Textos emocionantes para cerimônia de casamento
A HORA CERTA
Foi ali, Seu Moço. Que cansei de relutar. Naquela esquina ele abraçou todas as minhas dores estomacais e fez com que eu reparasse que nunca deixei de acreditar no bom da vida. E foi ali, Seu Moço, naquele outro canto, ó, que eu cometi a tolice de dizer que não era a hora certa. Juntei minhas fobias não causadas por ele, minhas cicatrizes, sustos e assombros pretéritos, formei uma imensurável bola de horrores na garganta e na coragem e, simplesmente, joguei tudo pelos ares, escorando na minha desculpa sincera de que achava não estar em uma fase propícia para algo maior.
Foi numa quinta-feira cinzenta que ele surgiu com sua paciência de Jó, e, apesar de ter sido inesperado, foi simples, nada parecido com os romances que assistia e anotava na minha libido. Mas foi mais mágico do que todas as histórias que vivi, até mais do que aquelas que causaram textos até hoje. Porque foi real, sabe, Seu Moço? Foi de uma segurança imensa. E assim fui aprendendo que o fascínio do amor não está apenas nos grandiosos acontecimentos, mas sim, nos detalhes que ele permite enxergar, na leveza da leitura. Se não está dando tranquilidade o suficiente para granjear as vírgulas mínimas e incríveis que estão passando, é porque não é amor. Não tem como algo que depende assim da amizade, surgir das turbulências.
Não senti e nem sei se sinto que é a hora certa, não sinto que estou curada dos últimos socos que levei no tórax e nem que posso entregar todos os pontos enquanto ele ainda está na porta, mas cansei de querer encontrar gente que presta na hora exata. Já joguei janela afora outros que pareciam ser dignos, apenas porque a minha fase não era a mais estou-aguardando-um-casamento. Depois, com ele, fui vendo que é burrice limitar as oportunidades por bloqueios momentâneos. Que é como ter o bom e o ruim e optar pela imprudência do negativo, perdendo o que pode nunca mais encontrar e ficando com o que hora ou outra, vai esvair.
Que insensatez quebrar o inabitual por algo comum! Comum é esta rachadura que prendeu meu pulsar, comum é esta fragmentação que todo mundo recebe, uma vez que seja, dos infortúnios. Comuns são as aversões criadas pelos péssimos rastros dos comuns. Costumeiros são os pés oscilantes e o que fiz naquele canto. E inabitual é o que eu tenho, ou tinha, nessa possibilidade.
Quero dizer para ele que pode entrar, sabe, Seu Moço? Quero que ele saiba disso. Que a hora certa é a gente que faz, que quero que ele me ajude a fazer. Que não é para ele tascar a nossa esperança em um jarro de flores mortas e fincar os pés aqui sabendo que é por tempo contado. Nunca fui de querer ficar em nada tendo ratificação de que teria mesmo um final. Então, se aqui ainda estou, ele deveria saber que é porque nunca dei para trás, nem mesmo um pouquinho. Sim, preciso ainda contar que tem muito turbilhão por vir, mesmo que esta paz imensa que ele me traz continue a grudar nas solas dos nossos sapatos. Porque nunca é fácil. Só que a parte mais rara a gente já tem, que é a naturalidade, aquela sensação gostosa de sentir que está em casa, aquela intensidade rápida e não forçada. Que espero, ao menos, que para ele ainda exista, que em alguma pontinha das suas costas bata em permanência um fio de crença em se mudar para cá.
Eu não vou estar brincando se disser que mudei de ideia, que na verdade, desde o começo meus sentidos apontaram para não ir, para colocar mais papel na impressora. Mas será que ele vai acreditar, Seu Moço? Será que ainda vale a pena dizer? Queria saber se ainda existe aquela mesma vontade e constância dele, entende? Queria gritar que nunca mais vai existir hora certa ou errada, que isso é pura ilusão. Que verdade mesmo é o que faz sentir, e ele fez.
