Texto Filosófico

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⁠⁠⁠Guerra Fria -

Neste momento,
não tenho mais por que
lutar.
É inútil,
é uma batalha
totalmente perdida — acabou.

O que restou da guerra
foi lutar contra o
espelho:
um velho conhecido, cheio de
marcas, feridas, traumas
acumulados — heranças de outras guerras (perdidas).

Posso até golpeá-lo,
atingi-lo,
mas o verdadeiro inimigo
é outro (confortavelmente
inatingível), com status
de vencedor — de Grande
Vencedor — dessa silenciosa e impiedosa "guerra fria",
onde vence quem sente
menos,
e o final provou, de maneira
clara e cruel,
que somente um tinha
coração.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠Não Jogue o Jogo -

⁠Não jogue o
jogo!

Um encontro — que leva a um
desejo — que transforma-se em sentimento — que nos faz
mergulharem sonhos —
é para nos ajudar a reparar
os estragos que a vida
costuma nos fazer
diariamente.

Se te rouba a paz:
causando desconforto,
provocando raiva, aflição...
não serve!

É inútil, traumatizante,
destrutivo.

Não jogue o jogo:
Ambos serão derrotados!

Inserida por SilvioFagno

⁠Não Quero Explicar: Talvez Não Saiba -

Primeiro,
a sensação de acolhimento,
de não estar mais,
aparentemente,
sozinho.

Depois uma dependência
e uma vontade a mais,
de mais e mais vontade.

E esquenta e esfria
e, às vezes,
transborda para quase secar.
Renasce (se é que é possível),
depois de quase morrer.
E morre,
inexplicavelmente, respirando.

Não, não é o amor:
é isto.

Nem sei bem como somos
por dentro, lá no fundo.
Mas espero que compreendas
todas as lágrimas e bebidas
e motivos desta semana;
deste mês;
deste ano...

Vá,
desta vida.

Inserida por SilvioFagno

A Era da Informação não trouxe a expansão mental esperada. A desinformação sempre concorreu deslealmente com a informação. Ambas “tecem a história da humanidade, como com uma linha dupla, uma branca e outra preta” (metáfora de Jostein Gaarder que aparentemente já não cabe na linguística de igualdade racial rss).
Sonhamos com uma Era de Aquário (onde o “bom senso” prevaleceriá, ou prevaleceria), mas fora dos casos isolados e da fé humanista fica difícil imaginar a prevalência da paz, quando o que mais observamos historicamente não foi muito além de um “caos de sensos”.
Só a transformação pessoal produz transformação mundial. O desafio à fé é ver historicamente a Potência Humana majoritariamente a serviço dos grandes manipuladores de mentes.

Inserida por AntonioMatienzo

⁠⁠Em Casa -

⁠Largo mão da rua e
ponho o pé na
escada.
Subo-a, não penso,
chego ao portão, fico ao portão.
Giro o trinco, abro o portão,
entro e fecho-o.

Dou cinco passos à esquerda
e chego à porta.
À direita, há entretenimento:
não paro — sigo em frente.

Mais nove passos e paro.
Olho rapidamente à direita,
há descanso:
não deito — continuo
adiante.

Mais dez passos e fico
diante de mais uma
porta — onde tenho passado
a maior parte do tempo.
(Dormir, pensar, escrever...).

À direita há água, há remédios,
há alimentos: não bebo,
não tomo, não como.

À frente,
depois da última porta,
a última janela
e o fim.

Atravesso a porta e fico
próximo à janela.
Dou mais dois passos e
chego à janela. Fico à janela.
Fecho os olhos e me sinto,
de fato, em casa.
Há conforto, há segurança — abrigo.

Agora
abro os olhos,
abro a janela e vejo à minha
frente (decorando a janela),
a lua.

E assim, de repente,
como se amasse,
eu me lembro que existe um
mundo inteiro distante,
bem distante, muito
distante lá fora.
E choro.

Inserida por SilvioFagno

⁠Falha -

Tentei,
o dia inteiro,
encontrá-la, mas falhei.

Revisitei importantes lembranças
— gestos, fotos, vídeos —
e,ainda assim,continuei vazio.

Abracei-o.
Beijei-o, e nada.

Mesmo diante da pessoa mais importante do mundo,
no dia mais importante do
ano,
eu não encontrei as palavras,
os encontros — a Poesia.
E falhei.

Mesmo com todos os motivos
e sentimentos;
mesmo com todo o orgulho e admiração, eu falhei na busca.

Tudo que consegui escrever
resume-se a isto:
Este lamento, esta culpa, esta falha.

Este vazio.

