escolas Normal e Professor Sílvio de Marcos; esta pertencia à Penha e hoje é o Colégio Tiradentes. Nas escolas havia regras; as alunas eram obrigadas a ir à escola de uniformes padronizados; tinham que usar boinas, meias brancas, sapatinhos e saia pretos, camisas brancas, gola marinheiro muito bem passada. A sala muito cheirosa, as meninas iam bem perfumadas. Durante a juventude, curtiu muito com os amigos. Gostava de frequentar a Recreativa e o Social, ir aos cinemas Garza e Riviera. Os jovens trajavam terno e gravatas, e as meninas, vestidos sociais, enfeitados de pérolas, os quais eram confeccionados por Madalena e pela mãe dela. Naquela época não se viam mulheres andando de calça feminina, comprida: era chamada de eslaque. Com 22 anos, Madalena conheceu o Lázaro, na Recreativa. Os bailes eram bem clássicos, com o som de umas bandas de Brasília, os Asteroides, banda patense que tocava Beatles, Elvis, Mutantes, Geraldo Vandré e outras músicas contemporâneas. Época do vaivém, em que os homens faziam um corredor no passeio, e as mulheres passavam de braços dados umas com as outras. O vaivém ia da General Osório à Olegário Maciel. Os postes de iluminação localizavam-se no meio das ruas. Os veículos tinham de desviar-se dos postes, pedestres e ciclistas. As motos mais sofisticadas eram as lambretas.
Lázaro andava de garupa com o amigo Dão, ambos de terno e gravata, curtindo a noite na pacata Patos de Minas.
O flagelo da perda de uma mãe é um pesadelo eterno, e o desprazer de nunca ter sentido o calor de uma mãe é estar em um Ártico Polar
Fábio Alves Borges
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