Foi naquela esquina, Seu Moço, bem ali, que soube desde o começo que era ele. E foi naquele canto que estraguei tudo. Ajuda, Seu Moço, essa gente confusa que está escolhendo errado, e a mim. Preciso fazer ele voltar àquela esquina comigo e deixar aquele canto para trás. Porque, Seu Moço, ele precisa saber que se ficar, eu não vou mais.
NÃO SOFRA TENTANDO EXPLICAR
Não adianta o gasto da saliva discutindo seus valores com quem não os têm. O ogro vai falsear discernimento, agregar conteúdos sobre o tema no debate ou até dizer que discorda, mas o fato é que ele sequer entenderá. Não se martirize tentando glosar o porquê o erro daquela pessoa foi grave se ela não tem critérios para entender o que é correto nos princípios que você emana. Não. Não tente explicar mais de uma vez o que é caráter para um mau-caráter ou o que é fidelidade para um traidor. Não permita chegar em sua asma tentando decifrar a importância daquele ato para quem não o capta como fundamental. Não tente fazer uma tartaruga inferir a relevância de ir mais rápido. Não sofra pelo não entendimento de quem não evolui a capacidade de aprender, sobre aquilo, além.
Existem tópicos que derivam da essência de cada um, fatores que só a índole comanda e que não há como tentar reformular sem ser o próprio dirigente dos traços. Você vai passar a vida inteira tentando ensinar para o enganador o valor e o poder da franqueza, e não obterá êxito, ainda que creia no arrependimento do inquilino. Não adianta discursar, exemplificar ou expor. Somente o próprio ser com as suas vivências e reanálises é que pode ser apto a cometer uma comuta.
Você pode deixar claro quais os seus pontos de vista, quais as suas prioridades e o que é digno no seu universo. Pode. Contanto que ainda esteja com os pulmões funcionando sem fadiga. Depois deste limite, chega. Deixe que a caminhada ensine ao malandro qual a moral da história. Deixe que as fianças sejam cobradas pelo que o futuro reserva. Não chore abraçando o tormento do anseio de que aquele sujeito compreenda os motivos de ter causado tamanha decepção. O que vale este desespero é somente se a quebra dos seus conceitos for feita por si, não por segundos e/ou terceiros.
Esteja imperturbado se sabe que seguiu o que gostaria que seguissem por você. Isto basta. Não fique pensando se a consciência alheia está pesando pelo que deveria. Caso estejam com o travesseiro leve enquanto o justo seria recostarem em pedras, apenas aceite que tem gente de feitio confuso ou obscuro, que não vale a instrução. Gente que só aprenderá quando for a vítima e não o estuprador, ou talvez nem mesmo assim. No fim, somos apenas nós, a nossa mente e as nossas valências. Quem carrega os pedregulhos dos outros, querendo transformá-los em diamantes, só duplica as próprias feridas desnecessariamente e atrapalha o tempo de dissipar do centro dos objetivos aquilo que não deveria ser pesar, por não depender da sua aula e sim do aluno estudando só.
Desabite o que não faz por onde, o que não segue o que é vital na sua lista prioritária e só explique com euforia o que é amor ao respeitoso, o que é bondade ao generoso e o que é amizade ao não traiçoeiro. Troque ideias com quem compartilha das suas teses, acresça com quem você pode também ajudar a desenvolver, não com quem não alcança seus olhares. De resto, até ouça, afinal, nada é tão vazio a ponto de não merecer a nossa escuta para certas abstrações. Contudo, não esqueça: não adianta um peixe tentar nadar por muito tempo em água secante, tampouco funcionaria por horas respirar em terra. Não há tubarão que converse com leões. Não há como explicar a um cão o que é lealdade: ou ele, por instinto, será devoto a você, ou poderá morder sua perna e não existirá fala que seja suficiente para definir ao animal o quão absurdo isso foi.
Eu não gosto de pessoas com riso falso, pessoas que te abraçam e depois te apunhalam, pessoas que se fazem amigas mas na verdade não são.
São pessoas perigosas e incapazes de reconhecer o seu talento, essas pessoas eu reconheço de longe, pois amizade é coisa sagrada e uma amizade verdadeira não se confunde com outra coisa, é tesouro raro, quem encontra, guarde do lado esquerdo do peito.