Todas as crianças são especiais.
Absolutamente todas.
Mas nós, adultos, falhamos.
Falhamos muito.
E, grosseiramente, estragamo-las.

Inserida por SilvioFagno

O Normal da Coisa -

⁠Eles não me deixarão
em paz.
E eu não vou conseguir
deixá-los também.
(Mas, certamente, eles ficarão
melhor que eu).

Agora é isto:
o normal da coisa.

E a coisa toda está fundamentada
na futilidade, superficialidade e mediocridade da grande maioria deles.

Eu precisaria ficar rico,
talvez,
para que algo diferente
aconteça.

Então,
precisarei somente de alguns
deles, e esses eu os
suportaria.
Eu posso suportar alguns
deles, certamente.
Eu não suporto muitos
ao mesmo tempo:

Uma vizinhança, uma cidade,
um país...
Uma geração e a próxima
sob os efeitos desta.

Inserida por SilvioFagno

Felicidade -

A felicidade, ainda que superficial, é gritada, alarmada como uma espécie de qualidade superior humana.
Imagino que felicidade é, tambem, uma falta de empatia, de responsabilidade com o outro.
Assim, também é um sinal de desapego, individualismo, arrogância.
Uma mente tranquila, em paz, sim, provavelmente, seja de uma pessoa feliz.
Felicidade, então, pode ser uma falta de tristeza numa mente tranquila - sem remorso, temor ou ansiedade.
Em suma, felicidade (em se pensar como uma qualidade humana), é, portanto, algo relativo:
Um tolo e ingênuo de coração puro, normalmente, é uma pessoa feliz.
Assim como um serial killer (frio e calculista).

Inserida por SilvioFagno

Quem Sabe Um Dia -

Melhor assim:
sair enquanto há
tempo.

Depois eu volto e,
quando ninguém esperar,
mais uma vez, saio de
mansinho, assim:
calado,
pequeno,
quase dissolvendo.

E um dia,
quem sabe um dia,
entre a luz de estar (fugindo)
e a sombra de fugir
(estando ali),
por seu querer,
eu,
simplesmente,
fico.

Inserida por SilvioFagno

Geração Descartável -

Esta
é uma geração totalmente
perdida
quando se trata de relacionamentos
amorosos.

Fomentada e intensificada
pelos agregados (fúteis,
egocêntricos, superficiais),
de outras,
os relacionamentos são movidos
à base de novidades.

Mas tudo que se convém exibir,
está à mostra,
de maneira tão explícita e
escancarada (como uma necessidade
do ego,
cheia de vaidade e exibicionismo),
que nada,
nada mais é novidade.

Por isso
tudo é ínfimo,
descartável,
fugaz.

Tudo é descontínuo:
nada dura.
Nada permanece.

Inserida por SilvioFagno

O Espetáculo -

Confesso que não esperava,
naturalmente,
algo grandioso,
imponente, ainda que belo.

Mas era "maior" do que eu,
realmente,
via.

Mas,
o que eu,
de fato, olhava,
era,
verdadeiramente,
grandioso, imponente, belo aos
meus olhos:
Extasia.

Tanto que me arrancou a pluralidade
do espetáculo proposto,
e se fez um novo espetáculo (maior)
- nobre, lírico e singular:
Poesia.

Inserida por SilvioFagno

A Ilusão -

No fundo,
ninguém tem interesse
na cruel realidade
da vida:
a verdade e a mentira.

A ilusão: é ela que nos
resta.

É a fuga momentânea,
o acholimento instantâneo,
a sedação paliativa,
o breve conforto,
a sutil proteção (ainda assim,
tão necessária).

Inevitavelmente,
uma companheira humana
- cúmplice da esperança,
da imaginação e dos sonhos.

Contudo,
cedo ou tarde (no Tempo),
ela também morre.

E a nua e cruel e inevitável
realidade da vida
sempre prevalece.
Acredita?

Inserida por SilvioFagno

Assim -

Eu queria mesmo
era que ela entrasse
agora por esta porta,
sem avisar,
assim,
de súbito e me surpreendesse
com um longo e caloroso
abraço,
cheio de saudades e sem pressa
alguma de partir.

Onde
tudo que pudéssemos sentir,
ouvir, dizer - ser -
ficasse reservado ao instante aqui,
assim:
lírico, leve, sereno,
como se ouvíssemos a mais bela canção
de amor num beijo demorado,
de olhos fechados,
em silêncio.

Inserida por SilvioFagno

Qualquer Lata de Lixo -

Era como elogiar seu
maior algoz,
exaltando tudo que ele tinha feito de ruim
todos esses anos.

Era como dizer: "tudo bem,
não tem problema: continua".
E assim,
alimentá-lo, dando ainda mais força
para que ele fizesse mais
e mais e pior.

