Tarde
20 de novembro
Querido Josh, está tarde da noite e ouço “Infinita Highway” dos Engenheiros do Hawaii sonhando acordada com você. Lembra desta música, certo? Você esteve cantando insistentemente essa semana até ela grudar na cabeça dos alunos e dos professores e agora não tem jeito, ela sempre vai me lembrar de você. Eu sei que não cantou para mim, eu sei que cantou aleatoriamente porque curtiu a música, mesmo que uma parte minha egoísta gostaria que fosse diferente. Eu queria dizer que eu gosto do clima leve que há entre nós e que você é um ótimo amigo e um péssimo ficante, mas não estou aqui hoje para detonar você. Estou acima disso. Estou alegre nem sei por que razão. Eu gostaria que ficássemos assim sempre e que você me dissesse que o vento canta uma canção. A verdade é que você tem me feito correr demais os riscos desta Highway que é a trilha que leva ao seu coração, mas hoje eu não quero correr. Eu quero pausar, respirar e apreciar a natureza. Algo me diz, Josh, algo que eu não sei explicar, grita para eu aproveitar essa fase, esse ano, esse momento pois eu sei que eu vou sentir falta de tudo isso e a verdade de tudo isso me atinge com uma força avassaladora. Eu amo você, eu amo os meus amigos, somos jovens e podemos viver. Podemos somente viver, certo? Ver onde essa estrada vai dar? Eu pago para ver. Eu aposto que essa estrada vai ser interessante porque me disseram uma vez que a viagem é mais interessante que a chegada e eu nem sei se vou cruzar a linha de chegada que é ter o seu amor. Talvez eu me perca no caminho, talvez o vento me leve para outra direção. Eu só queria dizer que eu adoro essa época do ano, que eu adoro ser jovem e que eu me sinto tão livre quando essa música toca! Eu não sei o que vai acontecer entre nós, mas agora, neste momento, não interessa. Hoje eu só queria dizer que sou grata por você estar falando comigo de novo e que sou grata por sua amizade. Sou grata pela música e sou grata pelo clima entre nós estar leve. Desejo que continue assim. Durma bem, meu querido e até breve.
-Annie.
Lá se foi primeiro de janeiro
Final de tarde
Ao som de um violeiro
O coração canta
Chega chora
Junto com a viola
Com a fé
De que tudo se renova
Na espera da vida nova
Começa a escurecer
O cheiro de grama
O cheiro de terra
O som da cigarra
Sim, é como me lembrava
Lá se foi 1° de janeiro
E anseio pela estrada
Que me traz para ca
Tudo de novo vai começar
E a estrada pra casa
Ela também vai me levar.
Quando o homem perceber que a política pode lhe ferir, e também ferir ao outro, talvez seja tarde para resgatar o que realmente lhe pertence.
Era Tarde -
Era tarde eu não senti
meu amor que te perdi
que tormento nesse dia;
ai minha triste saudade
era noite, ansiedade
e a minha boca tão fria.
Era tarde meu Amor
e meu peito num ardor
fez correr a solidão;
foi-se embora com o vento
meu amor quanto lamento
não sentir teu coração.
Ai a dor deste veneno
no meu triste pensamento
que só vai onde eu não for;
ai minha fria madrugada
eu tão só naquela estrada
era tarde meu amor.
Naquela tarde contente que você olhou pra mim, uma flor de presente, despertou o nosso amor, para beijos no jardim.
O amor,
criou a chuva,
de tarde, lavou-me,
o amor,
criou as asas,
a noite, livrou-me,
o amor,
é almas, alvas, salvas
céu a céu,
o amor,
vestiu-se, de luzes
tornou-se, humano
Café da manhã;
Café da tarde;
Café da noite;
Porque não café com pão, com leite, farinha ou feijão;
Nada disso importa se a coisa for feita com amor no coração;
Um bom café então!
Naquela tarde quente que você piscou pra mim, uma flor de presente, despertou o nosso amor sem fim.
O Partir da Alma ... dialogo -
ALMA:
- No enlouquecer da tarde fugidia
quem me dera morrer no dia,
ir além, à bravura dos horizontes,
cortar a vida, atravessar as pontes.
Estou só na escuridão dos dias!
Tão só à Luz da noite.
Só há vazio e nada!
Tudo é turvo em meu redor.
É negra a hora ...
Vou-me embora ...
Vou-me embora ...
CORPO:
- E aonde vais ó Alma minha?!
ALMA:
- Não importa! Não importa!
Vou-me embora! Vou-me embora!
CORPO:
- E porque vais? Porque vais?
É mal da vida? É mal d'amar?
ALMA:
- Qu'importa? Qu'importa?
Vou-me embora! Vou-me embora!
Corpo:
- E onde está a esperança?
E onde está a vida?
ALMA:
- Está morta! Está morta!
Vou-me embora! Vou-me embora!
CORPO:
- E Deus? Que lhe fizeste?!
ALMA:
- Morreu! Morreu!
Vou-me embora! Vou-me embora!
CORPO:
- Nada há que te apegue à vida,
nada mais t'importa!
Então Alma, parte, é hora ...
... vai embora ... vai embora!
ALMA:
- Nada me deu a Vida!
Irei ... sem pena ... sem demora ...
DEUS:
- E eis que a Alma, nessa hora, partiu,
JAZ MORTA, JAZ MORTA ...
Maria Triste -
Essa gota que caia
tão serena como a tarde
olhos doces de Maria
num calvário de saudade.