Eu encontrei tesouros nos jardins da vida.
ADEUS
Será que sei alguma coisa da vida?
Despreocupado com resultados
E dali você sempre foi
o primeiro a sorrir
Escondendo a dor
Da luta contra a solidão e tristeza
De uma pessoa boa
Que mesmo no escuro, enxerga a beleza
Do pouco que sei
é que não foi fácil
te pedem pra ser feliz
para esconder aquela cicatriz
E o que pude fazer pra ajudar
ajudar a lutar
contra a solidão?
nessa vida, o que é a felicidade?
não é dinheiro, nem o luxo
apenas algo vazio
que o inventor não traduziu
Assim como a noite sequestrou
A beleza da cidade
Assim como a vida se fechou
Para quem busca a própria identidade
Do nada que sei
é como você se foi
Até a próxima vez
não será mais só um mês
Ele acha que esta chegando a conclusão de uma tese sobre o seu coração e
talvez o motivo de não conseguir manter um sentimento preso a uma só pessoa.
Se considera uma passagem na qual fosse necessária a todas que precisarem
de conforto, atenção, fuga ou proteção.. amor em geral.
Sendo assim, o fato de prender seu sentimento a uma só, estaria "atrapalhando"
a possível chegada de outras, carentes de ilusão ou realidade. Nesse ponto percebe a
importância da independência, mas também a complexidade de conter seu amor dedicado
ao futuro e ao medo da solidão, mais do que sente hoje o pobre garoto.
É normal querer chorar e não conseguir?
Fiz o que me mandaram, tentei ser eu mesma, tentei proteger quem amo, tentei não ser rude. Fiz o que me indicaram… Coloquei-me em frente da fera, tentei proteger a pobre presa, mas a fera atravessou-me como se meu corpo fosse ar.
Falhei miseravelmente e agora a presa sou eu.
É normal querer fugir e não conseguir?
Fiz o que o coração me martelou para fazer, tentei parar, tentei começar, tentei continuar.
Fiz o que minha mente achou certo e agora o sangue que escorre é meu também, novamente meu… Sempre o meu. Desta vez misturado, mas meu.
É normal querer gritar e não conseguir?
Fugiu-me tudo por entre os dedos, os que amei, os que me amaram, os que amo e os que me amam, novamente o meu corpo entre a presa e a fera, de novo e de novo meu suor, minhas palavras, meu sangue… Meu coração.
Sabe,existe um lado na escola que poucos ou ninguém entende ou vê.Tem aquele aluno que vive de cabeça baixa,sempre dormindo ou pensando.
De cabeça baixa pensando em todos os problemas que se passa em casa,com amigos, trabalho,pensa em suas dificuldades,pensa em seu relacionamento,pensa no presente e em como sera o futuro.Mas bate aquela dor de cabeça só de pensar né ?
Uma vez,resolva abaixar a cabeça no meio da aula,se desligue do mundo,das pessoas,de você mesmo,comece a reparar os barulhos,um por um,chuva,pessoas andando,pessoas rindo,papel rasgando,o lapis passando no caderno,o giz no quadro,isso vai te distraindo e quando percebe,não ta mais pensando em seus problemas e tudo mais.Escola não é só para aprender, você ensina também e no fim acaba gostando de sempre abaixar a cabeça e sentir tudo isso em volta.
28. Julho. 1914
Chegamos no acampamento. Os guardas correm para acomodar suas armas em algum canto da tenda, a Europa nunca me pareceu tão vaga. A meses atrás fui selecionando junto com outros combatentes para ser soldado do Império Russo, eu não sabia o que estava por vir. “Rurik Anton!”, o capitão gritou e por um momento me senti lisonjeado em prestar serviço para o meu país. Minha inocência se foi desde que entrei naquele caminhão. Já ouço sons de espingardas, canhões e urros de dor ao longe, me recosto no canto da lona preto-esverdeada e peço clemência a alguém soberano que esteja a escutar meus sussurros opacos e já sem vida. Eu não sei até quando vou agüentar.