A resposta
era sempre um sorriso de satisfação, superioridade, vaidade - coisas de um grande
carrasco impiedoso - onde em momento algum,
sucumbiu diante do meu sofrimento
ou de algum sentimento ou mesmo
de alguma velha lembranças
da gente.

Inútil, inválido, incapaz...
qualquer lata de lixo
servia pra mim.

Era assim que eu me sentia
toda vez que eu deixava claro
que ainda a desejava como
antes,

como ontem...

droga,
como sempre.

Inserida por SilvioFagno

É Sorte -

Hoje,
eu que tinha à disposição quase cem contos,
perdi tudo,
num improvável e inesperado resultado.

É isto...
a sorte está aí.

Ela existe e aparece
a cada instante,
a cada oportunidade,
às vezes ou quase sempre
(por descuido,
desatenção,
vaidade),
desperdiçada.

Mas é sorte
sempre que acordamos,
quando temos o que comer no café da manhã,
embaixo do teto que nos proteje da chuva e vento
e violência das ruas.

Ela aparece naquela ligação diária
da sua mãe,
na roupa emprestada
pelo seu melhor amigo,
na cura dos gestos simples
do seu filho,
nos olhos castanhos da garota
que reconhece seus versos,
no cara que conserta sua TV a cabo,
naquele pôr do sol
visto da janela,
numa tarde de
sábado...

Não espere presenciar uma estrela cadente
caindo
ou ganhar na loteria
ou encontrar o amor da sua vida
para entender isso.

Um pouco de saúde,
casa e comida,
família,
alguns bons amigos,
vinho e chocolates
e um sonho
pelo qual se mover
já é motivo de muita sorte.

Vamos lá, abra o livro:
as próximas páginas precisam
ser escritas.
Ânimo!

Inserida por SilvioFagno

Seja Feliz -

Ela
(ainda que fosse todo o motivo
daquela minha angústia
e tristeza),
num pequeno gesto de grandeza
me disse:
"O que eu posso fazer
para te ajudar?"

Eu
(com ódio da vida),
recolhendo todos os desejos
e vontades reprimidas
ao porão do meu sombrio
submundo,
num gesto covarde
com bravura, respondi:
Seja feliz!

Inserida por SilvioFagno

Sentir-me De Novo -

Fecharam-me todas as portas e
janelas,
deixando-me de fora, com frio e
com fome, feito um cão velho,
desnecessário.

Depois de tantos anos de angústias,
humilhações, decepções,
eu consigo, enfim,
sentir-me de novo (ainda que mutilado,
fragmentado).

Há anos não me sentia assim.

Sei que, ainda,
não consegui o que desejo.
Mas já não me importo.
Agora tanto faz.

Ainda é cedo
para mostrar que já é tarde,
mas todo falso sentimento
- que me trazia sempre migalhas de esperança -
agora me parece tão pouco,
insignificante, desnecessário
diante da imensidão de ser,
ainda que só,
verdadeiro.

Inserida por SilvioFagno

Por Alguma Razão -

Por alguma razão
é preciso encontrar a Sorte
em meio às tentativas diárias,
ao caos cotidiano,
torcendo para que
Ela
(misteriosa, abstrata,
incompreensível),
nos encontre primeiro
e,
assim,
nos coloque a pensar e insistir
que é preciso encontrar
a Sorte...

Por alguma razão.

Inserida por SilvioFagno

Estes Domingos -

E estes domingos
que a gente quese morre:
de tédio,
de cansaço da inércia,
de saudades?

Mas são,
exatamente,
estes domingos que alguma
luz superior me
alcança.

Talvez
pelo o tédio do dia
que nos traz a necessidade
de algo a ser preenchido.

Talvez
pela inércia do corpo
que movimenta
a mente, os sentidos.

Ou talvez
pela tristeza da alma de poeta
que se alimenta de dias cinzas, lembranças nostálgicas... saudades.

Se tu não sentes,
ouças-me:

A essência do poeta
é a beleza escondida nas
coisas tristes.

Inserida por SilvioFagno

Inteira -

Enquanto não quiser vir inteira,
por favor, não
venha!

Não venha sem querer estar;
não venha para voltar (mesmo se,
às vezes,
for preciso ir).

Quando quiser vir inteira
para ficar,
venha!

Venha logo, venha cedo,
completa,
com todas as suas coisas:
manias, fracassos,
conquistas, desejos, sonhos,
ideias, feridas, medos...
joga tudo no chão, espalha pela casa
e corre,
corre e me abraça (demoradamente).

E depois
a gente vê o que faz
da vida.

Inserida por SilvioFagno