Fonte aguada d'olhar triste
gota breve que jorrava
da tristeza que persiste
toda a gente se afastava.
Se alguém a procurava
dessa água não bebia
gota humilde que passava
gota leve que corria.
Velha lenda, olhar triste
num desgosto que sentia
gota fria que não viste
no olhar triste de Maria.
Do Nascimento à Vida do Poeta -
Numa tarde quente de Abril
minha mãe levada a parto
sofreu venturas mil
ao parir-me nesse quarto.
Nasci em dia sem razão
dum porquê que me transcende
a Vida comeu-me o coração
como um verso que nos prende.
E assim no quarto escuro
da minha longa podridão
nasci velho prematuro
com mil facas na mão.
E na verdade que perdura
num presente que é ausência
meus olhos de loucura
eram filhos da demência.
E sentia um vazio
que não podia compensar
minha mãe que me traiu
deu-me à vida p'ra penar.
Havia em torno Primavera
mas em mim era Inverno
ter morrido, quem me dera,
estava longe deste Inferno!
E o Pai que nunca tive
foi carrasco do Poeta,
mas quem sofre e sobrevive,
se não morre, recupera ...
A esperança estava a meio
entre os dois que era eu
e a metade de estar cheio
foi a dor que não doeu!
É o amor exactidão
p'ró destino indisponivel
mas quem sabe se a razão
não liberta o impossivel!
E p'ró mistério de chegar
fui matando a paciência,
fui levado a deixar
tão cedo a inocência ...
Fui velho ao nascer
num sangrar até doer,
velho sou e hei-de ser
sempre velho até morrer!
Temporais
Se eu dissesse que falta algo nesta tarde...
Uma certeza ilógica a hora que a chuva vem...
Talvez precisamos de alguém que nos proteja das pedras...
As nuvens chora de forma sólida os sentimentos vêm
E se misturam nas lágrimas de alguém e as emoções são temporais...
Eu lembrei de você e pensei jogar pedra no destino.
Como um menino revoltado por ter nascido.
E te conhecido a flor mais bela com perfume de Cinderela.
É bom sentir toda beleza que vem da alma dela...
Em meio a tanta elegância a falta do saber.
Porque te conhecer ser não tem muito o que fazer.
Para viver esse desejo que queima por dentro.
Um argumento sólido também não tenho
A vida é um fermento sem potencial..
Talvez sair e andar pela cidade depois que os vendavais se for...
Em busca de um milagre um grito de por favor...
Um relâmpago para clarear a esperança que aponta a direção do amor...
Talvez o sol volte mais tarde para iluminar meu céu...
Nesse voou eu vou calado sangrando a largata tatuada sem cor.
Como uma frágil mariposa que sabe onde vai esconder sua dor.
A até a sorte bater na porta e o sonho vem....
Sempre que você depositar a sua confiança em um estado grande, cedo ou tarde acabará como um apologista de genocídio.
A Igreja da Praça -
Certa vez, ao cair da tarde,
passando pela Praça dos Poetas,
sentei-me na fonte...
Fixei a igreja,
triste, iluminada,
fria, deslumbrante,
grandiosa na fachada,
num anseio fustigante,
numa idade já cansada!
Estava ela em silêncio,
num estático sossego,
quando à noite,
e aos olhos de quem sente,
altiva, imponente,
se ergueu do chão,
branca, sinzelada,
num olhar arrepiante!
Ao alto, duas torres
em vetusta solidão,
dois sinos sobranceiros,
cada um com uma cruz,
janelas, pórticos, brasão,
uma grade bem de fronte,
com um, outro portão,
janelas com mil ferros,
varanda a meia torre
e um relógio que dá horas
que afinal nunca dão ...
No centro do não-tempo,
outra cruz dá-nos a bênção!
Ao passar, mirá-la não é vão,
porque a igreja mais parece
uma tela de Monet
na parede de um salão ...
Ou um poema de Florbela
que invoca a solidão
de ser "pó, cinza e nada"
numa imensa vastidão!
E tudo é breve!
Passa a vida e a Gente ...
Mas na Praça do Poetas
fica ao alto para sempre
o Altar de Santo Antão! ...
(Poema à Igreja de Santo Antão cita na Praça do Geraldo em Évora.)
Eu gosto de pensar que nunca será tarde demais apenas para afogar minhas mágoas de ser um lixo no passado
Muito Tarde -
Já era tarde, muito tarde,
quando a solidão me abandonou,
era noite, madugada e a saudade
fez de mim quem hoje sou!
Já era tarde, muito tarde
quando a revolta se calou
passou o tempo e a idade
mas a calma não chegou ...
Não sou mais do que a lonjura que me habita
neste passo de silêncio em agreste solidão,
que avança, dia a dia, que me fala, que me grita!
Era tarde para amar neste precipício de saudade!
E a morte enfim chegou! Parou meu coração!
Era noite, madrugada, era tarde, muito tarde ...
Tome Nota!
Quando as trevas querer se hospedar em sua casa diga-lhe: você chegou tarde, Jesus é a luz do mundo, Ele chegou primeiro, Ele é o meu convidado.
Rubra Cor -
Tarde fria, sonolenta ...
E cai o dia, breve instante
num segundo de dolência!
Eu juro que não sei
quem sangrou o peito ao Sol poente
que inunda o horizonte
e o agoniza lentamente!
Tarde rubra, encantada
que deixa tantos escolhos
de uma intima lonjura
no silêncio de meus olhos ...