29. Julho. 1924
“Soldado Anton, é hora de levantar!” Uma voz doce e trêmula me balançava cuidadosamente, ao abrir os olhos vejo aquela moça. Poderia ser um filme, se lá fora o caos não estivesse começado a tempos. Bombas inglesas entrecortavam nosso céu, o comandante ordenou movimento das tropas. Ainda que em grande quantidade, estávamos despreparados, desarmados e cobertos de temor. O exército alemão comandava toda a guerra, entre nós os chiados baixos se referiam ao líder deles. E nos pusemos em movimento, para onde? Não se sabia. Ao menos eu não sabia, apenas acompanhava o movimento de milhões de jovens perdidos assim como eu, que se jogaram de cabeça numa guerra achando ser uma briga de rua. Meus pés já dormentes deixavam pegadas pesadas naquele chão desconhecido, como se marcassem território. Fui designado a estar aqui e aqui eu estou a armar e desarmar rifles, perdido em expectativas de voltar para casa, ao mesmo tempo em que aniquilo as minhas esperanças.
1. Agosto. 1914.
Quatro dias nessa guerra e parecem quatro séculos. A imagem daquelas pessoas correndo desesperadas se chocam em minha memória, mas por fora permaneço-me imóvel, sentado nesse banco de madeira, com a cabeça abaixada e o braço apoiado nos joelhos. Essa roupa pesada, essa arma já gasta, essa alma cansada. Hoje o capitão me procurou, a habilidade de um jovem como eu na invasão da (ainda) desconhecida cidade o deixou intrigado, mas ele não imagina que os nervos sobem à flor da pele mesmo quando se está numa situação de perigo. Ele me fez uma breve explicação de como serão os próximos dias: Longos e cansativos. A essa altura eu já me comprometera a estar frente a frente com a guerra, se ali eu estava, que me jogasse de cabeça então. O império alemão mandou um ultimato ao governo russo para que a mobilização do nosso exército cessasse em 12 horas. Não cessou.
Pfuuu…
As notícias chegavam rápido, nisso outros países já estavam declarando guerra uns aos outros, a Entente (tríplice em que a Rússia fazia parte) se matinha de olhos abertos, a qualquer momento poderíamos ter novos aliados ou inimigos.
fuuuuuu…
Quantas outras pessoas estavam tendo seus sangues derramados, quantas outras nações teriam sua estabilidade derrubada, as perguntas vinham e os tiros iam em quaisquer direções onde demonstrasse um pouco de perigo. Agora já estávamos dentro de trincheiras, a possibilidade de sermos pegos diminuiu.
fuuuuuuuu..
Que outros países viriam para o nosso lado ou ficariam contra nós? Os outros soldados arriscavam ao longe “Qual dos lados o Império Otomano irá?" "Aposto que conosco." Mas ninguém sabia. Nunca sabia. E assim passavam-se minutos, horas, o sol desaparecia e nem sequer a lua brilhava, era a completa e monótona escuridão, excluindo o fato apenas de que…
BUMMM
Gritos de “abaixem-se!" ecoam de todos os lados, me agacho e fico a espreita. De onde veio? De quem teria sido? Olho para os lados, com o rifle em punho, outros fazem o mesmo. E então, finalmente ouvi o comandante gritar por trás de um rochedo: A Alemanha declarou guerra a nós.
O que eu descobri sobre o amor é o que eu não descobri ainda…
Eu procurei tanto que acabei me perdendo, por aí. Queria tantas respostas que acabei com inúmeras perguntas vazias. Quanto mais eu corria mais eu ficava para trás, como uma criança que se perde dos pais. Não sei ao certo o que eu estava fazendo de errado, só sei que aquilo me fazia rodar em círculos. Acabava comigo. Eu leio por aí teses sobre o que é o amor, como acontece, quais seus sintomas, só que ele não é uma doença como a paixão que precisa de receitas médicas.
Ele é o que é!
Amor é amor, e ao longo do tempo percebi que isso é um amontoado de coisas, como uma bagagem prestes a estourar de tanto conteúdo. A ficha tinha atolado, uma em cima da outra, dando pane no sistema. Agora me perco nas palavras, meu pensamento já saiu do lugar e, outra vez eu perdi a linha do raciocínio, porque amar não é fácil, e não é pra qualquer um.
Me deixei levar pela quietude da incerteza e não me importei, sabe? Alguma coisa tinha mudado e eu senti uma plenitude gigantesca. Dizem que você tem que amar como se ama a Deus, era bem complicado tentar distinguir o que era - e até hoje não sei muito bem quando tentam me explicar, mas a diferença é que agora eu sinto. Pense assim, imagine que sua mãe tenha cometido um crime, certo? Ela está errada e você sabe, e mais do que isso você é justa e diz o que ela fez, mas mesmo assim a perdoa e fica do seu lado, porque mais do que tudo ela é sua mãe, e mais do que isso: você a ama incondicionalmente!
Acho que o amor é isso, sabe?
Ele é infinito (palavrinha clichê a minha, mas é a que se encaixa mais) porque ele não acaba, pelo contrário se divide em milhões de pedacinhos e compartilha com o mundo. Ele é você refletido, seu eu verdadeiro, àquele que você é na sua casa e que se espelha sem medo no outro. É justo porque seu coração deixa quem você ama partir e mesmo assim o continua amando; é isso que querem dizer quando falam: “Se você o ama, deixe-o”, isso não é da boca pra fora - é o sentimento que faz com que você ame e fique feliz pela pessoa mesmo assim, que você vá ao seu casamento, que você escute com atenção seus problemas no relacionamento, que você sempre deixe um espacinho no seu coração para quando essa pessoa voltar. O amor perdoa e não é cego! Aliás, acho que o amor é bastante observador, ele conhece todos os defeitos e não finge que não vê, não tapa o sol com a peneira, fica furioso com os erros e com as mancadas, não deixa barato, mas no final ele fica, como eu disse é como amar seus pais, você deixa de amá-los porque gritam ou te magoaram uma vez?
Ele não se ilude, não se corrói, não se desespera, não enjoa, não sofre, não é….fútil. Essa parte é complicada, bem pior do que o resto, porque não acho que muitas pessoas sabem diferenciar o amor da paixão, e até então eu não sabia. Só sei que sei, não sei explicar bem isso, mas sabe quando seu coração dói, começa a enxergar coisas que você fingia que não existia, se decepciona, se envergonha, se irrita fácil? Você percebe que só aquilo não segura alguma coisa e que sempre falta algo? A paixão sempre vai querer mais e mais; ela nunca se satisfaz e sempre te deixa com um sentimento vazio. Eu não sou uma especialista em nada, nem cientista, muito menos guru do amor, só encontrei a paz num assunto tão inexplicável e questionável para mim.
Que tipo de pessoa eu seria se deixasse os meus caprichos afetarem a pessoa que amo? Que tipo de pessoa eu seria se colocasse a frente do que é certo minhas necessidades?
Sei que não sou a melhor pessoa do mundo, muito menos alguém que se deixa de lado, mas eu não posso fazer isso.
Não dá pra simplesmente chegar e dizer: " - Olha cara, eu te amo. De verdade, tá? Só pensa nisso, de vez em quando, ou toda vez antes de dormir".
Não dá, não dá.
Porque quando se ama alguém você o deixa livre, o quer feliz, mesmo tentando juntar os cacos despedaçados dentro de si.
É que viver é assim, é sofrer uma vez para ter duas alegrias no futuro. Eu preciso abrir mão das coisas de vez em quando, mas não me entenda mal, sei que sou egoísta quando o assunto é você.
O ponto de vista dela
Ele não entende como me sinto.
Não entende nada sobre mim. Não entende que quando me afasto, quero ser procurada, e que quando sorrio de lado, choro por dentro. Ele não sabe como odeio ter que ser grossa e estúpida, quando só quer conversar. Eu não sei lidar com isso de um modo calmo, só o fato de tentar me explicar já me enlouquece.
Não dá!
Quando vejo que só me enrolei e não expressei meus sentimentos, já começo a ter raiva de mim mesma.
Ele não sabe…
Como saberia?
Eu faço o máximo para parecer sensata, para não dar uma de neurótica. Digo o contrário do que penso, ou muitas vezes prefiro me calar, porque não tenho o direito de agir como nada além de amiga. Se eu pegar no pé, ir atrás, chorar ou discutir, estarei ocupando um posto que não é meu. E, tudo que eu não quero é me enganar achando que tenho esse direito, porque não tenho.
Mas, dane-se!
Como amiga eu tenho direito de cuspir, de um jeito grotesco, tudo que venho notando há anos.
Ele não vai me deixar nem começar e já vai dizer que sou dramática e que tudo é criação da minha imaginação, mesmo assim, quem avisa amigo é! Tem coisas que finjo que não vi, para não parecer intrometida ou alguém que só aponta o dedo pro outro, mas ele muda quando está com os amigos, e essa não é a primeira vez. Custei lembrar que esse sempre foi o motivo para gente se separar. Ele se afasta como um gato sorrateio pela noite achando que ninguém vai notar sua ausência. Ele é reservado e prefere o seguro ao incerto, mas deixa transparecer tudo com o olhar. Ele se envolve como quem se apaixona por brigadeiro num sábado a tarde, se doa para, talvez, as pessoas erradas. Não quero julgar as atitudes e sentimentos dos outros, é só que quem o vê despedaçado sempre sou eu, quem fica para ajudá-lo a recolher os cacos sou eu, e isso não é fácil.
Ele nunca me decepcionou, muito menos me magoou, então não é agora que vou enxergar as coisas ruins, porque tenho muita culpa no cartório e não tenho direito de exigir nada de ninguém. Eu sinto sua falta, mesmo não estando há cinco quilômetros de distância. Deveria ter dito como me sinto há muito tempo, só que tenho a mania de me certificar de tudo antes de agir.
Talvez, esse tenha sido meu maior erro. Não tenho medo de mudanças, mas prefiro saber se estou pisando em chão firme antes de pular.
Eu poderia ter xingado. Eu poderia ter gritado. Eu poderia ter dito todas as coisas que odeio nele. Eu poderia ter sido uma vaca…
Mas não fui.
Não fui porque o amo, e porque quando se ama alguém, o ama por inteiro. O ama como um pai ama o filho. O perdoa. O aceita como ele realmente é, apenas uma pessoa que comete erros como todo mundo.
E, mesmo com tantas mancadas, com tantas decepções, com tanta falta de importância, prefiro escutar seus motivos, um tanto quanto medíocres e infantis de como e porquê me deixou de lado, mesmo dizendo que nossa amizade era, e sempre foi algo importante pra ele.
"Hei de haver"
Houveram noites em que não dormi.
Dias em que não sorri.
Artistas que não ouvi.
Livros que jamais li.
Caminhos que não trilhei.
Sonhos que não sonhei.
Pessoas que eu nunca gostei.
Amores que eu também não amei.
Lugares que eu não vi.
Aventuras que não vivi.
Piadas que não ri.
Problemas que não resolvi.
Batalhas que não enfrentei.
Mistérios que não desvendei.
Medos que não superei.
Comidas que nunca provei.
Fantasias que não realizei.
Dores que eu não senti.
Verdades que nunca omiti.
Mentiras que eu descobri.
Viagens em que não parti.
Cigarros que não fumei.
Drogas que jamais provei.
Cartas que não enviei.
Bocas que eu nunca beijei.
Vinhos que eu não bebi.
Filmes que não assisti.
Frutos que eu não colhi.
Portas em que não bati.
Pedras que não atirei.
Segredos que nunca contei.
Vidas que não viverei.
Houveram.
A vida é Bela
Com o tempo a vida vai sumindo com a gente aos poucos, vai nos transformando naquele retrato amarelado de pessoas desaparecidas no final da página de um jornal antigo.
Não vamos permitir que isso aconteça. Vamos colorir nossas fotos, e colocar no topo novamente.
Vamos dizer as pessoas que nos amam, o quanto elas são importantes em nossas vidas.
Vamos dar risadas de nós mesmos, Vamos sentar na relva úmida pelo orvalho da manhã.
Vamos caminhar numa ponte e sentir o balouçar dela em nossos pés.
Vamos colocar uma música na velha vitrola e perguntar a nós mesmos, me concede esta dança?
Vamos roubar uma rosa de um jardim e sair correndo, somente para oferecer a alguém que nos roubou um sorriso.
Vamos viajar para um lugar distante, só para tomar um café com bolinhos de chuvas com alguém que sabemos que vai estar a nossa espera.
Vamos nos permitir ser feliz sem medidas, ter fé sem dúvidas, ter sonhos sem limites, e principalmente, acreditar que não existem problemas maiores que a nossa capacidade de resolvê-los.
Vamos dizer a nós mesmos o quanto a vida é bela e que vale a pena viver cada minuto.
Esta sou eu! Ainda prefiro a minha ternura inócua, um cheiro de saudade em meu travesseiro, o meu silêncio entregue para as estrelas, do que viver desabitada de mim mesma.
Eu me libertei daquela atadura mundana. Já não sabia mais ver, nem sentir, muito menos ouvir. Como alguém era engolida pelos próprios temores? Se comportar já não bastava. Era projetada para uma realidade alternativa, onde o silêncio era lei. Os sábios vivem pouco e, os estúpidos uma eternidade. Vantagem para aqueles que buscam a vitória sem nenhum esforço. Tudo que vinha fácil, ia fácil, mas ninguém nunca fazia questão de se lembrar disso. As coisas da vida são passageiras e, ainda sim algumas dão um jeito de se tornarem eternas. Apenas a pureza distinguirá a brisa leve de um monte rochoso. Seu reflexo no espelho se racha antes mesmo de você se procurar. O mundo precisa ser salvo por quem quer ser salvo, não o contrário. Eu acredito que vou voar quando estou caindo. Talvez, eu busque demais algo que talvez não exista, mas e daí? Continuo procurando mesmo assim. Correndo em busca dos pedaços que me faltam, da grande batalha contra mim mesma. Foi errando que busquei acertar e, foram nos tropeços que me levantei. A solidão nunca foi minha amiga, sempre tive alguém guiando meus passos tortos. Não posso esperar viver para sempre, mas espero sempre estar viva nas lembranças dos que passam por aqui.
Carolline Milici
Meus olhos só te dizem o quanto sei de mim. Sei pouco, sei quase nada, sei o suficiente pra não me perder. Mesmo na penumbra, onde se esconde o mais vil de todos os seres que me habitam, um raio reluzente transcende a barreira do ego, provando que mesmo distante de você meu coração ainda clama seu nome. Clama, grita, murmura aos quatro cantos de um planeta esférico que não há nada que possa sucumbir ao desdém de um amor.
Meus olhos só me dizem o quanto posso ser. Serei muito, serei quase tudo, serei o suficiente pra não me encontrar em você. Mesmo em meio ao fulgor, onde reside o mais puro dos anjos, um sonho atormentado escurece um verseto que leva o amor em fé e crença. Algo que cogita no intimo de um coração murado, um sopro de vida que cedo ou tarde desvanece o próprio ser. É fato que longe assim, o amor ainda é tido como melhor escolha, mas é sempre um castigo de Hamlet ser posto na escolher entre o certo e o melhor. Motivos não me faltam em dormir, dormir… sonhar talvez.
Meus olhos só me escondem você como és. Meus olhos só visam meu coração duro.
Coração de um moribundo, que suando esfria a lascívia de amar.
E esfria, esfria… congela.
A vida é menos chata no outro lado da rua
Todos os dias eu tento me convencer de que em qualquer circunstância que eu me encontrar, sempre terei que escolher entre o certo e o melhor. E a variação de escolhas certas e escolhas melhores é surpreendentemente inclinada à sensatez do erro. Acordo com vontade de dormir, e tenho que escolher entre ir trabalhar e dormir mais cinco minutos – levanto atrasado. Me apronto as pressas, e tenho que escolher entre tomar o café quente de uma vez ou deixar pra comer na rua – passo a manhã com fome. Ouvi no rádio que o tempo está se fechando, e tenho que escolher entre levar o guarda-chuva ou sair com menos peso – chego no trabalho ensopado. Saio do trabalho, e tenho que escolher entre pegar o ônibus ou ir caminhando – quase sou atropelado por um táxi.
Não importa a escolha feita, se é a certa ou a melhor, você sempre vai se perguntar “porque não escolhi a outra?”. E sabe o que é mais interessante nisso tudo? Nada. Você só termina o dia se perguntado como foi seu dia e tentando planejar um novo sentido pra tudo que está ao seu redor, sendo que o sentido é só não procura-lo ao redor.
E agora estou aqui. Onde tudo começa. No fim do dia com a sensação de um péssimo começo, comendo um cachorro quente e a calça suja de mostarda. No outro lado da rua.
Não tenho motivos para brigar com a vida...
Deus me ofereceu ótimos presentes, discernimento suficiente quando precisei e preciso, lutas que atravessei e atravesso de salto alto ou chinelos -tanto faz eu saio delas do mesmo jeito- que me fizeram ser o “ser” humano flamejante que sou.
Obtive recompensas que nunca imaginei receber, ganhei pessoas que jamais poderia esnobar e deixar para trás...
Jamais é forte, mas essa palavra é sim, força absoluta, não sou metade de nada, portanto, que seja tudo uma fortaleza entre “meus” ditos em jamais ou nunca mais...
Decidi ser quem eu sou, quando comecei a ter ao meu redor, por força aleatória da vida, princípios pequenos e mentes minúsculas em lugares sujos que por ventura temos de atravessar, com pessoas “porcas” de alma e sem piedade de coração.
Desculpa às más interpretações, mas não faço questão em explicar “passados”, faço o favor de deixá-los às claras, pois tenho essa mania em ser autêntica e flertar com a transparência!
Nunca precisei mendigar amor e respeito, no entanto, sou a justiça em pessoa, trago marca de guerreira e alfineto quando preciso só encostar e já logo dou o tiro de misericórdia quando só poderia dizer: chega!
Não gosto de tempestades em copinhos de xarope, sou mais de exageros em pequenezes...
À vida, nos abre portas e janelas todos os dias, começando pelos olhos, que são duas lindas portas de amor, fonte de ternura e assim vou alcançando, desgastando e revitalizando constante meus limites e saturações.
Quem não sabe ditar às próprias regras me assusta, tenho medo de quem não têm opiniões formadas e decisões imediatas, eu persisto nas urgências, já não é à toa que vivo atropelando minhas tristezas, sou uma má condutora da hipocrisia, das mesmices e da falta de um belo sorriso no rosto, mesmo quando tudo cospe "nãos" em minha "cara" e mesmo que eu tenha que enfiar meus sentimentos no bolso, não sei assim fazer, sou ousada quando se trata em ser feliz e fazer “os meus” felizes...
Ainda criança, conheci alguns livros de uma coleção da Disney que meus pais compraram para que eu pudesse interagir e me esbaldar no mundo da fantasia e da leitura, na verdade, são os livros mais antigos de minha amável coleção e predileção!
Durante toda infância e adolescência, mantive contato diário e direto com os livros.
Desde aquele primeiro contato, esse mundo me cativou e até hoje, tenho essa estima inenarrável pelos meus amores eternos.
Mas, escrever...
Chega ser meu próprio ar, uma bússola, um farol, um mantra...
A poesia, me personaliza, me faz do avesso, me esmorece e faz de mim essa realidade utopista e que enobrece meus instintos mais vulneráveis...
O dia que não escrevo, sou uma planta sem água, um peixe sem oxigênio, um navio sem água pra flutuar, rumo ao seco do deserto.
Não peço que me entendam, menos que me sigam, me leiam, mas peço que abram as "comportas" para esse inatingível, aromático e audível mundo da leitura, do conhecimento, do ir além que os pés por vezes, não podem e as mãos não possibilitam...
Quando tudo se resumi em uma só existência lírica:
À imaginação!